O desafio do sofrimento segundo o pensar de Viktor Frankl

Sofrer num “contexto válido” e sofrer “por causa de” algo ou alguém

ROMA, quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012 (ZENIT.org) – Por ocasião da Jornada Mundial dos Enfermos, é particularmente significativo repropor o pensamento do psiquiatra austríaco Viktor E. Frankl, fundador da logoterapia e da análise existencial, considerada a Terceira Escola Vienense de Psicoterapia, focada na procura do sentido da vida e nas atitudes a serem assumidas perante situações de sofrimento.

É indicativo um episódio que Viktor Frankl narrou muitas vezes aos seus ouvintes. Um homem encontra na rua o médico de família, que lhe pergunta sobre o seu estado de saúde. Imediatamente, o médico percebe que o paciente demonstra alguma dificuldade para ouvir. “Provavelmente, você está bebendo demais. Pare de beber e se sentirá melhor”, aconselha. Alguns meses mais tarde, os dois se encontram novamente na rua e, para saber do estado atual de saúde do paciente, o médico levanta a voz, mas o homem responde: “Não há necessidade de gritar, doutor. Eu escuto perfeitamente”. “Certamente você parou de beber, não é? Continue nesse tratamento”. Depois de mais um tempo, eles se encontram pela terceira vez. E, novamente, o médico precisa levantar a voz para se fazer ouvir. “Provavelmente, você começou a beber de novo”, diz ao paciente. E este lhe explica: “Veja, doutor. Antes eu bebia e a minha audição era ruim. Depois, parei de beber e estava me sentindo melhor. Mas o que eu sentia não era tão bom quanto o uísque”.

Frankl comenta: “Na ausência de um sentido da vida, cuja realização o teria feito feliz, ele tentou chegar a um sentimento de felicidade eludindo toda realização de significado, apoiando-se num elemento bioquímico. O sentimento de felicidade, que normalmente nunca é proposto como o fim da aspiração humana, mas parece ser uma manifestação lateral do ter-alcançado-o-próprio-escopo, um “efeito” secundário, se deixa ‘perseguir’, e isso foi possibilitado justamente pelo álcool etílico” (Frankl, 2005, pág. 17).

Para Frankl, ser homem significa ser fundamentalmente orientado para algo que nos transcende, para algo que está além e acima de nós, algo que nos atrai profundamente. Só aquele que crê na sua “vontade de significação” pode construir uma hierarquia de valores capaz de atribuir ao prazer e ao poder, à auto-afirmação e à satisfação dos próprios instintos o seu verdadeiro lugar, que é o de ser produtos secundários, efeitos de uma realização do sentido da própria existência.

Hoje é um verdadeiro desafio falar de procura de sentido, porque se é imediatamente reconduzido à capacidade radical do homem de descobrir os significados das situações individuais que abarrotam a vida cotidiana, de tomar decisões que correspondam ao seu dever-ser, de descobrir as possibilidades que estão inseridas na sua existência única.

Se a vida do homem é sempre específica, por referir-se a um ser singular, concreto, individual, a sua tarefa não pode ser algo geral, válida para todos e para qualquer um, permanente em qualquer momento, mas varia de homem para homem, porque corresponde à singularidade e à individualidade de cada um.

Ao mesmo tempo, no entanto, a tarefa varia de situação para situação, porque a singularidade das situações traz consigo uma caracterização diferente, com exigências e condições próprias, nunca repetíveis. E o homem deve observar atentamente, portanto, a situação em que se encontra, e que não apresenta nenhum desencontro com o que acontece consigo mesmo ou com outros, agora ou anteriormente.

Com a voz da consciência, o homem é capaz de perceber qual é o sentido que está escondido por trás de uma situação e assim agir em conformidade e com responsabilidade. “Numa época em que parece que os dez mandamentos estão perdendo a sua validade incondicional para muitos homens, o homem deve aprender a perceber os dez mil mandamentos que surgem das dez mil situações únicas que enchem a sua vida” (Frankl, 1992, págs. 29-30). Isto significa que somos constantemente interpelados pela realidade, pelas situações em que nos encontramos e que nos pedem uma resposta. É por isso que John F. Kennedy, em 20 de janeiro de 1961, no discurso de posse como presidente dos Estados Unidos da América, disse aos seus compatriotas: “Não perguntem o que o seu país pode fazer por vocês, mas o que vocês podem fazer pelo seu país” (citado em Dallek, 2004, pág. 366). E, quase como complemento, Frankl aconselhava aos seus ouvintes norte-americanos: “Depois de ter construído a Estátua da Liberdade na costa leste, seria de se construir a estátua da responsabilidade na costa oeste” (Frankl, 2010, pág. 63).

Em nossa era científica, o progresso humano é calculado com dados que podem ser facilmente medidos, inseridos no computador e analisados. No entanto, as respostas do computador indicam apenas como o homem se comporta na média e em amostras de grupos, mas nunca como ele deveria se comportar em situações específicas. “A nossa vida não é regulada em cada cruzamento por uma luz vermelha que manda parar, nem por uma luz verde que manda seguir em frente. Nós vivemos em uma era de luz amarela intermitente, que deixa para cada indivíduo o peso da decisão” (Fabry, 1970, pág. 80). Viver, basicamente, significa ter a responsabilidade de “responder” exatamente aos problemas vitais, de cumprir as tarefas que a vida coloca para cada indivíduo, de atender às necessidades do momento.

As tarefas que o homem é chamado a realizar têm um sentido tríplice: o trabalho, o amor e o sofrimento. Se no trabalho o homem pode se expressar imprimindo a sua marca pessoal à realidade, e se no amor ele pode viver as mais fortes e íntimas experiências, é no sofrimento que ele manifesta a sua grandeza, pois só no sofrimento ele se acha tragicamente confrontado consigo mesmo, com a sua capacidade não só de trabalhar e de desfrutar, mas também de sofrer.

O homem tem o direito à vida, à alegria, ao trabalho, à paz. Mas também tem um direito fundamental que ninguém pode lhe arrebatar, por nenhum preço: o direito de sofrer a sua própria dor, de inundar de significado uma vida aparentemente destruída, economicamente sem sucesso. O sofrimento “não é simplesmente uma possibilidade qualquer, mas a possibilidade de realizar o valor supremo, a oportunidade de dar plenitude ao significado mais profundo da vida” (Frankl, 2001, pág. 190).

Este sentido brilha na atitude que o homem assume diante de um destino de dor, diante das forças adversas, diante de situações irreparáveis. É por isso que o imperador austríaco Francisco José II, em 1784, quis que à entrada do Hospital Policlínico de Viena fosse escrita a frase latina Saluti et solatio aegrorum. Quem cuida da saúde física e mental de outro também é chamado a ajudá-lo a suportar com aceitação e compreensão os sofrimentos inevitáveis que a vida lhe reserva e a recuperar não apenas a capacidade de trabalhar e desfrutar, mas também a de sofrer.

Eugenio Fizzotti

Espanha: partido socialista inclui lei de “morte digna”

Um projeto do atual governo de José Luis Rodríguez Zapatero

MADRI, quinta-feira, 6 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – A Conferência Política do Partido Socialista Obrero Español (PSOE) confirmou, no último domingo, que incluirá em seu programa eleitoral o projeto de “Lei reguladora dos direitos da pessoa diante do processo final da vida”, promovido pelo atual governo Rodríguez Zapatero.

É “uma norma – explica Santiago Díez, porta-voz da campanha Vida Digna, da associação Profesionales por la Ética – que abre as portas para a eutanásia, ao obrigar o profissional a cumprir a vontade do paciente ou dos seus familiares (ainda que se trate de atuações inadequadas ou contraindicadas); define a sedação paliativa como direito sem limites (incluindo a possibilidade de aplicar sedações desproporcionais ou irregulares); e outorga ao médico a possibilidade de decidir sobre a vida da pessoa ‘que tiver dificuldades para compreender a informação que lhe é dada’, sem necessidade de consultar familiares ou a outros profissionais”.

Em definitiva, explica Díez, “a incorporação deste projeto de lei no programa eleitoral do PSOE é a uma aposta nas práticas eutanásicas e no radicalismo ideológico; e expressa a renúncia de Rubalcaba [candidato socialista às próximas eleições gerais] a uma política de qualidade na atenção ao final da vida, como solicitaram os profissionais dedicados aos cuidados paliativos”.

Estes últimos, na opinião de Profesionales por la Ética, “deveriam constituir a prioridade de qualquer governo, assim como o direito dos pacientes a que ninguém, nem familiares, nem médicos, ponham fim à sua vida antes do tempo”.

Mais informação sobre este tema em: http://www.profesionalesetica.org/wp-content/uploads/downloads/2011/03/Informe-Ley-de-Muerte-Digna-o-Eutanasia-Encubierta-PPE.pdf.

Chile debate sobre aborto “terapêutico”

Ativistas pró-vida buscam eliminar eufemismos sobre esta matéria

SANTIAGO DO CHILE, quinta-feira, 6 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – “Um dos pontos mais fracos da sociedade chilena é a fragilidade da família”, denunciou na semana passada Dom Gonzalo Duarte García, bispo de Valparaíso (Chile). “E as igrejas têm, sem dúvida, uma responsabilidade fundamental nesta área, assim como todo o país”, acrescentou.

Os pronunciamentos do prelado foram feitos depois de a Comissão de Saúde do Senado do Chile aprovar, no dia 6 de setembro, debater três projetos de lei que buscam a descriminalização do chamado “aborto terapêutico” no país.

O debate no Congresso se centrará na despenalização do aborto para os casos de risco de vida para a mãe, estupro e má-formação fetal.

Não obstante, o presidente Sebastián Piñera informou, no dia 11 de setembro, durante a oração do Te Deum em uma igreja evangélica, que estaria disposto a fazer uso da sua faculdade de veto presidencial em caso de que se conseguisse a aprovação de algum dos três projetos destinados a regular o aborto terapêutico.

“Uma das tarefas mais importantes de um presidente é lutar pela vida, pela dignidade e pela família de todos e de cada um dos chilenos, da concepção até o momento da morte natural”, insistiu o mandatário.

Terapêutico?

Com relação ao termo “aborto terapêutico”, Patricio Ventura-Junca, membro do conselho da Academia Pontifícia para a Vida e do Centro de Bioética da Pontifícia Universidade Católica de Santiago do Chile, opinou, em diálogo com ZENIT, que a expressão é inadequada e ambígua, devido a que “a relação entre o efeito bom e o mau deve ter uma adequada proporção. O efeito colateral mau não pode ser maior que o efeito benéfico”. E explicou que, neste caso, “a terapia tem como objeto salvar a vida da mãe, e não produzir um aborto”.

Além disso, os projetos de lei misturaram a descriminalização do aborto por risco de vida da mãe com outras causas. “Tudo isso sob o guarda-chuva do aborto terapêutico”, indica Ventura-Junca, quem garante que se trata de uma estratégia para introduzir o aborto diretamente.

Mulheres em risco?

O Chile tem a taxa mais baixa de mortalidade materna por aborto da América Latina. Segundo a Revista Chilena de Obstetrícia e Ginecologia, v.73, n.6, de 2008, esta diminuiu de 105 para cada 100.000 nascidos vivos, em 1960, a 0,8 para cada 100.000, em 2005, e estima-se que oscila entre 0,8 e 1,6 por 100.000 nascidos vivos.

Para continuar reduzindo estes índices, Ventura-Junca afirmou que “o caminho moral e humano não é favorecer um aborto em condições higiênicas, mas promover redes sociais e familiares que acompanhem estas mulheres, oferecendo-lhes apoio, carinho e a possibilidade de dar seu filho em adoção”.

Além disso, estudos afirmam que o aborto aumenta o risco de muitas patologias psiquiátricas em 81%, incluindo o suicídio. A revista The British Journal of Psychiatry, BJP 2011, indica que uma das conclusões do estudo é que, na Inglaterra, estes riscos deveriam ser informados às pacientes antes de realizarem um aborto.

Com relação a má-formação física, o Pe. Hodge Cornejo disse: “Melhor é legislar para dar assistência médica e psicológica às mães que vivem esta dramática situação”.

Por isso, “um crescimento do individualismo conduz à falta de solidariedade com os seres humanos mais indefesos, como os que estão em suas primeiras etapas de desenvolvimento”, conclui Ventura-Junca.

Santa Sé contra promoção do “aborto seguro”

Rejeita que se desviem ao aborto ajudas necessárias para as mulheres

GENEBRA, quarta-feira, 21 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – O observador permanente junto à ONU em Genebra, Dom Silvano Tomasi, mostrou, em sua intervenção sobre a mortalidade materna – na 18ª Sessão do Conselho de Direitos do Homem, que está sendo realizada na cidade –, a rejeição total da Santa Sé à promoção do “aborto seguro” nos países pobres.

“Minha delegação considera inaceitável qualquer tentativa de desviar os recursos econômicos, tão necessários, destas eficazes intervenções salva-vidas, a programas mais amplos para a contracepção e o aborto, dirigidos a limitar a procriação de uma nova vida ou a destruir a vida de uma criança”, sublinhou o prelado, em sua intervenção de 15 de setembro.

Dom Tomasi se referia ao informe sobre “Práticas para a adoção de um enfoque baseado nos direitos humanos para eliminar a mortalidade materna evitável e os direitos humanos”(A/HRC/18/27, 8 de julho de 2011), submetida a estudo nesta sessão.

No informe, fala-se de práticas médicas adequadas para combater a mortalidade materna com as quais a Santa Sé concorda, como a proteção dos direitos das mulheres e das meninas, a extensão da assistência sanitária etc.

No entanto, afirma, há dois elementos negativos propostos pelo informe, definidos como “aspectos de boa práxis” para reduzir a mortalidade materna, isto é, “aumentar o acesso à contracepção e ao planejamento familiar” e resolver o problema do chamado “aborto não-seguro para as mulheres”.

Diante disso, replicou o prelado, “a Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstrou que, na África, as mulheres morrem sobretudo por cinco causas principais: patologias vinculadas à hipertensão, falta de assistência obstétrica, hemorragias, septicemia, infecções e doenças relacionadas ao HIV”.

“As intervenções realizadas para enfrentar estas emergências médicas incluem a formação e o emprego de instrumentos obstétricos, a provisão de antibióticos e de medicações uterotônicas e melhoria do sistema dos bancos de sangue”, sublinhou, declarando “inaceitável” que estes fundos sejam destinados à contracepção e ao aborto.

Responsabilidade da família

O prelado considera que deve ser dirigida “uma particular atenção para que o marido e a mulher tenham garantida a liberdade de decidir responsavelmente, livres de qualquer coação social ou legal, o número de filhos e o intervalo entre um nascimento e outro”.

“A intenção dos governos e das demais agências não deveria ser a de decidir pelo casal, mas a de criar as condições sociais que lhe permitam tomar as decisões corretas à luz das suas responsabilidades diante de Deus, de si mesmo, da sociedade da qual faz parte e da ordem moral objetiva”, afirmou, citando a carta de João Paulo II ao secretário-geral da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, de 1994.

Além disso, recordou que a Conferência Internacional das Nações Unidas sobre População, realizada na Cidade do México em 1984, reconheceu, por unanimidade, que “o aborto, que destrói a vida humana existente (…), não é jamais um método aceitável de planificação familiar”.

“Consideramos totalmente inaceitável que o chamado ‘aborto seguro’ seja promovido pelo informe debatido nesta Sessão do Conselho dos Direitos do Homem ou talvez, de forma mais significativa, pela Estratégia Global para a Saúde das Mulheres e das Crianças das Nações Unidas, posta em marcha pelo secretário-geral das Nações Unidas em setembro de 2010”, acrescentou.

Ação eclesial

Por outro lado, quis recordar que a Igreja Católica apoia uma ampla rede de serviços de saúde em todos os lugares do mundo, oferecendo particularmente assistência a comunidades pobres e rurais, que muitas vezes são excluídas do acesso aos serviços promovidos pelos governos.

Citou, entre outros, os serviços especializados no tratamento e reintegração social das vítimas de violência doméstica, bem como a promoção do desenvolvimento integral e educação das mulheres e das jovens.

“Além disso, as organizações católicas defendem, no âmbito global, regional, nacional e local, políticas e práticas dirigidas a proteger os direitos das mulheres e das meninas”, acrescentou.

Neste sentido, afirmou que, para reduzir a mortalidade e morbilidade maternas, é necessário, em primeiro lugar, “melhorar a condição das mulheres, promovendo a igualdade entre homens e mulheres, a eliminação dos casamentos em idade precoce e a conseguinte promoção da dilação no início das relações sexuais, melhoria da condição social, econômica, sanitária e alimentar das mulheres e jovens, e a eliminação de algumas práticas prejudiciais, como a mutilação dos genitais femininos e a violência doméstica”.

O prelado concluiu afirmando que é necessário “reforçar os sistemas de saúde e assistência sanitária básica, para melhorar o acesso a obstetras válidos e assistência obstétrica de emergência em caso de complicações”, além de “melhorar o acompanhamento e avaliação das obrigações estatais para garantir a responsabilidade de todos os participantes e levar a cabo as diversas políticas”.

fonte: ZENIT.org

Hertfelder: “Família sem futuro é sociedade sem futuro”

Entrevista com o presidente do Instituto de Política Familiar

MADRI, quinta-feira, 15 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – A Espanha registrou, em 2010, três rupturas em cada quatro casamentos. O Instituto de Política Familiar alertou recentemente que, se continuar a tendência a aumentar o número de rupturas familiares e diminuir o número de casamentos, em breve haverá tantas rupturas quanto casamentos.

Seu presidente na Espanha, Eduardo Hertfelder, adverte, na seguinte entrevista concedida a ZENIT, que o país avança rumo a uma “sociedade egoísta e individualizada”. “Famílias fortes e estáveis geram uma sociedade forte e estável; família sem futuro é sociedade sem futuro”, afirma.

ZENIT: Dentro de alguns anos, realmente poderia haver, na Espanha, tantas rupturas como casamentos?

Eduardo Hertfelder: A tendência é que cada vez haja menos casamentos. Passamos de 220 mil a 170 mil nos últimos 20 anos. Desde 2000, perdemos 45 mil casamentos. Por outro lado, está aumentando a ruptura familiar como os divórcios.

Portanto, neste momento, já estamos falando de 170 mil casamentos e 125 mil rupturas.

Se estas duas tendências não diminuírem – ou seja, se diminuírem os casamentos e aumentarem as rupturas –, as duas linhas vão convergir. De fato, nas Canárias já houve mais rupturas que casamentos em 2010.

ZENIT: Que consequências tem o aumento da taxa de ruptura por casamento?

Eduardo Hertfelder: Consequências nefastas para os cônjuges: a ruptura produz um drama, causa problemas psicológicos, entre outros fatores.

É um drama para os filhos, que passam a viver em famílias desestruturadas. Os estudos nacionais e internacionais indicam que os maiores prejudicados são os filhos.

A partir desse momento, os filhos começam a ver que a fidelidade, a entrega, o sacrifício não têm validez, porque as pessoas que mais amam – seus pais – não o viveram, e não consideram que estes serão valores para transmitir amanhã a outra pessoa.

Se não viveram nem a fidelidade, nem a entrega… não o farão amanhã, quando tiverem um projeto de vida.

Depois, isso traz consequências negativas para a sociedade, porque vamos vivendo em uma sociedade mais desestruturada, mais individualista, na qual, não tenho relações, porque as famílias estão destruídas, acabo me preocupando mais comigo mesmo, uma sociedade mais egoísta.

Caminhamos rumo a uma sociedade com problemas para os pais, os filhos e a sociedade, uma sociedade egoísta e individualizada.

ZENIT: Em sua opinião, a que se deve esta tendência?

Eduardo Hertfelder: Há muitas causas e seria muito simplista reduzi-la a uma só causa.

Em primeiro lugar, está a causa de tipo cultural: transmitiram-se ideias que penetraram, como a de que, diante da crise, a única solução é a ruptura; não existe o dar-se uma segunda oportunidade.

Foi-nos transmitido também que a fidelidade e a indissolubilidade são uma utopia, que o casamento é uma questão de afetividade exclusivamente e, quando acaba, posso mudar, que é um contrato, que em um dado momento posso anular.

De fato, atualmente, na Espanha, é mais fácil anular este contrato matrimonial que o contrato com uma operadora de telefones celulares.

É preciso permanecer 18 meses em fidelidade a uma companhia telefônica, por exemplo, enquanto, com a lei do divórcio expresso, a pessoa pode se divorciar em três meses.

Além das causas de índole cultural, existem as de índole jurídica: na Espanha, não há lei de família, de prevenção e mediação familiar, nem de natalidade, mas sim uma lei que potencia a ruptura.

Não temos legislações de apoio à família, mas regressivas, legislações antifamiliares.

Na Espanha, há problemas estruturais, laborais, há um déficit de conciliação de vida familiar e laboral, em que os horários de trabalho são cada vez mais longos.

Frequentemente, os dois cônjuges trabalham, chegam tarde a casa e não há tempo para comunicar-se com os filhos nem entre eles; há uma falta cada vez maior de comunicação no casal.

Por outro lado, existem questões de índole econômica: a Espanha é o país – dos 27 países da União Europeia – que menos ajuda a família, em todos os sentidos: econômico, estrutural, de leis, de medidas etc.

Em conclusão, causas culturais e de cunho legislativo, econômico e trabalhista estão incidindo em que haja cada vez menos casamentos e mais rupturas.

ZENIT: Que propostas existem para lutar contra esta tendência?

Eduardo Hertfelder: Incidir, em primeiro lugar, na derrogação da lei do divórcio expresso, pelo seu caráter regressivo, e potencializar os centros de orientação familiar seriam as duas grandes medidas.

Uma lei tem de resolver problemas, mas o que fez, em apenas cinco anos, foi duplicar o número de divórcios na Espanha, passando de 50 mil a 100 mil.

É uma lei absolutamente má. Não tem comparação em todo o mundo ocidental, porque introduz três características: a possibilidade do divórcio, de forma unilateral, sem nenhuma causa imediata. Legalizou-se o direito ao repúdio na Espanha.

Com relação aos centros de orientação familiar (COF), eles ajudam as famílias a superar os conflitos. Mas, até agora, com exceção dos centros de iniciativa privada, como os COF diocesanos, houve um descuido no âmbito público, de administração.

Foram ignoradas as recomendações do Conselho da Europa, que leva mais de trinta anos instando a criar tais organismos.

ZENIT: Por que lutar pelo casamento?

Eduardo Hertfelder: Porque é a base da sociedade. Pensemos somente em uma sociedade sem família, sem casamentos: seria uma sociedade de indivíduos solitários, amorfa, na qual não haveria relação entre as pessoas e somente o Estado educaria, legislaria e determinaria o que é bom ou mau, segundo OS seus interesses.

A história demonstra que a família é a célula básica da sociedade, a que transmite vida, a primeira escola. A primeira coisa que uma criança diz é “papai” e “mamãe”; ela não diz “Zapatero” ou “Aznar”.

Na família, ensinam-se os valores, as virtudes, a generosidade, a entrega, a doação e, graças a isso, se aprende a estar na sociedade.

Dizer família é dizer futuro; sem ela, não haveria futuro nem sociedade. Famílias fortes e estáveis geram uma sociedade forte e estável. Família sem futuro é sociedade sem futuro.

fonte: ZENIT.org

Mulheres sacerdotisas, celibato e poder de Roma

Entrevista com o prefeito da Congregação para o Clero, cardeal Piacenza

Por Antonio Gaspari

ROMA, terça-feira, 20 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – O cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero, raramente intervém no debate público. Ele evita, de fato, toda demagogia e presencialismo e é conhecido como homem de incansável e silencioso trabalho e como eficaz observador de todos os fenômenos que afetam a cultura contemporânea.

Extraordinariamente, ele nos concedeu esta entrevista sobre temas “candentes”, em um clima de cordialidade, mostrando essa criatividade pastoral que sempre aparece em um autêntico e fiel pastor da Igreja.

ZENIT: Eminência, com surpreendente periodicidade, há várias décadas, voltam a aparecer no debate público algumas questões eclesiais, sempre as mesmas. A que se deve este fenômeno?

Cardeal Piacenza: Sempre, na história da Igreja, houve movimentos “centrífugos”, que tendem a “normalizar” a excepcionalidade do evento de Cristo e do seu Corpo vivente na história, que é a Igreja. Uma “Igreja normalizada” perderia toda a sua força profética, não diria mais nada ao homem e ao mundo e, de fato, trairia o seu Senhor.

A grande diferença da época contemporânea é doutrinal e midiática. Doutrinalmente, pretende-se justificar o pecado, não confiando na misericórdia, mas deixando-se levar por uma perigosa autonomia que tem o sabor do ateísmo prático; do ponto de vista midiático, nas últimas décadas, as fisiológicas “forças centrífugas” recebem a atenção e a inoportuna amplificação dos meios de comunicação que vivem, de certa maneira, de contrastes.

ZENIT: Deve-se considerar a ordenação sacerdotal das mulheres como uma “questão doutrinal”?

Cardeal Piacenza: Certamente, como todos sabem, a questão já foi tratada por Paulo VI e o Beato João Paulo II, e este, com a carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis, de 1994, fechou definitivamente a questão.

De fato, afirmou: “Com o fim de afastar toda dúvida sobre uma questão de grande importância, que diz respeito à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar na fé aos irmãos, declaro que a Igreja não tem, de forma alguma, a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que este ditame deve ser considerado como definitivo por todos os fiéis da Igreja”. Alguns, justificando o injustificável, falaram de uma “definitividade relativa” da doutrina até esse momento, mas, francamente, esta tese é tão inusual que carece de qualquer fundamento.

ZENIT: Então, não há lugar para as mulheres na Igreja?

Cardeal Piacenza: Todo o contrário: as mulheres têm um papel importantíssimo no corpo eclesial e poderiam ter outro mais evidente ainda. A Igreja foi fundada por Cristo e não podemos determinar, nós, os homens, o seu perfil; portanto, a constituição hierárquica está ligada ao sacerdócio ministerial, que está reservado aos homens. Mas absolutamente nada impede de valorizar o gênio feminino em papéis que não estão ligados estreitamente ao exercício da ordem sagrada. Quem impediria, por exemplo, que uma grande economista fosse chefe da Administração da Sé Apostólica, ou que uma jornalista competente se tornasse porta-voz da Sala de Imprensa da Santa Sé?

Os exemplos podem se multiplicar em todos os desempenhos não vinculados à ordem sagrada. Há infinidade de tarefas nas quais o gênero feminino poderia realizar uma grande contribuição! Outra coisa é conceber o serviço como um poder e procurar, como o mundo faz, as “cotas” de tal poder. Considero, além disso, que o menosprezo do grande mistério da maternidade, que está sendo realizado nesta cultura dominante, tenha um papel muito importante na desorientação geral que existe com relação à mulher. A ideologia do lucro reduziu e instrumentalizou as mulheres, não reconhecendo a maior contribuição que estas, indiscutivelmente, podem dar à sociedade e ao mundo.

A Igreja, além disso, não é um governo político no qual é justo reivindicar uma representação adequada. A Igreja é outra coisa, a Igreja é o Corpo de Cristo e, nela, cada um é membro segundo o que Cristo estabeleceu. Por outro lado, a Igreja não é uma questão de papéis masculinos ou femininos, mas de papéis que implicam, por vontade divina, a ordenação ou não. Tudo o que um fiel leigo pode fazer, uma fiel leiga também pode fazer. O importante é ter a preparação específica e a idoneidade; ser homem ou mulher não é relevante.

ZENIT: Mas pode existir uma participação real na vida da Igreja, sem atribuições de poder efetivo e de responsabilidade?

Cardeal Piacenza: Quem disse que a participação na Igreja é uma questão de poder? Se fosse assim, cometeriam o grande erro de conceber a própria Igreja não como é, divino-humana, mas simplesmente como uma das muitas associações humanas, talvez a maior e mais nobre, por sua história; e deveria ser “administrada” distribuindo-se o poder.

Nada mais longe da realidade! A hierarquia da Igreja, além de ser de direta instituição divina, deve ser entendida sempre como um serviço à comunhão. Somente um erro, derivado historicamente da experiência das ditaduras, poderia conceber a hierarquia eclesiástica como o exercício de um ‘poder absoluto”. Que perguntem isso a quem está chamado a colaborar com a responsabilidade pessoal do Papa pela Igreja universal! São tais e tantas as mediações, consultas, expressões de colegialidade real, que praticamente nenhum ato de governo é fruto de uma vontade única, mas sempre o resultado de um longo caminho, em escuta do Espírito Santo e da preciosa contribuição de muitos.

A colegialidade não é um conceito sociopolítico, mas deriva da comum Eucaristia, do affectus que nasce do alimentar-se do único Pão e do viver da única fé, do estar unidos a Cristo, Caminho, Verdade e Vida. E Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre!

ZENIT: Não é muito o poder que Roma ostenta?

Cardeal Piacenza: Dizer “Roma” significa simplesmente dizer “catolicidade” e “colegialidade”. Roma é a cidade que a providência escolheu como lugar do martírio dos apóstolos Pedro e Paulo e o que a comunhão com esta Igreja significou sempre na história: comunhão com a Igreja universal, unidade, missão e certeza doutrinal. Roma está ao serviço de todas as Igrejas e muitas vezes protege as Igrejas que estão em dificuldade pelos poderes do mundo e por governos que nem sempre são plenamente respeitosos com o imprescindível direito humano e natural que é a liberdade religiosa.

A Igreja deve ser considerada a partir da constituição dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, incluída, obviamente, a nota prévia ao documento. Lá, está descrita a Igreja das origens, a Igreja dos Padres, a Igreja de todos os séculos, que é a nossa Igreja de hoje, sem descontinuidade, a Igreja de Cristo. Roma está chamada a presidir na caridade e na verdade, únicas fontes reais da autêntica paz cristã. A unidade da Igreja não é o compromisso com o mundo e sua mentalidade, mas o resultado, dado por Cristo, da nossa fidelidade à verdade e da caridade que seremos capazes de viver.

Parece-me significativo, a este respeito, o fato de que hoje só a Igreja, como ninguém, defende o homem e sua razão, sua capacidade de conhecer a realidade e entrar em relação com isso; em resumo, o homem em sua integridade. Roma está a pleno serviço da Igreja de Deus que está no mundo e que é uma “janela aberta” ao mundo, janela que dá voz a todos os que não a têm, que convida todos a uma contínua conversão e, por isso, contribui – muitas vezes no silêncio e com o sofrimento, pagando às vezes com sua impopularidade – para a construção de um mundo melhor, para a civilização do amor.

ZENIT: Este papel de Roma não obstaculiza a unidade e o ecumenismo?

Cardeal Piacenza: O ecumenismo é uma prioridade na vida da Igreja e uma exigência absoluta que provém da própria oração do Senhor: “Ut unum sint”, que se converte, para todo cristão, em um “mandamento da unidade”. Na oração sincera e no espírito de contínua conversão interior, na fidelidade à própria identidade e na comum tensão da perfeita caridade dada por Deus, é necessário comprometer-se com convicção para que não haja contratempos no caminho do movimento ecumênico.

O mundo precisa da nossa unidade; portanto, é urgente continuar comprometendo-nos no diálogo da fé com todos os irmãos cristãos, para que Cristo seja o fermento da nossa sociedade. E também é urgente comprometer-se com os não-cristãos, isto é, no diálogo intercultural, para contribuir unidos para construir um mundo melhor, colaborando nas obras de bem e para que uma sociedade nova e mais humana seja possível. Roma, também nesta terra, tem um papel de propulsão único. Não há tempo para nos dividirmos: o tempo e as energias devem ser empregados para unir-nos.

ZENIT: Nesta Igreja, quem são e que papel têm os sacerdotes de hoje?

Cardeal Piacenza: Não são nem assistentes sociais nem funcionários de Deus! A crise de identidade é especialmente aguda nos contextos mais secularizados, nos quais parece que não existe lugar para Deus. Os sacerdotes, no entanto, são os de sempre: são o que Cristo quis que fossem! A identidade sacerdotal é cristocêntrica e, portanto, eucarística.

Cristocêntrica porque, como o Santo Padre recordou tantas vezes, no sacerdócio ministerial, “Cristo nos atrai dentro de Si”, envolvendo-se conosco e envolvendo-nos na sua própria existência. Tal atração “real” acontece sacramentalmente – portanto, de maneira objetiva e insuperável –, na Eucaristia, da qual os sacerdotes são ministros, isto é, servos e instrumentos eficazes.

ZENIT: É tão insuperável a lei sobre o celibato? Realmente não pode ser mudada?

Cardeal Piacenza: Não se trata de uma simples lei! A lei é consequência de uma realidade muito alta, que acontece somente na relação vital com Cristo. Jesus diz: “Quem tiver ouvidos, que ouça”. O sagrado celibato não se supera nunca, é sempre novo, no sentido de que, através disso, a vida dos sacerdotes se “renova”, porque se dá sempre em uma fidelidade que tem em Deus sua raiz e no florescer da liberdade humana, o próprio fruto.

O verdadeiro drama está na incapacidade contemporânea de realizar as escolhas definitivas, na dramática redução da liberdade humana, que se converteu em algo tão frágil, que não busca o bem nem sequer quando este é reconhecido e intuído como possibilidade para a própria existência. O celibato não é o problema; e as infidelidades e fraqueza dos sacerdotes não podem constituir um critério de juízo.

No demais, as estatísticas nos dizem que mais de 40% dos casamentos fracassam. Entre os sacerdotes, estamos em menos de 2%. Portanto, a solução não está, de forma alguma, na opcionalidade do sagrado celibato. Não será talvez questão de deixar de interpretar a liberdade como “ausência de vínculos” e de definitividade, e começar a redescobrir que, na definitividade do dom ao outro e a Deus consiste a verdadeira realização e felicidade humanas?

ZENIT: E as vocações? Não aumentariam, se abolissem o celibato?

Cardeal Piacenza: Não! As confissões cristãs nas quais, não existindo o sacerdócio ordenado, não existe a doutrina e a disciplina do celibato, encontram-se em um estado de profunda crise com relação às “vocações” de guia da comunidade – da mesma maneira que existem crises do sacramento do matrimônio uno e indissolúvel.

A crise da qual, na verdade, se está saindo lentamente, está ligada, fundamentalmente, à crise da fé no Ocidente. O que é preciso é comprometer-se a fazer a fé crescer. Este é o ponto. Nos mesmos ambientes, está em crise a santificação das festas, está em crise a confissão, está em crise o casamento etc. O secularismo e a conseguinte perda do sentido do sagrado, da fé e da sua prática, determinaram e determinam também uma importante diminuição do número dos candidatos ao sacerdócio.

A estas razões teológicas e eclesiais acrescentam-se algumas de caráter sociológico: a primeira de todas é a notável diminuição da natalidade, com a conseguinte diminuição dos jovens e das jovens vocações. Também este é um fator que não pode ser ignorado. Tudo está relacionado. Às vezes, estabelecem-se premissas e depois não se quer aceitar as consequências, mas estas são inevitáveis.

O primeiro e irrenunciável remédio para a diminuição das vocações foi sugerido pelo próprio Jesus: “Orai, portanto, ao dono da messe, para que envie operários para a sua messe” (Mt 9, 38). Este é o realismo da pastoral das vocações. A oração pelas vocações – uma intensa, universal, dilatada rede de oração e de adoração eucarística, que envolva todo mundo – é a verdadeira e única resposta possível para a crise da resposta às vocações. Onde esse comportamento orante é vivido de forma estabelecida, pode-se afirmar que se leva a cabo uma recuperação real.

É fundamental, além disso, prestar atenção à identidade e especificidade na vida eclesial, de sacerdotes, religiosos – estes na peculiaridade dos carismas fundacionais dos próprios institutos de pertença – e fiéis leigos, para que cada um possa, na verdade e na liberdade, compreender e acolher a vocação que Deus pensou para ele. Mas cada um deve ser autêntico e cada dia deve se comprometer em tornar-se o que é.

ZENIT: Eminência, neste momento histórico, se o senhor tivesse que resumir a situação geral, o que diria?

Cardeal Piacenza: Nosso programa não pode ser influenciado por querer estar por cima a todo custo, de querer sentir-nos aplaudidos pela opinião pública: nós devemos somente servir, por amor e com amor, o nosso Deus no nosso próximo, seja ele quem for, conscientes de que o Salvador é somente Jesus. Nós devemos deixá-lo passar, deixá-lo agir através das nossas pobres pessoas e do nosso compromisso cotidiano. Devemos colocar o que é “nosso”, mas também o que é “seu”. Nós, diante das situações aparentemente mais desastrosas, não devemos nos assustar. O Senhor, na barca de Pedro, parecia dormir, parecia! Devemos agir com energia, como se tudo dependesse de nós, mas com a paz de quem sabe que tudo depende do Senhor.

Portanto, devemos recordar que o nome do amor, no tempo, é “fidelidade”! O crente sabe que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, e não é “um” caminho, “uma” verdade, “uma” vida. Portanto, a coragem da verdade, pagando o preço de receber insultos e desprezo, é a chave da missão na nossa sociedade; é essa coragem que se une ao amor, à caridade pastoral, que deve ser recuperada e que torna fascinante, hoje mais do que nunca, a vocação cristã. Eu gostaria de citar o programa formulado sinteticamente em Stuttgart pelo Conselho da Igreja Evangélica em 1945: “Anunciar com mais coragem, rezar com mais confiança, crer com mais alegria, amar com mais paixão”.

fonte: ZNITE.org