“Parada Gay, respeitar e ser respeitado – pronunciamento de Dom Odilo Scherer

Eu não queria escrever sobre esse assunto; mas diante das provocações e ofensas ostensivas à comunidade católica e cristã, durante a Parada Gay deste último domingo, não posso deixar de me manifestar em defesa das pessoas que tiveram seus sentimentos e convicções religiosas, seus símbolos e convicções de fé ultrajados.

Ficamos entristecidos quando vemos usados com deboche imagens de santos, deliberadamente associados a práticas que a moral cristã desaprova e que os próprios santos desaprovariam também. Histórias romanceadas ou fantasias criadas para fazer filmes sobre santos e personalidades que honraram a fé cristã não podem servir de base para associá-los a práticas alheias ao seu testemunho de vida. São Sebastião foi um mártir dos inícios do Cristianismo; a tela produzida por um artista cerca de 15 séculos após a vida do santo, não pode ser usada para passar uma suposta identidade homossexual do corajoso mártir. Por que não falar, antes, que ele preferiu heroicamente sofrer as torturas e a morte a ultrajar o bom nome e a dignidade de cristão e filho de Deus?!

“Nem santo salva do vírus da AIDS”. Pois é verdade. O que pode salvar mesmo é uma vida sexual regrada e digna. É o que a Igreja defende e convida todos a fazer. O uso desrespeitoso da imagem dos santos populares é uma ofensa aos próprios santos, que viveram dignamente; e ofende também os sentimentos religiosos do povo. Ninguém gosta de ver vilipendiados os símbolos e imagens de sua fé e seus sentimentos e convicções religiosas. Da mesma forma, também é lamentável o uso desrespeitoso da Sagrada Escritura e das palavras de Jesus – “amai-vos uns aos outros” – como se ele justificasse, aprovasse e incentivasse qualquer forma de “amor”; o “mandamento novo” foi instrumentalizado para justificar práticas contrárias ao ensinamento do próprio Jesus.

A Igreja católica refuta a acusação de “homofóbica”. Investiguem-se os fatos de violência contra homossexuais, para ver se estão relacionados com grupos religiosos católicos. A Igreja Católica desaprova a violência contra quem quer que seja; não apoia, não incentiva e não justifica a violência contra homossexuais. E na história da luta contra o vírus HIV, a Igreja foi pioneira no acolhimento e tratamento de soro-positivos, sem questionar suas opções sexuais; muitos deles são homossexuais e todos são acolhidos com profundo respeito. Grande parte das estruturas de tratamento de aidéticos está ligada à Igreja. Mas ela ensina e defende que a melhor forma de prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis é uma vida sexual regrada e digna.

Quem apela para a Constituição Nacional para afirmar e defender seus direitos, não deve esquecer que a mesma Constituição garante o respeito aos direitos dos outros, aos seus símbolos e organizações religiosas. Quem luta por reconhecimento e respeito, deve aprender a respeitar. Como cristãos, respeitamos a livre manifestação de quem pensa diversamente de nós. Mas o respeito às nossas convicções de fé e moral, às organizações religiosas, símbolos e textos sagrados, é a contrapartida que se requer.

A Igreja Católica tem suas convicções e fala delas abertamente, usando do direito de liberdade de pensamento e de expressão. Embora respeitando as pessoas homossexuais e procurando acolhê-las e tratá-las com respeito, compreensão e caridade, ela afirma que as práticas homossexuais vão contra a natureza; essa não errou ao moldar o ser humano como homem e mulher. Afirma ainda que a sexualidade não depende de “opção”, mas é um fato de natureza e dom de Deus, com um significado próprio, que precisa ser reconhecido, acolhido e vivido coerentemente pelo homem e pela mulher.

Causa preocupação a crescente ambiguidade e confusão em relação à identidade sexual, que vai tomando conta da cultura. Antes de ser um problema moral, é um problema antropológico, que merece uma séria reflexão, em vez de um tratamento superficial e debochado, sob a pressão de organizações interessadas em impor a todos um determinado pensamento sobre a identidade do ser humano. Mais do que nunca, hoje todos concordam que o desrespeito às leis da natureza biológica dos seres introduz neles a desordem e o descontrole nos ecossistemas; produz doenças e desastres ambientais e compromete o futuro e a sustentabilidade da vida. Ora, não seria o caso de fazer semelhante raciocínio, quando se trata das leis inerentes à natureza e à identidade do ser humano? Ignorar e desrespeitar o significado profundo da condição humana não terá consequências? Será sustentável para o futuro da civilização e da humanidade?

As ofensas dirigidas não só à Igreja Católica, mas a tantos outros grupos cristãos e tradições religiosas não são construtivas e não fazem bem aos próprios homossexuais, criando condições para aumentar o fosso da incompreensão e do preconceito contra eles. E não é isso que a Igreja Católica deseja para eles, pois também os ama e tem uma boa nova para eles; e são filhos muito amados pelo Pai do céu, que os chama a viver com dignidade e em paz consigo mesmos e com os outros.  ”

(Publicado no site da Comunidade Pantokrator – http://pantokrator.org.br)

Que Deus , em sua infinita Misericórdia , ajude a cada homem e mulher encontrarem sua verdadeira dignidade de filhos de Deus, sendo curados de todas as suas feridas, e desta forma vivendo livre e feliz, sendo os planos de Deus.

Janet Melo de Saboia Alves
Co-Fundadora da Comunidade Católica Reviver pela Misericórdia

Mulheres redescobrem a maternidade (contrariando a ideologia de gênero)

Percebem-se, aqui e ali, algumas mulheres que, depois de doutrinadas a rejeitar os filhos e o ambiente doméstico, a competir com os homens e a disputar com eles o mercado de trabalho, finalmente descobrem que a maternidade é sua vocação e que o lar é o seu lugar privilegiado.

Por Pe. Luiz Lodi

Brasília, 10 de Junho de 2015 (ZENIT.org)

“Contra a natureza todos os esforços são vãos”[1]. Assim dizia Leão XIII em 1891 referindo-se ao socialismo e sua pretensão de nivelar todos os homens, desprezando suas diferenças naturais.

O mesmo se pode dizer hoje da ideologia de gênero, que pretende nivelar homens e mulheres, negando que sejam naturalmente diferentes.

Percebem-se, aqui e ali, algumas mulheres que, depois de doutrinadas a rejeitar os filhos e o ambiente doméstico, a competir com os homens e a disputar com eles o mercado de trabalho, finalmente descobrem que a maternidade é sua vocação e que o lar é o seu lugar privilegiado.

Um exemplo disso encontramos em Maria Mariana Plonczynski de Oliveira, autora de “Confissões de mãe” (Ed. Agir, 2009). Deixando a fama que lhe dava a televisão e o teatro, decidiu “ter filhos e cuidar deles”. Acerca do dogma feminista da igualdade entre os sexos, ela afirma:

Não acredito na igualdade entre homens e mulheres. Todos merecem respeito, espaço. Mas o homem tem uma função no mundo e a mulher tem outra. São habilidades diferentes. Penso nesta imagem: homem e mulher estão no mesmo barco, no mesmo mar. Há ondas, tempestades, maremotos. Alguém precisa estar com o leme na mão. Os dois, não dá. Deus preparou o homem para estar com o leme na mão. Porque ele é mais forte, tem raciocínio mais frio. A mulher tem mais capacidade de olhar em volta, ver o todo e desenvolver a sensibilidade para aconselhar. A mulher pode dirigir tudo, mas o lugar dela não é com o leme[2].

Para as jovens, ela tem o seguinte recado:

Quero dizer às jovens do mundo de hoje que existe uma pressão para que elas sejam autossuficientes profissionalmente, sejam mulher e homem ao mesmo tempo, como se fosse a única forma de realização. Para isso, elas têm de desenvolver agressividade, frieza – sentimentos que não têm a ver com o que é ser mãe. O valor básico da maternidade é cuidar do outro, doar, servir. Nada a ver com o mundo competitivo. Maternidade é tirar seu ego do centro[3].

Outro exemplo é a jornalista e escritora italiana Costanza Miriano, católica, mãe de quatro filhos e autora de “Sposati e sii sottomessa” (Casa-te e sê submissa). Publicado em 2011, o livro dedicado às suas amigas tornou-se um best-seller e já foi traduzido em língua espanhola. No ano seguinte, publicou “Sposala e muori per lei” (Casa-te e morre por ela), dedicado desta vez aos homens. O pano de fundo de ambos os livros é o seguinte trecho da carta de São Paulo aos efésios:

Submetei-vos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres estejam submissas aos seus maridos, como ao Senhor, porque o homem é a cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja e o salvador do Corpo. Como a Igreja está sujeita a Cristo, estejam as mulheres em tudo sujeitas aos seus maridos.

E vós, maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef 5,21-27).

Em seu blog, Costanza explica o sentido da “submissão”:

Quando falamos – em voz baixa para evitar o linchamento – de submissão, devemos sair da linguagem do mundo, que lê tudo na ótica do domínio, do poder. O nosso Rei está na cruz, mas assim venceu o único inimigo invencível, a morte. Também nós, portanto, devemos sair da lógica do poder, invertê-la completamente. Antes de tudo porque a submissão não vem da depreciação, não se escolhe [a submissão] porque se pensa não ter valor. Depois, porque o fruto da escolha da mulher é o fato de que o homem estará pronto a morrer por ela.

Quando São Paulo diz às mulheres que aceitem estar embaixo, não pensa de modo algum de sejam inferiores. Antes, é ao cristianismo que devemos a primeira verdadeira grande revalorização das mulheres… A submissão de que fala Paulo é um presente, livre como qualquer presente, senão seria uma taxa. É um presente espontâneo de si, feito por amor[4].

Um terceiro exemplo encontramos em Mary Pride, estadunidense, mãe de nove filhos, ex-feminista radical e autora do livro “De volta ao lar”:

Com tudo o que andam falando sobre liberação hoje em dia, as mulheres não estão conseguindo perceber que a esposa que trabalha no laré a única mulher que realmente tem liberdade! Ela é sua própria chefe durante as mesmas nove ou dez horas do dia em que outras mulheres estão fazendo o que seus superiores ordenam. Ela pode organizar seus próprios horários, tomar conta de seu próprio orçamento e se vestir como quer, sem ter de cumprir normas de empresas. A esposa que trabalha no lar tem, até certo ponto, liberdade para fazer o que deseja, ao passo que a esposa que trabalha fora mal consegue ler um livro durante as horas de trabalho. Em vez do ambiente frio e formal do escritório, a trabalhadora do lar serve seus ‘clientes’ diretamente, e diariamente ela recebe tangíveis recompensas por seu trabalho (‘Humm! Este bolo está delicioso, mamãe!’).

Todos os esforços para promover a liberação da mulher estão estabelecendo uma nova forma de escravidão — a esposa reprimida[5].

As grandes mestras do feminismo estavam conscientes de que as mulheres, deixadas a si mesmas, prefeririam ficar no lar e cuidar dos filhos. Pensando nisso, assim escreveu Simone de Beauvoir (mulher de Jean Paul Sartre, filósofo francês ateu) a sua amiga Betty Friedan:

Pensamos que nenhuma mulher deveria ter esta opção. Não se deveria autorizar a nenhuma mulher ficar em casa para cuidar de seus filhos. A sociedade deve ser totalmente diferente. As mulheres não devem ter essa opção, porque se essa opção existe, demasiadas mulheres decidirão por ela[6].

Algumas profissões extradomésticas são tradicionalmente ocupadas por mulheres. Ao falarmos, por exemplo, na professora primária ou naenfermeira, instintivamente usamos o feminino. Tais profissões (magistério infantil, enfermagem) constituem uma extensão da função materna de acolher. De fato, a mãe é a primeira educadora dos filhos e a primeira a cuidar de suas doenças. No entanto, o lugar privilegiado – e insubstituível – da mulher é o lar.

Se as mulheres resolverem sair em massa dos lares para o mercado de trabalho, ocorrerão duas coisas: 1º) Elas desejarão não ter filhos ou ter poucos filhos, o que causará uma queda da taxa de fecundidade da população; 2º) Elas disputarão com os homens (que precisam sustentar suas famílias) as vagas de emprego, o que causará um aumento da taxa de desemprego[7].

Para concluir… e refletir

O cineasta Aaron Russo (†2007), entrevistado por Alex Jones, contou uma conversa que teve com seu antigo amigo Nicholas Rockefeller (ou Nick). Este lhe perguntou: “O que você pensa que é a liberação das mulheres?”. Aaron respondeu: “As mulheres têm o direito de trabalhar e ganhar tanto quanto os homens, exatamente como ganharam o direito de votar”. Nick começou a rir e disse: “Você é idiota”. Aaron perguntou: “Por que eu sou idiota”? Nick respondeu:

Nós, os Rockefeller, é que começamos esse movimento. Nós fundamos a liberação da mulher. Nós temos todos os jornais e TVs, a Fundação Rockefeller… Quer saber por quê? Há duas razões básicas. Uma delas é que não poderíamos taxar metade da população antes da liberação da mulher. A segunda razão é que agora temos as crianças nas escolas em idade mais jovem. Podemos doutrinar as crianças como pensar. Assim, isso quebra a família. As crianças começam a olhar o Estado como a família. A escola, os funcionários como sua família… não os pais ensinando a eles[8].


[1] LEÃO XIII, Rerum novarum, n. 26.

[2] MENDONÇA, Marta. Maria Mariana – “Deus quer o homem no leme”. Época, 9 maio 2009, em http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI71872-15228,00-MARIA+MARIANA+DEUS+QUER+O+HOMEM+NO+LEME.html

[3] Ibidem.

[5] PRIDE, Mary. De volta ao lar: do feminismo à realidade. Ourinhos: Edições Cristãs, 2006, p. 236.

[6] Citado por SOMMERS, Christina Hoff. Who Stole Feminism?, Simon & Shuster, New York, 1994, p.257.

[7] Cf. Jorge SCALA. IPPF: a multinacional da morte. Anápolis, Múltipla, 2004, p. 77.

[8] Reflections and Warnings: An Interview with Aaron Russo, 2009 in: https://www.youtube.com/watch?v=8WNO3FMUuwA. Uma transcrição completa (em inglês) encontra-se em: https://sites.google.com/site/themattprather/Reading/aaron-russo/reflections-and-warnings-full-transcript

Documentário expõe farsa do gênero na Noruega

Programa de TV denuncia falsidade da teoria e obriga Conselho Nórdico de Ministros a cortar fundos para as pesquisas de gênero.

Um golpe devastador para a “Ideologia de Gênero”: o Conselho Nórdico de Ministros – uma organização de cooperação interparlamentar entre Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Islândia – decidiu cortar fundos para o Instituto Nórdico de Gênero (NIKK, na sigla sueca). As pesquisas conduzidas pelo NIKK lançaram as bases para as políticas sociais e educacionais que, a partir dos anos 1970, transformaram os países nórdicos nas sociedades com a maior “igualdade de gênero” do mundo.

A decisão foi tomada depois que um documentário norueguês, chamado Hjernevask (“Lavagem Cerebral”, em português) expôs a farsa das pesquisas de gênero, em 2010. O sociólogo e humorista Harald Eia estava intrigado com o fato de que, não obstante os constantes esforços de engenharia social para remover os chamados “estereótipos de gênero”, mulheres continuavam a optar por profissões tipicamente femininas e homens continuavam atraídos por carreiras masculinas. De fato, ao invés de as políticas de gênero reverterem esse quadro, as diferenças só se tinham acentuado ainda mais.

Então, ele se dirigiu à Universidade de Oslo para entrevistar nomes como Cathrine Egeland e Jørgen Lorentzen, ambos “especialistas” do Instituto Nórdico de Gênero. Depois, levou as suas respostas a outros renomados cientistas ao redor do mundo – principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido –, pedindo a eles que comentassem as descobertas de seus colegas noruegueses. Como era de se esperar, as teses provocaram risos e incredulidade na comunidade científica internacional – especialmente porque seus estudos eram baseados em mera teoria, sem base em qualquer pesquisa empírica. Harald filmou as suas reações, voltou à Noruega e mostrou tudo aos pesquisadores do NIKK. Confrontados com a verdade científica, os estudiosos ficaram atônitos, absolutamente incapazes de defender a sua teoria.

Harald Eia conversa com Jørgen Lorentzen, do NIKKA farsa do gênero foi exposta ao ridículo na TV e na Internet, quando o programa em inglês, sob o nome Brainwash, ganhou fama no mundo inteiro. Os cidadãos da Noruega começaram a se perguntar por que era necessário um investimento tão alto – e com dinheiro dos contribuintes – para uma ideologia sem nenhum crédito científico.

Como consequência, o Conselho Nórdico de Ministros cortou mais da metade dos fundos que eram gastos com as pesquisas de gênero, ainda no ano de 2011. Foi determinado também que apenas dois membros permanentes da equipe poderiam receber investimentos do Conselho. O NIKK chegou a ser dissolvido, migrando para a Suécia, onde passou a chamar-se “Informação Nórdica sobre Gênero”.

Ainda que os estudiosos e pessoas ligadas à promoção da Gender Theory neguem, o documentário norueguês desempenhou um papel importante no corte de fundos para o NIKK. Em 2010, foram travados vários debates públicos na Noruega, mencionando a influência do programa Brainwash. O político Henning Warloe, do partido conservador norueguês Høyre, chega a afirmar que “as escolas da Noruega hoje têm falhado, não levando em conta as grandes diferenças biológicas existentes entre homens e mulheres, como as pesquisas têm comprovado”.

Bispos australianos: “É um erro pedir equiparação do matrimônio homossexual”

Os bispos, em carta: “não criar confusão sobre o matrimônio”, salientam a importância da união homem-mulher

Por Redação

Roma, 28 de Maio de 2015 (ZENIT.org)

“Não criar confusão sobre o casamento” é o título da longa carta pastoral divulgada pela Conferência Episcopal Australiana (Acbc), para enfatizar a importância do matrimônio entre homem e mulher. Dividida em 17 páginas, o documento – explicam os bispos – nasce do contexto atual, onde há muitas “discussões sobre o significado do matrimônio” e se define “uma discriminação” não permitir as núpcias homossexuais. Por isso, reitaram os prelados, é importante esclarecer.

A carta pastoral – explica – começa de um princípio essencial: “o respeito com todos”, com todo ser humano, em quanto criatura de Deus. As pessoas homossexuais, portanto, “devem ser tratadas com respeito, sensibilidade, amor” e “nenhuma injusta discriminação, baseada no sexo, religião, raça ou idade” pode ser querida pela Igreja. No entanto, pedir para equiparar o matrimônio homossexual com o matrimônio entre homem e mulher “está errado”, explica a Igreja de Sydney, porque são duas coisas diferentes.

“A união entre homem e mulher – de fato – é diferente de outros tipos de união: essa é uma instituição designada a apoiar as pessoas do sexo oposto na fidelidade mútua e com os seus filhos”. Por isso, “não é uma discriminação” reservar o matrimônio só para este tipo de união.

Em vez disso, enfatizam os bispos australianos, “é injusto, muito injusto, legitimar a falsa afirmação de que não há distinção entre um homem ou uma mulher, um pai ou uma mãe; é injusto ignorar os valores peculiares realizados pelo verdadeiro matrimônio; é injusto não reconhecer a importância, para as crianças, de ter uma mãe e um pai; é injusto mudar, em retrospecto, as bases sobre as quais as pessoas casavam no passado”.

A Conferência Episcopal destaca, portanto, um ponto importante: o matrimônio não é uma mera “ligação emotiva”, mas sim “uma união onicompreensiva, destinada não só ao bem-estar dos cônjuges, mas também à procriação e ao bem-estar dos filhos”. Especialmente, continua a carta, “o que permite que este tipo especial de união entre um homem e uma mulher se tornem um matrimônio é justamente a diferença e a complementaridade entre os cônjuges”, o seu completar-se mutuamente. Por isso, afirmam os bispos australianos, “as relações entre pessoas do mesmo sexo são uma coisa muito diferente e considerá-las como um casamento é ignorar as características especiais que ele tem”.

“Bem fundamental, pedra angular da existência humana, bênção de Deus”, o matrimônio está no centro da atenção da Igreja católica porque ele é “o fundamento de uma nova família e toda família baseada no matrimônio é uma célula básica da sociedade”. Não só: os bispos australianos recordam que “as famílias garantem a estabilidade social, criando amor e comunhão, acolhendo a vida, cuidando dos fracos, dos doentes e dos anciãos”. E é reconhecendo tal “papel crucial para o crescimento da comunidade” que os governos reconhecem e regulamentam o matrimônio entre homem e mulher, enquanto que, por exemplo, não se preocupam das relações de amizade entre as pessoas.

Mas há um outro significado do matrimônio que não deve ser esquecido, acrescentam os bispos: o religioso. As núpcias são “um sacramento” que “Deus é o autor”, e portanto, “a Igreja afirma que o matrimônio não é só uma instituição natural, mas também sagrada”. A Acbc recorda a necessidade de “respeitar a dignidade das crianças”, ou seja, “a sua natural necessidade e direito de ter uma mãe e um pai”, tanto que “vários estudos afirmam que a ausência de um pai e de uma mãe impede o desenvolvimento dos menores”. Neste sentido, “não criar confusão sobre o matrimônio significa também não criar confusão nas crianças”, porque “isso seria gravemente injusto”. Tudo isso, naturalmente, acrescenta a Carta, não se aplica às famílias monoparentais não intencionais que, de fato, a Igreja “tenta ajudar na sua resposta heróica às necessidades dos filhos”.

Os prelados australianos elencam, então, em detalhes, numerosos exemplos de violação da liberdade de consciência e de crença, como o de sacerdotes ameaçados por terem defendido o matrimônio tradicional. Sem esquecer – lê-se ainda no texto – que “permitir o matrimônio homossexual abre o caminho à legitimação da poligamia, como foi o caso do Brasil”.

A carta pastoral conclui com um apelo: “É hora de agir – escreve a Igreja de Sydney – porque o matrimônio não é simplesmente um rótulo que pode ser anexado, de tempos em tempos, em diferentes tipos de relacionamentos, dependendo da moda do momento”. Ele, pelo contrário, tem “um significado intrínseco, natural, antecedente à legislação estatal” que “reflete o plano de Deus para a humanidade, o crescimento pessoal de cada um, das crianças e da sociedade”. Daí, o convite “a todas as pessoas de boa vontade a rezarem e duplicar os esforços para apoiar o matrimônio” tradicional, também graças ao testemunho de casais.

Matrimônio entre pessoas do mesmo sexo? Como assim?

Pe. Celso Nogueira, em entrevista a ZENIT, responde a diversas questões sobre o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a posição da Igreja

Por Thácio Siqueira

Brasil, 07 de Maio de 2015 (ZENIT.org)

Aliás, a questão do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo compete à Igreja? Ou, por outro lado, só lhe corresponderia se viessem pedir-lhe o reconhecimento religioso e sacramental?

Quem responde a essa questão é o Pe. Celso Nogueira, natural de Porto Alegre, RS, formado em Comunicação Social e Filosofia e também mestre em Teologia.

Então, “quer dizer que a Igreja deve calar em assuntos não especificamente ligados ao culto religioso? Como justiça social? Como aborto? Como guerra? Lamentável essa visão redutiva sobre o ser humano e a missão da Igreja”, afirmou o Pe. Celso Nogueira nessa entrevista a ZENIT.

Publicamos a seguir a entrevista na íntegra:

***

ZENIT: Sobre o tema ‘matrimônio’ de pessoas do mesmo sexo, é verdade que a Igreja fica querendo “dar pitaco” em tudo? Não seria melhor ela falar e “doutrinar” só para os seus fieis e deixar o Estado legislar para a sociedade como um todo?

Pe. Celso: A Igreja não impõe nada, nem aos seus próprios fiéis, nem muito menos à sociedade. Não tem corpo de polícia para fazer isso, nem quer ter. Ela só exige o direito de se expressar, numa sociedade livre, sobre qualquer tema que quiser.

Em segundo lugar, a natureza humana é um dado objetivo, não muda de acordo com os tempos, lugares, crenças ou descrenças. O matrimônio não é uma realidade religiosa, ele tem uma profundidade antropológica que transcende qualquer credo.

A Igreja não precisa se “imiscuir” nos assuntos da vida civil, porque faz parte dela. E é dever, não só da Igreja, mas de qualquer outra instituição ou pessoa, ficar ao lado da verdade do ser humano e da justiça contra as arbitrariedades do poder político.

Gostaria de volver ao contrário a pergunta: por que o Estado quer legislar sobre um fato absolutamente privado como é o do relacionamento homoafetivo, um fato que não traz nenhuma consequência para a vida social como é a geração de filhos? Para contratos e testamentos entre pessoas privadas não existem desde sempre os instrumentos jurídicos apropriados? A troco de quê os casais gays têm que ter os mesmos incentivos fiscais que os cônjuges, se não dão a mesma contrapartida que é a geração e educação de uma prole?

E mais: qual o interesse do Estado em se apropriar do conceito de matrimônio e de família? Quem atribui um conceito pode retirá-lo a seu bel-prazer. Não se encontra aí exposta a velha raiz totalitária do Estado Moderno? Aquela que fazia o Fürher (com o perdão do argumento hitleriano) exclamar “eu é que decido quem é judeu e quem não é”?

ZENIT: Por que é tão difícil conversar sobre esses temas com pessoas que pensam diferente? É muito comum que quem se posicione de forma contrária seja visto como promotor de “discursos de ódio”. Por quê? O que fazer?

Pe. Celso: Diante da gritaria geral, da falta de diálogo respeitoso e preparado, naquilo que chamo a fascistização geral dos discursos, a estratégia cômoda é a omissão, lavar as mãos como Pilatos, dizer “este tema não me diz respeito”.

No entanto, por trás de todos esses temas há pessoas concretas, necessitadas de compreensão, não de mãos lavadas. Posturas não assumidas deixam um rastro muitas vezes tornado invisível, mas tão real e dramático, ou mais, do que opções equivocadas.

ZENIT: A questão não é o obscurecimento da verdade? Como dialogar, então? Fale-nos mais sobre essa “fascistização” geral dos discursos:

Pe. Celso: Você tocou um aspecto de fundo que é o obscurecimento da noção de verdade. Quando se perde a perspectiva de uma verdade comum que possa ser buscada e compartilhada através do diálogo, a sua única finalidade passa a ser identificar o inimigo a ser esmagado pela força. Isso é o que chamo de “fascistização do discurso”.

A “razão moderna”, ao operar uma redução no horizonte do conhecimento, abriu a porta para que a última palavra seja dada não pela razão, mas pela força. Apesar disso, continuo teimando na minha crença na capacidade do ser humano de dialogar e compartilhar conhecimento. Esse é o meu ato de resistência.

ZENIT: Hoje se fala muito de legalizar uniões do mesmo sexo, equiparando-as a matrimônio, a casamento. O que é realmente o matrimônio?

Pe. Celso: O matrimônio parte de uma realidade que é a forma como nascem e crescem os animais do gênero e espécie “homo sapiens”. Eles são fruto de uma gestação curta, porque do contrário não passariam pelo canal de uma bacia construída para a posição ereta. Essa gestação curta faz com que o filhote humano nasça com um nível de autonomia muitíssimo inferior ao dos demais filhotes de mamíferos ao nascerem (de fato só alcançará o mesmo nível depois de um ano após o nascimento), exigindo, portanto, cuidados intensivos que não podem ser gerenciados pela fêmea sem a ajuda de outros indivíduos. O filhote só chegará ao estágio físico adulto depois de 18 longos anos.

Uma outra peculiaridade é que, ao contrário dos demais animais que nascem com a forma e o fundo do instinto, e com uma ligação estreita entre ambas, o bicho-homem nasce com o fundo, mas a forma lhe é dada pela cultura; essa é a razão das diferenças que encontramos na maneira de executar funções básicas como o comer, o comunicar-se, etc.

É em torno desse ser desprotegido, indeterminado e absolutamente necessitado da convivência da sua espécie para sua sobrevivência e humanização, que se forma e encontra seu sentido a família.

O ser humano, usando a razão, é capaz de perceber o vínculo do novo ser com os que lhe deram origem, e portanto, também a responsabilização que se deriva disso, ou seja, o direito de receber dos próprios genitores a necessária ajuda para a sobrevivência, crescimento e humanização. Para garantir essa responsabilização, os futuros genitores assumem um compromisso diante da comunidade. Garantirão a fidelidade de um ao outro, para que sempre seja identificável a origem e portanto a responsabilização de ambos sobre os filhos que virão. Garantirão também a estabilidade, para que esse vínculo não se desfaça de forma arbitrária, causando sérios danos e prejuízos a todos os envolvidos e também, em última instância à comunidade. Esse vínculo específico e bem delimitado é o que se chama “matrimônio”.

Então, quando falamos do matrimônio, estamos falando de uma estrutura que dá origem a todo o universo do “humano” e que por sua vez se deriva da estrutura específica do ser humano. Toda e qualquer outra forma de vínculo e relacionamento entre seres humanos não é “matrimônio”; não se trata de mera questão semântica, porque há uma realidade objetivamente distinta por detrás da palavra.

ZENIT: Então, o que são as uniões homossexuais aprovadas pelas leis de um país?

Pe. Celso: A equiparação jurídica, por parte do Estado, das uniões civis ao matrimônio, extrapola completamente as competências do Estado, uma vez que tratar da mesma forma duas realidades diferentes é declarar que são iguais. Fazendo isso, o Estado opera uma redefinição arbitrária e abusiva do matrimônio, instituição que lhe é anterior e superior.

ZENIT: Mas, dizem alguns, que o homossexualismo foi verificado em todas as culturas, e em todas as épocas (foi verificado até em animais) e afirmam que qualquer discriminação feita a um portador da inclinação homossexual, portanto, seria igual à discriminação feita ao portador de qualquer outra tendência biologicamente determinada (como a calvície, por exemplo).

Pe. Celso: Nunca foi provada a condição biológica da inclinação homossexual. A alegada homossexualidade dos animais é mito, baseado em comportamentos aparentes que têm outras explicações já evidenciadas pela ciência. Mesmo que alguém, depois dos milhões gastos em vão na iniciativa, evidenciasse alguma origem biológica, não passaria de uma anomalia como várias que existem, pois a natureza não faz coisas inúteis e estamos falando aqui do âmbito da reprodução e seu instinto correlato.

O fato de que a homossexualidade é tão antiga quanto a humanidade, mas em nenhuma cultura foi jamais equiparada ao matrimônio, só confirma o meu argumento. As várias deturpações do matrimônio que apontou não tocam a raiz da instituição matrimonial, que existe independentemente de qualquer religião ou ideologia, pois é um vínculo antropológico insubstituível. Portanto, não compete à Igreja nem definir nem redefinir isso, e ela não o faz. A iniciativa dessa redefinição vem do Estado, e ainda por cima de maneira arbitrária e antidemocrática.

ZENIT: Mas, então, por que não conceder aos casais homossexuais a educação de uma prole, permitindo-lhes a adoção, já que tantos casais heterossexuais abandonam os seus filhos à sorte?

Pe. Celso: No caso de crianças que não possam ter atendido o seu direito a ser criadas por seu pai e sua mãe, deve-se buscar o ambiente mais próximo disso, ou seja, um casal formado por uma mulher e um homem. A psicologia já demostrou em abundância o dano que advém a um ser humano quando essa necessidade não é atendida da forma adequada. E esse talvez seja o aspecto mais aterrador de todos esses atentados contra o matrimônio: o uso das crianças como cobaias em experimentos sociológicos, ideológicos e de engenharia social.

E discuto muito a afirmação de que as crianças saem ilesas de divórcios e outras experimentações no campo da família.

A situação da adoção é complexa; para um certo perfil de criança há muito mais casais querendo adotar que as crianças disponíveis. Mas essa é uma discussão que não vem ao caso. Estamos falando aqui do que é conforme aos direitos e à dignidade do ser humano. Um escravo bem tratado vive melhor que um empregado mal-pago. Isso não faz da escravidão uma situação mais conforme à dignidade humana do que o trabalho assalariado. Uma criança que o Estado entrega a um casal homoafetivo pode até viver melhor do que com um casal de homem e mulher; mas o fato é que o Estado a desrespeitou, lhe negou o direito de ter um pai e uma mãe.

ZENIT: Mas, a sociedade já não aceitou o divórcio, como também não está aceitando o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo?

Pe. Celso: Os argumentos baseados nos costumes dos povos não definem grande coisa. O fato de uma sociedade se tornar tolerante com algo não diz nada da moralidade intrínseca das ações. Por exemplo, a escravidão. Governos fascistas de direita e esquerda foram eleitos pela maioria. Já foram tolerados e aprovados a luta de gladiadores, os sacrifícios humanos, um montão de barbaridades.

Quando o pensamento ecológico chegou no mundo, grande parte do dano à natureza já tinha sido feito. Temo que vai acontecer o mesmo quando a “ecologia humana” começar a ser discutida e levada a sério.

ZENIT: E, como Igreja, qual é a melhor forma de dialogar com a sociedade sobre esse tema?

Pe. Celso: A questão é que não se pode usar num debate com a sociedade civil, num país laico, argumentos de fé; é preciso expressar razões acessíveis a quem não crê também. Do contrário poderiam nos dizer, como já fazem, “voltem para a sacristia e guardem a fé para vocês”. Como se a Igreja estivesse querendo que o Estado obrigue a todos a ir à missa aos domingos…

E repito, a família baseada no matrimônio entre homem e mulher não é uma mera convenção, ela deriva da própria natureza humana como já expliquei acima. Esses termos “matrimônio tradicional”, “família convencional”, já operam uma adjetivação que tem como pressuposto a inclusão de realidades que nada têm a ver com matrimônio e família, que são essencialmente distintas.

‘Eu achava que o hospital era um lugar para curar as pessoas, não para matá-las’

“Asfixia! Morte por asfixia!” Enfermeiras relatam o drama de mais bebês nascidos vivos durante abortos malsucedidos.

Geralmente, quando um bebê nasce vivo durante um procedimento de aborto, ele é mantido na clínica de aborto até morrer. Em alguns casos, o aborteiro mesmo age para matar o bebê. Mas, às vezes, ele é transferido para um hospital, onde pode receber os devidos cuidados médicos. Infelizmente, é a política de muitos hospitais simplesmente deixar que essas crianças morram.

A enfermeira Kathleen Malloy, de Jacksonville, Flórida, testemunhou a morte de um bebê que nasceu depois de um aborto salino e foi transferido ao seu hospital. Um panfleto pró-vida de títuloChildren: Things We Throw Away? [“Crianças: Coisas que Jogamos Fora?”] conta a sua história:

“Eu trabalhava no turno da noite, das 23h às 7h, e quando estávamos desocupadas, eu saía para ajudar com os recém-nascidos. Uma noite, vi um berço do lado de fora da enfermaria. Tinha um bebê nesse berço – um bebê perfeitamente formado, chorando –, mas havia uma diferença nessa criança. Ela tinha sido escaldada. Era a criança de um aborto salino.

Parecia que aquela pequena menina tinha sido colocada em uma panela de água fervente. Ali, não havia ninguém, nenhum médico, nenhuma enfermeira, nenhum pai, para confortar aquela criança ferida e queimada. Ela foi deixada para morrer agonizando. Não a deixariam na enfermaria – sequer se preocuparam em cobrir a menina.

Senti vergonha de minha profissão naquela noite! É difícil acreditar que isso possa acontecer em nossos hospitais modernos, mas acontece. Acontece o tempo todo.Eu achava que um hospital era um lugar para curar os doentes – não para matar.

Perguntei a uma enfermeira em outro hospital o que elas faziam com os bebês que eram abortados por solução salina. Diferentemente do meu hospital, onde o bebê tinha sido abandonado enquanto lutava para respirar, no hospital dela, elas colocavam a criança em um balde e o fechavam com uma tampa. Asfixia! Morte por asfixia!

Um aborto salino é realizado injetando-se uma solução salina cáustica dentro do líquido amniótico que envolve o bebê. Ele inspira o líquido, que queima os seus pulmões e a sua pele, fazendo-o morrer no prazo de poucas horas. A mãe, então, entra em trabalho de parto, para dar à luz uma criança morta. Hoje, esse tipo de aborto é raro, devido à grande probabilidade de as crianças nascerem vivas e ao alto risco de morte que esse método representa para a mulher: a solução poderia prejudicar seriamente o seu corpo, se a injeção caísse em sua corrente sanguínea. Um procedimento similar pelo qual o veneno é injetado no coração do bebê ou, em alguns casos, no líquido amniótico, ainda é praticado hoje em dia, sendo usado em casos de aborto tardio – no segundo e terceiro trimestres de gravidez.

O bebê que Malloy viu morrendo não ganhou nem um nome, nem a chance de viver. Em uma situação parecida, Gianna Jensen, que também foi abortada pelo método salino, recebeu assistência médica e sobreviveu. Hoje, ela é uma ativista pró-vida. O seu testemunho pode ser encontrado abaixo:

Um artigo de 2002 publicado em The Journal of Clinical Nursing parece sugerir que enfermeiras se deparam com bebês vivos depois de abortos malsucedidos com certa frequência. De acordo com o artigo:

“No caso de procedimento tardio, a morte do feto antes do parto, embora seja usual, não acontece sempre, exceto em casos raros de extrema anormalidade física. (…) De fato, às vezes, o feto tentará respirar ou mover os seus membros, o que torna a experiência extremamente angustiante para as enfermeiras. Além disso, enquanto a mulher provavelmente passará por esse processo uma vez na vida, enfermeiras podem passar por isso várias vezes no ano ou até em uma mesma semana.” [1]

O artigo cita a autora e conferencista Annette D. Huntington, Ph.D., que diz que nascidos vivos durante casos de aborto são uma “ocorrência regular”.

Outra enfermeira que se encontrou na terrível situação de cuidar de um bebê abortado contou a sua história no jornal do Friendship Pregnancy Center (agora chamado de Women’s First Choice Center), em Morristown, Nova Jersey. A sua história, que pode ser lida na íntegra aqui, é aterradora. Na noite em que o bebê abortado chegou, três bebês prematuros de um hospital próximo estavam sendo atendidos, dois dos quais corriam risco de morte, e os médicos lutavam para salvar suas vidas. Enquanto eles trabalhavam duro para ajudar esses dois bebês queridos, a vítima do aborto foi trazida:

“A enfermeira da seção de parto e nascimento entrou em nossa unidade carregando uma manta e afirmando: ‘Este é um aborto por prostalglandina. Ele tem pulsação e por isso o trouxemos.’ O bebê foi colocado debaixo de um aquecedor radiante e eu fui inteirada do resto dos fatos. O bebê era dado como sendo de 23 semanas, pelo ultrassom. A mãe tinha câncer e recebeu tratamentos de quimioterapia antes de descobrir que estava grávida. Os pais ficaram sabendo que o seu bebê sairia horrivelmente deformado por causa da quimioterapia.

Olhei para o menino deitado diante de mim e vi que, sob todos os aspectos, ele era perfeito. Tinha uma boa e forte pulsação. Podia dizer isso sem usar um estetoscópio porque via seu peito se movendo em sincronia com a sua frequência cardíaca. Com o estetoscópio, eu ouvia um coração que bombeava com força. Olhei para o seu tamanho e sua pele – ele definitivamente parecia mais maduro que 23 semanas. Pesei-o e descobri que ele tinha 900 gramas. Quase duas vezes o peso de alguns bebês que tivemos a capacidade de salvar. Uma médica foi chamada. Quando ela chegou, o bebê começou a agitar seus bracinhos e perninhas. Tentou começar a inspirar, mas não podia puxar o ar para dentro de seus pulmões. Todo o seu corpo estremecia com os seus esforços para respirar. Fomos reunidas por um neonatologista e eu supliquei com ambos os médicos, dizendo: ‘O bebê é viável – olhem para o seu tamanho, olhem para a sua pele –, ele parece ter muito mais que 23 semanas.’

Foi um momento horrível ver cada um de nós lutando com nossos próprios padrões éticos. Argumentei que devíamos fazer uma tentativa de ressuscitação, para fazê-lo respirar. O médico residente me disse: ‘Isso é um aborto. Não temos nenhum direito de interferir.’ O especialista, que teve a responsabilidade pela decisão, apertava as mãos e dizia com calma: ‘Isso é muito difícil. Meu Deus, é muito difícil quando se está tão perto.’ No final, eu perdi. Não íamos tentar ressuscitar aquele bebê. Então, fiz a única coisa que podia fazer. Mergulhei o meu dedo indicador na água esterilizada e, aplicando-a na sua cabeça, batizei a criança. Depois o envolvi em um cobertor para mantê-lo aquecido e o segurei. Eram as únicas medidas que eu podia tomar para confortar o bebê naquelas circunstâncias, ainda que eu quisesse muito fazer mais. Segurei esse pequeno menino, que estava ainda ofegante, tentando sobreviver. Enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto, pedi a Deus que ele levasse aquela criança para o Seu cuidado e que me perdoasse pela minha própria parte em sua morte. Pouco depois, ele parou de respirar. Seu coração continuava a bater, mas as batidas ficaram mais lentas e mais fracas, até finalmente pararem. Ele se tinha ido.”

Ironicamente, enquanto a enfermeira tinha nos braços aquela criança abortada agonizando, os médicos lutavam para salvar a vida de outro bebê prematuro – este, porém, querido –, exatamente na mesma sala, a menos de cinco pés de distância. Infelizmente, também esse bebê morreu – a este, contudo, foi dado todo o tratamento médico possível, enquanto o bebê abortado foi completamente ignorado.

Outra enfermeira, Joan S. Smith, conta a seguinte história:

“Foi uma noite que eu jamais esquecerei. Eram 23h, eu e minha colega de trabalho Karen nos preparávamos para começar o nosso turno na Special Care Nursery[“Enfermaria de Cuidados Especiais”] de um grande hospital universitário… De repente, uma enfermeira atormentada correu para a porta.

O seu uniforme branco parecia fora de lugar na área do hospital em que se usavam apenas roupas cirúrgicas.

‘Aqui, pegue isso’, ela disse, empurrando para as minhas mãos uma tipo de panelinha de prata coberta com um papel toalha.

‘O que é isso?’, eu perguntei, percebendo pelo seu rosto que havia algo de muito errado.

‘É um aborto de 22 semanas de gestação, realizado no nosso piso. Mas está vivo’, ela explicou. Então, deu nos calcanhares e se foi. Eu tirei o papel toalha e vi o corpo perfeitamente formado de um bebê encolhido na fria panela de metal… Karen se aproximou para ajudar. ‘Isso acontece de vez em quando’, ela explicou, com pesar. Karen tinha sido treinada no hospital e trabalhava lá por mais de 15 anos.

Segurando o seu bracinho, eu tentava pôr em ordem a confusão das minhas emoções. Sentia-me impotente, com raiva e esmagada pela tristeza. Como podia o nosso sistema médico ser tão cheio de ironias? Ali eu estava, cercada de tecnologia médica, a qual, no entanto, não era de serventia nenhuma para aquela pequenina criança. Eu me perguntava se os seus pais pelo menos fossem avisados que o seu filho fôra admitido ao hospital como um nascido vivo, com pegadas impressas, número de identificação e fita na cabeça, se um médico notificasse o seu nascimento… Mas, tudo não passava de uma mera complicação imprevisível de um aborto rotineiro. Levou quase quatro horas até que aquele coraçãozinho diminuisse até parar de bater. Com lágrimas em meus olhos, envolvi o seu corpo para o necrotério. Isso era tudo da vida que aquela criança conheceria. Ela nunca saberia o que era o calor do abraço de uma mãe. Ninguém jamais celebraria o seu nascimento. Ela jamais sequer receberia um nome.”

Não é desconhecido que um bebê nascido com 22 semanas sobreviva com tratamento médico. A pequena Amillia Taylor nasceu com apenas 21 semanas e 6 dias, pesando menos de 300 gramas. Ela sobreviveu e é uma criança saudável hoje. Na verdade, a mãe de Amillia teve que mentir para conseguir que os médicos tratassem a sua filha – eles tinham uma política de não cuidar de crianças nascidas antes de 23 semanas.

Um bebê alemão nascido com 21 semanas e 5 dias também sobreviveu. A sua história pode ser encontrada aqui. O artigo também cita o exemplo de um bebê canadense que nasceu com menos de 22 semanas e sobreviveu.

Casos de aborto tardio tornam tênue a linha que separa o aborto do infanticídio. Claramente, quando um bebê é capaz de sobreviver por si mesmo, ainda que por pouco tempo, torna-se óbvio que o aborto é o assassinato de um ser humano. Na verdade, a vida é um continuum desde a concepção até a morte natural – ainda que bebês abortados nos últimos estágios da gestação sejam mais completamente desenvolvidos, o aborto é um assassinato desde o início. Porém, histórias de bebês nascidos vivos e rejeitados pela assistência médica são aterradoras: elas testemunham e acusam a nossa sociedade, que permite atrocidades desse gênero.

Fonte: LifeSiteNews.com | Tradução e adaptação: Equipe CNP

Uma empresa da Califórnia produz e comercializa embriões humanos

José Ángel Minguez, Observatório de Bioética da Universidade Católica de Valência San Vicente Mártir

Por Redaction

Roma, 04 de Maio de 2015 (ZENIT.org)

Recentemente foi publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology um artigo (Creating and selling embryos for “donation”: ethical challenges”. 212; 167-170, 2015) sobre as questões éticas levantadas pela produção e venda de embriões humanos para “doação”.

Conhecendo a atual mentalidade comercial e pragmática, de pura bioética utilitarista, era algo que pareceria inevitável. Surpreendentemente, este novo mercado, de acordo com os autores do artigo, tem recebido muita atenção nos meios de comunicação social, mas menos na literatura científica.

Procedimento

A “novidade” é que uma empresa da Califórnia começou a “produzir e vender embriões humanos”. O procedimento é o seguinte: consegue-se esperma de um doador, ovócitos de uma mulher e se produzem os embriões (FIV) que a clínica possui, armazena e depois vende.

Isto, obviamente, levanta muitos problemas do ponto de vista legal e ético, que os autores do artigo não tiveram muito em consideração.

Recentemente, muitos consideraram que os problemas éticos da produção de embriões humanos para venda não seriam essencialmente diferentes dos suscitados pela compra e utilização de espermas e ovócitos, mas, na nossa opinião, são essencialmente diferentes.

Nem o esperma e nem o ovócito podem transformar-se, por si mesmos, em um ser humano. O embrião é. Tanto que isso lhe dá algumas especiais características diferenciais.

A Organização Mundial da Saúde relata que as células ou tecidos devem ser doados sem remuneração; mas no caso das células germinais, especialmente os ovócitos, sim são pagos, embora se diz que é para aliviar os desconfortos da técnica e que deve ser um preço “razoável”, que nos Estados Unidos varia entre 5.000 e 10.000 dólares.

Agora poderíamos perguntar-nos qual é o preço razoável de um embrião humano? A resposta depende de uma série de circunstâncias. Sabemos que na adoção de ovócitos o preço é maior quando procedem de mulheres com “pedigree”: doações prévias com êxito, teste de inteligência alto, especiais características do cabelo e dos olhos, etc. De tal forma que, deveria ser feito o mesmo para oferecer embriões com características especiais?

Se os futuros pais podem fazer lances economicamente altos para os embriões especiais, para a sua saúde, beleza, inteligência, é possível que os embriões comuns sejam oferecidos a preço de pechincha. Até mesmo é possível chegar ao ponto em que os embriões sejam encomendados, como os carros de gama alta.

Além disso, o que acontecerá se a empresa proprietária, como aconteceu com a Islandesa DECODE GENETIC, ou se os doadores de um dos dois gametas, exige o seu embrião ou quer destruí-los?

Problema ético objetivo

Estamos enfrentando um problema muito sério, não só comercial, mas profundamente ético. Os embriões não são uma mercadoria, um produto que pode ser comprado e vendido, são muito mais do que isso, eles são seres humanos que necessitam de todas as considerações de respeito, dignidade, proteção e amor que, como tais, merecem.

Algumas feministas têm reivindicado um “gênio” feminino que é “antifeminino”

Entrevista com a diretora geral do Instituto Secular Cruzadas de Santa Maria e consultora do Pontifício Conselho para a Família, Lydia Jiménez González, sobre as chaves do próximo Sínodo dos Bispos e o papel da mulher na Igreja

Por Ivan de Vargas

Roma, 04 de Maio de 2015 (ZENIT.org)

Lydia Jiménez Gonzalez conheceu o servo de Deus Tomás Morales em 1965, poucos meses depois de sua chegada a Madrid. Desde 1971 trabalhou em estreita colaboração com o padre jesuíta no início e gestação das Cruzadas de Santa Maria e por isso é considerada co-fundadora da mesma.

Promoveu a criação do Instituto BERIT da Família na Espanha e América Latina, do qual é diretora desde 1998.

Em outubro de 2012 participou como auditora no Sínodo dos Bispos sobre “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.

Atualmente, é diretora geral do Instituto Secular Cruzadas de Santa Maria e consultora do Pontifício Conselho para a Família.

Também é membro do Conselho Diretivo da Sociedade Internacional Tomista e presidente do Conselho Diretivo da Universidade Católica Santa Teresa de Ávila, entre outras responsabilidades.

Nesta entrevista concedida a ZENIT, Lydia Jiménez reflete sobre o papel da mulher na Igreja e na sociedade. Também explica o significado do chamado “gênio feminino” e sua importância hoje. Finalmente, oferece algumas chaves de leitura sobre o próximo Sínodo dos Bispos dedicado à família.

                                                                                         ***

ZENIT: O papa Francisco afirmou que é preciso pensar em uma “teologia da mulher”. Por onde começar?

– Lydia Jimenez: Por uma antropologia que fundamente o ser feminino em sua identidade biológica, psicológica, humana e espiritual. Um segundo passo seria fundamentar uma antropologia teológica, como sequência para uma “teologia da mulher”. Há muitas mulheres que podem fazer isso muito bem e na verdade está sendo feito.

ZENIT: Qual deve ser a missão da mulher na Igreja e no mundo?

– Lydia Jimenez: A partir da sua própria identidade, da sua maternidade biológica e espiritual, cuidar a vida humana, cuidar da humanidade.

ZENIT: Em que consiste o chamado gênio feminino?

– Lydia Jiménez: Com palavras de Edith Stein, podemos dizer que Deus fez duas genialidades ao criar: a masculina e a feminina. Homem e mulher são os dois modos de ser humanos, ambos de origem divina, imagens suas, iguais em dignidade.

O termo “gênio feminino” foi cunhado pela primeira vez na Carta Apostólica Mulieris dignitatem, embora o conteúdo já havia sido intuído, de alguma forma, por João XXIII e o beato Paulo VI. São João XXIII falou do papel da mulher no crescimento da sociedade e da Igreja e este foi também um tema conciliar. Paulo VI falou da especificidade feminina e seu lugar na Igreja. No entanto, o feminino como “gênio” é uma expressão típica de São João Paulo II.

Mas o que é o “gênio feminino”? Não é uma série de dons extraordinários encarnados em mulheres extraordinárias. A maioria das mulheres têm vivido quase sempre no ordinário. Seu “gênio” está precisamente em viver o ordinário de forma extraordinária. O “gênio feminino” é o conjunto de dons que se manifestam ao longo da história e em todas as culturas. Dons que são sintetizados em um: a maternidade. A maternidade física, psicológica, espiritual da mulher é a chave do seu gênio e dos seus dons.

ZENIT: Os Especialistas acreditam que algumas correntes feministas distorceram a condição natural das mulheres. Por quê?

– Lydia Jiménez: Sim, algumas correntes feministas reivindicaram um “gênio” feminino que é “antifeminino”. Muitas nem sequer querem ouvir falar da “dignidade” da mulher e da sua “vocação”, considerando esta linguagem ideologia enganadora. Mas também é verdade que algumas correntes feministas abriram uma reflexão antropológica que nos está enriquecendo muito. Têm razão em muitas de suas críticas aos “papéis” e “etiquetas” tradicionais da mulher.

ZENIT: Quais iniciativas estão levando adiante as Cruzadas de Santa Maria no âmbito da mulher?

– Lydia Jimenez: Tem sido criada uma Cátedra de Estudos sobre a mulher na Universidade Católica Santa Teresa de Ávila, que foi inaugurada pelo cardeal Müller, prefeito da Doutrina da Fé, com uma conferência intitulada “A mulher na Igreja”, no dia 9 de Dezembro do ano passado. De lá queremos promover estudos sobre o assunto.

ZENIT: Qual seria a sua contribuição para o próximo Sínodo sobre a família?

– Lydia Jimenez: A partir do Instituto BERIT da Família, aprofundamos no rico e abundante magistério de João Paulo II sobre o tema da família e nos estudos e publicações promovidos pelo Pontifício Conselho para a Família. Tenho certeza de que serão uma base a se ter em conta no próximo Sínodo sobre a família.

ZENIT: O que podemos esperar deste encontro de bispos e padres sinodais no outono?

– Lydia Jimenez: Um enriquecimento pastoral e missionário, que nos motive a uma maior atenção sobre um tema de tanta importância.

‘Isso não é um bebê. É um aborto!’: a tragédia de bebês nascidos vivos durante a prática do aborto

“As laterais da sacola pulsavam, como se alguém estivesse respirando dentro dela. Então, o saco parou de se mover.”

Quando uma representante da Planned Parenthood testemunhou contra um projeto de lei da Flórida que defendia bebês nascidos vivos durante abortos malsucedidos, ativistas pró-aborto reclamaram que este cenário não era real. Situações como essas, no entanto, têm acontecido desde que o aborto se tornou legal nos Estados Unidos. Um número considerável de funcionários de clínica de aborto, médicos e ex-aborteiros tem quebrado o silêncio e falado sobre essas crianças a quem foi negada assistência médica depois do parto.

No livro The Ambivalence of Abortion [“A Ambivalência do Aborto”], a autora pró-aborto Linda Bird Francke recolheu o depoimento de várias pessoas envolvidas na indústria do aborto. Ela cita uma enfermeira, que conta a seguinte história:

” Tivemos um salino (tipo de aborto) que nasceu vivo. Eu corri para a enfermaria e pus aquilo em uma encubadora. Chamei o pediatra para ajudar, mas ele se negou. ‘Isso não é um bebê. É um aborto!’, ele disse.” [1]

Embora o destino da criança não tenha sido revelado, é praticamente impossível que ela tenha sobrevivido sem assistência médica às lesões fatais de um aborto salino.

Em um procedimento desse gênero, uma solução salina cáustica é injetada no útero materno, envenenando o líquido amniótico e matando o bebê no curso de algumas horas. A mulher entra em trabalho de parto para dar à luz um bebê morto. Esse método foi abandonado na década de 1990 pelo grande número de abortos malsucedidos e porque era perigoso para a mulher. Foi substituído pela D&E (“dilatação e evacuação”), um procedimento brutal pelo qual o bebê é dilacerado com um fórceps e extraído pedaço por pedaço. Uma técnica similar à do envenenamento salino, que ainda é realizada hoje, consiste na injeção de digoxina diretamente no coração do feto. A substância “amolece” o cadáver, tornando mais fácil o ato de rasgá-lo e retirá-lo do útero. Abortos por digoxina são geralmente feitos nos últimos dois trimestres e, às vezes, também produzem nascidos vivos.

Em In Necessity and Sorrow: Life and Death in an Abortion Hospital [“Na Necessidade e no Sofrimento: Vida e Morte em um Hospital de Aborto”], Magda Denes, outra autora pró-aborto, relata o testemunho de Teresa Etienne, identificada como funcionária de uma clínica:

“A única vez em que pensei sobre aborto em termos de religião foi quando vi alguns fetos e um tinha nascido vivo. Eu realmente vi um deles, até senti a batida do coração. Eu o toquei. Parecia um bebê, mas era muito pequeno. Era realmente lindo. Muito calmo. Na verdade, estava começando a morrer. As batidas do coração estavam diminuindo. Ele estava indo para o Hospital Bellevue e um rapaz dizia: ‘Eu não sei porque temos que levar isso pra lá, já que vai morrer de qualquer jeito. Por que passar por todo esse aborrecimento?” [2]

Um caso no qual um bebê nascido vivo foi morto por ação direta do aborteiro veio à luz quando funcionários de uma clínica revelaram o que aconteceu. Nas palavras do autor pró-vida Mark Crutcher:

“De acordo com cinco empregados de uma clínica de aborto, o aborteiro texano John Roe 109 (pseudônimo) estava realizando um aborto quando uma menina do tamanho de um pé (cerca de 30 cm) e com cabelo castanho claro nasceu. Eles confirmaram que o bebê se enrolava na mão de Roe e tentava respirar, enquanto ele segurava a placenta sobre o seu rosto.

Então, ele a jogou em um balde de água e vários empregados confirmaram que bolhas subiram até a superfície. Eles prosseguiram dizendo que Roe, então, ‘soltou o feto dentro de um saco plástico… que foi amarrado e colocado no fundo da sala de operações. As laterais da sacola pulsavam, como se alguém estivesse respirando dentro dela. Então, o saco parou de se mover.’ Uma testemunha diz que estava segurando o saco no qual Roe colocou a criança e, depois, pôs a sacola no freezer onde os fetos abortados eram armazenados.” [3]

Aborteiros descrevem as suas experiências

No artigo Pro-Choice 1990: Skeletons in the Closet [“Pró-Escolha 1990: Esqueletos no Armário”, literalmente], o ex-aborteiro Dr. David Brewer descreve a sua primeira participação em um procedimento de aborto tardio. A operação foi feita por histerotomia, um tipo de aborto no qual o bebê é tirado da barriga da mulher, de modo similar a uma secção cesariana.

“Eu me lembro de ver o bebê se movendo, debaixo das membranas da bolsa, assim que a incisão cesariana foi feita, antes que o médico a rompesse. Veio-me à mente: ‘Meu Deus, aquilo é uma pessoa’. Então, ele rompeu a bolsa. E quando o fez, é como se viesse uma dor ao meu coração, assim como quando eu vi o primeiro aborto por sucção. Então, ele tirou o bebê, e eu não podia tocá-lo… Não podia mais ser um assistente. Apenas fiquei ali e a realidade do que estava acontecendo finalmente começou a entrar em meu cérebro e coração endurecidos.

Eles levaram aquele bebezinho que fazia pequenos sons e se movia e chutava, e o colocaram naquela mesa, em uma fria tigela de aço inoxidável. Enquanto fechávamos a incisão no útero e finalizávamos a cesariana, a todo momento eu conferia e via aquele pequeno ser se movendo naquela tigela. E ele, é claro, chutava e se movia cada vez menos com o passar do tempo. Lembro-me de ficar pensando e olhando para o bebê quando terminamos a cirurgia e ele ainda estar vivo. Era possível ver o seu peito se movendo, o seu coração batendo e o bebê tentando dar um pequeno suspiro. Aquilo realmente me atingiu e começou a me ensinar sobre o que o aborto realmente era.” [4]

Brewer ainda realizaria mais abortos antes de eventualmente sair da indústria e se tornar um interlocutor pró-vida. Mais tarde, na sua carreira profissional, o mesmo David Brewer presenciou o drama de outro bebê nascido vivo depois de um aborto salino:

“Uma noite, uma mulher deu à luz e eu fui chamado a comparecer e examiná-la porque estava fora de controle. Entrei na sala e ela estava caindo aos pedaços, em um colapso nervoso, gritando e se debatendo. As enfermeiras estavam incomodadas porque não conseguiam trabalhar e do mesmo modo todos os outros pacientes, porque essa mulher estava gritando. Quando entrei, vi o seu pequeno bebê vítima de um aborto salino. Ele tinha nascido e ficou chutando e se movendo por um curto espaço de tempo, até finalmente morrer com aquelas terríveis queimaduras – porque a solução salina entra nos pulmões e os queima também.”

O doutor Paul Jarrett, outro ex-aborteiro, conta a seguinte história:

“Como a solução salina hipertônica era muito tóxica se, ao invés do saco amniótico, fosse injetada na parede do útero, havia uma constante procura pela droga perfeita. A prostaglandina tornou-se agora a droga da vez, mas um dos primeiros experimentos era com ureia hipertônica. A maior desvantagem do seu uso era o problema dos nascidos vivos. Lembro-me de usar a solução em uma paciente que os residentes da psiquiatria nos trouxeram de sua clínica (…). Nunca esquecerei quando tirei o seu bebê de cerca de 900 gramas e ouvi os seus gritos: ‘Meu bebê está vivo, meu bebê está vivo!’. Ele sobreviveu por vários dias.”

Outros médicos testemunham o horror

Um médico que cuida de bebês prematuros descreve experiências que teve enquanto ainda fazia residência. Ele ajudou um médico a realizar um aborto terapêutico por histerotomia – técnica na qual o útero gravídico é removido como forma de tornar a pessoa estéril e, ao mesmo tempo, realizar um aborto.

“Eu já havia ajudado em duas outras histerotomias, uma por câncer no endométrio e outra por causa de um tumor benigno. Tinha sido ensinado durante os dois primeiros casos a ‘sempre abrir o útero e examinar o seu conteúdo’ antes de mandar a amostra para a patologia. Então, depois que o professor retirou o útero, eu – ansioso por mostrar-lhe que já tinha aprendido o procedimento padrão – perguntei-lhe se queria que eu o abrisse, ao que ele respondeu: ‘Não, porque o feto pode estar vivo e então estaríamos diante de um dilema ético.’” [5]

Pouco tempo depois, o mesmo médico presenciou com os seus próprios olhos um bebê nascido vivo depois de um aborto:

“Algumas semanas depois, agora no departamento de obstetrícia, eu recuperei uma bolsa de fluído intravenoso que o médico residente havia pedido. O material era para ministrar prostaglandina, uma droga que induz o útero a contrair e expelir o que tem. O paciente fez o mínimo contato visual conosco. Algumas horas depois, eu vi o feto abortado ofegante e movendo as suas pernas em uma arrastadeira, que depois foi coberta com um pano.” [5]

Então, ele descreve um aborto por nascimento parcial realizado sem sucesso em um bebê com hidrocefalia. Primeiro, ele conta o modo como o aborto seria realizado:

“O residente descreveu como ia tirar o corpo do bebê e, então, quando a cabeça estivesse presa, inserir o trocarte – um longo instrumento de metal com uma ponta afiada – através da base do crânio. Durante a fase final desse procedimento, ele indicou que moveria o tubo de sucção várias vezes de um lado ao outro do tronco cerebral, para garantir que o bebê nasceria morto. Vários dos pediatras residentes, incrédulos, disseram: ‘Você está brincando’ ou ‘Você está inventando isso’…” [5]

Depois, descreve o resultado da operação:

“Depois, naquela tarde, o obstetra residente realizou o procedimento, mas, infelizmente, a criança nasceu com o coração batendo e alguns suspiros fracos e ofegantes. Então, o bebê foi trazido à UTI neonatal: era uma criança um pouco prematura, que pesava em torno de 2 quilos. Sua cabeça, em si, estava dilacerada. A cama estava suja de sangue e drenagem. Fiz o meu exame (nenhuma outra anomalia detectada), então anunciei a morte do bebê cerca de uma hora depois.” [5]

O Dr. Ron Paul, que já foi candidato do Partido Republicano à presidência dos EUA, contou a seguinte história em uma propaganda de campanha:

“Aconteceu, uma vez, de eu entrar em uma sala de operações onde estavam realizando um aborto em uma gravidez avançada. Eles retiraram um pequeno bebê que era capaz de chorar e respirar, colocaram-no em um balde, puseram-no no canto da sala e fingiram que ele não estava lá. Desci pelo pátio de entrada e um bebê tinha nascido prematuro – um pouco maior que o bebê que tinham colocado no balde – e eles queriam salvar esse bebê. Ali, eram em torno de 10 médicos fazendo todo o possível para salvar a vida daquela criança.

Quem somos nós para decidir, para escolher e descartar uns e lutar para salvar a vida de outros? A menos que solucionemos isso e entendamos que a vida é preciosa e que devemos protegê-la, não seremos capazes de proteger a liberdade.”

Esses incidentes são apenas a ponta do iceberg. Não se sabe exatamente, ao longo de todos esses anos, quantas crianças nasceram vivas e morreram silenciosamente – ou foram deixadas para morrer – sem que ninguém revelasse o que aconteceu a elas.

Fonte: LifeSiteNews.com | Tradução: Equipe CNP

Referências:

  1. Linda Bird Francke. The Ambivalence of Abortion. New York: Laurel, 1982. p. 53.
  2. Magda Denes. In Necessity and Sorrow: Life and Death in an Abortion Hospital. New York: Basic Books, 1976. p. 39.
  3. In Mark Crutcher. Lime 5: Exploited by Choice. Denton, Texas: Life Dynamics Incorporated, 1996.
  4. David Kuperlain; Mark Masters. Pro-Choice 1990: Skeletons in the Closet. New Dimensions, October 1990.
  5. Hanes Swingle. A Doctor’s Grisly Experience With Abortion. The Washington Times, July 23, 2003. p. A-18.

Quais são os maiores interesses no uso de fetos abortados?

Existem outros interesses em fetos abortados, além dos fabulosos recursos financeiros para o controle populacional

O aborto é entendido como a interrupção da gravidez antes do tempo, isto é, quando o feto ainda não tem condições de subsistir fora do útero materno. O aborto pode acontecer de modo espontâneo ou voluntário. Muitas são as razões de quem busca o aborto voluntário, seja quando a gestação põe em risco a vida da mãe, quando existe o risco de a criança nascer com anomalias ou malformações, em casos de gravidez indesejada, por questões estéticas, psicológicas, para o comércio de tecidos fetais, uso dos órgãos para transplantes etc.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Quais são os maiores interesses no uso de fetos abortados? 

O comércio de tecidos humanos de fetos abortados; o interesse em transplantes de tecidos e pesquisas com embriões e fetos humanos; os defensores da inseminação artificial; fabricantes de cosméticos e sabonetes, que se utilizam de fetos abortados como matéria prima para seus produtos1 ; a preservação de partes vivas de embriões em cultura de células para obtenção de órgãos para transplantes2; e outros3.

Além dos fabulosos recursos financeiros para o controle populacional, os fabricantes de cosméticos e sabonetes investem milhões de dólares para tornar o aborto legal e a contracepção um programa de governo, objetivando a venda de seus produtos e a expansão de seus negócios. O que menos vem em conta é a vida humana. A ganância supera a mínima preocupação com a ética, a moral, a saúde e o bem-estar de seus clientes.

Conforme o site “LifeSite Daily News” – August 8, 2002 (LSN.ca) -, tecidos de fetos abortados serão vendidos no mercado internacional. A companhia com sede em Melbourne, ES Cell International, disse que vai usar tecido de fetos se for considerado o melhor material para produzir células-tronco embrionárias humanas em grande quantidade para experimentos.

“Protocolo Confidencial Maio” – Agosto de 1999 -, em seu site, apresenta uma tabela de preços de embriões/fetos abortados que variam de acordo com a “idade gestacional”, se é “fresco ou congelado”. Apresenta também outra tabela de acordo com os gastos por serviço.

Trago aqui alguns exemplos:

* Fígado de um feto com 8 semanas ou menos tem 30% de desconto se significativamente fragmentado – US$ 150;
* Fígado de um feto com mais de 8 semanas, tem 30% de desconto se significativamente  fragmentado – US$ 125;

* Baço de um feto de 8 semanas ou menos – US$ 75;
* Baço de um feto com mais de 8 semanas – US$ 50;

*Cérebro de um feto com 8 semanas ou menos, 30% de desconto se significativamente fragmentado – US$ 999;
*Cérebro de um feto com mais de 8 semanas, tem 30% de desconto se significativamente fragmentado – US$ 150.

Dentre todos os crimes que o homem pode realizar contra a vida, o aborto provocado apresenta características que o tornam particularmente grave e detestável. O Concílio Vaticano II o define, juntamente com o infanticídio, como “crime abominável”. “Existem os que ousam trazer soluções desonestas a esses problemas e não recuam até mesmo diante da destruição da vida. Deus, com efeito, que é o Senhor da vida, confiou aos homens o nobre encargo de preservar a vida para ser exercido de maneira condigna do homem. Por isso, a vida deve ser protegida com o máximo cuidado desde a concepção” (Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, 51).

A morte direta e voluntária de um ser humano inocente é sempre gravemente imoral. Importante lembrar o que nos disse São João Paulo II: “Nada nem ninguém pode autorizar que se dê a morte a um ser humano inocente, seja ele feto ou embrião, criança ou adulto, velho, doente incurável ou agonizante”. Todos têm direito à vida. Também o Catecismo da Igreja Católica afirma: “A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida” (Catecismo da Igreja Católica, 2270).

Outro ponto importante, quando se fala de aborto, são as leis que permitem ou não o aborto. Temos de ter a consciência de que nem tudo aquilo que é legal é moral; leis que aprovam o aborto, que não defendem a vida desde o nascimento, são danosas e não merecem ser respeitadas. Nenhuma legislação jamais poderá tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito. Portanto, o aborto é uma pena de morte decretada contra um ser humano frágil e indefeso. Por isso, com toda certeza, afirmo que a vida humana é sagrada, possui dignidade inviolável e precisa ser defendida e preservada desde a concepção.

No entanto, a vida de uma criança no ventre da mãe deve ser protegida pela lei, cada qual no seu estágio de desenvolvimento. Trata-se de um direito inalienável. Permitir a interrupção dessa vida é praticar o crime de aborto. Não podemos admitir exceções. Independente das condições da mãe ou da criança, a vida humana sempre deve ser preservada. A Igreja se mostra radical quando o assunto é a defesa da vida humana, em particular a indefesa. A defesa da vida humana tem que ser garantida apesar do que possa se desenvolver depois.

“Desde o momento da concepção, a vida de todo ser humano deve ser respeitada de modo absoluto, porque o homem é, na terra, a única criatura que Deus “quis por si mesma”. A vida é sagrada, porque comporta “a ação criadora de Deus” e permanece para sempre em uma relação especial com o Criador, seu único fim” (Donum vitae, p.17).

Assim resumimos: todo ser humano, inclusive a criança no útero materno, possui o direito à vida imediatamente de Deus, não dos pais nem de qualquer outra autoridade humana. Todo aborto voluntário é um atentado contra a vida e é contrário à vontade divina.

Referências:

1 – “Quem Decide? Poder Política e Controle de População” – Tradução da Associação Nacional Provida e Pró-Família.
2 – Comunicado da “American Life League, Inc”, de 21.3.94.
3 – Fonte: Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família

Padre Mário Marcelo Coelho

Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em Teologia pela PUC-RJ. Mestre em Teologia Prática pelo Centro Universitário Assunção ( SP), o sacerdote é autor e assessor na área de Bioética e Teologia Moral; além de professor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP).