Sydney Wright era uma adolescente lésbica perdida que achou que mudar de sexo resolveria todos os seus problemas.| Foto: Sydney WrightSydney WrightThe Daily Signal
[12/10/2019] [12:04]
Não consigo ficar em paz com o que fiz a mim mesma nos últimos dois anos, muitos menos com a “ajuda” que alguns profissionais da saúde me deram. Há dois anos, eu era uma menina linda e saudável perto de me formar no ensino médio. Em pouco tempo, me transformei no pesadelo pré-diabético e obeso de um homem transgênero.
Não vou culpar apenas os profissionais da saúde, porque eu deveria ter adivinhado. Mas eles certamente me ajudaram muito a fazer mal a mim mesma — e ganharam muito dinheiro fazendo isso. Eis minha história.
Desde a infância, sempre fui diferente das outras meninas. Eu usava roupas de menino e brincava com brinquedos de meninos. Eu era a clássica “menina-moleque”. À medida que eu crescia, comecei a me interessar amorosamente por outras meninas. Na verdade, à exceção de um menino no ensino médio, só namorava meninas.
Na época, você não saberia, só de olhar para mim, que eu era gay. Eu tinha cabelos louros compridos, usava maquiagem e me comportava femininamente. Mas, na minha cabeça. Eu sabia que era gay — embora eu fosse uma gay cheia de ódio por mim mesma. A verdade é que eu não gostava de gays e não queria ser associada a eles. Ainda assim, lá estava eu, saindo apenas com meninas.
Aos 17 anos, meus pais passaram por um longo processo de divórcio e eu estava morando com meu pai. Foi quando ele descobriu que eu estava namorando meninas. Ele imediatamente me expulsou de casa, dizendo que ou eu mudava ou caía fora. Sem muita escolha, fui morar com minha mãe.
Pouco depois disso, cortei meus cabelos — uma decisão que irritou meu pai e minha mãe. Mas o que aconteceu em seguida irritou ainda mais a mim. Aos 18 anos, comecei a ver várias “histórias de sucesso” de homens transgêneros no Instagram. Os homens trans falavam que sempre sentiram que havia algo de “estranho” com eles e que os outros não percebiam que eles tinham sido do sexo oposto depois da transição. As histórias pareciam ter um final feliz — o que me deu inveja.
Eis-me aqui recebendo olhares de reprovação por andar de mãos dadas com minha namorada em público, sendo que estava sendo constantemente julgada por todos, enquanto os transgêneros podiam namorar parceiros do mesmo sexo tendo a aparência do sexo oposto. Eu me ressentia disso e comecei a invejar os transgêneros. Eu queria aquilo para mim mesma.
Um caminho rápido rumo à transição
Tudo o que eu lia era a favor da transição. Infelizmente, eu não achei nenhum artigo sobre o arrependimento dos transgêneros ou sobre os graves problemas de saúde decorrentes da transição. Os artigos só mencionavam que a transição faria de você uma pessoa corajosa e que seria bom para você.
Esforcei-me ao máximo para encontrar livros que discutissem o assunto com um olhar crítico e me expondo a opiniões opostas, mas só consegui encontrar autores pró-transgênero. Diante disso, a minha conclusão foi óbvia: se todos os “especialistas” defendiam a transição, por que não passar por ela?
Todos os dias eu me via como uma “sapatão” horrível, uma coisa não natural, uma lésbica. Odiava essa imagem e preferia ser um homem namorando meninas. Então procurei no Google o que teria de fazer para passar pela transição e virar um homem. O primeiro passo foi encontrar um terapeuta que escrevesse uma carta de recomendação a fim de que eu começasse a tomar hormônios masculinos.
Encontrei rapidamente uma terapeuta que disse que me ajudaria, e disse a ela que queria começar a tomar hormônios no meu aniversário de 19 anos, que seria dali a cinco semanas. Ela exigia apenas uma sessão de uma hora por semana. Não é tempo o bastante para se conhecer alguém. Mas aquelas cinco horas me renderam uma carta de recomendação que me abriu as portas para o mundo da terapia hormonal e permitiu que eu me transformasse num “homem”. Ela também me ajudou a mudar meu “sexo” na minha carteira de motorista. Agora entendo que a rapidez disso tudo foi um problema. Se a terapeuta tivesse ido mais devagar e sido mais cuidadosa, ela teria percebido que eu não era realmente trans.
Mas, nessa época, eu via os vídeos promocionais. Estava convencida de que meu gênero é que estava “errado” e a terapeuta me orientou por todo o processo e fez com que eu sentisse que precisava mesmo de uma mudança de sexo. Meus amigos também me encorajavam a passar pela transição. “Você é uma menina linda”, diziam. “Você será um menino lindo também!”. Outros tinham medo de dizer que eram contra. Afinal, estávamos em 2017. Nunca sofri reprimendas de ninguém.
Claro que na realidade eu não era menino, mas ouvir o contrário era a última coisa de que eu precisava. Eu estava simplesmente insegura quanto a ser um tanto quanto masculina e lésbica em público. Minha terapeuta nunca tentou se sentar comigo e descobrir o que estava acontecendo. Ao contrário, ela me fazia perguntas como “quando você começou a se sentir assim?” e “por que você se sente assim?” Ela nunca tentou impedir que eu passasse pela transição.
O golpe que me marcou para sempre
Assim que recebi minha carta de recomendação, fui a um médico em Atlanta para passar pelo que se revelou como o pior tratamento da minha vida. O médico veio e perguntou se eu tinha alguma pergunta. “Estou um pouco nervosa”, eu disse. “Você quer fazer isso?”, perguntou ele. “Sim”, eu disse. Ao que ele respondeu: “Certo. Onde está sua carta de recomendação?”
Eu lhe entreguei a minha carta, mas ele não a abriu — nem para ver se era mesmo legítima. Ele disse: “Vou lhe dar uma receita de testosterona”. Aquilo me surpreendeu — eu achava que ele mesmo faria a aplicação. “Não é o senhor quem vai me dar a injeção?”, perguntei. Ele, então, sugeriu sarcasticamente que eu voltasse para Roma, na Geórgia (uma viagem de quatro horas), comprasse o hormônio e voltasse para o consultório a fim de que ele me desse a injeção.
Aquilo não fazia sentido, e ele sabia disso. “Mas não sei como aplicar”, disse. “Não há como errar”, respondeu ele. Ele me disse para ir para casa e aprender. Ele sugeriu que eu assistisse a um vídeo do YouTube.
Isso realmente me deixou com medo. Eu deveria ter percebido que aquilo era um sinal de que o médico não se importava, que era tudo um plano para ganhar dinheiro. A abordagem displicente dele demonstrava que ele tinha certeza de que não seria considerado responsável pelas consequências do tratamento. Mas, naquele momento, eu ainda estava perdida. Achava que a transição poderia me transformar numa pessoa “normal”. Infelizmente, não era isso o que me aguardava.
Destruindo meu próprio corpo
As injeções de hormônios masculinos começaram a fazer efeito, mas não da forma como eu esperava. Comecei a ganhar mais e mais peso. Minha pele começou a ficar inchada e a perder a cor. Meu sangue começou a ficar espesso. O consultório médico me submetia a exames de sangue a cada três meses e os exames disseram que eu era agora pré-diabética — algo que era uma novidade para mim.
O médico responsável por minha transição disse para eu não me preocupar, mas achei melhor consultar outro médico e obter uma segunda opinião. Ele disse que, por causa do sangue mais espesso, eu corria o risco de sofrer um ataque cardíaco ou um derrame. Eu me submeti a isso por quase um ano. Ao longo deste tempo, ganhei 25 quilos e fui a pessoa mais triste do mundo. Nenhum dos problemas que eu achava que isso resolveria foram resolvidos e eu me tornei uma pessoa com ainda menos autoconfiança do que antes. Comecei a me arrepender.
Mas infelizmente eu estava presa. Já tinha declarado a todo mundo que eu era aquilo. Tinha mudado meu gênero e tinha obrigado as pessoas a aceitarem isso e a me chamarem por meu novo nome: Jaxson. No trabalho, os homens tinham que aceitar que a colega, ante mulher, usasse o mesmo banheiro que eles.
Todos pisavam em ovos ao meu redor — e as pessoas aceitavam tudo caladas, por medo do que poderia acontecerem se demonstrassem contrariedade. (Afinal, já havia empregadores sendo processados por esse tipo de coisa). Ninguém era capaz de dizer que o que eu estava fazendo era errado ou “ei, acorde!”. Umas poucas almas corajosas no trabalho tentaram me perguntar “você tem certeza?” e “por que você não pensa melhor nisso?”
Enquanto isso, minha mãe chorava todos os dias por conta do que eu estava fazendo comigo mesma, ao mesmo tempo em que se culpava por aquilo. Por fim, um dia meu avô se sentou comigo para conversarmos. Ele era e ainda é a única pessoa com cuja opinião eu me importo. Com lágrimas nos olhos, ele me pediu para parar com aquilo.
Tudo em mim queria continuar com o processo — não porque eu realmente quisesse, e sim por orgulho. “O que as pessoas vão pensar?”, eu me perguntava. Eu tinha obrigado todos a aceitarem a transição. Se eu de repente a abandonasse, o que eu diria aos outros? Essas perguntas me consumiam. E ali estava meu avô, o homem que eu mais respeito no mundo, implorando para que eu parasse, em meio a lágrimas. Eu simplesmente não podia lhe dizer “não”.
Foi minha salvação. Eu teria deixado que o tratamento me matasse antes de admitir que fizera algo de errado. A intervenção dele salvou minha vida. Então decidi abandonar a transição — e abandonei de uma só vez, sem nem ir ao médico de novo. Mas infelizmente nada era tão simples assim.
Menos de duas semanas depois de parar com o tratamento hormonal, a síndrome de abstinência bateu forte. Em pouco tempo eu caí no chão, gemendo, chorando, vomitando, incapaz de manter qualquer coisa no estômago e de comer. Estar doente todos os dias era exaustivo. Fui ao hospital três vezes e passei por dois procedimentos para que os médicos descobrissem o que estava acontecendo comigo. Meus hormônios estavam desequilibrados e eu estava péssima.
Da última vez em que fui levada para a emergência, estava tomando banho quando de repente tive uma síndrome de abstinência. Chamei minha mãe, que teve de dirigir por meia hora para me tirar do chuveiro e me levar ao hospital. Achei que não conseguiria chegar lá viva.
Antes de a emergência me dar um sedativo, implorei que minha mãe os obrigassem a me internar. “Vou morrer se voltar para casa ou se sair daqui”, eu disse. Ela e eu ficamos sentadas, chorando, até que eu desmaiei por causa dos sedativos que me deram. Achei que não fosse sobreviver.
Por fim, a esperança
Depois de quatro meses cansativos ficando doente todos os dias e perdendo 25 quilos, finalmente voltei a ter uma vida seminormal. Hoje estou mais estável, mas meu corpo leva consigo as cicatrizes da terapia de mudança de gênero. Minha voz ainda é grossa e eu pareço um homem. Hoje estou mil dólares mais pobre por causa dos custos, embora isso tenha sido uma fração do que o seguro-saúde pagou.
E, por causa daquela carta que dizia que sou irreversivelmente homem, minha carteira de motorista agora diz que sou “homem”. Terei de me apresentar num tribunal para provar que sou mulher. Ainda assim, sou grata por ter saído desse caminho horrível viva e antes de ter meu corpo mutilado.
Para mim, é uma loucura que a nossa sociedade permita que isso aconteça aos jovens. Aos 18 anos, eu não tinha idade nem para comprar álcool, mas tinha idade o bastante para procurar um terapeuta e tomar hormônios para trocar de sexo. Isso está acontecendo a jovens vulneráveis mais novos do que eu, e os adultos não estão nem aí.
Quando você entra nessas clínicas, não vê pessoas mais velhas ao seu redor. São meninos e meninas brincando de usar roupas do sexo oposto, levadas lá por pais que não sabem o que estão fazendo, esperando por consultas que provavelmente arruinarão suas vidas.
Espero que eu não seja a única a perceber o problema disso. Nossa cultura criou uma autoestrada para a transição de gênero que resultará apenas em corpos cheios de cicatrizes e vidas destruídas — e a comunidade médica é cúmplice. Eu estive pessoalmente com esses médicos e lhes dei meu dinheiro. Posso dizer que eles não se importam.
Essa é uma crise de saúde pública que nossa imprensa e os políticos ignoram completamente. Cada vez mais jovens estão sendo enganados, ouvindo que a solução para a insegurança e os problemas de identidade deles é a mudança de sexo. Este é simplesmente o pior caminho para um jovem.
Até que façamos algo, até que a comunidade médica crie barreiras e comece a cumprir seu papel — e até que os políticos tenham coragem de agir — veremos mais pessoas assim, com cicatrizes por toda a vida. No mais, espero que minha história sirva como um alerta e poupe algum outro adolescente da agonia e sofrimento pelos quais passei.