Ex-satanista: “Eu fazia rituais satânicos dentro de clínicas de aborto”

Garoto normal de um bairro americano, criado em um lar evangélico batista, Zachary começou a praticar magia aos 10 anos, juntou-se a uma seita satânica aos 13 e, com 15, já havia quebrado todos os Dez Mandamentos.

À luz dos recentes vídeos expondo o tráfico de órgãos e tecidos de bebês abortados mantido pela Planned Parenthood, o Lepanto Institute entrevistou o ex-satanista Zachary King.

Garoto normal de um bairro americano, criado em um lar evangélico batista, Zachary começou a praticar magia aos 10 anos, juntou-se a uma seita satânica aos 13 e, com 15, já havia quebrado todos os Dez Mandamentos. Dos seus anos de juventude até a idade adulta, ele trabalhou o seu caminho até se tornar “sumo sacerdote” da seita e praticou ativamente a agenda satânica, incluindo rituais de aborto. Atualmente, Zachary está escrevendo sobre suas experiências em um novo livro, intitulado Abortion is a Satanic Sacrifice [“Aborto é um Sacrifício Satânico”].

Zac, você tem uma longa história para contar. Poderia nos dar uma ideia geral de como você foi cair no satanismo?

Tudo começou com uma forte curiosidade, em que eu me perguntava se a magia era algo real. Isso veio depois que assisti a filmes sobre feiticeiros e bruxos, na década de 1970, quando eu cresci. Nós tínhamos um jogo na escola chamado Bloody Mary, ou I Hate You, Bloody Mary, no qual você ia ao banheiro e recitava essas frases um certo número de vezes com as luzes apagadas. Todas as vezes que o meu grupo fazia isso, sempre víamos um rosto demoníaco no espelho. Não fazíamos ideia do que era aquilo que estávamos encarando, apenas que, de repente, aparecia aquela coisa assustadora no espelho e todos corriam para fora do banheiro, morrendo de medo… exceto eu. Eu sempre achava aquilo bem legal. Então, na mesma época em que eu fazia isso, também jogava torneios de Dungeons and Dragons todo fim de semana, e eu sempre era o mago ou o feiticeiro do jogo. Eventualmente, eu me perguntava se podia fazer magia de verdade e tentei um par de feitiços para ganhar dinheiro. Ambos funcionaram, mas, como poderia ter sido apenas uma coincidência, eu tentei fazer uma terceira vez e, na terceira vez em que fiz isso, joguei o feitiço em frente ao demônio do banheiro e achei que pudesse aumentar um pouco o valor do lance para ver o que acontecia. Consegui 1.000 dólares no dia seguinte. A partir de então, fiquei convencido de que magia era real.

Quando eu tinha cerca de 12, um amigo me apresentou a um grupo que jogava Dungeons and Dragons e que também acreditava que magia era real. Aquele grupo acabou se revelando uma seita satânica. Muitas pessoas me perguntam: “Você não correu e se escondeu a essa altura?” Eu lembro a elas que cresci nos anos 70, quando seitas satânicas na TV eram realmente assustadoras, mas… eu adorava fliperama, video games, ficção científica, como Jornada nas Estrelas e Guerra nas Estrelas, e aqueles rapazes tinham quase todos os filmes de ficção científica e de fantasia que eu sempre quis assistir. Eles tinham fliperama, uma piscina, uma grande churrasqueira, e era como um clube de meninos e meninas, tudo muito divertido. Deixem-me colocar deste modo: eles sabiam como recrutar, sabiam tudo o que uma criança queria fazer. Então, foi assim que eu me envolvi com isso.

Aquele foi o meu primeiro grupo. Fiquei lá dentro até os meus 18 anos, quando me juntei à Igreja Mundial de Satanás, que é um grupo muito maior, internacional. A posição que eu atingi é chamada de high wizard (uma espécie de “sumo sacerdote”). Em uma seita satânica maior, eles são as pessoas que fazem a magia pelo grupo. Poderia haver somente um ou até dez deles, mas o número geral variava de 2 a 5, e o nosso trabalho era viajar ao redor do mundo fazendo quaisquer feitiços que as pessoas quisessem que fizéssemos. Quando eu digo “pessoas”, falo de estrelas do rock, astros de filmes, personalidades políticas, pessoas ricas… Não há limites para quem quer um feitiço e para o valor que eles estão dispostos a pagar.

“Escolhidos a dedo por Satanás”

Então, você era um sumo sacerdote no satanismo… Bem rapidamente, como aconteceu de você se tornar um high wizard?

Dizem que high wizards são escolhidos a dedo por Satanás. Eu não sei qual o critério. Tinha feito magia desde a idade dos 10 e me tornei um deles quando tinha cerca de 21. Eu estava na Igreja Mundial de Satanás por uns 3 anos. Já tinha visto um high wizard quando era criança, mas ainda não sabia do que se tratava. A aparência é muito peculiar. Uma cartola, uma varinha ou um bastão, o rosto pintado como um cadáver e um velho smoking da sorte.

(…)

Satanás escolhe você e, para um culto grande como esse, há um chefe executivo e um quadro de diretores. Então, o chefe manda uma carta para você, você se encontra com ele e com o quadro de diretores, e eles dizem que você foi escolhido. Dão a você um livro que diz quais são os seus deveres de trabalho como sumo sacerdote e você decide se quer fazer aquilo ou não – embora eu nunca tivesse conhecido ninguém a recusar aquele convite.

Então, você foi chamado diante de um grande conselho de comuns, eles ofereceram a posição e você se tornou um high wizard naquele instante?

Isso, e eu trabalhei nisso por volta de 10 a 12 anos.

O primeiro ritual de aborto

Qual o papel que tem o aborto nos rituais satânicos, e quando foi a primeira vez que você se envolveu com aborto dentro do satanismo?

Logo depois que completei 14 anos, os membros da seita vieram a mim e me disseram que eu me envolveria em um aborto em cerca de 9 meses. Houve uma orgia com todos os homens entre 12 e 15 anos e uma mulher com mais de 18, e o propósito dela era ficar grávida, para ter o aborto em 9 meses. Quando me contaram isso, eu disse bem alto: “Legal”, mas não fazia ideia do que era um aborto. Em minha família, acho que ouvi meus pais sussurrarem uma vez a palavra aborto, enquanto falavam de outra pessoa. Então, eu pensava que aquela era uma palavra suja, porque eles cochicharam, e eu não tinha ouvido aquela palavra em nenhum outro lugar. Quando perguntei aos membros da seita o que era um aborto, eu disse que não sabia o que deveria fazer. Eles explicaram que haveria um bebê na barriga e que eu iria matá-lo; que haveria um médico aborteiro lá para me ajudar e uma enfermeira, porque seria um procedimento médico completo. Minha primeira pergunta foi: “Isso é legal?” A resposta foi: “Sim, desde que aconteça no ventre. Enquanto o bebê estiver dentro da mulher, você pode matá-lo.”

Foi dessa forma que isso foi explicado para nós. Também foi explicado que eu estaria “matando um bebê”. Eles não disseram que nós iríamos matar um feto ou algumas células em um corpo. Nada disso. Era um bebê.

Agora, eu não acho que eu teria concordado em matar uma criança fora do corpo da mulher, mas, sabendo que eu poderia matar o quanto quisesse se alguém estivesse dentro do corpo… No satanismo, matar alguém ou a morte de algo é a forma mais efetiva de ter o seu feitiço realizado. Quando se quer conseguir a aprovação de Satanás, para que ele lhe dê algo que você deseja, matar alguém é a melhor forma de conseguir. Matar algo é a oferta final para Satanás e, se você pode matar uma criança não nascida, essa é a sua meta final.

Conte-me sobre o primeiro aborto que você fez dentro de um ritual satânico.

O primeiro que fiz foi cerca de 3 meses antes de completar 15 anos. Aconteceu em uma casa de campo. Surpreendentemente, o lugar era mais higienizado que muitas das clínicas nas quais eu tinha feito abortos. Havia um médico e uma enfermeira, uma mulher nos estribos pronta para dar à luz, rodeada de 13 líderes da nossa seita, os quais eram todos sumo sacerdotes e sacerdotisas. Eu estava dentro do círculo com a mulher e o médico. Todos os membros adultos de minha seita estavam lá. Havia várias mulheres se ajoelhando no chão, balançando para frente e para trás cantando repetidamente: “Nosso corpo e nós mesmas”. Do lado estavam vários membros masculinos de nossa seita, todos cantando e orando. O ritual começou às 23h45min, e o feitiço começou à meia-noite, que é a hora das bruxas, e a morte da criança aconteceu às 3h, que é a chamada hora do demônio.

Tudo o que eu tinha que fazer era colocar o bisturi. Eu não necessariamente precisava praticar o assassinato… o importante era que eu sujasse minhas mãos de sangue. Então, eu tive que sujar minhas mãos com o sangue de alguém, ou o da mulher ou o do bebê, e, depois, o médico terminou o procedimento. Naquele em particular – provavelmente um dos abortos mais hediondos que eu fiz –, o médico pegou, arrancou e jogou a criança no chão, onde essas mulheres estavam se remexendo. Elas pareciam estar possuídas, e quando o médico jogou-lhes o bebê, elas canibalizaram a criança.

Santo Deus! De quantos abortos rituais você participou?

Antes de me tornar um high wizard, eu fiz cinco. Depois, fiz 141 ou mais.

“Todos os bebês são oferecidos a Satanás no final do dia”

Você chegou a fazer algum ritual satânico nas instalações de clínicas de aborto?

Cheguei sim. Eu estimo ter feito cerca de 20 abortos rituais dentro dessas instalações, embora nunca tenha chegado a contar. Mas eu estive em muitas delas. Cerca de dois anos atrás, entrei em uma para fazer uma pesquisa para um novo CD em que estava trabalhando, e ela era bem limpa e as pessoas bem legais. Mas todas às que fui, fazendo aborto nelas, eram terrivelmente anti-higiênicas. Pareciam-se mais com uma casa de horrores, com sangue em todo o lugar, incluindo algumas salas com sangue no teto.

Como você foi convidado para fazer abortos satânicos nesses lugares? Alguém o chamou? Como isso aconteceu?

Como sumo sacerdote, você é o membro mais ativo da seita satânica, então a maioria das pessoas liga para alguém que elas conhecem na seita (…) [e] você é convidado a participar. A Igreja Mundial de Satanás não é a única organização que faz sacrifícios satânicos nessas instalações. Há outras organizações de bruxaria, como as wiccanas, que estão realmente engajadas em praticar abortos dentro dessas clínicas. Às vezes, você é chamado para o aborto ritual por um diretor da clínica ou algum administrador, isso quando o próprio médico não é um satanista. Outras vezes, eles fazem uma cerimônia no final do dia.

Na verdade, todos os dias, à noite, grupos satânicos fazem como que uma Missa Negra, geralmente por volta da meia-noite, e acontece um culto estendido com duração de mais ou menos 2 ou 3 horas, no qual eles oferecem todos os bebês que foram mortos naquele dia para Satanás. Não importa o motivo pelo qual as mulheres procuraram o aborto, todos os bebês são oferecidos a Satanás no final do dia.

O que geralmente acontece durante esses abortos rituais?

Há crianças que vêm para esses eventos, mas elas geralmente não ficam na sala onde o aborto acontece, ficam em uma sala separada. Elas têm competições para ver qual delas fica acordada até às 3h da madrugada, e a criança que consegue ficar até tarde ganha um prêmio. Os homens que não fazem parte dos 13 cabeças do grupo ficam fazendo feitiços e cantando. Eles também jogam feitiços, seja para se protegerem de qualquer um que possa estar rezando contra eles, como um cristão, seja por quem quer que tenhamos no bolso para proteger – assim, se nós pagamos um xerife, um policial ou algo do tipo, ninguém nos investigará naquela ocasião. Há mulheres cantando e dançando. Os 13 membros ficam em volta da mulher prestes a ter o aborto e conduzem a bruxaria. Uma vez, quem conduziu o feitiço foi o prefeito da cidade. Ele nos procurou porque queria passar uma lei para a sua cidade, e tinha tentado duas ou três vezes, sem sucesso. Ele foi membro da seita por algum tempo. Havia tentado todos os caminhos legais para passar a lei, mas, como não funcionou, ele conseguiu alguém para fazer um aborto com a nossa seita, durante a noite e em um lugar em que pudéssemos fazer o procedimento e a bruxaria ao mesmo tempo. Geralmente, em uma seita de cidade pequena, que era o caso, todos apareciam para o evento. Em um lugar maior, como quando eu era membro da Igreja Mundial de Satanás, você chama o sumo sacerdote, as pessoas que querem fazer o feitiço, um médico e uma enfermeira. Várias vezes, nessas clínicas de aborto profissionalizadas, há um monte dessas pessoas, porque muitos que trabalham nesses lugares são bruxas ou satanistas. Então, você consegue um grande número de pessoas que queira participar do evento satânico.

Você diria que clínicas de aborto profissionalizadas atraem pessoas vindas do ocultismo por causa da oportunidade de realizar rituais de aborto?

Eu diria que sim, essa é uma afirmação absolutamente verdadeira. (…) Assim como os rapazes católicos aderem ao sacerdócio porque são atraídos pela santidade e pelo serviço a Deus, uma clínica de aborto atrai os satanistas para o ministério satânico.

O poder da oração

Você já experimentou alguma dificuldade em concluir um aborto ritual, devido a pessoas rezando fora de uma clínica de aborto?

Mais de uma vez, tivemos bebês que, contra todas as possibilidades, sobreviveram ao aborto. Uma vez, cheguei à clínica de aborto e havia pessoas dos dois lados da rua. De um lado, havia pessoas rezando e clamando contra o aborto; do outro, no qual eu estava, havia pessoas que eram obviamente pelo aborto, e gritando todo tipo de obscenidades às pessoas do outro lado da rua. Quando nós entramos e olhamos para o lado de lá, vimos todas as pessoas do outro lado de joelhos. Naquele dia, o aborto que tínhamos agendado para um ritual não deu certo. Eu acho que isso aconteceu comigo umas três vezes, e todas as três… Engraçado, mas nunca tinha parado para pensar que todos os três abortos foram frustrados pelo que só pode ser atribuído às orações que estavam acontecendo fora da clínica.

Qual conselho você tem para as pessoas que rezam em frente às clínicas de aborto, especialmente se elas suspeitam que há algum tipo de ato ocultista acontecendo dentro dela?

Antes de tudo, não pare! Não há nada acontecendo nessa clínica de aborto que possa machucar você. Com certeza, haverá demônios em volta, mas você deve pensar em Satanás como um cachorro amarrado a uma coleira; se você não chegar perto da coleira, ele não o pode morder. Esteja em estado de graça quando você for. Leve uma garrafa de água benta consigo. Não a jogue nas pessoas que estão lá para se opor porque você pode ir parar na justiça. Você sabe, essas pessoas irão processar você por causa das coisas mais bobas. Mas, com certeza, aspirja-se quando chegar lá e quando sair. Aspirja todos os membros da sua família. Se puder receber a Sagrada Comunhão antes de chegar lá, seria o ideal. Se for à Missa nesse dia, permaneça alguns minutos depois da celebração para pedir a Nosso Senhor que mande a Sua Mãe com você. Leve um Rosário consigo e combata o demônio até a morte com ele. Há coisas de que o diabo tem medo, mas, acima de tudo, ele teme um católico bem formado, um católico que entende a sua fé e que sabe o que é uma guerra espiritual. Ele não quer lutar contra alguém que está com toda a sua armadura a postos.

A conversão 

Em janeiro de 2008, enquanto trabalhava numa joalheria, Zachary teve um encontro com a bem-aventurada Mãe de Deus, encontro que mudou a sua vida. No meio do shopping, pelo poder da Medalha Milagrosa, Zachary experimentou uma paz que supera todo o entendimento. Aquela paz era Jesus Cristo, o Príncipe da Paz. O amor de Nossa Senhora resgatou Zachary do inferno e trouxe-o para perto do Coração do seu Filho, Jesus Cristo. Ele começou a frequentar a comunidade católica de São Francisco Xavier, em Vermont, e, em maio de 2008 (o mês de Maria), entrou na Igreja Católica! Depois de 26 anos de envolvimento com o ocultismo, Zachary tornou-se um guerreiro por Jesus Cristo e quer compartilhar o seu conhecimento para a proteção do povo de Deus. O testemunho de Zachary é uma inspiração que prova quão grandes são a misericórdia e o perdão do Senhor e, acima de tudo, mostra a profundidade do seu amor para conosco. Atualmente, Zachary vive na Flórida com sua esposa e é pregador internacional, espalhando a história de seu miraculoso resgate do satanismo onde quer que ele possa. O seu site é www.allsaintsministry.org.

Um ataque aos direitos humanos

Quando a Igreja defende a lei natural, ela defende os próprios fundamentos dos direitos humanos

A insistência da Igreja Católica no combate à legalização do aborto e de outras práticas contrárias à família é fonte de muitas críticas. Não se consegue entender por que uma instituição religiosa poderia influenciar nas decisões políticas de um Estado que, a princípio, se declara laico. Assistimos a este tipo de argumentação, por exemplo, durante o debate acerca da Sugestão Legislativa 15/2014, a qual pretende “regular a interrupção voluntária da gravidez, dentro das doze primeiras semanas de gestação, pelo Sistema Único de Saúde”.

Essa confusão sobre o papel da Igreja na sociedade tem sua origem em um problema bastante complexo para a mentalidade moderna, e que diz respeito aos próprios fundamentos dos direitos humanos. “A ideia do direito natural” é vista, nos dias de hoje, como “uma doutrina católica bastante singular, sobre a qual não valeria a pena discutir fora do âmbito católico, de tal modo que quase se tem vergonha mesmo só de mencionar o termo” [1]. Isso se deve basicamente a dois fatores: a) a cisão entre fé e razão, a qual gerou uma noção de lei natural rígida demais, sem a consideração de processos históricos; b) o surgimento da doutrina positivista, cuja explicação sobre o ser humano tende a reduzi-lo a uma natureza apenas funcional.

Há, no entanto, outro aspecto a ser considerado. A lei natural constitui um obstáculo à arbitrariedade, pois exige do indivíduo uma adequação às necessidades dos outros, de modo que as paixões não deteriorem a harmonia social. Ela assegura ao homem o direito à objeção de consciência frente a imposições injustas, mesmo quando aprovadas pela maioria ou por juízes aparentemente capazes. O próprio Hans Kelsen, um dos maiores opositores da lei natural, viu-se obrigado a evocá-la para condenar a perseguição nazista que sofreu.

Eis o ponto. Toda a luta a favor do aborto, como disse Padre Paulo Ricardo durante o debate, resume-se a uma luta contra o direito natural. Não se trata de uma defesa das minorias marginalizadas, não se trata de uma defesa das mulheres pobres e negras nem da saúde pública — apesar de insistirem muito neste discurso. O objetivo é bem outro: manipulação e poder.

A razão defende a lei natural

A luz da razão mostra-nos que existe uma verdade natural acerca do ser humano e que, precisamente por isso, deve existir uma coerência ética comum para que essa verdade seja respeitada como um direito inalienável da humanidade. Isso se expressa de maneira eloquente no desejo moral compartilhado por vários grupos étnicos, culturais e sociais ao longo da história. Em praticamente todas as sociedades de que se tem notícia, encontra-se uma máxima ligada à famosaregra de ouro, isto é, aquele conselho de não fazer aos outros aquilo que não queres que façam contigo. Vemos, assim, que a moral não é uma construção social, embora seja influenciada por esse aspecto. Trata-se de algo que corresponde às exigências do próprio ser.

Na tradição filosófica clássica, essa verdade sobre o homem e o meio à sua volta foi denominada lei natural. Aristóteles, talvez o maior expoente desse período, considerava moralmente lícito aquilo que correspondia à natureza [2]. Nesta visão, o Estagirita queria explicar que a busca do homem pela felicidade só poderia ser plenamente cumprida se houvesse um respeito à sua vocação. Aqui entra o papel de instituições como a família e o Estado.

O homem, para poder cumprir sua vocação, necessita de condições favoráveis ao seu agir moral. Nem todos os preceitos da lei natural são evidentes. Eles precisam ser refletidos e ponderados pela razão, para que possam ganhar clareza e força de adesão. No entanto, em um ambiente de vícios, em que se proliferem preconceitos, paixões e má vontade, o indivíduo facilmente tende a ignorar a lei natural, senão mesmo a repudiá-la [3]. Como explica Santo Tomás de Aquino, “a lei natural pode ser destruída do coração humano, seja por más persuasões, como se dão erros relativos às conclusões necessárias na ordem especulativa, seja por maus costumes e hábitos corruptos” [4]. Nestas condições, restam a anarquia e a lei dos mais fortes.

A partir disso, podemos intuir a função da família. Cabe a ela o dever de assegurar uma educação virtuosa, a fim de que os filhos mantenham-se sempre atentos à verdade. Para Aristóteles, as famílias “originam-se da necessidade de os seres humanos manterem-se vivos e protegerem e criarem seus filhos” [5]. E isso postula a complementariedade dos sexos. O Estado, por sua vez, tem a obrigação de proteger as famílias, ajudando-as a educar as crianças para as virtudes. Isso porque a pessoa é “anterior à sociedade e a sociedade é humanizadora somente quando responde às expectativas inscritas na pessoa enquanto ser social” [6].

Por isso a Igreja defende a lei natural. Defendê-la é defender o homem, como explicou o Papa Emérito Bento XVI no Congresso do Partido Popular Europeu, em 2006. A “tutela da vida em todas as suas fases”, o “reconhecimento e promoção da estrutura natural da família” e a “tutela do direito dos pais de educar os próprios filhos” são direitos humanos inegociáveis, que garantem a perfeita realização do ser humano [7]:

Estes princípios não são verdades de fé mesmo se recebem ulterior luz e confirmação da fé. Eles estão inscritos na natureza humana e, portanto, são comuns a toda a humanidade. A ação da Igreja de os promover não assume, por conseguinte, um caráter confessional, mas dirige-se a todas as pessoas, prescindindo da sua filiação religiosa. Ao contrário, esta ação é tanto mais necessária quanto mais estes princípios forem negados ou mal compreendidos porque isto constitui uma ofensa contra a verdade da pessoa humana, uma grave ferida infligida à própria justiça.

Uma antropologia manipuladora

As fundações internacionais — relativistas que são — negam a existência do direito natural e, por assim dizer, a inviolabilidade desses três valores defendidos não somente pela fé católica, mas, em primeiro lugar, pela racionalidade das coisas. Entendem a sociedade como uma massa de modelar, passível de modificações arbitrárias, pois, afinal, na origem de sua constituição, não haveria princípios elementares para a manutenção de um ambiente virtuoso, voltado para a realização do homem conforme sua própria natureza. Ao contrário. A sociedade atual, para esses ideólogos, seria apenas resultado de uma estrutura opressora, sustentada pelo discurso da Igreja e de outras instituições, no jargão marxista, burguesas.

Encontramos esse tipo de abordagem no livro Sociologia em movimento, comentado recentemente aqui no site. A moral sexual, segundo dizem, seria apenas “um meio de estabelecer relações de poder construídas historicamente nas sociedades ocidentais” [8].

As fundações Ford, Rockfeller, MacArthur e cia. puseram na cabeça que o grande mal da humanidade é o crescimento populacional. Até a década de 1950, a estratégia adotada para impedir novos nascimentos foi o apoio maciço à indústria contraceptiva. O método, porém, não obteve o resultado almejado. A partir da década de 1960, com o investimento em pesquisas sociológicas, essas mesmas fundações encontraram um meio de danificar o tecido social, incentivando o aborto e justificando todos os tipos de práticas sexuais desordenadas.

Essa é a razão da causa LGBT e da liberação do aborto estarem tão atreladas. Qualquer coisa que corrompa a sensibilidade humana para a lei inscrita em sua própria natureza serve como instrumento de manipulação. Tudo se resume a um grande engodo, como já mostramos aqui em outras ocasiões. Acompanhem o raciocínio: se, em matéria sexual, não existe verdade — não existe lei natural, diferentemente do que indica a razão —, mas apenas discursos para a legitimação de poderes “historicamente construídos”, acaso essa crítica não caberia também à própria sociologia desenvolvida pelos pesquisadores financiados por tais fundações? A rigor, a tese deles é esta: deixem de ser manipulados pela malvada Igreja Católica para serem manipulados por nós, as fundações internacionais, pois sabemos o que é melhor para a humanidade.

A “ditadura do relativismo”, para usar uma expressão do Cardeal J. Ratzinger, é a única tábua de salvação para essas fundações internacionais — em que pese todas as lacunas dessa ditadura. O que elas querem é o poder; por isso, precisam quebrar a coluna da sociedade, ou seja, destruir o direito natural, pois quando este é negado, o que resta é somente a “vontade do legislador que faz a lei” [9].

O que está em jogo nesta questão não é só a aprovação do aborto, que de per si já bastaria para protestarmos. Estamos diante de um ataque orquestrado aos fundamentos dos direitos humanos, sob uma falsa promessa de liberdade e defesa dos oprimidos. O aborto é só a ponta do iceberg.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. Papa Bento XVI, Discurso ao Parlamento Federal (22 de setembro de 2011).
  2. Comissão Teológica Internacional, Em busca de uma ética universal: novo olhar sobre a lei natural (6 de dezembro de 2008), n. 20.
  3. Papa Pio XII, Carta Encíclica Humani Generis (12 de agosto de 1950), n. 1.
  4. Suma Teológica, I-II, q. 94, a. 6.
  5. ADLER, Mortimer. Aristóteles para todos: uma introdução simples a um pensamento complexo. São Paulo: É Realizações, 2014, p. 117.
  6. Comissão Teológica Internacional, op. cit., n. 86.
  7. Papa Bento XVI, Discurso aos participantes no congresso promovido pelo Partido Popular Europeu (30 de março de 2006).
  8. SILVA, A. et alSociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2013, p. 347.
  9. Comissão Teológica Internacional, op. cit., n. 89.

Imagens chocantes denunciam tráfico de órgãos de bebês humanos nos EUA

Por trás do tráfico de tecidos fetais mantido pela maior organização abortista dos Estados Unidos, esconde-se um tema ainda mais espinhoso: a banalização da própria vida humana.

Nas últimas semanas, a Planned Parenthood Federation of America (PPFA), a maior provedora de abortos dos Estados Unidos, foi alvo de uma denúncia, realizada pela associação pró-vida Center for Medical Progress (CMP), segundo a qual as suas clínicas estariam se beneficiando economicamente da venda de órgãos e tecidos de bebês abortados – a qual é punida como crime federal, segundo a lei americana.

Até o momento, cinco vídeos foram divulgados. Eles foram filmados por investigadores do CMP, que se disfarçaram de integrantes de uma companhia de biologia humana. Durante as conversas com altos funcionários da Planned Parenthood – às quais se seguiram incursões no interior das próprias clínicas da organização –, há cenas e declarações realmente assustadoras, que fariam corar os abortistas mais entusiastas (não fossem tão grandes a sua deformação moral e obstinação no erro).

“Leis podem ser interpretadas”

No primeiro vídeo, publicado no dia 14 de julho e sobre o qual já se falou aqui, a diretora sênior da PPFA, Dra. Deborah Nucatola, admite tranquilamente – enquanto degusta um vinho e come uma salada – que os médicos da instituição adaptam o procedimento de aborto, a fim de assegurar que os órgãos requeridos pelas indústrias de “experimentação fetal” não sejam destruídos. “Eu não vou destruir essa parte. Vou basicamente quebrar embaixo, em cima e ver se consigo pegar tudo intacto”, eles dizem.

Nucatola também revela como Planned Parenthood faz para burlar a lei norte-americana que proíbe o aborto realizado “por nascimento parcial”. Em um procedimento desse gênero, assim como nos métodos mais usados de dilatação e evacuação, o colo do útero da mulher é dilatado com pequenas lâminas que expandem gradualmente. Então, ela é mandada para casa. A morte e retirada do feto, propriamente ditos, são feitos um dia ou dois depois da introdução das lâminas, quando elas tiveram tempo suficiente para expandir.

Esse método de aborto foi proibido nos Estados Unidos por meio do Partial-Birth Abortion Ban Act, de 2003, assinado pelo então presidente George W. Bush. Para os aborteiros da PPFA, no entanto, “a proibição do aborto parcial é uma lei e leis podem ser interpretadas“, revela Nucatola. “Então, se eu digo que no primeiro dia não tenho a intenção de fazer isso, o que acontece no fim não importa.”

“Eu quero uma Lamborghini”

Uma semana depois, no dia 21 de julho, o CMP divulgou mais um vídeo. A protagonista da vez foi a presidente do conselho de diretores da Planned Parenthood, Dra. Mary Gatter. Perguntada pelos atores “quanto ela esperaria por um tecido (fetal) intacto”, ela rebate: ” Bem, por que não começa você me dizendo o quanto está acostumado a pagar?

Embora ela reitere várias vezes que “não estamos nisso pelo dinheiro” e que “o dinheiro não é o importante”, o diálogo se transforma em um verdadeira negociação. O acordo evolui de 75 para 100 dólares por amostra, mas, ao fim do almoço, Gatter sugere que o preço não é suficiente. “Deixe-me apenas saber quanto outros estão ganhando, e se estiver na faixa, então está bem, mas se ainda estiver baixo, então podemos subir o valor”, ela diz. “Eu quero uma Lamborghini.”

No dia 28 de julho, foi lançado o primeiro vídeo de um documentário chamado Human Capital, com a participação especial da flebotomista Holly O’Donnell. Essa jovem foi contratada pela companhia de biotecnologia Stem Express, ligada ao tráfico de órgãos e tecidos mantido pela PPFA. “Eu pensava que iria apenas extrair sangue, não retirar tecido de fetos abortados”, ela conta.

Em seu primeiro dia de trabalho em uma clínica da Planned Parenthood, ela entrou em choque quando lhe pediram que dissecasse um feto recém-abortado. Por seis meses, o seu trabalho era identificar mulheres grávidas que preenchessem as condições dos pedidos feitos pela empresa de tecidos. Depois do procedimento, ela coletava o material. “Por qualquer coisa que adquiríssemos, eles obtinham uma certa porcentagem”, ela afirma. “A enfermeira principal estava sempre confirmando se tínhamos pego nossas amostras. Ninguém além dela se importava, porque ela sabia que Planned Parenthood estava faturando com isso.”

“É outro menino!”

O quarto vídeo da série foi publicado no último dia 30 e é “estrelado” pela diretora médica da clínica de Rocky Mountains, Dra. Savita Ginde. Em uma das declarações mais chocantes de toda a investigação, ela deixa subentendido que a sua clínica também coleta tecidos de bebês nascidos vivos. “Se algumas (mulheres) dão à luz antes que a gente consiga examiná-las para um procedimento – ela diz –, então eles (os bebês) saem intactos”.

Dentro do laboratório de uma clínica, enquanto alguns funcionários usam um prato para separar pedaços do corpo de um feto, Ginde diz aos falsos compradores que preferiria receber o pagamento pela parte do corpo coletada, ao invés de uma taxa fixa padrão para todo o material.“Eu acho que um negócio por peça funciona um pouco melhor, porque assim podemos ver o quanto podemos ganhar com isso”, ela afirma.

Ao fim do vídeo, uma voz no fundo revela o sexo da criança que acabou de ser assassinada: ” It’s another boy! – É outro menino!”.

“Tudo não passa de uma questão de alinhar os itens”

No mais novo vídeo, divulgado esta semana pelo CMP, Melissa Farrell, diretora de pesquisa da filial da PPFA em Gulf Coast, admite que os aborteiros algumas vezes conseguem corpos “intactos” de bebês para coleta de órgãos e experimentação científica. Para tanto, eles adaptam o procedimento de aborto, a fim de atender aos pedidos das companhias de biologia. “Alguns dos nossos médicos”, ela conta, “fazem isso de modo a conseguir as melhores amostras, então, eu sei que isso pode ser feito.”

Farrell diz aos falsos compradores que eles poderiam receber as partes que quisessem, contanto que a companhia pagasse mais por uma melhor qualidade das amostras e pelo esforço extra dos aborteiros. “Se nós alterarmos nosso processo – e nós somos capazes de obter cadáveres fetais intactos –, podemos incluir isso no orçamento” para cobrir “as dissecações” e “dividir as amostras em várias remessas”, ela diz. “Tudo não passa de uma questão de alinhar os itens.”

Os últimos minutos do vídeo mostram imagens exclusivas dos investigadores dentro de um laboratório da PPFA, vasculhando as partes de um bebê de 20 semanas. No prato, é possível ver mãozinhas e pezinhos claramente desenvolvidos, enquanto o investigador levanta um pequeno pulmão com uma pinça. “Às vezes eles saem realmente intactos”, diz uma aborteira aos falsos compradores.

Aparentemente, há ainda outros vídeos para serem publicados, mas esses são suficientes para mostrar a indústria de morte por trás da Planned Parenthood. “Qualquer um que assista a esses vídeos sabe que a organização está envolvida em práticas bárbaras e abusos de direitos humanos que têm que acabar”, diz David Daleiden, o homem por trás das câmeras da CMP. “Não há nenhum motivo para que uma organização que se serve de métodos ilegais de aborto para vender partes de bebês e comete esse tipo de atrocidades contra a humanidade ainda receba mais de 500 milhões de dólares todos os anos dos contribuintes americanos.”

A associação Center for Medical Progress, bem como várias outras organizações pró-vida dos Estados Unidos, estão usando os vídeos em questão para pedir a retirada de fundos da PPFA. O governo Obama é parceiro da empresa e já apareceu publicamente defendendo os serviços prestados por ela. Se fica comprovado que a organização está lucrando com o tráfico de órgãos e tecidos humanos – prática que é proibida pela legislação penal norte-americana –, é mais fácil pedir o fim do seu financiamento.

O que está em jogo

Embora o debate nos EUA pareça concentrar-se em uma questão meramente técnica – se a Planned Parenthood está ou não lucrando com o comércio de fetos abortados –, o que está em jogo é uma realidade muito mais séria, que diz respeito à própria dignidade da vida humana.

Os homens do século XXI já não veem mais a pessoa humana como um ente sagrado. Habituaram-se a tratar alguns indivíduos – nomeadamente, os embriões e os não-nascidos – como “cidadãos de segunda categoria”. É isso o que está por trás do aborto e do tráfico de cadáveres humanos mantido pela PPFA. Se o que eles fazem com os tecidos e os órgãos de um feto fosse feito com um ser humano adulto, brutalmente assassinado e manipulado para satisfazer os desejos de um comércio ilegal, a sociedade certamente se escandalizaria. (Talvez não tanto quanto se comoveu com o caso do leão Cecil, no Zimbábue, mas isso é tema para outro artigo.) Por que, então, não reage à manipulação de embriões humanos e à venda de partes de seus cadáveres? Qual a diferença essencial entre um ser humano não-nascido e um adulto?

A resposta científica é: nenhuma. No juízo do reconhecido geneticista Dr. Jérôme Lejeune“se um óvulo fecundado não é por si só um ser humano, ele não poderia se tornar um, pois nada é acrescentado a ele”.

A resposta moderna, no entanto, reproduz um argumento perverso, argumento que levou milhões às câmaras de gás e aos gulags soviéticos no século passado. É o discurso de que algumas pessoas merecem viver mais do que outras. Se, antes, a eugenia discriminava por origem étnica ou condição social, agora segrega os indivíduos por sua idade: “se nasceu, vive; se não nasceu, pode matar”. Essencialmente, porém, os crimes são os mesmos: genocídio em massa, abuso e descarte de seres humanos, desprezo pela vida dos mais frágeis.

Contra uma civilização que suprime diretamente e sem nenhum remorso a vida de seus membros indefesos, é inútil lembrar que “os cadáveres de embriões ou fetos humanos, voluntariamente abortados ou não, devem ser respeitados como os restos mortais dos outros seres humanos” [1]. Quem não entende por que jamais se pode provocar diretamente a morte de um inocente [2] – nem para alegadamente salvar a própria vida, quanto menos para consolidar um pretenso “progresso científico” –, tampouco entenderá por que não se pode manipular arbitrariamente o coração, as vísceras e os membros de um corpo humano.

Talvez algumas pessoas não percebam a gravidade dos vídeos exibidos acima, e a alguns cheguem a soar “alarmistas” as críticas dos pró-vida à Planned Parenthood. Isso é o sinal de que, nessa matéria, estamos muito perto do fundo do poço – se é que ele tem fundo.

Que Deus tenha misericórdia de nós.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Donum Vitae sobre o respeito à vida humana nascente e a dignidade da procriação (22 de fevereiro de 1987), I, 4.
  2. Cf. Suma Teológica, II-II, q. 64, a. 6.

Por que querem destruir a família?

Leia este texto e entenda por que, na luta pela família, está em jogo o destino do próprio ser humano.

Os debates travados recentemente nas casas legislativas de todo o país – por conta da inclusão da “ideologia de gênero” nos Planos Municipais de Educação –, dão ensejo para que se pergunte por que, afinal, alguns indivíduos querem destruir a família. Já soaria absurdo se uma única pessoa se propusesse a fazê-lo – não tanto pela magnitude do trabalho que deveria empreender, mas pela própria insanidade que tal ideia carrega consigo. Que dizer, então, de um grupo estrategicamente organizado de pessoas determinadas justamente para esse fim?

Cabe dizer, em primeiro lugar, que não se trata de “história da carochinha” ou “teoria da conspiração”. Existem, de verdade, movimentos ideologicamente comprometidos com a destruição da família. De Engels, no final do século XIX – para quem o casamento monogâmico não passa de uma “forma de escravização de um sexo pelo outro” [1] –, até as autoras feministas contemporâneas – como Kate Millett, que pede o fim de tabus como “a homossexualidade” e “as relações sexuais pré-matrimoniais e na adolescência”, tendo em vista o desaparecimento da família [2]: são inúmeros os documentos que comprovam haver uma elite intelectual articulada para fazer sumir da face da terra a instituição familiar. Não é porque a Rede Globo ou os principais canais de notícias não reportam essas coisas, que elas deixam de ser verdadeiras. Levando em conta que é a própria mídia a promover certos hábitos e estilos de vida, facilmente se entende o porquê de seu silêncio.

Para entender, todavia, o que está na raiz do pensamento contrário à família, é preciso reconhecer o problema antropológico que o precede. Antes que se insurgissem contra o casamento, os arquitetos da engenharia social em curso traçaram o seu próprio conceito de ser humano – um conceito que, embora seja uma visão distorcida da realidade, já esteve em voga noutras épocas. Trata-se da separação radical entre o corpo e a alma. “O filósofo que formulou o princípio ‘cogito, ergo sum‘ (penso, logo existo), acabou por imprimir à concepção moderna do homem o caráter dualista que a caracteriza. É típico do racionalismo contrapor radicalmente, no homem, o espírito ao corpo e o corpo ao espírito.” [3]

Pela revelação divina, porém – como também pela razão natural [4] –, o homem pode compreender que é substancial e simultaneamente a junção de duas realidades: uma material, a que se chamacorpo, e outra espiritual, a que se chama alma. Essa é a chave para entender o matrimônio como o único “significado teleológico intrínseco e adequado da sexualidade humana” [5] – já que é o único lugar em que são satisfeitos tanto o aspecto procriativo quanto o aspecto unitivo do ato sexual. Só no casamento o sexo pode ser vivido levando em conta a integridade do ser humano.

Serve como prova dessa verdade a curiosa e notável diferença que há entre o comportamento sexual dos animais e o da espécie humana. Diferentemente dos cachorros, dos coelhos ou dos macacos, que acasalam para procriar e estão plenamente satisfeitos depois do coito, o homem é capaz de fazer obstinada e repetidamente o mesmo ato sexual, em busca de um “algo mais” que não é possível encontrar na mera união dos corpos. Daí vem aquela terrível sensação de vazio depois do chamado “sexo casual”. Trata-se de um clamor silencioso da alma, alertando que a sexualidade humana é muito mais que uma realidade animal.

Por outro lado, homens também não são anjos. No outro extremo do dualismo moderno, está a mentalidade gnóstica de que “o espírito é bom, mas a carne é má”. Aqui deitam as raízes de uma ideologia que pretende eliminar as diferenças entre os sexos masculino e feminino, pois vê no homem “só espírito e vontade” [6], podendo a sua natureza ser manipulada como lhe apetece.

Não surpreende que uma das pioneiras da agenda de gênero, a feminista Margaret Sanger,estivesse ligada a grupos de matriz antropológica esotérica e gnóstica. Para acreditar nessas teorias insanas, de fato, é preciso ser profundamente religioso. Seja a “revolução sexual” utópica prevista por Shulamith Firestone – depois da qual “as diferenças genitais entre os seres humanos não mais importariam culturalmente” [7] –, seja o mito do “homem andrógino” da teosofia: nunca a modernidade esteve tão próxima dos falidos cultos pagãos e gnósticos da Antiguidade.

O Papa Francisco mostrou captar a essência dessa ideologia quando apontou, em sua encíclicaLaudato Si’, para a necessidade de se “ter apreço pelo próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade”. Em uma referência inequívoca à “teoria do gênero”, o Papa escreveu que “não é salutar um comportamento que pretenda cancelar a diferença sexual, porque já não sabe confrontar-se com ela” [8].

No fundo – como alertou certa feita o Papa Bento XVI –, “na luta pela família, está em jogo o próprio homem” [9]. Não se destrói a célula mater da sociedade sem que se atinja de modo irreversível o ser humano. E esse processo, tragicamente, não é um desencadeamento natural ou simples obra do zeitgeist (o “espírito dos tempos”). Ao contrário, trata-se de um trabalho meticulosamente articulado e muito bem medido para implantar um projeto cruel e perverso de poder.

Não acredita? Então, estude! Não é preciso um ato de fé para dar crédito às verdades explicadas aqui. Consultar a bibliografia indicada logo abaixo pode ser um bom começo para entender de vez por que, afinal, querem acabar com a sua família. Mãos aos livros!

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (trad. Leandro Konder). 9. ed. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 1984, p. 70.
  2. MILLETT, Kate. Política Sexual (trad. Alice Sampaio, Gisela da Conceição e Manuela Torres). Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1974, p. 10.
  3. Papa João Paulo II, Carta Gratissimam Sane às famílias (2 de fevereiro de 1994), n. 19.
  4. Cf., e.g., Santo Tomás de Aquino, Suma contra os gentios, II, cp. 46-101.
  5. GONDREAU, Paul. The Natural Ordering to Marriage as Foundation and Norm for Sacramental Marriage. In: The Thomist 77 (2013): 41-69, p. 44.
  6. Papa Bento XVI, Discurso à Cúria Romana na apresentação de votos natalícios (21 de dezembro de 2012).
  7. FIRESTONE, Shulamith. The Dialectic of Sex: the Case for Feminist Revolution. Farrar, Straus and Giroux: New York, 2003, p. 11.
  8. Papa Francisco, Carta Encíclica Laudato Si’ (24 de maio de 2015), n. 155.
  9. Papa Bento XVI, Discurso à Cúria Romana na apresentação de votos natalícios (21 de dezembro de 2012).

Porque as ciências biológicas afirmam que a vida humana começa na concepção?

biologia
A ciência já determinou quando exatamente um ser humano começa a viver? Pode ser considerado pessoa desde o início da sua existência?

As ciências experimentais demonstraram, nos últimos anos, que a existência de um ser humano começa no momento da fecundação, quando o zigoto forma sua própria identidade genética, a partir da herança recebida dos seus pais, e seu material genético está em condições de começar seu desenvolvimento.

A biologia mostra que, com a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, começa a existir um novo ser vivo.

A biologia molecular, a embriologia médica e a genética oferecem muita luz para responder à antiga pergunta sobre o início de cada vida humana. A ciência garante hoje que a vida começa com a fusão do espermatozoide e o óvulo, chamada de “fecundação” (do latim “fecundare”, fertilizar).

O clássico manual de Langman sobre embriologia, utilizado nas faculdades de medicina para a aprendizagem do desenvolvimento humano inicial, explica, de maneira simples, o processo da fecundação: “Uma vez que o espermatozoide ingressa no gameta feminino, os núcleos masculino e feminino entram em contato íntimo e replicam o seu DNA”. Esta união gera uma nova célula, chamada zigoto.

Esta nova célula possui uma identidade genética própria, diferente da que pertence aos que lhe transmitiram a vida, e a capacidade de regular o seu próprio desenvolvimento, o qual, se não for interrompido, passará por cada um dos estágios evolutivos do ser vivo, até a sua morte natural.

Durante as horas em que dura a fecundação, o DNA de ambos os progenitores se funde para alcançar a estrutura e padrão próprios do novo indivíduo e, ao mesmo tempo, com a fecundação, coloca-se em funcionamento o motor de desenvolvimento embrionário com o qual se inicia uma nova vida.

Este novo ser vivo, já um embrião, se divide depois em duas células, cada uma delas com uma finalidade biológica definida; depois, em quatro células e assim por diante, até formar um organismo completo e estruturado.

No século passado, o professor de Genética Fundamental da Universidade de Sorbone que descobriu a anomalia cromossômica que causa a Síndrome de Down, Jérome Lejeune, já disse que todos os códigos de vida estão inscritos neste primeira célula chamada zigoto.

Este pequeno ser vivo já pertence à espécie humana. Não é simplesmente uma célula que contém toda a informação genética que o identificará sempre e o programa de vida de que precisa para se desenvolver até a etapa adulta; é muito mais: é um corpo em desenvolvimento.

O zigoto é um vivente da espécie dos seus progenitores, com toda a dignidade que corresponde a cada uma das pessoas.

Nos últimos anos, a ciência permitiu detalhar a complexidade da vida nascente. Ela explica detalhadamente os mecanismos pelos quais já a primeira célula está dotada de uma organização celular que a constitui em uma realidade própria e diferente da realidade dos gametas. Este zigoto já é um corpo, um organismo com um programa de vida individual. Possui polaridade e assimetria (o que o diferencia de qualquer outra célula) de tal maneira, que tem traçados, em função do ponto pelo qual o espermatozoide penetrou no óvulo, os eixos que estabelecerão a estrutura corporal.

A catedrática de Bioquímica da Universidade de Navarra, Natalia López Moratalla, explica assim: “A fecundação é um longo processo, de cerca de 12 horas, que começa com o reconhecimento específico e a ativação mútua dos gametas paterno e materno, maduros, e no meio adequado. A partir da região em que o espermatozoide alcança o ovulo, produz-se uma liberação de íons de cálcio que se difundem como uma onda, até a área oposta. Esta região do óvulo em fecundação será o dorso do embrião e o eixo dorso-ventral seguirá a direção da onda de cálcio. Perpendicular a ele, estabelece-se o eixo cabeça-extremidade. A concentração de íons de cálcio no espaço celular do óvulo que está sendo fecundado regula os processos que ocorrem ao longo do tempo da fecundação. O processo essencial que se regula por estes sinais moleculares é a estrutura do DNA, que, além de ser mais que a soma dos DNA do seu pai e da sua mãe, tem os cromossomos alinhados segundo os eixos corporais para dar lugar, sem solução de continuidade, ao embrião de duas células”.

Não se trata somente de genética: o desenvolvimento do indivíduo requer uma série de interações entre as suas células, sobretudo entre os seus genes com componentes do meio interno e externo ao organismo. Realiza-se, assim, a regulação perfeita e coordenada da informação genética. Já na primeira divisão celular, cada uma das duas células do embrião tem um destino diferente e bem definido. A rica em cálcio ficará imatura, com capacidade de um dando espaço a todos os tipos celulares: é o embrião. A outra, pobre em cálcio, dirigirá seu desenvolvimento à formação dos tecidos extraembrionários e à placenta.

Em perfeita continuidade com o processo de fecundação, o zigoto inicia seu desenvolvimento, segundo a forma corporal dada pelos eixos, com a construção das diversas partes do corpo. No terceiro dia, o embrião é formado por 8 células. Auto-organizando-se sempre de maneira assimétrica, seguindo uma trajetória unitária, programada de forma temporal e espacial, as células vão gerando os órgãos e tecidos. Antes de implantar-se no útero, ni início da segunda semana, e desde o primeiro dia, o embrião foi mandando sinais moleculares à mãe, para que ambos se coordenem como vidas diferentes, em perfeita simbiose durante toda a gestação.

A embriologia molecular atual oferece uma imagem do embrião incompatível com a antiquada noção do embrião “amorfo”, homogêneo, feito de elementos iguais, cindíveis, do qual inclusive poderiam se separar grupos casuais de células, capazes de estabelecer em qualquer momento dois sistemas novos. O rigor científico de hoje impede a confusão de um embrião com um conglomerado de células sem organização.

Desde o seu início na fecundação, este ser é uma pessoa, com um dinamismo vital aberto, próprio da espécie humana.

Atualmente, um catálogo completo das diferenças genéticas entre o homem e o chimpanzé mostra que cada ser humano tem mais criatividade – uma identidade sua e diferente da dos outros – que qualquer animal, com menos biologia, menos genes. López Moratalla explica que houve uma “perda” de genes que supõem redução de capacidade de adaptação ao meio, mas que são vantajosos na possibilidade de manifestação do caráter pessoal. Por exemplo, uma mutação no gene da miosina, MYH16, se traduz m uma fibra muscular mais fina, que permite ao homem o gesto tipicamente humano do sorriso, em troca de uma diminuição da musculatura da mastigação.

Os gestos humanos naturais, como a união corporal na transmissão da vida, as tendências, têm caráter pessoal, já que estão livres do automatismo do biológico. Não existe uma “propriedade biológica” que explique a abertura livre, intelectual e amorosa dos seres humanos a outros seres: a biologia humana, como ciência, reconhece a presença, nos indivíduos da espécie “Homo sapiens”, de um dinamismo vital aberto, desprogramado e próprio de cada indivíduo humano. Este “plus de realidade” é inerente a cada um e torna possível afrouxar as ataduras que limitam os genes.

O zigoto é pessoa porque é um corpo humano. E a dimensão corporal é um elemento constitutivo da pessoa humana, segundo destaca López Moratalla. Ou seja, um ser humano não somente tem um corpo, mas é o titular do seu corpo. Cada um se identifica com a estrutura biológica e ao mesmo tempo o corpo é sinal da presença da pessoa. Cada vida humana é a vida de um sujeito ao longo da trajetória temporal de crescer, amadurecer, envelhecer e morrer.

Em cada sujeito humano, há uma fusão de sua vida autobiográfica e sua vida biológica que é inerente e originária, ainda que as manifestações genuínas e próprias do seu ser pessoal só possam tornar-se explícitas em um determinado e gradual nível de desenvolvimento e amadurecimento corporal.

Anticoncepcionais: salvação ou veneno para as mulheres?

Na base do crânio existe uma glândula em forma de pera chamada hipófise. Na mulher, a hipófise é responsável por lançar no sangue a cada mês o hormônio folículo-estimulante (FSH), que provoca o amadurecimento de um óvulo no ovário. Sem o FSH, não há ovulação.

Durante a gravidez, a mulher não ovula. Por quê? Porque a hipófise deixa de enviar o FSH, uma vez que o organismo está esperando o nascimento da criança que já foi concebida.

O que a pílula (ou injeção) anticoncepcional faz é enganar a hipófise, dando-lhe uma mensagem falsa de gravidez. A droga anticoncepcional é constituída de dois hormônios: estrógeno e progest erona. Quando são lançados na corrente sanguínea, eles vão até a hipófise e informam (falsamente) a essa glândula que a mulher está grávida. Enganada por essa mensagem, a hipófise deixa de produzir o FSH, à espera de que a criança – que não existe – venha a nascer. Assim, a mulher para de ovular. Deixando de produzir um óvulo, ela deixa de conceber.

De tudo o que foi dito, percebe-se que a pílula anticoncepcional não é um remédio, mas um veneno. Ela não cura um organismo doente. Ao contrário, ela faz com que o ovário – que está funcionando bem – pare de funcionar.

Você não chamaria de remédio a um comprimido que alguém tomasse para fazer que o coração – que está batendo – parasse de bater; nem a uma injeção que alguém tomasse para fazer que o pulmão – que está respirando – deixasse de respirar; nem a uma pomada que alguém aplicasse para que os olhos – que estão enxergando – parassem de enxergar.

Pelo mesmo motivo, não é coerente que se chame de “remédio” a uma combinação de hormônios que se toma para paralisar os ovários. A pílula anticoncepcional é um veneno no sentido próprio da palavra.

O efeito dela, porém, não se limita aos ovários. A ingestão artificial de hormônios desequilibra o sistema endócrino e causa danos a todo o organismo. Alguns desses danos são narrados a seguir.

Trombose, acidente vascular cerebral (AVC), embolia pulmonar

Em janeiro de 2014, Carla Simone de Castro, 41 anos, moradora de Goiânia, procurou uma ginecologista a fim de operar-se de miomas uterinos que lhe causavam cólicas. A médica aconselhou não a cirurgia, mas o uso de um anticoncepcional (Yasmin) como forma de tratamento. Após alguns dias, Carla sofreu fortes dores de cabeça, que foram diagnosticadas como sintoma de sinusite. Durante 55 dias ela sofreu diplopia nos dois olhos e via as imagens duplas e embaçadas. Somente um exame de ressonância magnética revelou que, na verdade, ela sofrera uma trombose venosa cerebral, que lhe causou três AVCs (acidentes vasculares cerebrais ou “derrames”). Suspendeu então o anticoncepcional e começou a fazer um tratamento anticoagulante, para evitar uma embolia cerebral, que poderia levá-la à morte[1]. Como a trombose foi muito extensa, ela foi obrigada a fazer cirurgias de altíssimo risco a fim de minimizar as sequelas.

Em setembro de 2014, Carla publicou um vídeo em que aparecia com um tampão em um dos olhos, ainda impossibilitada de escrever, e contava sua dolorosa história. O vídeo teve um sucesso excepcional e Carla criou no Facebook uma página chamada “Vítimas de anticoncepcionais – unidas a favor da vida”[2]. Ao relato de Carla associaram-se os depoimentos de inúmeras outras mulheres com reações adversas graves causadas pelo uso de anticoncepcionais.

Daniele Medeiros, 33 anos, moradora de São João de Meriti (RJ), procurou uma ginecologista para tratar de cistos ovarianos, que causavam fortes cólicas menstruais. Em vez de oferecer à sua cliente o tratamento inofensivo e eficaz da metformina (um remédio para diabete, que ajuda muito no tratamento de ovário policístico), prescreveu-lhe um anticoncepcional (Yasmin) como tratamento. Após três meses de uso, Daniele sofreu uma embolia pulmonar, com consequências gravíssimas: três paradas cardíacas, dois meses de internação, 40 dias em coma e a amputação dos dez dedos dos pés, necrosados por causa dos medicamentos que a mantiveram viva[3].

Daniele apresentava tendência à trombose (trombofilia), o que aumentava o risco trombótico associado ao uso de anticoncepcionais. Além disso, ela utilizou uma droga (Yasmin) que contém um tipo de progesterona chamado drospirenona, que elevava ainda mais o risco (ver tabela abaixo).

Simone Vasconcelos, 34 anos, moradora de São Caetano do Sul, fez todos os exames e seu médico não encontrou nenhum fator que aumentasse o risco do uso de anticoncepcionais. Após três meses de uso da pílula Iumi, em julho de 2014, ela sofreu embolia pulmonar, com risco de morte. Passou dois dias na UTI e seis no quarto do hospital. Como o coágulo era pequeno, o tratamento de seis meses com anticoagulante e restrições alimentares foi bem sucedido[4].

Qualquer mulher, mesmo que não tenha trombofilia e mesmo que use pílulas com outro tipo de progesterona, diverso da drospirenona, está sujeita a sofrer tromboses. É o que relata um extenso estudo feito na Holanda entre 1999 e 2004 e publicado em 2009 na revista médica The BMJ. A pesquisa abrangeu 1.524 pacientes e um grupo de controle de 1.760 mulheres. Como resultado, “os contraceptivos orais atualmente disponíveis aumentaram em cinco vezes o risco de trombose venosa, comparado ao não uso”. Esse risco variou com o tipo de progesterona:

Tipo de progesterona usado     Aumento do risco de trombose venosa

Levonorgestrel                                                        3,6 vezes

Gestodeno                                                                5,6 vezes

Desogestrel                                                              7,3 vezes

Acetato de ciproterona                                        6,8 vezes

Drospirenona                                                          6,3 vezes

“Confirmou-se ainda – diz o estudo – um alto risco de trombose venosa durante os primeiros meses de uso do contraceptivo oral,independentemente do tipo de contraceptivo oral [destaque nosso]” [5].

Câncer de mama

Um estudo feito nos Estados Unidos em 1.102 mulheres, de 20 a 49 anos, diagnosticadas com câncer de mama invasivo, de 1990 a 2009, usando um grupo de controle de 21.952 mulheres, foi publicado em 2014 na revista Cancer Research. A originalidade do estudo é que ele se baseou não em relatos pessoais, mas em registros eletrônicos de farmácias. A descoberta foi de um aumento global de 50% na incidência de câncer de mama nas mulheres que tinham usado qualquer contraceptivo oral durante o ano anterior[6]. Comentando o resultado, a médica Dra. Denise Hunnell observa que o câncer de mama em mulheres de 20 a 49 anos é mais agressivo e menos sensível à terapia que o câncer de mama após a menopausa. O aumento do risco dessa doença em mulheres jovens significa, portanto, um aumento do risco de morte dessas mulheres[7].

Glaucoma

Em 2013, foi apresentado na reunião anual da Academia Americana de Oftalmologia, em Nova Orleans, o resultado de um estudo que envolveu 3.406 mulheres de 40 anos ou mais. Os pesquisadores descobriram que as mulheres que haviam usado contraceptivos por três anos ou mais, eram duas vezes mais propensas a terem tido um diagnóstico de glaucoma. Esse resultado não dependia do tipo de anticoncepcional usado[8]. O glaucoma caracteriza-se pelo aumento da pressão intraocular, que determina o endurecimento do globo e a compressão do nervo ótico, podendo levar à cegueira.

Conclusão

O anticoncepcional, além de privar o ato conjugal de sua abertura à vida, convertendo-o num ato de egoísmo a dois, traz terríveis malefícios para a saúde da mulher, que podem levá-la à morte. No entanto, quase ninguém se atreve a dizer que as mulheres não devem usar tal droga ou que o Estado deve proibir sua comercialização. Mesmo as vítimas de anticoncepcionais acima citadas limitam-se a advertir que a pílula deve ser usada “com cuidado” e levando-se em conta os riscos. Por que essa resistência em condenar os anticoncepcionais? Por dois motivos: 1º. Porque essa droga livra os cônjuges do fardo dos filhos e não exige qualquer sacrifício (como o exige a continência periódica admitida pela Igreja em casos de real necessidade); 2º. Porque até hoje nenhuma outra droga trouxe tanto lucro para as indústrias farmacêuticas.

[1] Cf. http://g1.globo.com/ goias/noticia/2014/09/ professora-diz-que-teve- trombose-apos-usar-pilula- anticoncepcional.html
[2] https://www.facebook.com/ pages/Vítimas-de- anticoncepcionais-Unidas-a- favor-da-Vida/279481195591370? fref=photo
[3] Cf. http://epoca.globo. com/vida/noticia/2015/03/ quando-pilula- anticoncepcional-e-pior- escolha.html
[4] Cf. https://www.youtube. com/watch?feature=player_ embedded&v=Fk-ESFV8_FQ
[5] ROSENDAAL, F.R. et al. The venous thrombotic risk of oral contraceptives, effects of oestrogen dose and progestogen type: results of the MEGA case-control study. BMJ 2009;339:b2921 in: http://www.bmj.com/ content/339/bmj.b2921.full
[6] Cf. BEABER, Elizabeth et al. Recent oral contraceptive use by formulation and breast cancer risk among women 20 to 49 years of age. Cancer Research; 74(15) August 1, 2014, p. 4078-4089, in: http://cancerres. aacrjournals.org/content/74/ 15/4078.full.pdf
[7] HUNNELL, Denise. Link between breast cancer and contraceptives, too big to ignore, in:

http://www. truthandcharityforum.org/link- between-breast-cancer-and- contraceptives-too-big-to- ignore/
[8] THE HUFFINGTON POST. Prolonged Use Of The Contraceptive Pill Double The Risk Of Glaucoma, Study Finds, in: http://www. huffingtonpost.co.uk/2013/11/ 18/glaucoma-contraceptive- pill-risk_n_4295553.html

Fonte: zenit.org

Método de Ovulação Billings

Entrevista com Dra Evelyn Billings, pioneira do Método de Ovulação que está transformando a vida de milhões de mulheres

Dra Evelyn Billings AM, de 94 anos de idade, é uma mulher inspiradora com uma longa lista de realizações. 64 anos junto com seu esposo, o Dr. John Billings — ela foi pioneira do Método de Ovulação Billings, a qual ensinou as mulheres, casais, estudantes de medicina e médicos desde a década de 50 em mais de 100 países — de fato, é o único método natural oficial para a regulação da fertilidade na China e foi exitosamente aprovado pela Organização Mundial da Saúde.

Também conta com o apoio da Igreja Católica, dada sua metodologia natural para a regulação da fertilidade. Dra. Billings junto com John, que conheceu em uma aula de anatomia enquanto estudava medicina na Universidade de Melbourne foram os médicos pioneiros do método de Ovulação Billings, e também criaram a nove filhos.

Leia partes da entrevista concedida em maio deste ano a jornalista Fiona Basile, do diário católico Kairos’s:

Olhando em retrospectiva sua vida, o que é que mais lhe surpreende?

“Me surpreendi pelo exito do método e do bem que pude fazer ajudando a John em seu trabalho. Ele me pediu que o ajudasse com as pacientes femininas porque este era um território estranho para ele como um homem casado, na realidade, simplesmente por ser homem. Eu sabia coisas que ele não sabia e ele sabia coisas que eu não sabia. Assim que éramos uma verdadeira equipe.”

Quais os principais desafios na aplicação e ensino do Método de Ovulação?

Do ponto de vista acadêmico, foi bastante sensível, não tivemos nenhuma oposição entre os estudantes de medicina; cooperavam muito bem. Creio que algumas mulheres estavam mais a favor do que contra da idéia e que estávamos justo nessa etapa da medicina na qual havia grande interesse nos avanços da tecnologia para o controle da fertilidade.

As pessoas confiavam muito na nova tecnologia, apesar de alguns pensarem que estávamos no caminho equivocado e que ficaríamos para traz neste campo. John também tinha muita oposição por parte dos obstetras e ginecologistas que estavam contra sua opinião de que o meio natural era o caminho correto e o melhor caminho a seguir para as mulheres. Porém ele não acreditava nisto simplesmente devido ao ensino da igreja, algumas pessoas entenderam mal, achando que tratava-se de um “método católico”, porém por trata-se de um método biológico. Portanto, pouco importava se o casal era Muçulmano, Hinduísta ou Budista: só queríamos que as mulheres conhecessem sobre si mesmas e que utilizassem este método natural de regulação da fertilidade para seu próprio benefício. Sentimos-nos muito satisfeitos quando as taxas de êxito e evidências falaram por si mesmas.

Por que você e Dr. John Billings fizeram este trabalho?

Éramos médicos — era nosso trabalho ver que as pessoas eram saudáveis e felizes. Dava-nos muita felicidade quando ajudávamos aos casais estressados ou que sofriam porque acreditavam que eram inférteis, talvez a mulher tivesse sofrido alguns danos como resultado do uso prévio de métodos tecnológicos, ou talvez simplesmente não entendessem os ciclos naturais do corpo feminino — e logo foram capazes de conceber usando Método de Ovulação. Foi simplesmente maravilhoso. Encantam-me os bebês.

Que papel tem a fé em sua vida e trabalho?

Quando me casei me converti de Anglicana para a Igreja Católica Romana. John acreditava que a Igreja Católica tinha a autoridade e a verdade, e nunca se deu por vencido. Não é que eu perdera muito — ao contrário, estava obtendo muito mais. Creio que a fé alimenta a família, é onde fazem e respondem as perguntas. Nestes tempos, encontramos com tantas pessoas que não tem fé. Não crêem que haja uma influência do amor no mundo. Não entendem o principio de amar que simplesmente é buscar o bem da outra pessoa. Agora se todos estiverem de acordo de que está é uma boa ideia e que faz com que o mundo seja um lugar melhor, —não haveria aborto, guerras e as pessoas amariam aos mais débeis, vulneráveis da comunidade.

Você e seu esposo se casaram faz 64 anos. Qual é o segredo para um bom matrimônio?

Tem que ser sensato e escolher bem desde o princípio, o matrimônio é uma coisa muito prática. Nem sempre tudo corre com o vento em popa, e algumas vezes, há tempos difíceis. Os votos matrimoniais indicam isto. Mas se realmente ama a uma pessoa, poderão superar tudo. Quando conheci John, ele era muito inteligente, muito amável e cavalheiro, todas essas coisas que realmente necessita uma mulher no homem que ela escolhe.Amar a outra pessoa é buscar seu bem e sua felicidade — isto resume o que eu penso.

Trabalhamos estreitamente com Fr. Maurice Catarinich, que sempre dizia: “Deus todo poderoso não deixaria a seu povo sem uma solução e, portanto são as diretivas da igreja a seguir porque são o que faz as pessoas serem felizes”. E nós acreditávamos nisto. Mas é inútil ensinar as pessoas como serem felizes se não lhes damos a verdade e a muitos jovens nesta época não lhes dão a verdade.

É necessário estar informado, valente e recordem que a procriação é a tarefa mais importante na vida e o amor é mais forte que o ódio.

Dra. Evelyn Billings AM, foi nomeada membro da ordem da Austrália em 1991 e Dama Comandante de São Gregório Magno em 2003. Publicou amplamente sobre o Método de Ovulação, incluindo o Método Billings: controle da fertilidade sem drogas ou dispositivos, que vendeu mais de um milhão de cópias em 22 idiomas. Os Drs. John e Evelyn Billings estabeleceram a Organização Mundial do Método de Ovulação Billings, que segue ensinando o Método de Ovulação em todo o mundo.

Para obter mais informações, consulte: www.woombinternational.org

Controle de Natalidade X Planejamento Familiar

Quem propõe o “controle da natalidade” por meios artificiais o fazem movidos por vários mitos à respeito dos métodos naturais de regulação da natalidade:

“são antiquados e poucos eficazes”
“são muito complicados”
“são inviáveis”

Mas a Verdade é outra:

Os métodos naturais, especialmente os mais modernos, têm o suporte científico mais desenvolvido e consistente.

Dado que respeitam os ritmos naturais da pessoa, uma vez aprendidos, os métodos naturais se incorporam facilmente ao ritmo da vida das pessoas.

Os métodos naturais não têm nada de inviáveis. Certamente supõem o diálogo, o autodomínio e a corresponsabilidade do casal, mas isto, em vez de uma desvantagem, é o grande benefício comparativo dos métodos naturais que nenhum método artificial poderá jamais dar: compreensão, respeito mútuo, diálogo do casal e a conseqüente contribuição ao desenvolvimento integral de cada uma das pessoas.

Controle Natal vs. Regulação Natural

Eficácia dos métodos naturais

Segundo estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde, os métodos naturais de planejamento familiar demonstraram possuir uma ampla superioridade sobre os métodos artificiais (anticoncepcionais-abortivos) em diversos aspectos. Em tais estudos demonstrou-se que eram fáceis de aprender e de aplicar pela mulher em qualquer que fosse seu nível cultural (demonstrou-se que podem ser aprendidos e aplicados com êxito inclusive por mulheres carentes de instrução mínima), que eram aceitos com preferência aos métodos artificiais e, o mais importante, revelaram-se sumamente eficazes em evitar a gravidez. A todas estas vantagens agrega-se que por sua natureza respeitam a integridade e dignidade da pessoa humana sem lesionar seus direitos.

Um estudo multicêntrico, que abarcou importantes cidades de diversos pontos do mundo e distantes entre si (Auckland, Bangalore, Manila e El Salvador) demonstrou que 93% das mulheres férteis estava em condições de reconhecer e interpretar o momento de fertilidade desde seu primeiro ciclo menstrual (destaca que o grupo de El Salvador incluía 48% de analfabetas). O estudo conclui que as probabilidades de concepção nos períodos determinados como inférteis era de 0,004%, quer dizer, menos de meio por cento.
Em contraposição aponta-se que o índice de gravidezes utilizando métodos artificiais para o controle da natalidade, varia de 1% (pílulas combinadas estrógeno-progesterona) até 20-23% em usuárias de anticoncepcionais orais.

Em um estudo realizado em Calcutá, Índia, sobre a eficácia do Método da Ovulação, informou-se de uma porcentagem próxima a 0 (zero) sobre uma população total de 19.843 mulheres pobres e de diversas crenças religiosas (57% hindús, 27% islâmicas, 21% cristãs).

As conclusões do estudo da Organização Mundial da Saúde sobre a eficácia do Método da Ovulação foram as seguintes:

Por meio de ecografia ovárica determinou-se que os sintomas do muco cervical identificam com precisão o momento da ovulação.

Todas as mulheres, de qualquer nível cultural e educacional podem aprender o método da observação do muco cervical para reconhecer quando ocorre a ovulação.

A evidência mundial sugere que os métodos de controle natal, abstendo-se da relação sexual na fase fértil identificada pelos sintomas da ovulação, são equivalentes àqueles dos anticoncepcionais artificiais.

O estudo realizado entre 20.000 mulheres pobres em Calcutá, com uma porcentagem de gravidez próxima a zero, complementado com outros estudos em países em desenvolvimento, demonstram a efetividade do Planejamento Familiar com Métodos Naturais.

Os usuários do método estavam satisfeitos com a freqüência da relação sexual sugerida por este método de planificação familiar, o qual é econômico e pode ser especialmente valioso para os países em desenvolvimento (Cf. R.E.J. Ryder, British Medical Journal, Vol. 307, edição de 18 de setembro de 1993, pp. 723-725).

Comparando os dois métodos naturais mais seguros, os índices de efetividade são bastante parecidos (Cf. Dra. Zelmira Bottini de Rey, Dra. Marina Curriá, Instituto de Ética Biomédica, Curso de Planificação familiar natural, Universidad Católica Argentina Santa Maria dos Buenos Aires, abril de 1999):

-o índice para o Método da Ovulação ou Billings é 99.8% (Cf. American Journal of Obstretics and Gynecology, 1991).

-o índice para o Método Sintotérmico é de 97.7% (idem).

-o índice para o Método Sintotérmico em matrimônios altamente motivados para evitar a gravidez é de 97.2% (Cf. Guia para a prestação de serviços de PFN. OMS. Genebra, 1989).

Estes são índices muito altos e certamente não só alcançam mas que superam a muitos dos métodos artificiais mais eficazes. Lamentavelmente, as campanha de descrédito dos métodos naturais respondem não a bases científicas mas a preconceitos ideológicos e interesses econômicos.

Imagens chocantes denunciam tráfico de órgãos de bebês humanos nos EUA

Por trás do tráfico de tecidos fetais mantido pela maior organização abortista dos Estados Unidos, esconde-se um tema ainda mais espinhoso: a banalização da própria vida humana.

Nas últimas semanas, a Planned Parenthood Federation of America (PPFA), a maior provedora de abortos dos Estados Unidos, foi alvo de uma denúncia, realizada pela associação pró-vida Center for Medical Progress (CMP), segundo a qual as suas clínicas estariam se beneficiando economicamente da venda de órgãos e tecidos de bebês abortados – a qual é punida como crime federal, segundo a lei americana.
Até o momento, cinco vídeos foram divulgados. Eles foram filmados por investigadores do CMP, que se disfarçaram de integrantes de uma companhia de biologia humana. Durante as conversas com altos funcionários da Planned Parenthood – às quais se seguiram incursões no interior das próprias clínicas da organização –, há cenas e declarações realmente assustadoras, que fariam corar os abortistas mais entusiastas (não fossem tão grandes a sua deformação moral e obstinação no erro).

“Leis podem ser interpretadas”

No primeiro vídeo, publicado no dia 14 de julho e sobre o qual já se falou aqui, a diretora sênior da PPFA, Dra. Deborah Nucatola, admite tranquilamente – enquanto degusta um vinho e come uma salada – que os médicos da instituição adaptam o procedimento de aborto, a fim de assegurar que os órgãos requeridos pelas indústrias de “experimentação fetal” não sejam destruídos. “Eu não vou destruir essa parte. Vou basicamente quebrar embaixo, em cima e ver se consigo pegar tudo intacto”, eles dizem.

Nucatola também revela como Planned Parenthood faz para burlar a lei norte-americana que proíbe o aborto realizado “por nascimento parcial”. Em um procedimento desse gênero, assim como nos métodos mais usados de dilatação e evacuação, o colo do útero da mulher é dilatado com pequenas lâminas que expandem gradualmente. Então, ela é mandada para casa. A morte e retirada do feto, propriamente ditos, são feitos um dia ou dois depois da introdução das lâminas, quando elas tiveram tempo suficiente para expandir.

Esse método de aborto foi proibido nos Estados Unidos por meio do Partial-Birth Abortion Ban Act, de 2003, assinado pelo então presidente George W. Bush. Para os aborteiros da PPFA, no entanto, “a proibição do aborto parcial é uma lei e leis podem ser interpretadas”, revela Nucatola. “Então, se eu digo que no primeiro dia não tenho a intenção de fazer isso, o que acontece no fim não importa.”

“Eu quero uma Lamborghini”

Uma semana depois, no dia 21 de julho, o CMP divulgou mais um vídeo. A protagonista da vez foi a presidente do conselho de diretores da Planned Parenthood, Dra. Mary Gatter. Perguntada pelos atores “quanto ela esperaria por um tecido (fetal) intacto”, ela rebate: ” Bem, por que não começa você me dizendo o quanto está acostumado a pagar?”

Embora ela reitere várias vezes que “não estamos nisso pelo dinheiro” e que “o dinheiro não é o importante”, o diálogo se transforma em um verdadeira negociação. O acordo evolui de 75 para 100 dólares por amostra, mas, ao fim do almoço, Gatter sugere que o preço não é suficiente. “Deixe-me apenas saber quanto outros estão ganhando, e se estiver na faixa, então está bem, mas se ainda estiver baixo, então podemos subir o valor”, ela diz. “Eu quero uma Lamborghini.”

No dia 28 de julho, foi lançado o primeiro vídeo de um documentário chamado Human Capital, com a participação especial da flebotomista Holly O’Donnell. Essa jovem foi contratada pela companhia de biotecnologia Stem Express, ligada ao tráfico de órgãos e tecidos mantido pela PPFA. “Eu pensava que iria apenas extrair sangue, não retirar tecido de fetos abortados”, ela conta.

Em seu primeiro dia de trabalho em uma clínica da Planned Parenthood, ela entrou em choque quando lhe pediram que dissecasse um feto recém-abortado. Por seis meses, o seu trabalho era identificar mulheres grávidas que preenchessem as condições dos pedidos feitos pela empresa de tecidos. Depois do procedimento, ela coletava o material. “Por qualquer coisa que adquiríssemos, eles obtinham uma certa porcentagem”, ela afirma. “A enfermeira principal estava sempre confirmando se tínhamos pego nossas amostras. Ninguém além dela se importava, porque ela sabia que Planned Parenthood estava faturando com isso.”

“É outro menino!”

O quarto vídeo da série foi publicado no último dia 30 e é “estrelado” pela diretora médica da clínica de Rocky Mountains, Dra. Savita Ginde. Em uma das declarações mais chocantes de toda a investigação, ela deixa subentendido que a sua clínica também coleta tecidos de bebês nascidos vivos. “Se algumas (mulheres) dão à luz antes que a gente consiga examiná-las para um procedimento – ela diz –, então eles (os bebês) saem intactos”.

Dentro do laboratório de uma clínica, enquanto alguns funcionários usam um prato para separar pedaços do corpo de um feto, Ginde diz aos falsos compradores que preferiria receber o pagamento pela parte do corpo coletada, ao invés de uma taxa fixa padrão para todo o material.”Eu acho que um negócio por peça funciona um pouco melhor, porque assim podemos ver o quanto podemos ganhar com isso”, ela afirma.

Ao fim do vídeo, uma voz no fundo revela o sexo da criança que acabou de ser assassinada: ” It’s another boy! – É outro menino!”.

 

“Tudo não passa de uma questão de alinhar os itens”.

No mais novo vídeo, divulgado esta semana pelo CMP, Melissa Farrell, diretora de pesquisa da filial da PPFA em Gulf Coast, admite que os aborteiros algumas vezes conseguem corpos “intactos” de bebês para coleta de órgãos e experimentação científica. Para tanto, eles adaptam o procedimento de aborto, a fim de atender aos pedidos das companhias de biologia. “Alguns dos nossos médicos”, ela conta, “fazem isso de modo a conseguir as melhores amostras, então, eu sei que isso pode ser feito.”

Farrell diz aos falsos compradores que eles poderiam receber as partes que quisessem, contanto que a companhia pagasse mais por uma melhor qualidade das amostras e pelo esforço extra dos aborteiros. “Se nós alterarmos nosso processo – e nós somos capazes de obter cadáveres fetais intactos –, podemos incluir isso no orçamento” para cobrir “as dissecações” e “dividir as amostras em várias remessas”, ela diz. “Tudo não passa de uma questão de alinhar os itens.”

Os últimos minutos do vídeo mostram imagens exclusivas dos investigadores dentro de um laboratório da PPFA, vasculhando as partes de um bebê de 20 semanas. No prato, é possível ver mãozinhas e pezinhos claramente desenvolvidos, enquanto o investigador levanta um pequeno pulmão com uma pinça. “Às vezes eles saem realmente intactos”, diz uma aborteira aos falsos compradores.

Aparentemente, há ainda outros vídeos para serem publicados, mas esses são suficientes para mostrar a indústria de morte por trás da Planned Parenthood. “Qualquer um que assista a esses vídeos sabe que a organização está envolvida em práticas bárbaras e abusos de direitos humanos que têm que acabar”, diz David Daleiden, o homem por trás das câmeras da CMP. “Não há nenhum motivo para que uma organização que se serve de métodos ilegais de aborto para vender partes de bebês e comete esse tipo de atrocidades contra a humanidade ainda receba mais de 500 milhões de dólares todos os anos dos contribuintes americanos.”

A associação Center for Medical Progress, bem como várias outras organizações pró-vida dos Estados Unidos, estão usando os vídeos em questão para pedir a retirada de fundos da PPFA. O governo Obama é parceiro da empresa e já apareceu publicamente defendendo os serviços prestados por ela. Se fica comprovado que a organização está lucrando com o tráfico de órgãos e tecidos humanos – prática que é proibida pela legislação penal norte-americana –, é mais fácil pedir o fim do seu financiamento.

O que está em jogo?

Embora o debate nos EUA pareça concentrar-se em uma questão meramente técnica – se a Planned Parenthood está ou não lucrando com o comércio de fetos abortados –, o que está em jogo é uma realidade muito mais séria, que diz respeito à própria dignidade da vida humana.

Os homens do século XXI já não veem mais a pessoa humana como um ente sagrado. Habituaram-se a tratar alguns indivíduos – nomeadamente, os embriões e os não-nascidos – como “cidadãos de segunda categoria”. É isso o que está por trás do aborto e do tráfico de cadáveres humanos mantido pela PPFA. Se o que eles fazem com os tecidos e os órgãos de um feto fosse feito com um ser humano adulto, brutalmente assassinado e manipulado para satisfazer os desejos de um comércio ilegal, a sociedade certamente se escandalizaria. (Talvez não tanto quanto se comoveu com o caso do leão Cecil, no Zimbábue, mas isso é tema para outro artigo.) Por que, então, não reage à manipulação de embriões humanos e à venda de partes de seus cadáveres? Qual a diferença essencial entre um ser humano não-nascido e um adulto?

A resposta científica é: nenhuma. No juízo do reconhecido geneticista Dr. Jérôme Lejeune, “se um óvulo fecundado não é por si só um ser humano, ele não poderia se tornar um, pois nada é acrescentado a ele”.

A resposta moderna, no entanto, reproduz um argumento perverso, argumento que levou milhões às câmaras de gás e aos gulags soviéticos no século passado. É o discurso de que algumas pessoas merecem viver mais do que outras. Se, antes, a eugenia discriminava por origem étnica ou condição social, agora segrega os indivíduos por sua idade: “se nasceu, vive; se não nasceu, pode matar”. Essencialmente, porém, os crimes são os mesmos: genocídio em massa, abuso e descarte de seres humanos, desprezo pela vida dos mais frágeis.

Contra uma civilização que suprime diretamente e sem nenhum remorso a vida de seus membros indefesos, é inútil lembrar que “os cadáveres de embriões ou fetos humanos, voluntariamente abortados ou não, devem ser respeitados como os restos mortais dos outros seres humanos” [1]. Quem não entende por que jamais se pode provocar diretamente a morte de um inocente [2] – nem para alegadamente salvar a própria vida, quanto menos para consolidar um pretenso “progresso científico” –, tampouco entenderá por que não se pode manipular arbitrariamente o coração, as vísceras e os membros de um corpo humano.

Talvez algumas pessoas não percebam a gravidade dos vídeos exibidos acima, e a alguns cheguem a soar “alarmistas” as críticas dos pró-vida à Planned Parenthood. Isso é o sinal de que, nessa matéria, estamos muito perto do fundo do poço – se é que ele tem fundo.

Que Deus tenha misericórdia de nós.

Fonte: padrepauloricardo.org

Pais são presos por não aceitarem “ideologia de gênero”

O casal Eugen e Luise Martens pode perder a liberdade porque sua filha se negou a participar das aulas de “educação sexual”

Enquanto o Brasil resiste bravamente à implantação legal da ideologia de gênero, alguns fatos ocorridos fora do continente podem ajudar a esclarecer ainda mais de que se trata essa grande farsa, concebida para destruir a sociedade, a família e o próprio homem.

Na Alemanha, um casal, pai de nove filhos, está ameaçado de perder a liberdade, porque sua filha se negou a participar das aulas de “educação sexual” previstas para a escola primária. A polícia alemã já encarcerou Eugen Martens, em agosto de 2013, e só não prendeu ainda sua esposa, Luise, porque ela está amamentando o filho mais novo. O agente policial que visita a família, no entanto, garante: “O escritório da promotoria fará aplicar a decisão do juiz”. Ou seja, mais dia ou menos dia, também a mãe será presa.

Qual o crime cometido por Eugen e Luise, moradores de um pequeno município na Renânia do Norte-Vestfália? É verdade que, na Alemanha, “a escola é obrigatória e se uma criança falta às aulas, a escola tem obrigação de denunciar os pais e o tribunal pode multar essa família”. Mas, até aqui o casal não se tem mostrado negligente em relação à educação de suas crianças. Elas têm ido à escola, regularmente. Foi apenas a sua filha recusar-se a receber aulas de gênero, que o Estado seguiu o seu encalço.

As aulas da chamada “educação sexual” têm um conteúdo perverso, como conta Mathias Ebert, fundador da Associação Besorgte Eltern (“Pais preocupados”), fundada justamente para denunciar a corrupção dos seus filhos: “Não só se ensina às crianças como funciona o sexo entre homens e mulheres, mas se coloca uma ‘variedade’ de práticas sexuais: sexo oral, sexo anal e muito mais. A partir da escola primária dizem aos meninos que seu gênero não está determinado e que não podem saber se são meninos ou meninas; que devem refletir”.

Ebert também afirma que a prisão da família Martens não é um caso isolado na Alemanha. “Não conheço o número exato de pais presos, mas só o pequeno grupo de pais da cidade de Paderborn tem passado, no total, 210 dias presos”, explica. “É um escândalo enorme, também, porque são justamente as crianças que querem sair da aula. Na cidade de Borken, por exemplo, em uma classe, a lição perturbou tanto as crianças que seis delas desmaiaram”.

Não é preciso atravessar o oceano para descobrir uma situação tão ou até mais trágica do que essa. No Brasil, as escolas ensinam às crianças, desde a mais tenra infância, como acontece um ato sexual – chegam a fazer encenações ou demonstrações com objetos de plástico –, como usar um método anticoncepcional, como se masturbar etc. Com a ideologia de gênero, novas perversões estão “no forno”: além de aprender o sexo antinatural, as crianças precisariam questionar a própria “identidade” e, como nas escolas alemãs, ser levadas a “refletir” “se são meninos ou meninas”. Os pais, ainda que não concordassem com tudo isso, teriam o mesmo fim que Eugen e Luise Martens: a cadeia.

É com esse enfoque que a Organização Mundial da Saúde trata da educação das crianças e adolescentes. No documento Standards for Sexuality Education in Europe [“Padrões para Educação Sexual na Europa”] – após deixar bem claro que o seu conceito de “educação sexual” não tem nada que ver com “preparação para o casamento e para a família” [1] –, ela diz que a educação dos pais em matéria de sexualidade “é inadequada para a sociedade moderna” [2] – como se fosse o Estado a decidir a “medida de todas as coisas”.

Isso quer dizer que a educação sexual não seja importante? Absolutamente, não. A Igreja reconhece a importância de que “as crianças e os adolescentes (…) sejam formados numa educação sexual positiva e prudente, à medida que vão crescendo” [3]. O que acontece na Alemanha – e, de igual forma, em todo o Ocidente –, porém, é um desrespeito ao princípio da subsidiariedade. “A educação sexual, direito e dever fundamental dos pais, deve atuar-se sempre sob a sua solícita guia, quer em casa quer nos centros educativos escolhidos e controlados por eles” [4], ensina o Papa João Paulo II. Ou seja, a sociedade e o Estado devem colaborar, na medida do possível, com a educação dos pais, e não o contrário. São “os pais, que transmitiram a vida aos filhos, (…) seus primeiros e principais educadores”, e este direito-dever não só é essencial, mas também insubstituível e inalienável [5].

A fundação Besorgte Eltern tem realizado inúmeras manifestações na Alemanha, exigindo respeito não só ao papel primordial dos pais na formação de seus filhos, como à própria integridade das crianças. “Que não se deturpe os sentimentos das crianças”, pede Mathias Ebert. “Está claro que, se deixaram as aulas, é por causa do clima que respiram em casa, mas, isto é errado? É errado que um menino tenha determinados valores, transmitidos por sua família, e viva com base neles? Creio que não.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere