Perguntas sobre a procriação medicamente assistida
Para cada nascimento conseguido por meio da reprodução assistida (RA), morrem cerca de 16 embriões. Além disso, os bebês concebidos in vitro têm um maior risco de nascimento prematuro e malformações. A explicação detalhada está no Manual de Bioética para Jovens, distribuído a todos os inscritos na Jornada Mundial da Juventude Rio2013.
Em sua seção “Perguntas sobre a reprodução assistida”, o livro oferece perguntas e respostas simples:Em caso de esterilidade, a única alternativa é a RA? A RA contorna a infertilidade sem tratá-la, enquanto a medicina pode tratar certo número de causas médicas da esterilidade. Existem diversas técnicas que ajudam os casais que se acreditam estéreis a procriar: o método Billings, que fornece um melhor conhecimento dos ciclos de fecundidade, a NaProTecnologia, mais recente, que se serve de todas as tecnologias referentes à procriação (observação da fecundidade, tratamentos médicos, intervenções cirúrgicas). Este método apresenta taxas de sucesso superiores à RA (www.naprotechnology.com). Por fim, o casal pode ainda decidir-se pela adoção e oferecer o seu lar a uma criança.
O congelamento tem consequências para o embrião?
Em 1995, estudos estatísticos evidenciaram que os ratos produzidos a partir de material congelado apresentavam alterações genéticas devido ao frio. Portanto, o congelamento dos embriões “excedentes” pode apresentar riscos.
Pode haver consequências físicas numa criança concebida in vitro?
Além do risco de nascimento prematuro, os estudos científicos evocam um aumento das malformações em crianças concebidas por Fecundação In Vitro (FIV) com Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides (ICSI, da sigla em inglês) de 25% relativamente às crianças concebidas naturalmente. Observam-se em particular anomalias do sistema cardiovascular, urogenital ou musculoesquelético (BEH, junho 2011: meta-análise de 25 estudos internacionais).
Pode haver consequências psicológicas numa criança concebida por doação de gametas?
As crianças nascidas por FIV com doação de gametas podem sofrer os mesmos problemas de certas crianças adotadas. As crianças que não conhecem os pais biológicos podem ser afetadas por isso. Todos nós gostamos de saber de onde viemos, quem são os nossos pais, de quem herdamos a cor dos olhos, dos cabelos, o nosso sorriso… Daí os pedidos de determinadas crianças para que seja dispensado o anonimato do seu pai e da sua mãe biológicos.
Pode haver consequências para o casal?
As técnicas de RA são psicologicamente muito exigentes para o casal, por causa da intromissão médica na intimidade do casal: interrogatório sobre a vida íntima, fecundação do ovócito, transferência e inseminação da mulher pelo médico em vez do cônjuge. O pai é excluído da concepção do seu filho, produto da colaboração da mulher e do médico. Os pais sofrem também com a destruição e congelamento de uma parte dos embriões (Les cahiers de l’INED n°161, 2008).
Existem riscos físicos para a mãe?
A coleta de ovócitos é um processo técnico duro que comporta uma prévia e forte estimulação ovariana. Em seguida, é preciso proceder à retirada dos ovócitos na cavidade abdominal. A hiperestimulação ovariana exige uma hospitalização da mulher em 1,9% dos casos (BEH, junho 2011) e, raramente, provoca a morte. Existem também casos de tromboses arteriais ou venosas.
Existe alguma relação entre a FIV e a pesquisa sobre os embriões?
A pesquisa sobre os embriões deriva diretamente da FIV. Sem esta técnica, seria impossível dispor de embriões “utilizáveis” para a pesquisa. Somente 66% dos embriões congelados são utilizados num projeto parental. O número crescente de embriões “excedentes” permite a certos pesquisadores armazenar “matéria prima”. Este número chegou a servir como principal argumento nos debates sobre a lei de bioética: “Em vez de deixar morrer ou matar ‘inutilmente’ milhares de crianças, que nos seja concedido o direito de destruí-las para realizarmos as nossas pesquisas”.