Nota do Dr. Ubatan Loureiro Júnior, membro da comissão arquidiocesana de bioética e defesa da vida de Brasília
BRASíLIA, 28 de Março de 2013 (Zenit.org) – Publicamos a seguir uma nota de esclarecimento ao público enviada a ZENIT pelo setor de comunicação da arquidiocese de Brasília e elaborada pelo Dr. Ubatan Loureiro Júnior, Gineco-Obstetra e Membro da Comissão Arquidiocesana de Bioética e Defesa da Vida de Brasília.
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Nós, médicos, devemos para com os pacientes a Beneficência que se constitui em um fim primário de promover o bem em relação ao paciente e à sociedade, evitando o mal. Implica, sobretudo, no imperativo de fazer o bem ativamente e prevenir o mal. Historicamente ao fazermos o nosso juramento hipocrático na nossa colação de grau afirmamos que: “Aplicaremos os regimes para o bem do doente segundo o nosso poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém daremos por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não daremos a nenhuma mulher uma substância abortiva”.
Médicos Gineco-Obstetras, generalistas e de família, jamais podem esquecer que ao chegar ao consultório uma mãe com uma Ameaça de Abortamento (sangramento transvaginal no primeiro trimestre de gestação, cólicas, descolamento de placenta, etc.) pedindo que salvem seu filho; nós não devemos esquecer que esse ser humano no seu início de vida, vulnerável, não seja nosso paciente. Como então entender que todos os que têm na sua formação médica essa disciplina obrigatória que é a Gineco-Obstetricia, pode então sacrificar um ser humano vulnerável e saudável em detrimento da autonomia de uma mulher? Como então dizer que existe a autonomia dos vulneráveis se esquecemos estes pequeninos seres humanos?
Acredito que essa tarefa não é difícil de ocorrer, pois parece que também esquecemos que os livros consagrados do ensino médico:
– Embriologia do K. Moore ( 7ª Ed, 2004, Elsevier, São Paulo. O início do Desenvolvimento Humano: Primeira Semana, p.17-47 );
– Embriologia Funcional do Roehn( 2ª Ed, 2005, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, Introdução, p. 1-5); Biologia Celular e Molecular do Junqueira (2005, 8ª Ed, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro);
-Fundamentos de Embriologia Médica do Langman ( 2ª Ed, 2005, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, Introdução, p. 1-5);
– Obstetrícia do Jorge Resende 10ª Ed, 2005, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro Barcellos JM, Nahoum JC, Freire NS. Placenta. Cordão Umbilical. Sistema Amniótico, p.28-60;
Esses livros nos ensinaram que a vida humana começa com a fertilização, verdades científicas que jamais poderão ser mudadas a não ser pelo nosso STF.
Como disse o afamado geneticista descobridor da Síndrome de Down, Dr. Jérôme Lejeune: “Se um óvulo fecundado não é por si só um ser humano, ele não poderia tornar-se um, pois nada é acrescentado a ele”.
“Um feto é um paciente, e a medicina é feita para curar… Toda a discussão técnica, moral ou jurídica é supérflua: é preciso simplesmente escolher entre a medicina que cura e a medicina que mata”.
“Logo que os 23 cromossomos paternos trazidos pelos espermatozóides e os 23 cromossomos maternos trazidos pelo óvulo se unem, toda informação necessária e suficiente para a constituição genética do novo ser humano se encontra reunida”.
“No princípio do ser há uma mensagem, essa mensagem contém a vida e essa mensagem é uma vida humana”.
Prof. Lejeune – doutor Honoris Causa das universidades de Dusseldorf (Alemanha), Pamplona (Espanha), Buenos Aires (Argentina) e da Universidade Pontifícia do Chile. Ele era membro da Academia de Medicina da França, da Academia Real da Suécia, da Academia Pontifícia do Vaticano, da American Academy of Arts and Sciences, da Academia de Lincei (Roma) entre outras. Participou e presidiu várias comissões internacionais da ONU e OMS. Foi o primeiro presidente da Academia Pontifícia para a Vida.
Acredito que até podemos esquecer teorias como as descritas acima, mas como podemos esquecer imagens ultrassonográficas de um ser humano de 12 semanas de idade gestacional que apresenta sua organogênese toda definida (coração com batimentos, ondas cerebrais eletroencefalográficos –movimentos fetais ativos inclusive chupando o dedinho, etc)? Se não tivermos olhar para essa realidade, também não teremos olhar para os nossos filhos, para o futuro dessa nação e muito menos para o futuro da humanidade.
Espero que todos nós nos sintamos responsáveis pelas gerações futuras com a beneficência e não maleficência que nos é devida nos nossos atos médicos e que nos sintamos partícipes da Paz no mundo.
* Comentários de Dr. Ubatan Loureiro Júnior, Gineco-Obstetra (Comissão Arquidiocesana de Bioética e Defesa da Vida de Brasília).