O milagre de Lourdes que converteu um ganhador do Nobel

ALEXIS CARREL

Ele aceitou ir a Lourdes pensando em comprovar pessoalmente a falsidade dos supostos milagres – mas acabou presenciando um deles

Desde a primeira aparição da Santíssima Virgem Maria à menina francesa Bernadette Soubirous, a água da gruta de Lourdes tem sido fonte de curas milagrosas, tanto para quem visitou a gruta quanto para quem usou a água em lugares distantes. Desde a época de Bernadette, mais de 7.000 curas milagrosas foram relatadas ao Departamento Médico de Lourdes por peregrinos que visitaram o santuário. Este número não inclui os casos ocorridos fora de Lourdes.

LOURDES GROTTE

Jean-Paul Corlin I CC BY-SA 4.0

Havia tantas curas supostamente associadas à água e à gruta de Lourdes que a Igreja Católica decidiu criar o Departamento Médico de Lourdes, a ser constituído e liderado por médicos e cientistas. O objetivo do “Bureau“, como também é chamado, é avaliar os alegados casos milagrosos e verificar, entre outros critérios, se a cura em questão foi quase instantânea, se a saúde restabelecida se manteve durante todo o resto da vida e se a cura é cientificamente inexplicável. O Bureau é constituído por 20 médicos e cientistas. Seus registros estão abertos a qualquer médico ou cientista que queira fazer a própria investigação particular ou contestar qualquer caso específico reconhecido como “milagroso”.

Um dos casos mais significativos já registrados em Lourdes foi a cura de Marie Bailly, testemunhada por um médico então agnóstico, o Dr. Alexis Carrell. Ele próprio acabou se convertendo à fé católica depois de estudar a inexplicável cura que tinha presenciado.sua conversão.

O milagre de Marie Bailly

Em 1902, um amigo médico do Dr. Carrell o convidou para ajudar a cuidar de pacientes doentes que eram transportados por trem de Lyon até Lourdes. Carrell, na época, não acreditava em milagres, mas concordava em ajudar por amizade e pelo interesse em descobrir as causas naturais que permitiam curas tão rápidas como as que aconteciam em Lourdes.

No trem, ele encontrou uma mulher chamada Marie Bailly, que sofria de peritonite tuberculosa aguda. Seu abdômen estava consideravelmente distendido, com grandes massas duras. Marie estava apenas parcialmente consciente. Carrell acreditava que ela morreria muito rapidamente depois de chegar a Lourdes – ou até antes. Outros médicos presentes no trem concordaram com esse diagnóstico.

Assim que o trem chegou a Lourdes, Marie foi levada até a gruta, onde três jarros d’água foram derramados sobre seu abdômen distendido. Após o primeiro derramamento, ela sentiu uma dor lancinante, que diminuiu depois do segundo. Após o terceiro derramamento d’água, ela experimentou o que descreveu como uma sensação agradável. Seu estômago começou a se achatar e seu pulso voltou ao normal.

Carrel estava em pé logo atrás de Marie, junto com outros médicos, tomando notas enquanto a água era derramada sobre seu abdômen. Ele escreveu:

“O abdome, enormemente distendido e muito duro, começou a se achatar. Em 30 minutos [a protuberância] havia desaparecido completamente. Nenhuma descarga foi observada do corpo”.

Marie, pouco depois, se sentou na cama, jantou (sem vomitar) e, no dia seguinte, saiu da cama sozinha e se vestiu. Embarcou no trem, sentou-se em um dos bancos duros e chegou a Lyon revigorada.

Carrel continuou interessado em suas condições psicológicas e físicas e pediu que ela fosse monitorada por um psiquiatra e um médico durante quatro meses. Depois desse tempo, Marie se juntou às Irmãs da Caridade para trabalhar com os doentes e os pobres em uma vida bastante árdua. Ela faleceu em 1937, aos 58 anos.

A conversão de Carrel

Quando Carrel testemunhou esse evento inacreditavelmente rápido e medicamente inexplicável, acreditou ter visto o que as pessoas chamavam de milagre, mas era difícil, para ele, apartar-se do antigo agnosticismo cético.

Além disso, ele não queria ser testemunha, como médico, de um evento milagroso: Carrel sabia que, se o caso se tornasse público, a sua carreira na faculdade de medicina de Lyon se arruinaria.

Mas a cura de Marie Bailly se mostrava tão evidentemente milagrosa, por ter sido tão rápida, tão completa e tão inexplicável, que acabaria se tornando pública de qualquer forma na mídia da França e do mundo todo. Repórteres chegaram a publicar que Carrel não considerava que a cura tivesse sido um milagre, o que o forçou a escrever uma resposta pública. Em sua manifestação, o doutor afirmou que um lado, composto por crentes, tinha chegado rapidamente demais à conclusão de que ocorrera um milagre, mas também declarou que o outro lado, composto pela comunidade médica, tinha se recusado injustificadamente a reconhecer fatos que pareciam de fato milagrosos.

Como Carrel temia, a sua defesa da possibilidade da cura milagrosa de Bailly causou o fim da sua carreira na Faculdade de Medicina de Lyon. Ironicamente, porém, o efeito foi muito positivo para o seu futuro: ele se transferiu para a Universidade de Chicago e, depois, para a Universidade Rockefeller. Graças ao seu trabalho em anastomose vascular, Carrel recebeu nada menos que o Prêmio Nobel de Medicina de 1912.

Ele ainda retornaria muitas vezes a Lourdes, e, em uma das ocasiões, testemunhou um segundo milagre: a cura instantânea de um menino cego de 18 meses.

Apesar desses dois milagres que viu com os próprios olhos, Carrel relutou até 1942 antes de finalmente conseguir afirmar conclusivamente a realidade dos milagres. Naquele ano, ele anunciou publicamente que acreditava em Deus, na imortalidade da alma e nos ensinamentos da Igreja Católica.

Cientistas e fé

Mais próximo da nossa época, outro médico premiado com o Nobel de Medicina afirmou:

“Muitos cientistas cometem o erro de rejeitar o que não entendem. Não gosto dessa atitude. Frequentemente cito a frase do astrofísico Carl Sagan: ‘A ausência de prova não é prova de ausência’ (…) Quanto aos milagres de Lourdes que eu estudei, creio que realmente se trata de algo inexplicável (…) Não consigo entender esses milagres, mas reconheço que há curas que não estão previstas no estado atual da ciência”.

Trata-se do Dr. Luc Montagnier, que, entre outras relevantes contribuições à ciência, ficou famoso pela descoberta do vírus HIV. Segundo ele, é recomendável que os incrédulos, em vez de promulgarem os seus próprios dogmas de “intelectualidade superior” diante daquilo que não entendem, procurem conhecer o assunto com mais rigor científico e menos conclusões precipitadas (e anticientíficas).

De fato, são milhares os registros de “curas inexplicáveis” que acontecem todos os anos no santuário mariano de Lourdes, mas são pouquíssimas as curas consideradas efetivamente milagrosas por parte da Igreja, que, talvez para surpresa de muitos, adota critérios rigorosos em sua minuciosa avaliação científica de cada caso.

Significado do Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

A arte bizantina sempre foca na transmissão de uma mensagem

O quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi pintado em estilo bizantino, uma expressão da arte que não pretende destacar cenas ou pessoas, mas transmitir uma mensagem espiritual.

Eis o simbolismo contido na imagem:

1. Em grego, estas abreviações posicionadas à esquerda e à direita do quadro significam “Mãe de Deus”.

2. O quadro original foi coroado em 1867.

3. A estrela, quando associada a Nossa Senhora, significa que Maria é nossa guia até Jesus, conduzindo-nos pelo mar da vida até o porto da salvação.

4. Abreviação do Arcanjo São Miguel.

5. O Arcanjo São Miguel apresenta a lança com que foi perfurado o lado de Cristo, a vara com a esponja embebida em vinagre oferecida a Cristo na Cruz para que bebesse, e o cálice da amargura.

6. A boca de Nossa Senhora guarda silêncio.

7. A túnica é vermelha, cor da realeza e do martírio.

8. O Menino Jesus segura as mãos de Maria, que permanecem abertas como convite a colocarmos ali as nossas próprias mãos, unindo-nos a Jesus; e os dedos de Nossa Senhora apontam para o Filho, mostrando que Ele é o Caminho.

9. Abreviação do Arcanjo São Gabriel.

10. Maria olha diretamente para nós.

11. São Gabriel com a Cruz e os pregos.

12. Abreviatura de Jesus Cristo em grego.

13. Jesus veste roupas da realeza. O halo ornado com uma cruz proclama que Ele é o Cristo.

14. A mão esquerda de Maria sustenta Jesus: a mão do consolo que ela estende a todos os que a procuram nas lutas da vida.

15. A sandália desatada simboliza a humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo e a esperança de um pecador que, agarrando-se a Jesus, vai em busca da Sua misericórdia. O Menino levanta o pé para não deixar a sandália cair, visando assim salvar o pecador.

16. O manto azul com forro verde sobre a túnica vermelha também apresenta cores da realeza. Somente a imperatriz podia usar essas combinações de cores na tradição bizantina. O azul, além disso, era ainda o emblema das mães.

17. Por fim, todo o fundo dourado destaca a importância de Maria: é símbolo de poder e nobreza, bem como da glória do Paraíso para onde iremos, levados pelo Perpétuo Socorro da Santíssima Mãe de Deus e Mãe nossa.

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Adaptado a partir de artigo do blog espelhodejustica.blogspot.com

O “fiat” de Maria: o que é?

Muitas vezes ouvimos esta expressão “o fiat de Maria” ou “Maria deu o seu fiat a Deus”, mas não sabemos o que significa. Pensamos que se trata de um automóvel, mas logo percebemos que carros não têm nada a ver com a época de Nossa Senhora.

O automóvel FIAT significa: Fábrica Italiana de Automóveis de Turim. Mas, aqui, neste caso, estamos falando da palavra “fiat”, que é do latim e significa “faça-se”. Em outras palavras, o “fiat” de Maria foi o seu “faça-se em mim segundo a Sua Palavra”, dada ao anjo São Gabriel, quando ele anunciou que Deus a queria para Mãe do Salvador. Então o “fiat” de Nossa Senhora foi o seu “sim” a Deus.

Logo abaixo temos a oportunidade de ler um pequeno discurso do Santo Padre feito aos jovens e falando do “sim” de Maria, que deve ser imitado.

“Queridos jovens, que constituís a esperança da Igreja na Itália!

… Dizei a Jesus: eis-me, estou aqui, certamente ainda não sou como tu me queres, nem sequer consigo compreender profundamente a mim mesmo, mas com a tua ajuda estou pronto para te seguir. Senhor Jesus, esta tarde gostaria de te falar, fazendo minha a atitude interior e o abandono confiante daquela jovem mulher, que há mais de dois mil anos pronunciou o seu “sim” ao Pai que a escolheu para ser a tua Mãe. O Pai escolheu-a porque era dócil e obediente à sua vontade. Como ela, como a pequena Maria, cada um de vós, queridos jovens amigos, diga com fé a Deus: Eis-me, “faça-se em mim segundo a tua palavra”!

Que espectáculo maravilhoso de fé jovem e envolvedora estamos a viver esta tarde! Loreto tornou-se esta tarde, graças a vós, a capital espiritual dos jovens; no centro para o qual convergem idealmente as multidões de jovens que povoam os cinco Continentes. Neste momento sentimo-nos como que circundados pelas expectativas de milhões de jovens do mundo inteiro: neste mesmo momento alguns estão vigilantes, outros dormem, outros ainda estudam ou trabalham; há quem espera e quem desespera, quem crê e quem não consegue crer, quem ama a vida e quem, ao contrário, a está desperdiçando. Gostaria que a todos chegassem estas minhas palavras: o Papa está próximo de vós, partilha as vossas alegrias e as vossas tristezas, sobretudo partilha as esperanças mais íntimas que estão no vosso coração e para cada um pede ao Senhor o dom de uma vida plena e feliz, uma vida rica de sentido, uma vida verdadeira.

Infelizmente hoje, com frequência, uma vida repleta e feliz é considerada por muitos jovens como um sonho difícil ouvimos tantos testemunhos e por vezes alguns irrealizáveis. Muitos dos vossos coetâneos olham para o futuro com apreensão e fazem não poucos questionamentos. Perguntam-se preocupados: como inserir-se numa sociedade marcada por numerosas e graves injustiças e sofrimentos? Como reagir ao egoísmo e à violência que por vezes parecem prevalecer? Como dar sentido pleno à vida? Com amor e convicção repito a vós, aos vossos coetâneos do mundo inteiro: não tenhais medo, Cristo pode satisfazer as aspirações mais profundas do vosso coração! Há porventura sonhos irrealizáveis quando quem os suscita e os cultiva no coração é o Espírito de Deus? Há algo que pode impedir o nosso entusiasmo quando estamos unidos a Cristo? Nada e ninguém, diria o apóstolo Paulo, jamais nos poderá separar do amor de Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor (cf. Rm 35-39).

Deixai que esta tarde eu vos repita: cada um de vós, se permanecer unido a Cristo, pode realizar coisas grandiosas. Eis por que, queridos amigos, não deveis ter medo de sonhar de olhos abertos grandes projectos de bem e não vos deveis desencorajar pelas dificuldades. Cristo tem confiança em vós e deseja que possais realizar cada um dos vossos projectos mais nobres e altos de felicidade autêntica. Nada é impossível para quem confia em Deus e se entrega a Ele. Olhai para a jovem Maria! O Anjo perspectivou-lhe algo verdadeiramente inconcebível: participar do modo mais envolvedor possível no maior dos planos de Deus, a salvação da humanidade. Perante esta proposta Maria, como ouvimos no Evangelho, permaneceu perturbada, sentindo toda a pequenez do seu ser perante a omnipotência de Deus; e perguntou: como é possível, por que precisamente eu? Mas estando disposta a cumprir a vontade divina, pronunciou imediatamente o seu “sim”, que mudou a sua vida e a história da humanidade inteira. É graças ao seu “sim” que também nós nos encontramos aqui esta tarde.

Interrogo-me e pergunto-vos: os pedidos que Deus nos faz, por mais empenhativos que nos possam parecer, poderão ser comparados com o que foi pedido por Deus à jovem Maria?

Queridos jovens e moças, aprendamos de Maria a dizer o nosso “sim”, porque ela sabe verdadeiramente o que significa responder com generosidade aos pedidos do Senhor. Maria, queridos jovens, conhece as vossas aspirações mais nobres e profundas. Conhece bem, sobretudo, o vosso grande desejo de amor, a vossa necessidade de amar e de ser amados. Olhando para ela, seguindo-a docilmente, descobrireis a beleza do amor, mas não de um amor “descartável”, passageiro e enganador, aprisionado por uma mentalidade egoísta e materialista, mas com um amor verdadeiro e profundo. No mais íntimo do coração cada jovem que se prepara para enfrentar a vida, cultiva o sonho de um amor que dê sentido pleno ao próprio futuro. Para muitos isto realiza-se na opção pelo matrimónio e pela formação de uma família na qual o amor entre um homem e uma mulher seja vivido como doação recíproca e fiel, como dom definitivo, selado pelo “sim” pronunciado diante de Deus no dia do matrimónio, um “sim” por toda a existência. Sei bem que este sonho é hoje sempre menos fácil de se realizar. Quantas falências do amor à nossa volta!”

(DISCURSO DO SANTO PADRE EM VISITA PASTORAL A LORETO POR OCASIÃO DO ÁGORA DOS JOVENS ITALIANOS – VIGÍLIA DE ORAÇÃO COM OS JOVENS NA ESPLANADA DE MONTORSO – Sábado, 1 de Setembro de 2007