Abusos e confusões na infância fizeram Walt Heyer pensar que era uma mulher presa no corpo de um homem. Sua vida cheia de vícios e uma escolha precipitada mostraram que ele estava errado.
LifeSiteNews.comTradução: Equipe Christo Nihil Praeponere
24 de Setembro de 2015
Em meados de 1940, Walt Heyer era só um garotinho que crescia na Califórnia, interessado em cowboys, carros e guitarras, até que, um dia, sua avó começou a fantasiar que ele queria ser uma menina. Ela ingenuamente confeccionou para seu neto um vestido roxo de seda, o qual ele passaria a usar quando a visitasse.
Mal sabia Walt que aquele vestido seria o gatilho a desencadear 35 longos anos de “tormentos, desilusões, remorsos e mágoas”. A confusão com a sua identidade sexual o levaria ao alcoolismo, às drogas e até a uma tentativa de suicídio.
No auge de seus conflitos interiores, Walt recorreria a uma “cirurgia de redefinição de sexo” (uma vaginoplastia) para se parecer com uma mulher – operação da qual ele acabou se arrependendo profundamente. “Deus me fez homem, do jeito que eu era, e nenhum bisturi jamais poderia mudar isso”, declarou Walt, em uma entrevista ao LifeSiteNews.com.
Hoje, resgatado por sua fé em Jesus e plenamente conformado com a sua masculinidade, Walt vive para divulgar a sua história e conscientizar as pessoas atormentadas com conflitos sexuais, para que não cometam o mesmo erro que ele cometeu.
A vergonha de ser homem
Em um livro de 2006, Trading my Sorrows, Walt relembra que o vestido roxo foi apenas a primeira de muitas influências em sua vida que o fizeram envergonhar-se de ser homem. Houve a molestação sexual que ele sofreu nas mãos de seu tio, a qual fê-lo sentir vergonha de seus órgãos genitais. Da parte de seu pai, uma disciplina rígida – praticamente indistinguível de abusos físicos – fez com que Walt se sentisse incapaz de corresponder às expectativas paternas.
Walt recorda que nunca se achava bom o suficiente para seus pais. “O que eu buscava desesperadamente era a aprovação de meus pais naquilo que eu fazia de melhor, era achar meu próprio nicho, onde eu pudesse me expressar, desenvolver meus talentos e fazer algo de que eu gostasse”, ele explica, em seu livro.
O menino sem nenhuma auto-estima começou a desprezar a si mesmo e o seu corpo, passando a achar consolação em seu estranho hábito de vestir-se como menina – que ele tratou cuidadosamente de esconder dos pais. O cross-dressing tornou-se o seu lugar secreto, onde ele se sentia a salvo dos conflitos externos e das duras disciplinas aplicadas por seu pai e sua mãe.
Uma tirana dentro de si
Enquanto entrava na adolescência, Walt diz que a garota dentro de sua cabeça crescia mais poderosa e demandando mais de seu tempo. Ainda que ele gostasse de carros estilosos e saísse com belas garotas da escola, não importava o quanto ele lutasse, parecia-lhe impossível livrar-se daquela obsessão. Depois do ensino médio, Walt saiu da casa dos pais e começou a fantasiar-se na privacidade de sua própria casa. Até então, ele já tinha acumulado um número considerável de peças femininas, mas ainda se sentia profundamente envergonhado de seu hábito secreto.
Depois, Walt casou-se, ficou rico e passou a viver o “sonho americano” – pelo menos nas aparências, já que ele mantinha secretas as suas contínuas escapadelas ao mundo feminino.
Sua vida dividia-se em três diferentes personagens: a do homem de negócios bem-sucedido, mas alcoólatra; a do bom esposo e pai de família; e a do travesti transtornado. Dentro de si, porém, Walt experimentava angústia e desilusão. Tudo em sua vida começou a desmoronar.
Ele foi atrás do álcool como uma espécie de fuga, mas isso só aumentou ainda mais seu desejo de tornar-se uma mulher. Aquela tirana feminina dentro de si começou a tomar cada vez mais espaço e, para pôr fim ao seu tormento, o desesperado Walt tomaria uma decisão trágica e irreversível.
A cirurgia para mudar de sexo
Walt Heyer como “Laura Jensen”.
Walt depositou todas as suas esperanças na cirurgia de mudança de sexo. Seria ela a solução a afastar permanentemente a sua dor.
Primeiro, vieram os seios, implantados por cirurgia plástica. Depois, o procedimento de que Walt mais se arrepende: a transformação cirúrgica de seu órgão reprodutor masculino na aparência de um órgão reprodutor feminino.
Walt esperava que o procedimento aliviasse o seu “debilitante estresse psicológico” e fizesse cessar, de uma vez por todas, o conflito que tirava o seu sono desde os tempos da infância. Mas, para o seu desalento, a mudança de sua genitália e de sua aparência externa não teve o mesmo efeito em seu interior.
Depois da operação, a mente de Walt converteu-se em um campo de batalha de pensamentos e desejos conflitantes, que foram se agravando e aumentando a sua crise depressiva. Todo dia após a cirurgia, ficava mais claro que ele tinha cometido um “grande erro”. Seu vício no álcool e na cocaína, em uma tentativa patética de afastar a dor emocional, só fazia aumentar a sua miséria e solidão.
Agora, Walt sabia que o bisturi do cirurgião e a amputação de seus órgãos não tinham mudado a sua sexualidade. A cirurgia tinha sido uma “fraude completa”. Ele sentiu que não tinha escolha, a não ser viver a vida como uma mulher artificial, uma “impostora”.
A tentativa de suicídio
A essa altura, Walt tinha atingido o fundo do poço. A operação havia destruído a sua identidade, a sua família, o seu círculo social e a sua carreira. Desesperado, ele não via mais nada a fazer, senão abraçar a morte. Walt – agora, “Laura Jensen” – tentou saltar de uma cobertura, mas foi impedido por alguém que passava.
Desabrigado e sem dinheiro, aquele “transexual” terminaria vivendo nas ruas, não fosse a ajuda de um bom samaritano, que lhe deu lugar para dormir em sua garagem. Esse novo amigo encorajou Walt a participar dos Alcoólicos Anônimos. Ele aceitou o desafio e, naquele grupo motivacional, percebeu que precisava recorrer a um “poder superior”, caso quisesse sair da confusão em que tinha se metido. Estava cada vez mais clara para ele a sua identidade masculina. Ele não era “Laura”, mas tão somente um homem envolto numa “fantasia de mulher”.
“Eu estava bem consciente de que era agora a escória da humanidade, um marginal, com uma existência descartada e distorcida por minhas próprias escolhas. O álcool, as drogas e aquela cirurgia tornaram-me um inútil para os outros. Eu tinha falhado miseravelmente como o homem que Deus me tinha criado para ser.”
Saindo do vale das trevas
Através da ajuda de alguns amigos cristãos, Walt começou uma jornada rumo à cura e à descoberta de sua verdadeira identidade masculina. A primeira chave para vencer a batalha que ardia dentro dele era a sobriedade. Pouco a pouco, ele foi abandonando a bebida e se voltou à religião cristã como nova fonte de força.
Uma vez, durante um momento de oração com seu psicólogo cristão, Walt diz ter experimentado espiritualmente o Senhor, todo vestido de branco, que se aproximou dele com os braços estendidos, abraçou-o com força e disse: “Agora, você está seguro comigo, para sempre”. Nesse momento, ele descobriu que só encontraria a cura e a paz que tanto desejava em Jesus Cristo.
Em entrevista a LifeSiteNews.com, Walt conta que aqueles que lutam com sua identidade sexual e acham que a cirurgia de sexo é uma solução “precisam ir a um psicólogo ou psiquiatra, começar uma terapia e cavar bem fundo para investigar o que está causando o seu desejo, porque, nesse assunto, sempre há uma raiz psicológica ou algum caso psiquiátrico não resolvido e que precisa ser explorado”.
“É possível levar um ano explorando e tentando entender o que está acontecendo, até que a pessoa aceite o seu sexo e queira viver o projeto que Deus deu preparou para ela”, ele diz.
Agora, como um senhor, Walt acredita que, se pudesse voltar no tempo e dar alguns conselhos para si mesmo enquanto jovem, ele diria àquele rapaz imaturo que evitasse a cirurgia de mudança de sexo e procurasse descobrir a raiz oculta em sua vontade de operar-se.
Walt acredita que a sua história testemunha o poder da esperança, ensina que nunca se deve desistir de alguém, não importa quantas vezes ele ou ela caia ou quantas curvas e reviravoltas haja no caminho da recuperação. Acima de tudo – ele diz –, nunca se deve “subestimar o poder de cura da oração e do amor que está nas mãos do Senhor”.