Algumas feministas têm reivindicado um “gênio” feminino que é “antifeminino”

Entrevista com a diretora geral do Instituto Secular Cruzadas de Santa Maria e consultora do Pontifício Conselho para a Família, Lydia Jiménez González, sobre as chaves do próximo Sínodo dos Bispos e o papel da mulher na Igreja

Por Ivan de Vargas

Roma, 04 de Maio de 2015 (ZENIT.org)

Lydia Jiménez Gonzalez conheceu o servo de Deus Tomás Morales em 1965, poucos meses depois de sua chegada a Madrid. Desde 1971 trabalhou em estreita colaboração com o padre jesuíta no início e gestação das Cruzadas de Santa Maria e por isso é considerada co-fundadora da mesma.

Promoveu a criação do Instituto BERIT da Família na Espanha e América Latina, do qual é diretora desde 1998.

Em outubro de 2012 participou como auditora no Sínodo dos Bispos sobre “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.

Atualmente, é diretora geral do Instituto Secular Cruzadas de Santa Maria e consultora do Pontifício Conselho para a Família.

Também é membro do Conselho Diretivo da Sociedade Internacional Tomista e presidente do Conselho Diretivo da Universidade Católica Santa Teresa de Ávila, entre outras responsabilidades.

Nesta entrevista concedida a ZENIT, Lydia Jiménez reflete sobre o papel da mulher na Igreja e na sociedade. Também explica o significado do chamado “gênio feminino” e sua importância hoje. Finalmente, oferece algumas chaves de leitura sobre o próximo Sínodo dos Bispos dedicado à família.

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ZENIT: O papa Francisco afirmou que é preciso pensar em uma “teologia da mulher”. Por onde começar?

– Lydia Jimenez: Por uma antropologia que fundamente o ser feminino em sua identidade biológica, psicológica, humana e espiritual. Um segundo passo seria fundamentar uma antropologia teológica, como sequência para uma “teologia da mulher”. Há muitas mulheres que podem fazer isso muito bem e na verdade está sendo feito.

ZENIT: Qual deve ser a missão da mulher na Igreja e no mundo?

– Lydia Jimenez: A partir da sua própria identidade, da sua maternidade biológica e espiritual, cuidar a vida humana, cuidar da humanidade.

ZENIT: Em que consiste o chamado gênio feminino?

– Lydia Jiménez: Com palavras de Edith Stein, podemos dizer que Deus fez duas genialidades ao criar: a masculina e a feminina. Homem e mulher são os dois modos de ser humanos, ambos de origem divina, imagens suas, iguais em dignidade.

O termo “gênio feminino” foi cunhado pela primeira vez na Carta Apostólica Mulieris dignitatem, embora o conteúdo já havia sido intuído, de alguma forma, por João XXIII e o beato Paulo VI. São João XXIII falou do papel da mulher no crescimento da sociedade e da Igreja e este foi também um tema conciliar. Paulo VI falou da especificidade feminina e seu lugar na Igreja. No entanto, o feminino como “gênio” é uma expressão típica de São João Paulo II.

Mas o que é o “gênio feminino”? Não é uma série de dons extraordinários encarnados em mulheres extraordinárias. A maioria das mulheres têm vivido quase sempre no ordinário. Seu “gênio” está precisamente em viver o ordinário de forma extraordinária. O “gênio feminino” é o conjunto de dons que se manifestam ao longo da história e em todas as culturas. Dons que são sintetizados em um: a maternidade. A maternidade física, psicológica, espiritual da mulher é a chave do seu gênio e dos seus dons.

ZENIT: Os Especialistas acreditam que algumas correntes feministas distorceram a condição natural das mulheres. Por quê?

– Lydia Jiménez: Sim, algumas correntes feministas reivindicaram um “gênio” feminino que é “antifeminino”. Muitas nem sequer querem ouvir falar da “dignidade” da mulher e da sua “vocação”, considerando esta linguagem ideologia enganadora. Mas também é verdade que algumas correntes feministas abriram uma reflexão antropológica que nos está enriquecendo muito. Têm razão em muitas de suas críticas aos “papéis” e “etiquetas” tradicionais da mulher.

ZENIT: Quais iniciativas estão levando adiante as Cruzadas de Santa Maria no âmbito da mulher?

– Lydia Jimenez: Tem sido criada uma Cátedra de Estudos sobre a mulher na Universidade Católica Santa Teresa de Ávila, que foi inaugurada pelo cardeal Müller, prefeito da Doutrina da Fé, com uma conferência intitulada “A mulher na Igreja”, no dia 9 de Dezembro do ano passado. De lá queremos promover estudos sobre o assunto.

ZENIT: Qual seria a sua contribuição para o próximo Sínodo sobre a família?

– Lydia Jimenez: A partir do Instituto BERIT da Família, aprofundamos no rico e abundante magistério de João Paulo II sobre o tema da família e nos estudos e publicações promovidos pelo Pontifício Conselho para a Família. Tenho certeza de que serão uma base a se ter em conta no próximo Sínodo sobre a família.

ZENIT: O que podemos esperar deste encontro de bispos e padres sinodais no outono?

– Lydia Jimenez: Um enriquecimento pastoral e missionário, que nos motive a uma maior atenção sobre um tema de tanta importância.

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