Comentando esta passagem, escreve S. Bernardo:
O ferro se enferruja quando não se usa. O ar se corrompe e gera doenças quando não é agitado por muito tempo. A água sem correnteza torna-se fétida e nela se desenvolvem os insetos. Assim também o corpo que se corrompe pela preguiça torna-se uma sede de todas as más inclinações.
A ociosidade é má conselheira. Por isto um Padre da Igreja dizia: “Um homem ocupado só tem um demônio para o tentar. O preguiçoso tem cem”.
A preguiça é um grande mal. É mãe de todos os males. Preguiçoso não entra no céu. O Reino dos Céus padece violência. Só quem luta o alcança.
Nosso Senhor no Evangelho nos fala tanto da luta, da penitência, da cruz, do sacrifício, da guerra às paixões. Como seguir o Mestre de braços cruzados, na ociosidade?
O preguiçoso não pode se salvar. A preguiça leva a todos os vícios, à miséria neste mundo e à condenação eterna no outro.
Cuidado! Há uma preguiça espiritual verdadeiramente desastrada na piedade. É o mal dos nossos dias.
“Uma leitura interessante”, de Miguel Jadraque y Sánchez Ocaña.
Muitos cristãos não perseveram na virtude por uma preguiça que os domina quando se trata das coisas eternas, do sacrifício, da luta pelo bem.
E queres saber quando nos domina esta preguiça espiritual? Eis os sinais:
Infidelidades contínuas à voz da consciência.
Um desprezo secreto das pessoas piedosas.
Distrações voluntárias e contínuas na oração.
Sacramentos recebidos com frieza e sem fruto.
Aborrecimento das coisas santas.
Inúmeras faltas repetidas e ausência de qualquer esforço para se corrigir.
Como sair deste triste estado?
Só há dois recursos: — Trabalho e Mortificação.
Referências
Transcrito e levemente adaptado de Meu ponto de meditação, do Padre Ascânio Brandão, Taubaté: Editora SCJ, 1941, p. 49s.