Relações homoafetivas como “iguais em direitos” aos matrimônios heterossexuais?

Vivemos numa sociedade em que a homossexualidade vem sendo cada vez mais vista não somente como discriminação a vencer, mas como prática a emular, e em que o estado tem sido o grande educador em matéria sexual.

Por Paulo Vasconcelos Jacobina

BRASíLIA, 15 de Abril de 2015 (Zenit.org) – É sempre muito interessante manter um olhar no passado, ao avaliar o futuro. E quando este olhar vem de fora, vem de alguém que, embora atingido pelo passado, não somente não fez parte da esfera de poder que tomou as decisões que pautaram o presente, como acreditou nelas, foi atingido por elas e as viu desabrochar para o bem e para o mal.

Falo, portanto, aqui, como jurista que, olhando para as grandes tendências da ciência do direito hodierna, percebe que há um sério paralelo entre os desenvolvimentos que nos levaram exatamente ao ponto em que estamos no direito, e que ocorreram nas academias e faculdades de direito, nos tribunais e institutos jurídicos, por um lado, e os grandes passos dados no âmbito da teologia moral dentro da Igreja, desde, digamos, a década de sessenta até hoje; os paralelos são interessantíssimos, e um estudo mais aprofundado é algo que os historiadores ainda nos estão devendo.

O âmbito limitado do presente artigo é muito curto para tanto, mas exploraremos, em especial, dois aspectos que poderiam ser aprofundados num estudo assim. Limitar-me-ei, aqui, a 1) um rápido paralelo entre as discussões ocorridas no âmbito do direito de família, no lado jurídico, e aqueles ocorridos no âmbito da moral sexual, do lado teológico, e 2) um rápido paralelo entre as discussões ocorridas no âmbito da laicidade estatal, do lado jurídico, e aquelas ocorridas no âmbito da teologia fundamental quanto à “transcendentalidade” de uma “opção fundamental por Deus”, que provocou as noções de “cristão anônimo” e de “religião transcendental e categorial”, no lado teológico.

Esta discussão, faço-a aqui com a absoluta falta de autoridade, quanto aos aspectos teológicos, de quem é um mero leigo, um jurista, cuja informação teológica não passa de cultura geral adquirida na qualidade de “católico reconvertido à fé” depois de mais velho; portanto, sujeito às críticas que se faz aos amadores, neste âmbito. Ora, mas se a palavra “amador” é derivada da raiz “amor”, mesmo o leigo mais “amador” pode alegar, em seu favor, quando trata de assuntos assim, pelo menos com o pretexto de que, uma vez que Deus é amor, a sua luz pode chegar aos amadores.

Comecemos com o direito de família. A sua situação, desde a década de sessenta, vem caminhando fortemente no sentido de reconfigurar completamente a unidade familiar, por um lado facilitando sua dissolução, quando se trata de famílias formadas a partir do casamento formal e institucional, quanto, por outro, ampliando grandemente o acolhimento de várias relações de cunho sexual como capazes de serem reconhecidas formal e juridicamente como matrimônios e famílias; fala-se já das relações homoafetivas como “iguais em direitos” aos matrimônios heterossexuais. Isto já se dá por estabelecido, nos corredores da justiça; o próximo passo é o estabelecimento de famílias iniciadas por relações de “poliamor”, que rompem a própria noção de que o matrimônio envolve apenas duas pessoas, para propor “matrimônios múltiplos”, nos quais a própria noção de identidade sexual (ou “de gênero”, como querem os mais avançados) seria superada.

Quanto aos filhos, as discussões vão desde a ampla prática do aborto como meio de controle de natalidade e planejamento familiar, à manipulação embrionária e genética que permite escolher os próprios filhos, quanto a sexo e outras características de saúde e aparência, em laboratório, até a liberação e incentivo ao uso de drogas pelos jovens. Nota-se uma tendência irrefreável à dissociação entre o incremento da responsabilidade financeira dos pais para com os filhos, por um lado, e a progressiva limitação, ou até exclusão, da sua responsabilidade moral com a educação da prole, por outro: de acordo com tais tendências hegemônicas no mundo do direito, caberia ao governo, e não aos pais, educar os jovens em matéria, por exemplo, sexual, de modo a favorecer o “fim das discriminações”.

Agora, a teologia moral católica. Desde a encíclica “Humanae Vitae”, o magistério da Igreja é olhada com desconfiança por alguns teólogos católicos muito lidos e influentes internacionalmente, desde então. Citemos, por exemplo, as linhas de pensamento moral que decorrem de pensadores como Josef Fuchs e Bernard Häring, nas décadas de cinquenta, sessenta e setenta. Após lançar obras promissoras de renovação teológica moral, estes autores ficaram conhecidos pela defesa que fizeram da contracepção artificial, e do arrefecimento da moral cristã tradicional sobre o matrimônio, sob a promessa, então, de apontar um novo caminho que a Igreja deveria adotar para conseguir casamentos mais fortes e lares capazes de produzir filhos mais bem formados a viver suas vocações cristãs, aparentemente pela permissão da contracepção artificial e da legitimidade das segundas e terceiras uniões. Os teólogos morais católicos Pe. Charles Curran e Pe. Richard McCormick, por exemplo, chegaram a defender a autenticidade do “amor homossexual” como forma generosa de expressão de quem sabe que seu amor não visa à geração de uma prole. Outros teólogos morais, cuja brevidade não permite citar e avaliar individualmente aqui, negam que haja algo como “atos intrinsecamente maus” como seria, para a Igreja, o aborto, e defendem que as circunstâncias e as consequências podem tornar bons, em determinadas situações, mesmo aquilo que objetivamente parece mau. Isto não raro em livros e manuais editados pelas próprias casas editoriais católicas.

Vendo retroativamente, pode-se reparar que o mundo de fato caminhou no sentido que apontavam tais juristas e teólogos, mas não necessariamente para melhor: vivemos numa sociedade em que romper laços familiares é muito fácil, quando sequer se tem o desejo de chegar a estabelecer compromissos familiares, e em que a homossexualidade vem sendo cada vez mais vista não somente como discriminação a vencer, mas como prática a emular, e em que o estado tem sido o grande educador em matéria sexual. O aborto multiplica-se, paradoxalmente ao lado da multiplicação de meios anticoncepcionais artificiais que deveriam prevenir eficazmente a concepção indesejada, mas que, a julgar pelo crescimento da demanda abortiva, sua eficácia não corresponde às promessas feitas pelos cientistas.

E temos agora famílias mais fortes e jovens mais bem formados do ponto de vista cristão? Não, a realidade é outra. Prolifera a cultura da morte, aumenta a busca pelas drogas, há uma epidemia de depressão patológica e suicídio, a “guerra do gênero” está cada dia mais visível, as famílias dissolvem-se cada vez com mais rapidez, deixando filhos desamparados e empobrecidos, que por seu lado não querem eles mesmos formar nenhuma família, a crise vocacional eclesial é visível, e a Europa vê-se transformar num deserto populacional, do lado “cristão”, e se vê tomar por uma islamização que se impõe simplesmente pela quantidade e qualidade dos imigrantes, enquanto a América Latina vê multiplicar seitas e propostas religiosas que crescem à custa dos fiéis católicos.

No campo da laicidade estatal, vê-se que a discussão política, hoje, é dominada pelos laicistas radicais, que querem excluir a religiosidade não apenas dos debates políticos, mas da própria vida social, relegando-a ao gueto privado da vida íntima do indivíduo. São maioria.

No campo da teologia fundamental católica, neste mesmo período, e em paralelo com o laicismo, vimos o Pe. Karl Rahner empolgar muitas boas mentes eclesiásticas com sua ideia de uma “opção fundamental por Deus”, que se daria no plano “transcendental” e que não seria abalada por nenhuma conduta religiosa “categorial”, que ficaria relegada ao plano da piedade. Assim, os “cristãos anônimos” seriam aqueles que, tendo feito uma opção fundamental transcendental por Deus, e embora não expressassem nenhuma piedade “categorial” católica, viveriam de forma muito mais leal e efetiva o cristianismo do que aqueles que se apegam a ritos e crenças e não transformam o mundo. Aqui na América do Sul tivemos teólogos como o Pe. John Sobrino, que denunciou que adorar o Santíssimo seria uma verdadeira idolatria, enquanto houvesse injustiça social no mundo. E foi assim que toda manifestação de piedade – que a Igreja sempre viu como virtuosa – foi relegada, por alguns teólogos, ao âmbito da hipocrisia “categorial”, e a única piedade categorial realmente relevante seria aquela do engajamento político irrestrito na tarefa de promover ajustiça social no mundo. Algo com que os laicistas contemporâneos, no mundo jurídico hodierno, não teriam nenhuma dificuldade de concordar.

É certo que, se por um lado estas correntes jurídicas tornaram-se majoritárias em nossos tribunais, casas legislativas e órgãos públicos, no mundo civil, aquelas correntes teológicas nunca se tornaram hegemônicas no mundo eclesial católico, graças à atenção do nosso Magistério, que publicou documentos como as encíclicas “Fides et Ratio” e “Veritatis Splendor”, ou notas como a “Libertatis Nuntius” e a “Dominus Jesus”.

Mas a ideia de que uma Igreja magisterial e piedosa automaticamente representa o detestável Poder, enquanto uma Igreja politicamente engajada com a transformação política representa, em oposição, o adorável “carisma”, ainda tem trâmite amplo no país, pelo menos nos corredores jurídicos. Seja nos Tribunais, seja nas Faculdades de Direito em que transito. Ali, o Papa Francisco é às vezes chamado de “Chiquinho” por quem há muitos anos não põe um pé numa missa, e apresentado como o destruidor da piedade hipócrita categorial, em favor do engajamento social dos “cristãos anônimos” cuja relação com Deus fica bem guardada na estante “transcendental”. Ali, muitas vezes um terço na mão é hipocrisia, e uma camisa com arco-íris, foice e martelo, engajamento salvífico.

“Confesso que estou aprendendo a ser misericordioso”

Superior carmelita no Egito partilha a própria experiência com a misericórdia, “na escola do Papa Francisco” e tendo como “secretaria particular” Santa Teresinha

Por Frei Patrício Sciadini

CAIRO, 13 de Abril de 2015 (Zenit.org) – O  papa Francisco com seu estilo de professor de teologia, de mistico e de mistagogo nos ensina todos os dias coisas novas e velhas. Nos atrai, nos influencia, é um ótimo pedagogo. Ensina mais com os gestos que com as palavras. As palavras, diziam os antigos latinos, voam e os exemplos arrastam. Desde o início de seu pontificado o papa tem falado de misericórdia; uma misericórdia não parcial mas infinita, sem limites. Uma misericórdia não circunscrita pelas leis do direito canônico mas sim pelo coração aberto de Jesus, aberto pela lança do soldado, no alto da cruz, de onde correu sangue e água. A água que purifica e o sangue que lava e doa a vida porque é vida de Jesus. A misericórdia não é coisa que se aprenda em um dia mas é necessário o longo noviciado da vida e especialmente é necessário sair da consciência teórica da misericórdia e descer na vida pratica, no exercício da misericórdia. É no dia a dia que se aprende que misericórdia é o nosso “pão cotidiano”, que sem a misericórdia morremos de fome e nos tornamos duros, insensíveis, intransigentes com os outros e quem sabe desumanos com nós mesmos.

Dizem os estudiosos que na Bíblia a palavra “misericórdia” aparece mais de 400 vezes. Claro que eu não fui contar e nem seria capaz de fazê-lo.  Mas se for verdade o que dizem, que  em cada página está a palavra misericórdia,  eu diria que na Bíblia a palavra “misericórdia” está por trás de cada palavra sagrada.  Não se pode compreender a Palavra de Deus e nem a Deus, sem a misericórdia. Na minha vida existe três fases bem claras que gostaria de oferecer aos meus leitores se por acaso estiverem interessados.

A primeira fase, que eu chamaria da “lei pela lei”, onde eu dizia a mim mesmo e também aos outros: para que existem as leis?  Para serem observadas então devemos saber observá-las e não interpretá-las. Quem erra pague pelos seus erros. Uma fase terrível onde o coração era de pedra, duro, mais com os outros do que comigo, mesmo porque sempre há duas leis: uma para os irmãos e uma para os amigos, e quem sabe uma terceira para si mesmo.

A segunda fase da minha vida foi quando comecei a compreender uma palavra do Evangelho “Bem aventurados os misericordiosos porque encontrarão misericórdia”. Essas palavras de Jesus me escandalizaram bastante mas  comecei a entender, dentro desta dinâmica, que é necessário descer do pedestal do próprio orgulho e da própria “impecabilidade”. Descobri isso quando comecei a cometer pecados e a sentir sobre os meus ombros a dureza  e incompreensão dos confessores, dos professores, dos mestres de Israel. Vi que só sentindo o olhar benigno de Deus sobre mim mesmo, pecador, podia recomeçar o caminho. E como sacerdote e confessor decidi então nunca usar a mão da lei mas sim o coração da misericórdia. E deu certo. Levantar-me dos meus erros  e com Teresa D’ Ávila dizer “cantarei as misericórdias do Senhor”.

A terceira fase é aquela que estou vivendo. Compreendi a misericórdia quando comecei a meditar “que Deus não quer sacrifícios mas misericórdia” e me ajudou Teresa do Menino Jesus e a grande Oração ao Amor Misericordioso de Deus onde a pequena Teresa se oferece vítima não `a justiça de Deus  mas `a misericórdia de Deus. É a fase mais bela da vida. Por que condenar? Por que deixar pesar sobre os ombros dos outros o próprio peso da condenação quando Jesus deu todo o seu sangue para nos perdoar. O melhor caminho para a conversão não é condenar o outro mas abraça-lo no amor e abrir as portas do coração e da casa como fez o pai para o filho pródigo que voltava depois de ter gasto tudo em coisas estúpidas da vida. Lc 15. Ser misericordioso quer dizer: posso estar errado e se alguém quer atirar as pedras sejam elas bem vindas e por misericórdia não vou devolvê-las. Significa reconhecer o erro, o pecado mas dizer sempre para o pecador “coragem, está perdoado, vá em frente”.

Aliás, o evangelista João em sua carta, sintetiza a misericórdia com palavras que deveriam ser gravadas sobre todos os confessionários, não neste Ano da Misericórdia mas sempre: “se em alguma coisa o teu coração te condena, recorda que o coração de Deus é maior do que o teu”. Somente assim podemos sentir o olhar de Deus que penetra  no mais profundo de nós mesmos. Mas não nos condena, estende as suas mãos para nos chamar, para nos abraçar e para nos doar o seu amor.

Na escola do papa Francisco nós aprendemos a gritar contra o mal, contra os mafiosos, os narcotraficantes de drogas e de vidas mas também aprendemos a dizer a todos: convertam-se, Deus é amor e misericórdia. Já estou no ocaso da vida, 70 anos, e ainda me falta uma fase para aprender a misericórdia. A fase mais bela, a que podemos aprender e que o mestre São João da Cruz apresenta na sua oração da Alma Enamorada onde diz: “Senhor, se não encontra em mim nada que te agrade, te ofereço os meus pecados, faça neles o que deseja.” Isto é, que sejam destruídos, anulados, queimados no fogo da misericórdia. Para aprender esta quarta fase da misericórdia devo ainda me sentar não no banco dos juízes mas dos advogados dos pecadores e no banco dos réus, dos pecadores. Ainda me perdoem se cito a minha “secretaria particular” Santa Teresinha: “para compreender os pecadores devemos sentar-nos `a mesa dos pecadores”.

Caminhemos neste Ano da Misericórdia para chegarmos a fazer da misericórdia o pão de cada dia, que nunca falte nem na nossa mesa e nem na mesa dos outros e que possamos sempre condenar os erros mas nunca o pecador. Afinal, não se atraem os pecadores com pedradas mas com amor. Bem dizia a minha mãe Domenica: “se apanham mais mosquitos com uma gota de mel do que com um barril de vinagre”.

A gota de mel é a misericórdia.

Um empresário católico desafia o Obamacare

Um tribunal distrital dá razão à empresa Hercules Industries, que não terá que pagar serviços abortivos e contraceptivos aos próprios empregados

Por Federico Cenci

ROMA, 09 de Abril de 2015 (Zenit.org) – Davi pode vencer Golias. Mais um testemunho disso chega dos Estados Unidos, onde o controverso Obamacare sofreu um grande revés graças a uma família de industriais do Colorado, relutantes com a ideia de baixar a cabeça diante de uma lei que viola a doutrina moral católica.

A Hercules Industries, grande empresa de aquecimento e ar condicionado, com escritórios em cinco estados dos EUA, ganhou a sua batalha contra o Departamento de Saúde dos Estados Unidos. O confronto foi iniciado há três anos, quando a família Newland, de raiz católica, recusou-se a oferecer serviços abortivos e contraceptivos a seus empregados, conforme exigido pela reforma sanitária introduzida pelo Governo, que tem justamente o nome de Obamacare.

Um caso de desobediência civil que, como qualquer ato de coragem, teve dificuldades: a Hercules foi incluída nas salgadas multas impostas às empresas que não respeitam a diretiva. Mas quem persevera, vence. Os Newland recorreram ao Tribunal desde a aprovação da lei (junho de 2012); em março desse ano, depois de longos meses de espera, um juiz distrital emitiu uma injunção permanente em favor dos recorrentes no senso da lei norte-americana sobre a liberdade religiosa de 1993.

Lei que impede que as agências governamentais coloquem “fardos substanciais” sobre a liberdade de empresários para exercer suas crenças. As autoridades administrativas podem subordinar tal liberdade só se é o modo “menos restritivo” para prosseguir um “imperioso interesse do governo”. Caso que não é o da história da Hércules Industries.

William Newland, o mais velho da família, comentou dessa forma a sentença à CNS: “Esta vitória final, que nos protege da obrigação de servir aos nossos funcionários pílulas abortivas, contracepção e esterilização, tem ensinado à nossa família que teve razão de colocar a Deus em primeiro lugar, e lutar para proteger o nosso direito de viver e trabalhar de acordo com a nossa fé”. O mesmo Newland também disse, sobre as sanções econômicas duras que sua empresa teria de pagar se perdesse o caso: “os tesouros espirituais vem antes do que o business”.

Até agora, mais de 300 empresas tentaram uma causa contra o Obamacare e em defesa da liberdade religiosa: um bando de “novos Davi” que depois do julgamento em favor da Hercules Indústrias se sentem mais confiantes.

O crescente e preocupante turismo do “Suicídio assistido” na Suíça

Suicidio assistido

Não muito distante da Holanda, na vizinha Bélgica, temos também a eutanásia legalizada e na Suíça, o chamado “suicídio assistido”. Fixemos nossa atenção do que vem ocorrendo atualmente na Suíça. Sua legislação contempla a prática do suicídio assistido e uma das principais organizações que ajuda a pessoas a praticá-lo, chama-se “Dignitas”.

Recentes pesquisas revelam que o número de “turistas do suicídio” que vão à Suíça para terminar com suas vidas dobrou nos últimos quatro nos. Alemães e Britânicos são a maioria. Com condições neurológicas tais como paralisia, doenças do motor neuronal, Parkinson e esclerose múltipla, constituem quase a metade dos casos. Entre 2008 e 2012 611 não residentes suíços foram ajudados a abreviar suas vidas.

A idade varia de 23 a 97, com uma media de 69 anos, dos quais a mais da metade (58%) dos turistas eram mulheres e 40% homens. No total, pessoas de 31 países foram a Suíça entre 2008 a 2012 para utilizar serviços de suicídio assistido. Alemães somam 268 casos e pessoas do Reino Unido 126. Outros países (os dez mais) incluem a França, com 66, Itália, 44, EUA, com 21 casos, Áustria, 14, Canada, 12, Espanha e Israel, com 8 casos cada. O números de pessoas que optaram pelo suicídio assistido na Suíça dobrou entre 2009 e 2012.

Segundo os pesquisadores, uma a cada três pessoas apresentava mais de uma justificativa médica para solicitar o suicídio, mas as condições neurológicas constituíram quase a metade de todos os casos, seguida pelo câncer e doenças reumáticas.

Este fenômeno do turismo suicida na Suíça tem provocado mudanças na legislação e sérios debates parlamentares na Alemanha, Inglaterra e Franca, países com maior número de casos. Intensas discussões também ocorrem na própria sociedade Suíça, que começa a acordar deste pesadelo de ser considerada a terra do turismo, mas não de suas incríveis belezas naturais, mas desgraçadamente, de tristes finais de vida!

Um comentário final relacionado à argumentação ética da chamada “escada escorregadia”. No inicio de 2002, quando foi aprovada a lei, basicamente, os que procuravam procedimentos de eutanásia eram pacientes em fase terminal de câncer. Os candidatos à eutanásia seriam mais pessoas que tem um “sofrimento intolerável” (unberable suffering) no final de sua existência, como pacientes em fase final de vida. Hoje, situações existenciais tais como, sentir-se só, não ter sentido de vida, solidão, dor pela perda de um ente querido, passando por um luto, ser portador de uma doença crônica degenerativa, tal como Alzheimer ou Parkinson, tornaram-se motivos para a prática da eutanásia.

Não se menciona mais uma ação terapêutica ou medica para “cuidar ou aliviar a dor ou sofrimento da pessoa”, de dar novo significado à vida frente a estes desafios existenciais, denominadas “as doenças da alma do século XXI”.

Por que não se potencializa a filosofia dos cuidados paliativos, isto é, dos cuidados integrais, que visem atender à pessoa humana na sua integralidade de ser, ou seja nas suas necessidades humanas, físicas, psíquicas, sociais e espirituais (necessidade de um significado de vida, de uma esperança maior)?

Por causa desta dor incurável ou este sofrimento intolerável, tira-se a vida da pessoa. Não esqueçamos que neste caso estamos diante de pessoas que poderiam viver ainda muito tempo, anos, ou mesmo décadas. É necessário refletir!

Aborto e “gênero” em debate no Parlamento Europeu

Aprovada a resolução Tarabella, que garante o aborto como “direito”, amanhã os euro-deputados vão se pronunciar sobre um texto do italiano Panzeri, que incentiva as Instituições a aprovar o casamento gay

Por Federico Cenci

ROMA, 11 de Março de 2015 (Zenit.org) – Depois de Lunacek e Estrela, têm nomes italianos as novas Resoluções que pretendem garantir o aborto como um direito na Europa e difundir a ideologia do gênero. A primeira se chama Resolução Tarabella – do nome do seu relator, eurodeputado socialista belga, mas com claras origens italianas – e presenciou ontem, 10 março de 2015, o Europarlamento bater-se sobre temas evidentemente sensíveis.

O relatório – aprovado com 441 sim, 205 não e 52 abstenções – repropõe o conteúdo do documento Estrela, rejeitado em dezembro de 2013. Ele insiste que as mulheres devem ter “controle sobre os seus direitos sexuais e reprodutivos, claramente através do fácil acesso à contracepção e ao aborto”. Daí o apelo aos governos para que conduzam “ações dirigidas a melhorar o acesso das mulheres aos serviços de saúde sexual e reprodutiva e melhor informar sobre os seus direitos e seus serviços disponíveis”.

Nos últimos dias uma frente popular se levantou contra as propostas. A Federação das associações familiares europeias (Fafce) reuniu cerca de 50 mil assinaturas e declarou a sua oposição ao texto. Um apelo aos eurodeputados chegou também da Comunidade João XXIII, que convidava a refletir que o problema das mulheres que vivem uma gravidez, na Europa, não é o acesso ao aborto, mas sim a falta de assistência social.

“Para abortar a estrada é simples – diz o responsável geral da associação Giovanni Ramonda –. O processo é simples (geralmente apenas uma entrevista com um ginecologista), rápido (o 84,5% dos abortos ocorrem dentro de três semanas a partir da certificação), e totalmente gratuito. Por outro lado, se a mulher continua a gravidez, na maioria dos casos, não tem direito à ajuda, a não ser a uma limitada esmola, não tem uma rede de serviços adequadas e sofre frequentemente pressões de um ambiente familiar e social hostil à gravidez”.

O voto dos eurodeputados italianos foi transversal. Entre os membros do Partido Popular, apesar da indicação para votar contra, houve vários votos a favor.

No Partido Democrata, conta-se as abstenções dos católicos Luigi Morgano e Damiano Zoffoli. Enquanto Silvia Costa, também católica, escreveu em sua conta no Twitter que votou a favor só depois de ter se certificado que tinha passado a emenda que confirma a responsabilidade nacional dos Estados membros sobre o tema. Um esclarecimento que lhe causou uma enxurrada de insultos nas redes sociais dos simpatizantes do Pd; a acusação é aquela de ter posições “medievais”.

O que mais agrada aos mais radicais membros da esquerda italiana foi Antonio Panzeri, colega de partido de Silvia Costa.  Leva a sua assinatura o “Relatório anual sobre os direitos humanos e a democracia no mundo 2013 e a política Ue sobre o tema”, que os eurodeputados serão chamados a votar amanhã, 12 de março. É o segundo documento, com nome italiano, que em três dias apresenta ao Parlamento europeu os temas do “direito” ao aborto.

Com o mesmo teor da Resolução Tarabella, o texto do nosso compatriota invoca um “direito ao acesso a um planejamento voluntário da família e ao aborto legal e seguro”. Segundo Panzeri, “a saúde materna e o aborto seguro são fatores importantes para salvar a vida das mulheres”. E a referência não é só às gravidezes que colocam em risco as vidas das mulheres, mas também o assim chamado feminicídio. Assim aparece no texto que “o acesso universal aos direitos para a saúde sexual e reprodutiva […] é uma pré-condição para lutar contra o feminicídio”.

Não só o aborto. Panzeri em seu relatório também “encoraja as instituições da UE e os Estados-Membros a contribuir para a reflexão sobre o reconhecimento do matrimônio entre pessoas do mesmo sexo ou da união civil entre pessoas do mesmo sexo como uma questão de direitos políticos, sociais, humanos e civis”. O índice do eurodeputado Pd aponta ao “referendum croata de dezembro de 2013 que aprovou uma proibição constitucional de paridade dos matrimônios homossexuais com aqueles heterossexuais”. Um resultado que Panzeri não hesita em definir “deplorável”.

A guerra iminente no Brasil e os avisos de Nossa Senhora (aparição reconhecida pela Igreja)

Em 1830 inicia-se um ciclo de aparições de Nossa Senhora, todas reconhecidas pela Igreja, em que Ela alerta para os perigos do materialismo ateu(marxismo, comunismo, socialismo, espiritismo) e suas consequências. Profetiza severos castigos caso não houvesse conversão.
O mundo não se converteu, e os castigos chegaram ao Brasil.
Relato aqui somente algumas mais conhecidas e por último a desconhecida aparição, reconhecida pela Igreja, no Brasil.

1830 – Aparições de Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré – França

Era o advento do marxismo. Karl Marx começa a pregar suas teorias.
Nossa Senhora apareceu, como Senhora das Graças, deplorando os pecados do mundo e profetizando  castigos devidos aos pecados. Pede penitência, oração e a conversão dos pecadores.

“Várias desgraças vão cair sobre a França. O trono será derrubado. O mundo inteiroserá revolto por desgraças de toda sorte.”

Alerta também para grandes abusos e grande relaxamento nas comunidades de sacerdotes e freiras.

1846 – La Salette – França

“Todos os governantes civis terão um mesmo plano, que será o de abolir e fazer desaparecer todo princípio religioso para dar lugar ao materialismo, ao ateísmo, ao espiritismo e toda espécie de vício.”

1858 – Lourdes – França

“Reza pelos pecadores, pelo mundo tão revolto. Reze a Deus pelos pecadores. Penitência! Penitência! Penitência! Beije a terra em penitência pela conversão dos pecadores”, diz Nossa Senhora a Santa Bernadete Soubirous.

Se o mundo não se convertesse haveriam grandes castigos e guerras.

1917 – Fátima – Portugal

“Rezem o terço todos os dias para alcançarem a paz no mundo e o fim da guerra. Se atenderem os meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz. Se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados. O Santo Padre terá muito que sofrer. Várias nações serão aniquiladas. Por fim, meu Imaculado Coração triunfará.”

O comunismo foi a “religião” que mais matou em toda a história da humanidade, isso só no século XX. Calcula-se em 100 milhões o número de mortos pelas revoluções comunistas.
O mundo se converteu? Não. Houve mais uma guerra mundial, por causa dos erros da Rússia. Houve uma “Guerra Fria” que deu uma aparente derrota ao comunismo. Aparente. Ficou mais forte que nunca, pois se infiltrou sorrateiramente na mentalidade das pessoas, por meio da cultura, da educação, da propaganda. Hoje, as ideologias marxistas estão em todos os países do globo (lembrando que não se trata somente de economia ou conceito de Estado, mas uma ideologia).

1936 – Pesqueira, Pernambuco – Brasil

Uma aparição muito pouco falada e estudada. Contudo, desde a época até agora, é um local de culto e peregrinação e nunca houve nenhuma proibição eclesiástica, pelo contrário.
A vidente, Irmã Adélia, morreu em 13 de outubro de 2013 (dia da última aparição de Fátima!).http://www.arquidioceseolindarecife.org/2013/10/morre-irma-adelia-religiosa-que-presenciou-a-aparicao-de-nossa-senhora-em-cimbres/

Um padre acompanhou a menina, e fazia perguntas-teste, que a menina não teria condições de responder: perguntas teológicas, em latim e alemão, que a menina repassava a resposta de Nossa Senhora.

“Sou a Mãe da Graça e venho avisar o povo que aproximam três grandes castigos”.

Nossa Senhora tinha sangue nas mãos. O sacerdote perguntava em alemão e latim, e a menina, que só sabia o português, repassava o que Nossa Senhora respondia.
O sacerdote perguntou o seguinte:

      – Que é necessário fazer para desviar os castigos? – “Penitência e oração”.
      – Qual a invocação desta aparição? – “Das Graças”.
      – Que significa o sangue que corre das vossas mãos? – “O sangue que inundará o Brasil”.
      – Virá o comunismo a penetrar no Brasil? – “ Sim”. 
      – Em todo o País? – “Sim”.
      – Os padres e os bispos sofrerão muito? – “Sim”.
      – Será como na Espanha? – “Quase”.
     – Quais as devoções que se devem praticar para afastar esses males?  – “Ao coração de Jesus e a mim”.
      – Esta aparição é a repetição de La Salette? – “Sim”.
Enfim, para que o leitor não pense que “estou querendo dizer alguma coisa”, pesquise por si mesmo e olhe em volta. O Brasil está em colapso, e a “luta de classes” está a todo o vapor. Exércitos de todas as ideologias e pessoas de bem estão prontos para uma guerra. 
Penitência e oração”.

Referências:

Jane Fonda: Apologista do aborto e Sobrevivente do aborto

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Tomei conhecimento da notícia de que Jane Fonda e seu irmão, Peter Fonda, são sobreviventes do aborto. Sua mãe, que foi abusada sexualmente por um afinador de piano quando criança e que também foi abusada fisicamente por seus dois maridos, George Brokaw e Henry Fonda; teve nove abortos antes de Jane nascer e, finalmente, tirou a própria vida.

Em um de seus livros e em um evento no mês passado, a senhora Fonda disse que, ao saber dos abusos sexuais que começaram quando sua mãe era apenas uma criança, foi capaz de perdoá-la pelo suicídio que a deixou sem mãe aos 12 anos de idade.

A senhora Fonda tem menos entendimento do que pensa sobre os nove abortos, exceto para reconhecer o papel que eles desempenharam no ato final de desespero de Francis Fonda.

Talvez seu quase-silêncio sobre os abortos de sua mãe podem ser explicados pelo apoio vocal de Jane Fonda ao aborto ao longo das últimas décadas. Se ela está defendendo o acesso livre e aberto para a mesma coisa que contribuiu para o suicídio de sua mãe, isso é uma clara indicação de que ela está em negação.

Pró-abortistas amam dizer que não há ligação entre o aborto e o suicídio, e apesar de terem jogado a pesquisadora Priscilla Coleman sobre as brasas quando esta descobriu um vínculo substancial, o fato não pode ser escondido para sempre.

Em um estudo de 2010, pesquisadores do Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia – que trabalha lado a lado com os Institutos Nacionais de Saúde – constatou que o aborto foi associado a um aumento da probabilidade de diversos transtornos mentais, incluindo a ansiedade, o abuso de substâncias, o pensamento suicida e a tentativa suicídio.

Porém, para além da ligação entre aborto e suicídio, os abortos múltiplos de Francis Fonda têm muito provavelmente alimentado os problemas que Jane Fonda experienciou e tem discutido frequentemente: a baixa auto-estima, a pobre imagem corporal, os distúrbios alimentares e outros problemas.

Dr. Philip Ney, um psiquiatra canadense, que é especialista na síndrome do sobrevivente após o aborto, escreveu que as crianças sobreviventes – incluindo aquelas que sabem intuitivamente que perderam irmãos pelo aborto – podem desenvolver uma mentalidade de “desejados” que faz com que eles se vejam como objetos e não como pessoas. Eles se tornam posses, e, como tais, são esperados para atender as expectativas dos que os rodeiam. Estas crianças estão tentando ser o filho perfeito, a fim de provar o seu valor para os seus pais.

O ativismo pró-aborto de Jane também pode ser um resultado direto dos nove abortos de sua mãe e do subsequente suicídio. Pesquisadores do aborto há muito tempo sugerem que a alta taxa de abortos de repetição é um resultado pós-traumático de reencenação, isto é, um mecanismo de enfrentamento inconsciente que leva as pessoas a repetir uma experiência, mesmo que isso seja terrível, como uma maneira de justificá-lo, ou de normalização do ato.

Talvez uma forma que Jane tentou para dar sentido ao passado torturado de sua mãe foi tentar normalizá-lo, defendendo o aborto como uma coisa boa, como um direito de que toda mulher esta autorizada.

Reflexões recentes de Jane Fonda, incluindo um blog que ela mantém em seu site, indicam que, conforme envelhece, Jane se torna mais introspectiva. Ela pediu desculpas por seu encontro polêmico com soldados norte-vietnamitas durante a guerra do Vietnã e até defende a abstinência sexual em seu livro “Being a Teen“. Talvez podemos esperar pelo dia em que Jane mudará sua visão pró-aborto e honestamente discutir qual foi a sensação ao saber que ela não era uma de dois filhos, mas uma de 11.

Quando ela estiver pronta para dar esse passo, espero que busque por cura e, finalmente, encontre a paz que a eludiu.

Texto retirado do site The Catholic View for Women.

O que é a Teologia do Corpo?

corpo

“Deus modelou o homem com as próprias mãos (…) e imprimiu na carne modelada sua própria forma, de modo que até o que fosse visível tivesse a forma divina”. CIC § 704

“Teologia do Corpo” é o título que papa João Paulo II deu ao primeiro grande projeto de ensino de seu pontificado. Em 129 pequenas palestras, pronunciadas entre setembro de 1979 e novembro de 1984, ofereceu à Igreja e ao mundo uma valiosa reflexão bíblica sobre o sentido da corporeidade humana, em especial sobre a sexualidade e o desejo erótico.

O teólogo católico George Weigel descreve esta teologia do corpo como “uma das mais ousadas reconfigurações da teologia católica dos últimos tempos” (…), “algo como uma bomba-relógio teológica, programada para detonar com dramáticas consequências (…) talvez no século 21″. Esta visão nova do amor sexual “apenas começou a tocar a teologia da Igreja, a pregação e a educação religiosa”. Quando, porém, ela se impuser plenamente – prenuncia Weigel- “produzirá um dramático desenvolvimento no modo de pensar, virtualmente, sobre todos os temas importantes do Credo” (WH pp. 336, 343, 853).

DEUS, SEXO E SENTIDO DA VIDA

Por que a reflexão do Papa sobre o amor sexual iria afetar “todos os ternas importantes do Credo?” Porque sexo não é apenas sexo. A maneira corno entendemos e expressamos nossa sexualidade revela as nossas convicções mais profundas sobre quem somos, quem é Deus, o significado do amor, da organização da sociedade e até do universo. Por isso a teologia do corpo de João Paulo II representa muito mais que urna reflexão sobre o sexo e o amor conjugal. Através da objetiva do matrimônio e da união “numa só carne” dos cônjuges – diz o Papa -, descobrimos “o sentido de toda existência, o sentido da vida” (29/10/1980)1.

E o sentido da vida, segundo Cristo, é amar como ele ama (cf. Jo 15,12). Uma das intuições mais importantes do Papa é o de ter Deus gravado esta vocação de amar como ele ama em nossos corpos, ao nos criar homem e mulher e chamando-nos a ser “uma só carne” (d. Gn 2, 24). Muito mais que uma simples nota de rodapé da vida cristã, a maneira como entendemos o corpo e o relacionamento sexual “abarca toda a Bíblia” (13.01.1982). Ela nos imerge na “perspectiva de todo o Evangelho, de todo o ensinamento, de toda a missão de Cristo” (03.12.1980).

A missão de Cristo é restaurar a ordem do amor num mundo seriamente corrompido pelo pecado. E, corno sempre, a união dos sexos encontra-se na base da humana “ordem do amor”. Portanto, o que aprendemos na teologia do corpo apresentada pelo Papa é muito “importante para o matrimônio e a vocação cristã dos esposos e das esposas”. Não obstante, “é igualmente essencial e valioso para a compreensão do homem em geral: para a compreensão fundamental de si mesmo e da sua existência no mundo” (15.12.1982).

Não admira que tenhamos tanto interesse pelo sexo. A união do homem com a mulher é um “grande mistério” que nos leva – se não nos desviarmos do caminho em nossa jornada exploratória – ao âmago do plano de Deus em relação ao universo (cf. Ef 5, 31-32).

O CRISTIANISMO NÃO REJEITA O CORPO

Na área da religião, as pessoas estão habituadas com a ênfase no campo espiritual. Daqui porque muitos sentem-se até desconfortáveis diante do relevo que às vezes se dá ao corpo. Mas, para João Paulo II, esta é uma separação artificial. O espírito, claro, tem prioridade sobre a matéria. No entanto, o Catecismo da Igreja Católica ensina que” sendo o homem um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais através de sinais e de símbolos materiais” (n. 1146).

Como criaturas corporais que somos, esta é, em certo sentido, a única via pela qual nos é dado experimentar o mundo espiritual: no mundo físico e através dele, em nosso corpo e através dele. Deus, ao assumir um corpo na Encarnação, é justamente aqui que, com toda a humildade, se encontra conosco, isto é, em nosso estado físico e humano.

Tragicamente, muitos cristãos crescem pensando que seus corpos (especialmente sua sexualidade) são obstáculos inerentes à vida espiritual. Acham que a doutrina cristã considera a alma como “boa”, e o corpo como” ruim”. Ora, esta maneira de pensar está longe da autêntica perspectiva cristã! A ideia de o corpo ser mau é uma heresia (um erro aberrante, explicitamente condenado pela Igreja) conhecida com o nome de Maniqueísmo.

A denominação vem de Mani ou Maniqueu, criador de uma seita baseada num dualismo, em que corpo e alma estão engajados numa luta sem tréguas entre si. Segundo eles, o corpo e tudo o que fosse ligado à sexualidade devia ser condenado como fonte de mal. Nós, entretanto, como cristãos, cremos que tudo quanto Deus criou é “muito bom”, conforme nos garante a Bíblia (d. Gn 1,31). João Paulo II resumiu assim a distinção essencial: se a mentalidade maniqueísta considera o corpo e a sexualidade um “antivalor”, o cristianismo ensina que eles “constituem um ‘valor que nunca chegaremos a apreciar suficientemente’” (22.10.1980).

Noutras palavras, se o Maniqueísmo afirma que “o corpo é mau”, o Cristianismo responde que, ao contrário, ele “é tão bom que somos incapazes de avaliar toda a sua bondade”.

Então, o problema da nossa cultura saturada de sexo não é propriamente a supervalorização do corpo e do sexo. O problema está em termos falhado na compreensão de quanto o corpo e o sexo são realmente valiosos. O cristianismo não rejeita o corpo! Numa espécie de “ode à carne”, o Catecismo proclama: ”’A carne é o eixo da salvação’. Cremos em Deus que é o criador da carne. Cremos na Palavra feita carne para redimir a carne. Cremos na ressurreição da carne, na consumação da criação e na redenção da carne” (CIC 1015, ênfase do autor).

A SACRAMENTALIDADE DO CORPO

A fé católica – se o leitor ainda não se deu conta – é uma religião bem carnal, sensual. Encontramos Deus mais intimamente através de nossos sentidos corporais e de “tudo” o que constitui o mundo material: banhando o corpo com água, no batismo; ungindo-o com óleo no batismo, na crisma, nas ordens sagradas, na unção dos enfermos; comendo o corpo de Cristo e bebendo seu sangue na Eucaristia; impondo as mãos nas ordens sagradas e na unção dos enfermos; declarando os pecados com nossa boca na confissão, e unindo indissoluvelmente o homem com a mulher em “uma só carne”, no matrimônio.

De que melhor maneira podemos descrever o “grande mistério” dos sacramentos senão dizendo que eles são os meios materiais, através dos quais alcançamos os tesouros espirituais de Deus? Nos sacramentos, o espírito e a matéria como que “se beijam”. O céu e a terra se abraçam numa união sem fim.

O próprio corpo humano, em certo sentido, é um “sacramento”. Usamos aqui a palavra num sentido mais amplo e mais antigo que aquele que estamos habituados a ouvir. Mais do que referir-se aos sete sinais da graça instituídos por Cristo, João Paulo II, ao falar no corpo como um “sacramento”, quer dizer que ele é um sinal que torna visível o mistério invisível de Deus. Nós não podemos ver Deus, que é puro espírito. No entanto, o cristianismo é a religião do Deus que se manifesta. Deus quer revelar-se a nós. Ele quer tornar visível a todos o seu ministério espiritual invisível, de forma a podermos “vê-lo”. Como faz isto?

Quem de nós não experimentou ainda um profundo sentimento de pasmo, de admiração, ao contemplar uma noite estrelada, ou um magnífico pôr-do-sol, ou a delicadeza de uma flor? Em tais momentos estamos, de certo modo, “contemplando a Deus”. Ou, mais exatamente, vendo seu reflexo. Sim, porque “a beleza da criação reflete a beleza infinita do Criador” (CIC n. 341). E, contudo, quem é a coroa da criação? Quem, com mais eloquência que as outras criaturas de Deus, “fala” na beleza divina? A resposta é: o homem e a mulher e o seu chamado a uma comunhão fecunda. “Deus criou o ser humano à sua imagem. À imagem de Deus o criou. Homem e mulher ele os criou. Deus os abençoou e disse: ‘Sede fecundos e multiplicai-vos’” (…) (Gn 1,27-28).

1 As citações tiradas da “Teologia do Corpo” de João Paulo II são indicadas pela data em que foi proferida a palestra.

West, Christopher. Teologia do Corpo para principiantes, Uma introdução básica à Revolução Sexual por João Paulo II.Trad. Cláudio A. Cassola. Ed.Myrian: Porto Alegre,2008.

50 tons de ilusão

Alguns seguidores me pediram para escrever sobre 50 Tons de Cinza. Sem querer ofender Maria, que ama e intercede por tantas Anastasias reais que infelizmente existem por aí, pensei em fazer uma comparação entre as atitudes de vida das duas. Como Anastasia Steele não existe e como a fictícia não se dá ao respeito, não precisei me preocupar em não ofendê-la. Apenas oro, compadecida, pelas Anastasias da vida real e pelos homens e mulheres influenciados pelas ilusões do livro e filme, pedindo a Deus que encontrem Maria.

Partilho o que pensei, a partir da ironia dos nomes, certamente escolhidos a dedo pela agora milionária Ms. E. L. James.

CHRISTIAN = cristão
GREY = variante de gray = cinza, nebuloso (Webster Dic.)
ANASTASIA = do grego – impossibilidade mórbida de levantar-se (Dic. Michaelis)
STEELE = homônimo homófono de steel = aço, resistência – nerves of steel = nervos de aço (Webster Dic.)
MARIA = Myriam, em hebraico = estrela, princesa, luminosa (Filho de Deus, Menino Meu)

Eis a comparação que Ms. James – espero! – talvez faça algum dia:

ANASTASIA STEELE, confusa e deslumbrada, chega aos bilionários domínios de Grey, Christian Grey. Sem que se dê conta, começa ali seu relacionamento de sevícias e escravidão sexual e emocional.
MARIA DE NAZARÉ, apaixonada por Deus, chega ao belo átrio do Templo de Deus, o Deus de Israel. Consciente e determinada, inicia ali, com alegria, sua vida de livre e feliz consagração a Deus.

ANASTASIA STEELE é seduzida pelo pretenso cavalheirismo, conversa sedutora e presentes caros de Christian.
MARIA DE NAZARÉ é livremente atraída pelo autêntico e verdadeiro amor de Deus que lhe deu a maior riqueza – ser purificada de todo pecado original – e lhe confia Seu Bem mais caro: o próprio Filho Jesus Cristo.

ANASTASIA STEELE, enceguecida, a confundir amor e prazer, recebe algemas de um sádico tirânico e violento, que a escraviza e compra sua mudez.
MARIA DE NAZARÉ, lúcida e em pleno uso da razão, recebe o anúncio de um anjo de Deus que a respeita e a deixa inteiramente livre para aceitar ou não ser mãe do Seu Filho pela ação do Espírito Santo, que lhe revela sua incomparável dignidade e a faz cantar em alto e bom som sua alegria na casa de Isabel.

ANASTASIA STEELE é ultrajada, desrespeitada, dominada, violentada por um homem egoísta, doente, obcecado pelo prazer, dinheiro e poder.
MARIA DE NAZARÉ é consultada, respeitada, libertada, amada pelo Deus de amor, de justiça, de liberdade, de esvaziamento de si por amor a ela e a todos os homens.

ANASTASIA STEELE é usada, rebaixada, como um objeto desprezível. Já doente e muitas vezes alcoolizada, já dependente do sexo sádico, já masoquista, consente em ser abusada, violentada, seviciada, destruída no corpo e na alma.
MARIA DE NAZARÉ entrega-se livre e cheia de amor à vontade de Deus de que seja a Virgem Mãe do Seu Filho. Lúcida, vive a obediência da fé e é elevada por Deus como A Mulher. Por amor a Deus e à humanidade, consente em ser a Bendita Mãe de Deus.

ANASTASIA STEELE consente no sexo sem amor e se faz estéril. Nega sua vocação à maternidade. Pela negação da graça, gera morte.
MARIA DE NAZARÉ consente na ação da graça da vontade de Deus. Sem conhecer homem, é fecunda. Acolhe sua vocação única à Maternidade e Virgindade. Pela ação do Espírito, gera Vida.

ANASTASIA STEELE não ama. Doente, manipulada, engana-se e confunde paixão com amor. Aliena-se em seu corpo, mente e alma. Entra em caminho de autodestruição.
MARIA DE NAZARÉ ama, com o amor que vem de Deus, o amor que se esquece de si. Na Anunciação, conhece o amor da Trindade, amor de doação. Mergulha na realidade e beleza da salvação. Entra em caminho para a feliz vida eterna.

ANASTASIA STEELE é escrava do prazer pelo prazer. Sente o vazio e o amargo gosto da solidão e falta de sentido quando findam os momentos de prazer. Seu mórbido e masoquista prazer é deixar-se ultrajar, humilhar e ferir por um homem sádico, doente, psicopata, egoísta.
MARIA DE NAZARÉ é livre serva do Senhor, na libertação da vivência do amor, da doação de si. Nunca sentiu solidão, pois Deus lhe era fiel em seu amor. O amor a Deus é o sentido inesgotável de sua vida. Seu prazer é fazer a vontade do Deus de bondade, ternura e amor.

ANASTASIA STEELE está marcada para sempre pela dor de ser usada e abusada como reles objeto de sádico prazer, em seu corpo e em sua alma, pois não há nada que se dê no corpo que não ocorra, ainda mais profundamente, na alma.
MARIA DE NAZARÉ está marcada para sempre pela alegria e exultação em Deus que a libertou do pecado e a santificou no corpo e na alma, pois não há nada que se dê profundamente na alma que não se reflita no corpo.

ANASTASIA STEELE, virgem ao encontrar Christian, desprezou e ultrajou a beleza da castidade.
MARIA DE NAZARÉ escolheu livremente a castidade e foi virgem antes, durante e depois do parto.

ANASTASIA STEELE vendeu-se. Foi abusada, sugada, desgastada. Tornou-se sensual, viciada e viciosa.
MARIA DE NAZARÉ deu-se gratuita e inteiramente. Foi plenificada de graça, de alegria, de gratidão. Tornou-se ainda mais forte, pura, vitoriosa em Deus.

ANASTASIA STEELE é doente, escura, do escuro negro do mais fechado tom de cinza. Cor negra do pecado, segundo Santa Teresa.
MARIA DE NAZARÉ é sadia, luminosa, da reluzente e íntegra luz sem sombras da Verdade. Luz plena da graça, segundo a Palavra.

ANASTASIA STEELE é infeliz iludida, ludibriada pela mentira, escrava do efêmero.
MARIA DE NAZARÉ é feliz conhecedora da Verdade, que a liberta e conduz à feliz eternidade.

ANASTASIA STEELE foi ferida pelo ódio sádico com chicotes, grampos e correntes. Presa ferida, ultrajada por seu algoz.
MARIA DE NAZARÉ teve o coração transpassado de dor e amor ao compartilhar a dor e a missão de seu Filho inocente, ferido pelo ódio injusto. Dilacerado por chicotes, preso com correntes para curar as feridas de todos os homens e libertá-los de escravidões ultrajantes, como as de Anastasia e Christian.

ANASTASIA STEELE escolheu a autodestruição.
MARIA DE NAZARÉ escolheu a autodoação.

ANASTASIA STEELE é alucinada fantasia.
MARIA DE NAZARÉ é autêntica realidade.

ANASTASIA STEELE escolheu o prazer. E ele passa!
MARIA DE NAZARÉ escolheu o amor. E ele é eterno!

ANASTASIA STEELE escolheu o álcool, o sexo doentio, a manipulação.
MARIA DE NAZARÉ escolheu a lucidez, a castidade, a liberdade interior.

ANASTASIA STEELE conheceu 50 tons de mentira e ilusão, fantasia e morbidez. 50 tons de escuridão, nebulosidade, engano, mentira.
MARIA DE NAZARÉ conhece apenas 1 tom de Verdade. A verdade é plena luz, não apresenta nem tons nem nuances. É “sim, sim; não, não”.

ANASTASIA STEELE faz mal a milhões de adolescentes, jovens, mulheres, homens e crianças.
MARIA DE NAZARÉ faz bem e intercede por todas as crianças, adolescentes, jovens, mulheres e homens. Ainda que a desprezem, ainda que não a conheçam.

ANASTASIA STEELE escolheu, covardemente, viver na carne.
MARIA DE NAZARÉ corajosamente, escolheu viver no Espírito.

ANASTASIA STEELE escolheu a escravidão à idolatria a Christian.
MARIA DE NAZARÉ escolheu a liberdade do amor a Cristo.

ANASTASIA STEELE ??? Ninguém mais ouvirá falar dela e de suas insanas fantasias destrutivas dentro de alguns meses.
MARIA DE NAZARÉ!!! Ninguém que a conheça a esquecerá ou ficará indiferente a ela!

ANASTASIA STEELE não conheceu nem amou Maria de Nazaré. Não daria nada por ela.
MARIA DE NAZARÉ amou e ama todas as infelizes e reais Anastasia Steele. Deu sua vida e seu Filho por elas.

EU escolhi lutar para me parecer com Maria, embora muito, muito pecadora. Escolhi o Espírito, a vida plena no Espírito. VOCÊ, com quem escolhe se parecer?

 

Maria Emmir Oquendo Nogueira

Canonização dos pais de Santa Teresinha do Menino Jesus no mês do Sínodo da Família

PapasDeSantaTeresa

O Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, anunciou que os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, Louis e Zelie Martin, serão canonizados em outubro deste ano, mês em que acontecerá o Sínodo da Família no Vaticano.

O anúncio do Cardeal Amato ocorreu apenas alguns dias depois do anúncio feito pelo bispo de Bayeux-Lisieux (França) sobre a sua intenção de abrir a causa de beatificação da irmã “difícil” de Santa Teresa de Lisieux, Leonia Martin, a terceira dos nove filhos do casal Louis e Zelie.

“Graças a Deus em outubro os dois cônjuges serão canonizados, pais de Santa Teresa de Lisieux”, disse o Cardeal Amato durante um recente encontro organizado pela Livraria Editora Vaticano para falar sobre o tema “Para que servem os santos?”, ressaltando a importância da santidade da família, tema do Sínodo que reunirá cardeais, bispos e peritos de todo o mundo para refletir sobre o tema da família.

“Os santos não são somente os sacerdotes e as religiosas, mas também os leigos”, assegurou o Cardeal referindo-se ao casal francês.

Louis e Zelie foram beatificados em 19 de outubro de 2008 pelo então Papa Bento XVI e sua canonização seria aprimeira na história deste tipo.

Seu caminho aos altares foi mais rápido que o dos cônjuges Luigi e Maria Beltrame Quattrochi, beatificados também simultaneamente em outubro do ano 2001.

Louis e Zelie Martin são os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, Padroeira das missões e uma das santas mais queridas pelo Papa Francisco, proclamada doutora da Igreja pelo Papa São João Paulo II em 1997.

Casados em 1858, Louis e Zelie tiveram nove filhos, dos quais quatro morreram na infância e cinco seguiram a vida religiosa.