As conseqüências do pecado contra a natureza

O Partido Comunista da China anunciou nesta quinta-feira (29) o fim da política do filho único, permitindo que agora cada casal tenha até dois filhos.
O anúncio foi feito na reunião anual do partido. Todos os casais do país poderão agora ter dois filhos, uma reforma que põe fim a mais de 30 anos da política que limitava os nascimentos no país.
Desde o fim de 2013 a China já adota medidas de relaxamento do controle de natalidade. Apesar das mudanças, pesquisas mostraram que o número de chineses que querem ter o segundo filho ficou abaixo do esperado.
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No início de 2015, o vice-diretor da comissão de planejamento familiar da província de Shanxi afirmou que a China deveria abandonar a política do filho único. A declaração dele foi criticada pela imprensa estatal.
Contra superpopulação
A política do filho único entrou em vigor entre o fim de 1979 e 1980. O objetivo era de reduzir os problemas de superpopulação da China. Segundo especialistas, as medidas serviram para evitar que a população atual do país fosse de 1,7 bilhão de habitantes, contra os atuais 1,3 bilhão.
O governo chinês sempre defendeu que a restrição ao número de filhos, sobretudo em áreas urbanas, contribuiu para o desenvolvimento do país e para a saída da pobreza de mais de 400 milhões nas últimas três décadas. No entanto, também admitiu que estava chegando a hora de essa política ser encerrada.
O envelhecimento rápido da população está entre os efeitos secundários mais prejudiciais da política do filho único para a China. Em 2012, pela primeira vez em décadas, a população em idade ativa caiu. O índice de fecundação no país, de 1,5 filhos por mulher, é muito inferior ao nível que garante a renovação geracional.
“Apesar de ainda ser um país em desenvolvimento, a China enfrenta um problema que é de países desenvolvidos, que é o envelhecimento da sociedade. E o custo disso é muito alto”, afirma Segundo Alexandre Uehara, pesquisador do núcleo de relações internacionais da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo Uehara, a China não tem uma política nacional de previdência, apenas alguns programas regionais esparsos de aposentadoria. “Não haverá fundos suficientes para arcar com isso. É uma preocupação inclusive política, o governo pode sofrer pressões no futuro”, avalia.
Além disso, o país sofre com o descompasso entre o número de homens e mulheres. A preferência tradicional por filhos homens levou a um alto índice de abandono de meninas em orfanatos, a abortos seletivos de acordo com o sexo do feto e até a casos de infanticídio feminino.
Mudanças recentes
A mudança representa uma grande liberalização nas restrições de planejamento familiar do país, que foram aliviadas inicialmente em 2013, quando Pequim informou que iria permitir que milhões de famílias tivessem dois filhos.
Na época, o governo passou a permitir que casais em que pelo menos um dos pais era filho único poderiam ter dois filhos. Até então, a lei chinesa proibia que os casais tivessem mais de um filho.
A decisão de 2013 teve por ora um efeito limitado porque não se aplicava a todo o território e porque muitos casais preferem ter apenas um filho por razões econômicas.
Os rumores de que a política seria abandonada aumentaram recentemente. O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, disse em março, em seu discurso anual na Assembleia Popular, que o governo seguiria fazendo mudanças no controle da natalidade.
Exceções à regra
A política do filho único tinha, além disso, algumas exceções: a quase totalidade das 55 minorias étnicas do país não tinham que obedecê-la e também os casais de zonas rurais podiam ignorá-la caso seu primeiro filho fosse uma menina.
De acordo com vários estudos, as famílias chinesas se acostumaram com a política do filho único e, com o tamanho reduzido dos apartamentos e o custo de vida em geral e dos estudos em particular, não têm muitos estímulos para desejar um segundo filho.
Impacto na sociedade

Alexandre Uehara, da USP, acredita que as novas regras não devem gerar uma mudança de comportamento automaticamente. “Nas cidades chinesas mais desenvolvidas, a cultura é próxima das sociedades capitalistas. A mulher quer empreender, quer se realizar profissionalmente e quer ter poucos filhos”, diz. “Além disso, imagine que que durante 30 anos só se podia ter um filho no país. Vai ser necessária toda uma mudança cultural”, completa.Um dos mais conhecidos ativistas chineses nos Estados Unidos, Chen Guangcheng, criticou Pequim por não se esforçar o suficiente para abolir a “Política do Filho Único”.

“Acho que todos precisamos ser cautelosos”, disse à agência France Presse o defensor de direitos humanos, que já foi preso por expor abusos cometidos no âmbito dessa polêmica política.
“O país ainda levará 50 anos para se recuperar do envelhecimento de sua população”, disse Chen. “Mas sob as circunstâncias atuais (de continuação dos controles), isso levará 100 anos”, acrescentou. “A economia sofrerá e continuará se degradando”, advertiu.

O ENEM e o controle ideológico da população

Um exame que foi pensado como mero indicador de qualidade acadêmica
transformou-se num forte instrumento de controle, inclusive
ideológico, de acesso ao ensino superior. E já está sendo usado para
consolidar a ideologia de gênero

Brasilia, 27 de Outubro de 2015 (ZENIT.org) Paulo Vasconcelos Jacobina

Nunca houve, na história do Brasil, um instrumento potencialmente tão
completo, em termos de dominação ideológica do país, como o ENEM. De
fato, ele é, hoje, basicamente a única porta de acesso a todo o ensino
superior e a toda a estrutura de pós-graduação no país – vale dizer,
quem não estiver preparado para demonstrar não somente qualidade
acadêmica, mas também afinação com os pressupostos ideológicos que
regem os elaboradores e corretores do exame está condenado a não obter
vaga nas universidades, ou ao menos privar-se das universidades de
maior qualidade e dos cursos mais procurados.

Não se trata de discutir se o ENEM é ou não um instrumento pedagógico
tecnicamente bom. Possivelmente ele é, e isto não diz nada em seu
favor: são exatamente os instrumentos bons os que são mais aptos de
produzir danos enormes quando mal utilizados. Uma faca extremamente
afiada é um instrumento soberbo para um bom churrasco, mas é também
uma arma letal nas mãos de um assassino. Há uma confusão básica –
também no campo da educação – entre ética e técnica, como se o avanço
técnico da ciência pudesse influir diretamente, ou mesmo determinar,
as fronteiras da ética.

Neste ponto, há que se frisar: nenhum governo autoritário do Brasil
jamais dispôs de um instrumento tão completo, abrangente e eficaz, no
plano do controle ideológico, como é o ENEM. Para o bem ou para o mal.
Trata-se, como disse, de condicionar o acesso a todo o ensino superior
à porta única de entrada que é este exame. E que, é claro, submete-se
(potencialmente ao menos, senão em ato) a um grande controle
ideológico sob o ângulo de certos consensos acadêmicos e midiáticos
que estão bem estabelecidos, hoje, no nosso país e no mundo.

Dou um exemplo: há uma grande discussão, hoje, sobre a verdadeira
noção de “identidade sexual”. Tradicionalmente, sempre se entendeu que
a “identidade sexual” do ser humano é binária: somos homens e
mulheres, e as exceções clínicas, raríssimas, somente confirmavam a
regra. Há, é claro, (e tradicionalmente se entendia assim) o campo das
tendências, inclinações, desejos e opções sexuais, mas estes não
faziam parte da própria identidade sexual, da substância da pessoa
humana, senão do campo dos condicionamentos e das escolhas, das opções
e vivências culturais e pessoais, na riqueza da sexualidade humana.
Compreendia-se que havia homens e mulheres, e que havia diversas
maneiras e modos de se viver na prática a sexualidade, sem que tais
maneiras e modos passassem a integrar a própria noção de identidade
sexual. É assim que a Declaração Universal de Direitos Humanos, já nos
seus “consideranda”, fala em “dignidade e valor do ser humano e na
igualdade de direitos entre homens e mulheres”, ou em vedação de
“distinção de sexo”, já no seu artigo 2º. É assim, também, que no seu
art. 16, reconhece-se que “Os homens e mulheres de maior idade, sem
qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito
de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos
em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução”. Para a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, portanto, a questão de uma
“identidade sexual” diversa do sexo das pessoas nem sequer se
colocava. Éramos, e sempre fomos, homens e mulheres. Ponto. Todo o
resto estava no campo dos condicionamentos, das escolhas, das
tendências e desvios, alguns publicamente reprimidos, como a
pedofilia, alguns simplesmente tolerados, como a promiscuidade, outros
estimulados, em função do seu interesse para todos, como a formação de
famílias complementares e fecundas. E as coisas foram assim até pelo
menos os anos setenta.

O advento da ideologia do gênero.

De repente, embalados por estudos pretensamente científicos e suas
interpretações filosóficas ou pseudoéticas, de pensadores como Wilhelm
Reich, Marcuse, Simone de Beauvoir, Foucault, Shulamith Firestone ou
Judith Butler, só para citar alguns, a “identidade sexual” passou a
incorporar em si não somente a condição de homens e mulheres, mas as
próprias tendências, escolhas, condicionamentos ou desvios, fazendo
com que o lado estritamente subjetivo da sexualidade humana
prevalecesse sobre a objetividade da convivência pública, e inserindo
no campo da dignidade da pessoa humana a ser tutelada pelo Estado
aquilo que, anteriormente, estava no âmbito da estrita variabilidade
pessoal, com todo o grau de conforto ou desconforto que as situações
concretas determinavam.

Assim, ser, digamos, somente para exemplificar, um pedófilo, um
estuprador, um heterossexual promíscuo, ou mutilar-se física e
hormonalmente com o fito de simular um sexo biológico diverso daquele
que sua pessoa recebeu pelo nascimento, dentre outras tendências
sexuais possíveis, tudo isto transportou-se de onde estava
originalmente (do plano das tendências, dos condicionamentos e das
escolhas comportamentais) para o campo da própria identidade sexual
substancial da pessoa humana, a ser pretensamente tutelada pela
legislação que protege a dignidade da pessoa humana. E sob as penas de
criminalizar-se como homofóbico o pensamento de quem insiste na
concepção histórica e consentânea com a própria Declaração Universal
dos Direitos Humanos da ONU de que a identidade sexual, quanto à
substância da pessoa humana, diz respeito apenas à condição de sermos
homens e mulheres. Tudo o mais tem, é certo, reflexos importantes na
tutela da pessoa humana, mas não definiria, conforme sempre se pensou
até a instalação hegemônica do pensamento contrário no âmbito de um
certo “consenso acadêmico” e “jurídico”, identidade substancial de
ninguém.

Quais as consequências sociais dessa ideologia.

As consequências práticas estão aí, e tornam impossível adotar a
postura do “viva e deixe viver” que a maior parte dos pais,
educadores, operadores e mesmo pessoas religiosas estão adotando. Não
se trata de dizer: “ora, se você não concorda com isso, viva a sua
vida e deixe que os outros vivam, afinal esta é uma sociedade
democrática e plural”. Não é tão simples assim: definir que tendências
e inclinações sexuais definem a própria identidade sexual para fins de
tutela da dignidade da pessoa humana significa dizer, entre outras
coisas, que os banheiros públicos já não terão mais, como critério de
uso, a fisiologia excretora dos usuários, mas a sua “identidade
sexual” definida pela “tendência” ou “inclinação” que ele escolhe ou
encontra em si mesmo. Assim, em vez de usar um banheiro público
conforme ao seu aparelho excretor, ele o usará conforme a sua
“identidade sexual”, num grande quiproquó: o banheiro não será mais
espaço de atendimento de necessidades fisiológicas determinadas pela
biologia, mas espaço de afirmação de tendências ou inclinações sexuais
elevadas ao grau de dignidade da pessoa humana. Não se trata, pois, de
construir mais banheiros, digamos, terceiros ou quartos banheiros,
para aqueles cuja escolha identitária sexual não coincide com a
fisiologia excretora, por nascimento ou por mutilação cirúrgica, mas
de compelir a todos, mesmo aqueles que ainda acreditam no texto
original da Declaração dos Direitos Humanos da ONU, a dividir o
banheiro não pelo critério da conformação excretora, mas da tendência
ou inclinação sexual, inclusive e principalmente quando esta não
coincidir com o aparelho excretor. A proposta, portanto, é de
reeducação global impositiva estatalmente, inclusive por meios
criminais, para tornar hegemônico aquilo que certo consenso acadêmico
e jurídico vê como avanço social e civilizatório, tornando impossível
sequer manifestar opinião contrária. Que seria, segundo eles,
afrontosa aos direitos humanos e à dignidade da pessoa, e portanto,
uma opinião que até outro dia fazia parte do próprio texto da
Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU passa a ser quase uma
opinião bandida.E banida.

Os reflexos práticos das opções estatais nas liberdades públicas.

Imaginemos, agora, uma ação judicial coletiva que vise forçar as
escolas confessionais do país inteiro a permitir, ou mesmo a impor,
que suas crianças, meninos ou meninas, dividam o banheiro com pessoas
adultas cuja “inclinação” ou tendência” não coincida com o respectivo
aparelho excretor. Isto simplesmente inviabilizaria, no limite, a
própria existência de espaços confessionais abertos ao público,
remetendo a religiosidade humana exatamente para onde estes mesmos
ideólogos sempre propuseram que ela deveria estar: no âmbito do
estritamente privado e fechado. E onde estamos? Basicamente calados.

Ora, o que se vê, mesmo, digamos, em certos âmbitos educacionais e
confessionais, não é simplesmente uma preparação para conviver – e
formar nossos filhos para conviver – com uma sociedade
majoritariamente adversa. Trata-se de estar muitas vezes cegos para o
que parece ser um discurso de “direitos humanos” e “militância”
social, ou mesmo empolgados com tais perspectivas, promovendo-as até
mesmo como deveres para um cristão, jovem ou idoso. E vemos educadores
católicos, padres, bispos e entidades religiosas promovendo,
orgulhosos, encontros, debates e passeatas para promover a defesa
destas posições como se fossem a defesa de “oprimidos e
marginalizados”, numa postura pouco coerente. Mas parece que ainda
vivemos uma época, mesmo em certos âmbitos religiosos institucionais,
em que palavras de ordem valem mais do que a Bíblia e o Catecismo. Não
há nada mais importante do que ter critérios. E é exatamente de
critérios que estamos nos tornando paupérrimos.

Voltemos então para o ENEM. Não é de estranhar que Simone de Beauvoir
tenha sido tema no último exame. Nem quero imaginar o que ocorreria
com os estudantes que ousassem lê-la, na prova, de maneira diversa dos
tais “consensos acadêmicos”. Muito poucos, é certo, conseguiriam,
porque já foram devidamente doutrinados para fazer o exame, e nem
sequer sabem que há a possibilidade de uma leitura diversa daquela que
o Exame espera deles. Mas e quanto aos que pensam diversamente?
Dobram-se à ideologia vigente ou estão fora do mundo do ensino
superior de qualidade. É uma arma poderosa.

(27 de Outubro de 2015) © Innovative Media Inc.

O mundo só mudará com “familias santas”, como a de Santa Teresinha

Reflexões de Frei Patrício Sciadini, ocd, superior carmelita no Egito

Por Redação

Cairo, 18 de Outubro de 2015 (ZENIT.org)

Os olhos de todos os cristãos e não cristãos estão nestes dias fixos
em Roma, onde se realiza a segunda etapa do Sínodo da Família.
Centenas de bispos, de especialistas da pastoral familiar, reunidos
buscam dar uma resposta  para “reconstruir a família humana” como
lugar de alegria, de amor, de esperança,  onde se constrói o futuro de
amanhã. A família “está doente”, de uma enfermidade que foi provocada
um pouco intencionalmente, pelos meios de comunicação,  que colocam na
mesa  das famílias de tudo: coisas boas e ruins, alimentos que saciam
e que contaminam e nem sempre os comensais  têm a capacidade de
reconhecer  os alimentos contaminados. A família tem também  se
fragilizado  por outras causas ideológicas; em vista de solucionar os
problemas de desentendimentos  e de conflitos  se tem visto  pessoas
da família “fazerem as próprias malas” e irem para outros lugares,  na
esperança de criar uma nova família, que não raramente, depois de um
pouco de tempo,  também  começa  a  viver em tensões.

A igreja, mãe, mestra e companheira de caminho, está  tomando uma
atitude muito séria, acertada: colocar-se na escuta de todos. O Sínodo
é o grande espaço da escuta  de todas as vozes do mundo contemporâneo.
Questionários preparados corajosamente foram enviados pelo mundo
inteiro, seja  a pessoas de fé  e a pessoas sem fé.  A todos a Igreja
pediu humildemente uma palavra de luz. Agora, juntos, se reflete sobre
as repostas, para depois  dar uma “resposta” oficial do caminho a
seguir, para “reconstruir a família”, oferecer remédios  que curam,
cirurgia dolorosa, terapias longas,  caminhos  que não serão fáceis.
Escutaremos gritos que chegam de todos os lados, de pessoas  que
cantam a vitória  e de pessoas  que choram por  derrotas. Mas no amor
não existe nem vitória e nem derrota, existe só o amor que ama,
perdoa, é misericordioso e caminha  de mãos dadas para  abrir novos
caminhos de luz e de esperança. Sem dúvida soam importantíssimas as
vozes da  sociologia, da psicologia, da pastoral,  de todas as
ciências humanas. A missão da Igreja é buscar caminhos e luz,  venham
de onde vierem. Não é condenar, é amar, compreender e anunciar
corajosamente a Verdade que liberta. Não a verdade anônima, obscura,
ambígua, de superficialidade; a verdade que tem um nome e se chama
JESUS. Ele é caminho, luz, verdade e vida.

Em  todo este vai e vem de idéias, de confrontos, de discórdias e quem
sabe  de desuniões, a Igreja durante este Sínodo, tomou uma das
decisões mais acertadas, mais luminosas para dar uma reposta que não
pode ser contestada sobre o caminho a seguir, para reconstruir a
família: a canonização dos pais de santa Teresa do Menino Jesus.

Que significa isto? Que mensagem a Igreja quer dar com este gesto
profético e testemunhal de um casal  santo e de uma família santa?

Diante da canonização, isto é, da proclamação pela Igreja  como santos
os pais de santa Teresinha, Luiz Martin e Zélia Guerin, surge uma
pergunta que nos angustia a todos nós, especialmente aos casais   do
mundo inteiro: mas como eles fizeram para chegar à santidade? A
resposta simples é a mesma, que vale para todas as épocas e tempos:
VIVENDO O EVANGELHO NA VIDA DE CADA DIA.  Hoje se recorre,  para
“desculpar” a nossa mediocridade, a tantas desculpas que  servem só
para nos confundir e não nos dão  uma clareza de vida: os tempos são
diferentes, o mundo não é o mesmo,  os filhos não são iguais, a
sociedade  é culpada e por aí vai… jamais porém poderá existir em
todos os tempos e lugares, alguém que seja proclamado santo  que não
tenha vivido o Evangelho.

Lendo a vida da família  Martin  nos deparamos com dificuldades que
têm o sabor e a cor de toda história, dificuldades materiais. Houve
momentos materialmente difíceis para a família Martin, em que o
trabalho de “relojoeiro” de Luiz não era suficiente  e o peso das
despesas  caía sobre as costas de Zélia, que administrava com
competência  a pequena fábrica de  bordado. Dificuldades de caráter,
Zélia era dinâmica,  pronta, ágil, de  grande intuição; já Luiz  era
um homem  pacato, tranqüilo,  que gostava mais de viajar e de ficar em
casa, preferia ficar lendo os seus livros e pensando que trabalhar na
relojoaria. Dificuldades  na orientação educativa das filhas: Zélia
era mais determinada e amorosa, mas mais dura;  Luiz era bondoso,
gostava de brincar com as filhas,  contar histórias  ou levar as
filhas à igreja. Mas havia pontos em comum: solidez da fé, o amor à
Igreja, a participação aos sacramentos, uma educação cristã de
verdade. O Evangelho e a doutrina da Igreja  eram seguidos “à risca”;
a família era uma pequena igreja, havia o amor aos pobres, se ensinava
não com as palavras, mas sim com a vida. Uma família onde a chama do
testemunho ardia sem se apagar. Teresinha define seus pais com uma
pincelada que é  magistral: “Deus me deu pais mais dignos do Céu que
da Terra”.

O gesto da Igreja de proclamar santos, durante o Sínodo da Família, os
pais de Santa Teresinha será sem dúvida a mais bela intervenção
pública de que  só famílias santas poderão transformar o mundo, a
sociedade  e a Igreja. Sem as famílias santas  encontraremos
“paliativos”, mas a família irá continuar “enferma”,   incapaz de
superar  as dificuldades   que são inevitáveis.Só o amor nos dá
possibilidade, que embora as dificuldades, os caracteres  diferentes,
os conflitos, podemos nos amar, perdoar e viver a alegria de estar
juntos. Penso de continuar a escrever ainda sobre  os pais de Santa
Teresinha proximamente.

O que significa a palavra “amém”?

Seu significado é tão concreto e especial que não tem correspondência exata em outros idiomas

PE. HENRY VARGAS HOLGUÍN
19 DE OUTUBRO DE 2015

“Amém” é uma palavra cujo uso na língua hebraica é muito antigo. Do ponto de vista etimológico, “amém” deriva do verbo “aman”, usado para reforçar ou confirmar algo. Basicamente, significa “que conste”, “em verdade”.

Esta palavra não tem equivalência exata nas línguas ocidentais. O seu significado tem de ser entendido como uma resposta de confirmação a algo que é considerado firme, estável, imutável. É por isto que a tradição judaico-cristã manteve esta palavra inalterada, sem traduzi-la: qualquer tradução empobreceria o sentido original da palavra, que, em sentido estrito, só pode ser dita em referência a Deus.

Estendido ao cristianismo, o termo “amém” é muito usado na Bíblia para afirmar que algo “tem de ser”. A palavra é também uma das aclamações litúrgicas mais frequentes como fórmula para encerrar as orações, significando “assim seja”.

Pronunciar a palavra “amém” é proclamar que se tem por verdadeiro o que acaba de ser dito, com o objetivo de ratificar uma proposição ou unir-se a ela. No âmbito do culto religioso, significa que a assembleia “está de acordo” com o que é celebrado e afirmado.

A expressão é usada pelo próprio Jesus nos evangelhos para iniciar um discurso, dando-lhe a conotação de solidez e contundência. É por isso que Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo”.

EUA: na noite de Halloween será inaugurada a Igreja Maior de Lúcifer

O objetivo da Igreja de Lúcifer é criar “uma nova era para o progresso da humanidade, sem escravidão do pensamento dogmático; somos deuses e deusas da nossa própria vida”

Che aspetto ha il demonio? - pt

A cidade de Old Town Spring, situada a 25 milhas ao norte de Houston (Texas), será a sede da “Igreja Maior de Lúcifer” (Greater Church of Lucifer). A organização publicou em seu site a abertura do “primeiro edifício na história da igreja que estará aberto ao público”.

Jacob No, líder mundial da Igreja de Lúcifer, fundada no verão de 2014, disse que o objetivo dela é criar “uma nova era para o progresso da humanidade, sem escravidão do pensamento dogmático; somos deuses e deusas da nossa própria vida”.

Como já foi divulgado pela Aleteia, nos Estados Unidos existe uma corrente muito forte que pretende dar ao satanismo e às suas diversas manifestações uma voz em praça pública. A abertura desta igreja não causa surpresa em uma sociedade que cada dia se torna mais “espiritual” e menos religiosa, e na qual aumenta o número de pessoas que se consideram espiritualistas sem filiação religiosa, pessoas que se consideram livre-pensadoras sem necessidade de seguir dogmas.

A Igreja Maior de Lúcifer convida a esta ideologia de viver sem nenhuma autoridade, lei ou norma. “Não há Papa ou autoridade sobre nós; somos os capitães das nossas almas”, diz o site da igreja.

A cerimônia de abertura da igreja está planejada para o fim de semana de 30 de outubro a 1º de novembro, durante a celebração da noite de Halloween nos Estados Unidos. “Um templo ao mais elevado ego próprio”, diz o convite à abertura da igreja.

A Igreja de Lúcifer insiste em afirmar que não é uma religião em si, mas somente um grupo de almas semelhantes que buscam ser deusas do seu mundo carnal e espiritual. Um caminho de autoadoração, que pretende criar deuses em todas e cada uma das pessoas.

Esta igreja, como outras manifestações, professa a “não religião” e se apresenta como alternativa aos conceitos de toda forma de religiosidade. Mas, assim como nas demais igrejas satânicas, em seus princípios e fundação, existe uma influência de pessoas e ideologias abertamente satânicas, nas quais a libertinagem, os desvios sexuais e o aborto são algumas das práticas mais comuns.

Novas provas científicas: o bebê se comunica com a mãe desde os primeiros instantes da sua vida como embrião!

O corpo materno se prepara para recebê-lo – coisa que não aconteceria se ele fosse um mero “aglomerado de células”

bebê

Um tema crucial para a Bioética é o “estatuto biológico do embrião humano”: demonstrar que o embrião humano é um ser biológico da nossa espécie, e não um simples aglomerado informe de células, é fundamental para afirmar que qualquer técnica que leve à sua destruição é bioeticamente inaceitável.

Um argumento em defesa desta tese é o “dialogo entre o embrião e sua mãe”, ou seja, a comunicação biológica estabelecida entre o filho e a mãe desde a passagem do embrião pela trompa de Falópio até a sua implantação no útero materno.

O fato de o embrião humano estabelecer esse dialogo biológico com o endométrio uterino é uma prova sólida de que ele não é um mero “aglomerado celular”, mas um ser vivo da nossa espécie.

 

Diálogo materno fetal

E em que consiste esse diálogo?

Durante a sua passagem pela trompa de Falópio e sua implantação no endométrio materno, o embrião produz e segrega uma série de compostos bioquímicos que agem sobre o endométrio para facilitar a implantação; é como se o embriãoavisasse à sua mãe de que está chegando ao lugar de aninhamento em seu útero para que ela se prepare, adequando o entorno em que o filho vai se implantar.

Por sua vez, o endométrio materno produz e segrega outros compostos no fluido endometrial em que o embrião está imerso, os quais são fundamentais para a sua implantação.

Nesse diálogo materno fetal também ocorre outro fato biológico: adiminuição da atividade imunológica da mãe para facilitar a implantação do filho, o que igualmente destaca a natureza de ser vivo organizado do embrião.

O embrião é um ente biológico estranho à mãe, pois a metade do seu conteúdo genético procede do pai: portanto, ele poderia ser rejeitado pelo sistema imunológico materno; para evitar isto, a mãe reduz a sua atividade imunológica, facilitando a implantação do filho (imunidade materno-fetal).

Acaba de ser publicado um artigo no periódico científico “Development” (142; 3210-3221, 2015 ) comprovando que os elementos incluídos no fluido secretado pelo endométrio materno, que embebe o filho durante o seu processo de implantação, podemmodificar a expressão gênica do filho.

Esta constatação tem importantes consequências biomédicas e bioéticas. Do ponto de vista biomédico, esta inter-relação genética poderia aumentar o risco de que o filho sofresse de algumas doenças, como diabetes de tipo 2, ou de condições biológicas capazes de aumentar riscos como o da obesidade.

Esta inter-relação entre mãe e filho poderia também ocorrer na fecundação in vitro quando se utilizam óvulos doados, ou seja, que não são da mãe, ou quando se recorre à chamada “mãe de aluguel”.

Na primeira circunstância, poderia ser modificada a expressão gênica do filho pela influência das mensagens maternas; isto quer dizer que seria incorporada ao genoma do filho uma informação procedente do endométrio materno. Assim, de alguma forma e muito parcialmente, chegaria a constituir-se um embrião modificado geneticamente pela influência da mãe biológica.

Por outro lado, no caso das mães de aluguel, também elas poderiam influenciar o genoma do filho, isto é, poderiam estabelecer-se laços biológicos com o filho gestado, indo-se além dos laços que a própria gravidez propicia. Portanto, com a mãe modificando a expressão do genoma do filho, a sua relação se intensificaria substancialmente, o que poderia criar mais problemas biológicos e sociológicos do que hoje se pensa a propósito dessas práticas.

 

Justo Aznar e Julio Tudela

Observatório de Bioética da Universidade Católica de Valência, Espanha

 

12 Ensinamentos de São Francisco de Assis

Aprenda com a sabedoria de um dos santos mais queridos da Igreja

San Francesco in estasi di Rodolfo Papa - pt 0

1 – O que temer? Nada. A quem temer? Ninguém. Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtém três grandes privilégios: onipotência sem poder; embriaguez sem vinho e vida sem morte.

2 – Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado… Resignação para aceitar o que não pode ser mudado… E sabedoria para distinguir uma coisa da outra.

3 – Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras.

4 – Ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro e, ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão.

5 – Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras.

6 – A cortesia é irmã da caridade, que apaga o ódio e fomenta o amor.

7 – Para pregar a Paz, primeiro você deve ter a Paz dentro de você. Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz.

8 – Quem a tudo renuncia, tudo receberá.

9 – Não vos esforceis pelas honras do mundo, mas honrai o SENHOR.

10 – Tome cuidado com a sua vida, talvez ela seja o único evangelho que as pessoas leiam.

11 – Comece a fazer o que é necessário, logo estarás fazendo o possível… e, perceberás que estarás fazendo o impossível…

12 – Quem ler e entender o Evangelho em Espírito e Verdade, encontrará nele Deus e o céu, os Anjos e o próprio paraíso, tudo a nos esperar, aguardando que façamos a nossa parte, para recebermos o prêmio da felicidade.

(Felipe Aquino)

A triste história de Piera e a eutanásia

A eutanásia é sempre a decisão de uma miserável solidão

GERIATRIA, BIOÉTICA E HUMANISMO

Faz pouco mais de dois anos que foi lançado na Itália, por uma associação conhecida por suas atividades radicais, um vídeo que tinha o propósito de chocar. Era a história de Piera, uma senhora de 76 anos que tinha recebido o diagnóstico de um câncer de fígado em estágio avançado e incurável.

Piera conta que “morreu” no dia em que recebeu o diagnóstico de incurabilidade da sua doença. E em três minutos, enquanto faz as malas, explica que, visto que não havia possibilidades de cura e que iria encontrar o sofrimento no caminho, decidiu ir à Suíça para acabar com tudo. Piera deixa claro no vídeo que não queria mais o sofrimento, que não servia para nada. Por isso Piera, e só ela, tinha o direito de decidir sobre a sua vida e a sua morte.

“A escolha de Piera”, nome do pequeno filme, foi exatamente essa. Viajou a uma cidadezinha próxima de Zurique e lá escolheu o momento exato para colocar um ponto final na sua vida. Deixou em herança aquele filme-testemunho para a campanha que busca a legalização da eutanásia na Itália.

Piera dizia amargurada no vídeo: “Os outros caminhos não me levam à cura, não me levam a uma vida diferente, não me levam a lugar nenhum. Levam-me sempre e de qualquer forma ao fim da vida. E então, por que não escolher o caminho menos turbulento, que mesmo assim me dá medo? Mas não tenho dúvidas. Não quero mais sofrer. O direito ao sofrimento é um fim em si mesmo, um sofrimento que não beneficia a ninguém. A quem beneficia o meu sofrimento ou de tantos outros? Para quem serve? Por que motivo eu devo sofrer até morrer?! Sofre-se até que se morre. Quem se pode dar o direito de dizer ou de fazer isso?! Sou eu, eu, eu, a minha vida, a minha morte, eu decido sobre mim”.

São palavras fortes. Mas de qualquer forma, mais forte é a solidão de Piera. Ela decidiu algo muito grave, de forma solitária. É verdade que todo mundo morre sozinho. É inevitável. A morte, como a vida, só cada um pode saborear e percorrer. Mas a solidão do suicida, especialmente do suicida assistido, parece ser mais aguda e dolorosa. Não porque Piera não tenha podido contar com a proximidade dos seus familiares e amigos porque se viu “obrigada” a ir à Suíça para morrer. Mas porque quem procura ajuda para morrer, não deixa de estar pedindo ajuda para viver, mesmo que de forma inconsciente. Todos os seres humanos têm necessidade de compartilhar a vida. E todos necessitam viver e morrer acompanhados.

Parece que Piera, a pesar da ajuda que recebeu para ir à Suíça, não podia contar com ninguém que lhe dissesse “fique aqui o tempo que for, eu estarei com você, eu cuido de você”. A eutanásia é sempre uma decisão de uma miserável solidão: de quem não quer incomodar os outros, de quem tem medo de sofrer fisicamente sem ter o alívio de uma presença realmente gratuita e voluntária, de quem a ama.

É por isso que a eutanásia é sempre uma derrota, do indivíduo e da sociedade. Derrota do indivíduo que se vê impotente diante do presunto monstro da morte dolorosa. Derrota da sociedade que não pode ou não quer oferecer ajuda a quem se sente débil e marginalizado pelo sofrimento de uma doença.

As mesmas mãos amigas que ajudaram Pietra a ir à Suíça ou que a filmaram pela última vez, não eram amigas o bastante para acolhê-la nesses seus piores dias. Piera estava sozinha a pesar da presença de alguns que compartilhavam da sua convicção de procurar uma “boa morte”.

Naquele momento em que um se sente sozinho e desesperado, apavorado pelo porvir, encontra na indústria da eutanásia, o impulso que lhe faltava: “Sim, o seu sofrimento é inútil. Acabe com a sua vida que é melhor para você e para aqueles que ficam”.

Mas existem alternativas! Talvez tudo possa ser diferente se aquele que se encontra nessa situação encontra o acolhimento daqueles que praticam os Cuidados Paliativos e pode, então, ouvir e sentir e tocar aquilo que dizia Cicely Saunders, uma das fundadoras do movimento Hospice:

“Você é importante porque você é você. E você é importante até o fim da sua vida. Faremos todo o possível não só para ajudá-lo a morrer em paz, mas também para fazer você viver até o momento de morrer.”

(Geriatria, Bioética e Humanismo)

Virtudes cardeais: o que são? Para que servem?

Conheça as virtudes que estão dentro de você e transforme-as em hábitos

Santo Tomás de Aquino, citando Aristóteles, diz: a pedra nunca se acostuma a ser dirigida para cima (in II Ethic.lect. I). Com isso, o Doutor Angélico quer evidenciar que a nossa natureza necessita por excelência participar da natureza divina, porque Deus cria o homem para participar de Sua Vida, e, para tanto, não pode fazer o caminho inverso ou diferente daquele que é definido por Deus para que possa fazer da vida humana uma vida que participa da divindade.

A natureza humana possui forças habituais, enraizadas pelo ato da criação ou adquiridas pela repetição constante e regular de atos bons ou maus. Uma pessoa que pratica o bem fará de suas ações uma correspondência do bem; de outra monta, uma pessoa que pratica o mal irá fazer de suas ações a correspondência ao mal que ela deseja praticar. As forças que habitam a natureza humana criada são chamadas de habitus, e tais podem ser boas ou más, podem nos levar para Deus ou nos afastar d’Ele na medida em que praticamos o mal ou o bem com nosso esforço próprio e com o auxílio divino. Todo bom hábito é chamado de virtude e todo mau hábito é conhecido por vício. Para melhor definir, a virtude é, segundo Santo Agostinho, a disposição para o amor, compreendida como a essência e finalidade suprema do espírito humano, ou, ainda, segundo o já citado Aristóteles, é uma característica própria e definidora do ser humano, cuja realização consuma a excelência ou perfeição deste ser.

Esses bons hábitos (ou virtudes) são inerentes à natureza humana, e são comuns a todos os homens indistintamente, pois são naturais assim como o homem é natural, porém sem esquecer que é o Próprio Deus que mantém e sustenta a ordem natural que Ele criou. As virtudes, então, por serem próprias da humanidade, quando praticadas irão nos levar a viver retamente e evitaremos todo o mal, mas quando não são praticadas ou são esquecidas, iremos fazer de nossas ações um grupo imenso de vícios, ou seja, de maus hábitos que nos levam ao pecado. Estas virtudes boas, bons hábitos, essas forças de nossa natureza que estão presentes na alma, são chamadas de virtudes cardeais, quais sejam a: Prudência, Justiça, Temperança e Força.

I – A Prudência

A prudência nos leva a escolher entre o bem e o mal. É dela que Nosso Senhor Jesus Cristo ensina ao dizer: “Eis que vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sêde, pois, prudentes como a serpente e simples como as pombas” (Mt 10, 16). Cristo proclama esse ensinamento de forma profética, ou seja, deixa claro para os apóstolos e para aqueles que seguiriam o Cordeiro de Deus pela pregação apostólica que, no decorrer de toda a história da Igreja, seria árduo que o mundo compreendesse quais são os caminhos de Deus e Seus propósitos para a humanidade. Assim, seguir o Cristo não seria nada além do que à custa de suor e labor, pois o próprio Cristo foi sinal de contradição, e sendo Ele assim, aqueles que o seguem seriam emissários da contradição. Quando, na vida de um cristão, não há contradição, é o sinal evidente de que o cristão se mundanizou (Cf. Bíblia de Navarra, Vol I, pg. 231). Por isso, na escolha entre o bem e o mal, que nos será possível escolher através da prudência, não será suscetível ao cristão transigir, transacionar, alienar a vida cristã por nenhuma manifestação mundana, por mais que seja aprazível ao corpo o que esteja em moda (cf. Idem, pg. 232). “A vida cristã levará consigo, necessariamente, uma inconformidade diante de tudo o que atente contra a fé e a moral (cf. Rom 12, 2). Não se pode estranhar que a vida do cristão se mova, não poucas vezes, entre o heroísmo e a traição. Perante estas dificuldades não se deve ter medo: não estamos sós, contamos” (cf. Ibidem, pg 232).

II – A Justiça

É a virtude que nos faz entender a criação, pois nos auxilia na prática de dar a cada um o que lhe é devido, proteger o que nos pertence e dar a Deus que Ele mesmo nos pede: a vida gratuitamente dada sendo devolvida ao Seio divino sem qualquer reserva, como prova de amor que é meio necessário para a salvação. Quando os seres humanos vivem entre si reto sentido da justiça, a vida será uma perfeita manifestação da divindade; assim, quando compramos algo, pagamos o seu valor; quando tomamos emprestado, gera-se o dever de restituir; quando contraímos uma obrigação, cabe-nos cumpri-la, tal como o matrimônio e o juramento livre dado como manifestação da verdade a outrem que confia na palavra dada, a promessa livre de uma vida reta diante de Deus; bem como o dever dos sacerdotes de administrar os sacramentos a quem legitimamente os pede. Quando se peca contra a justiça, o arrependimento e a confissão não bastam, a lesão deve ser reparada a todo custo para que o estado de justiça anterior seja restabelecido.

O conceito de justiça, enquanto virtude, é essencialmente religioso, pois justo para Deus é aquele que se esforça com sincero labor para cumprir a Vontade do Pai, o que se manifesta de três formas: no cumprimento dos mandamentos, nos deveres de estado leigo, sacerdotal e matrimonial e na luta para manter a alma unida à Santíssima Trindade através da graça santificante. Justiça, portanto, está essencialmente ligada à santidade. São Jerônimo, Doutor da Igreja dirá sobre a justiça:

” não exige somente um simples desejo vago de justiça, mas ter fome e sede dela, isto é, amar e buscar com todas as forças aquilo que torna justo o homem diante de Deus. O que de verdade quer a santidade cristã tem de amar os meios que a Igreja, instrumento universal de salvação, oferece e ensina a viver todos os homens, ou seja, freqüência aos sacramentos, convivência íntima com Deus na oração, fortaleza para cumprir os deveres de família, profissionais e sociais”.

Na ordem das bem-aventuranças, a justiça é seguida da misericórdia, no participar do coração amoroso do Pai, o que não é somente em dar o que é devido, mas compreender com esforço cristão os defeitos que podem ter quem nos rodeia, com o perdão devido, pois tem Deus mais nos perdoado antes, no auxílio para que os defeitos de outrem sejam superados e principalmente em amar aquele que se apresenta como cheio de defeitos diante de nós. Isso nos leva ao Pai-Nosso: “perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

III – A Temperança

A virtude que nos oferece a resposta para as exigências da vida cristã. A temperança, de acordo com o ensinamento da Igreja, é “a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados” (Catecismo da Igreja Católica, 1809). Segundo este mesmo ensinamento, aquele que possui esta virtude tem domínio da vontade sobre os instintos e seus desejos não ultrapassam os limites da honestidade, com que deve portar-se todo ser humano. Por isso, no Novo Testamento esta virtude é chamada também de “moderação”, “sobriedade”, como em Tt 2,12, onde Paulo diz que devemos “viver com moderação, justiça e piedade neste mundo”.

Assim, como fruto desta virtude, tem-se a moderação nos prazeres sensíveis e a busca pelo equilíbrio no uso dos bens que Deus nos dá. Portanto, na virtude da temperança inclui-se a virtude da castidade, já que a temperança “tem em vista fazer depender da razão a paixões e os apetites da sensibilidade humana” (Catecismo da Igreja Católica, 2341). Inclui-se ainda tal proceder que evita os abusos no comer e no beber, a modéstia no vestir, a cautela ao frequentar lugares que podem não ser próprios a um cristão, etc. Assim, o homem seguirá aquilo que as Sagradas Escrituras pedem:”Não te deixes levar por tuas paixões e refreia os teus desejos” (Eclo 18,30).

“O homem temperante é aquele que é senhor de si mesmo; aquele em que as paixões não tomam a supremacia sobre a razão, sobre a vontade e também sobre o coração. Entendamos portanto como a virtude da temperança é indispensável para que o homem seja plenamente homem, para que o jovem seja autenticamente jovem. O triste e aviltante espetáculo dum alcoólico ou dum drogado faz-nos compreender claramente como ‘ser homem’ significa, antes de qualquer outra coisa, respeitar a própria dignidade, isto é, deixar-se alguém conduzir pela virtude da temperança. Dominar-se a si mesmo, as próprias paixões e a sensualidade não significa de maneira nenhuma tornar-se alguém insensível ou indiferente; a temperança de que falamos é virtude cristã, que aprendemos com o ensino e o exemplo de Jesus, e não com a chamada moral ‘estoica’”; (Sua Santidade, o Papa João Paulo – Discurso durante o Encontro com os Jovens na Basílica Vaticana).

IV – Fortaleza

A virtude da fortaleza é aquela que nos dota de segurança em tudo que fazemos, principalmente nos momento que mais precisamos, nas dificuldades e contrariedades, ajudando-nos a vencer o medo, como Cristo sempre pediu, em diversos momentos: “Não tenhais medo” (como em Mt 14,27). Esta virtude dá-nos, ainda, suporte e constância na procura do bem, firmando uma resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida moral (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 1808).

A força, deve ficar claro a todos, não é virtude apenas dos heroicos, que expõe sua vida em favor de outro. A fortaleza está em cada atitude, escolha feita pelo homem, nos atos heroicos que passam despercebidos em nosso dia a dia.

“Segundo a doutrina de São Tomás, a virtude da fortaleza encontra-se no homem: que está pronto a “aggredi pericula”, isto é, a afrontar o perigo; que está pronto a “sustinere mala”, isto é, a suportar a adversidade por uma causa justa, pela verdade, pela justiça, etc. A virtude da fortaleza requer sempre alguma superação da fraqueza humana e sobretudo do medo. O homem, de fato, por natureza teme espontaneamente o perigo, os dissabores e os sofrimentos. preciso, por isso, procurar os homens corajosos não só nos campos de batalha, mas também nas salas dum hospital ou num leito de dor. Tais homens podiam-se encontrar muitas vezes nos campos de concentração e nos locais de deportação. Eram autênticos heróis” (Sua Santidade o Papa João Paulo II, Audiência Geral de 15/11/1978).

(Comunidade Shalom)

Ele foi concebido em um estupro e hoje é um sacerdote feliz

Uma história incrível sobre como “Deus escreve certo por linhas tortas”

ALETEIA TEAM
1 DE OUTUBRO DE 2015

“Minha mãe se sente orgulhosa de ter defendido a vida.”

Quando repetiu estas palavras, o Pe. Antonio Vélez Alfar tinha lágrimas nos olhos. Porque estas palavras o faziam viajar no tempo – mais precisamente, à dramática história da sua mãe, que há alguns anos lhe contou que ele havia sido concebido em um estupro (tropeaedintorni.it, 10 de setembro).

Uma mulher de fé

O sacerdote colombiano, pároco na província de Chubut (Argentina), decidiu dar seu testemunho depois de uma sentença na Suprema Corte de Justiça argentina, que declarou o aborto não punível nestes casos.

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“Minha mãe – disse o sacerdote – era uma mulher de grande fé, devota e praticante. Ela dizia que, apesar das circunstâncias terríveis, carregava em seu ventre o milagre de uma nova vida, uma vida que Deus lhe havia dado e que, pelas suas convicções, não poderia abortar. E que, se Deus havia permitido isso, tinha que haver um sentido” (caminocatolico.org).

Estuprada por colegas de trabalho

A mãe do Pe. Antonio foi estuprada aos 27 anos, por vários colegas de trabalho, que montaram uma armadilha durante uma festa, a drogaram e abusaram dela repetidamente. Na dor de não saber quem era o pai, a mulher foi obrigada pela sua família a casar-se com um viúvo, que, depois de casar-se, a maltratava continuamente.

Ao ser impossível separar-se naquele contexto, a mãe permaneceu com o marido e seu segundo filho, enquanto Antonio foi enviado à casa da avó.

A história da mãe

Continua assim a história do padre: “Um dia, como minha avó me pedia que chamasse meu pai de ‘vovô’, eu lhe perguntei como ele poderia ser meu pai e meu avô ao mesmo tempo. Isso provocou uma reunião com a minha mãe, que me contou o que havia acontecido. Ela me disse que muita gente queria que ela abortasse; outros sugeriam que ela me vendesse ou me desse em adoção. Havia inclusive gente interessada em mim. Para mim, saber disso foi muito duro. Eu tinha apenas 10 anos” (aciprensa.com).

Por que isso aconteceu comigo?

Um dia, Antonio quis desabafar com Deus. “Fui à igreja para protestar contra Deus: por que isso tinha que acontecer justamente comigo? E, enquanto eu gritava, um sacerdote se aproximou e me disse que eu estava fazendo a pergunta errada: ‘Não pergunte por quê, mas para quê’. Justamente com toda aquela situação, Deus estava me chamando para fazer grandes coisas”.

Você será um instrumento do Senhor

Esse sacerdote disse a Antonio que Deus escreve certo por linhas tortas, e que ele seria um instrumento do Senhor. Depois começou a ler a passagem de Jeremias, na qual Deus o chama, mas ele resiste, e o Senhor lhe diz: ‘Não te preocupes, eu farei tudo por ti’.

“Essa conversa me marcou profundamente, e esse sacerdote foi para mim como um pai.” Depois disso, Antonio se tornou catequista, e depois escolheu o caminho do seminário, para servir o Senhor como padre.