A Igreja, durante todo o ano, vai nos proporcionando tempos favoráveis para crescermos na Fé, Esperança e Caridade.
A Quaresma é este tempo favorável, de graça, que devemos parar e refletirmos sobre nossa vida de cristãos, nossa fé e testemunho, e desta forma nos prepararmos para a missão que Jesus nos confiou (Mc 16,15-18). E neste primeiro dia da Quaresma o Senhor nos diz:
12 ‘Agora, diz o Senhor,
voltai para mim com todo o vosso coração,
com jejuns, lágrimas e gemidos;
13 rasgai o coração, e não as vestes;
e voltai para o Senhor, vosso Deus;
ele é benigno e compassivo,
paciente e cheio de misericórdia,
inclinado a perdoar o castigo’.
O Senhor nos chama a voltarmos para Ele. Mas o que significa voltar? Se raciocinarmos, é porque estamos longe. É necessário voltarmos à origem para que fomos criados, a imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26), que é Amor.
É tempo de rasgarmos nosso coração, nos abrirmos acolhendo a graça, o perdão e os ensinamentos de Deus e ir em direção ao outro. O jejum que o Senhor nos chama a praticar é o da justiça, do amor e do perdão.
1 – Justiça:
E o que é a justiça de Deus se não a sua Misericórdia? A justiça do homem analisa os fatos e determina a sentença, a justiça de Deus olha o homem como filho e derrama a sua misericórdia. E assim como o Senhor faz conosco, somos chamados a nos dirigir ao outro, com paciência, mansidão e amor. Mas só é possível realizar o “jejum” da justiça para com os homens, se antes nos sentirmos amados, queridos e perdoados por Deus. Desta forma a primeira obra que deve acontecer é em nosso coração, em nossa vida. Mas é uma obra que só o Espírito Santo poderá realizar (Mt 3,13-17), é só mergulhar no batismo de Jesus no rio Jordão, por João Batista, pois só depois Ele estava pronto para renunciar todas as propostas do Demônio (Mt 4,1-11), naquele momento é acolhido pelo Pai e sente-se profundamente amado.
A justiça de Deus para acontecer em nossa vida, é necessário a força do Espirito Santo, que nos levará ao encontro pessoal com a Pessoa de Jesus.
Podemos meditar o encontro de Jesus com Zaqueu (Lc 19,1-10), como encontro e prática da justiça. Zaqueu procurava ver Jesus, e foi necessário fazer um esforço, pois os obstáculos (multidão) eram muitos em sua vida. Este esforço físico nós poderemos comparar com algum jejum que façamos, nos abstendo de algum alimento, pois nosso jejum físico não é para que as pessoas nos aplaudam ou para cumprir normas, mas para nos ajudar a encontrarmos com Jesus. Vendo naquele homem, o desejo de seu coração, Jesus vai a casa de Zaqueu. Ele deseja adentrar em todas as nossas casas, em nossos corações e ali conversar, estar conosco. E fico imaginando o olhar de amor e acolhimento de Jesus para com aquele homem e ao mesmo tempo a mudança interior que foi acontecendo dentro de Zaqueu.
E a palavra nos diz que Zaqueu pondo-se de pé (assumiu sua dignidade de filho de Deus e sua missão), reconhece que estava errado e diz que irá restituir tudo que roubou. E Jesus diz que a salvação entrou naquela casa. Quantas vezes olhamos esta palavra e pensamos apenas em roubo material, mas quantos de nós roubam a paz, a dignidade, a salvação, a alegria, a liberdade, a vida dos irmãos, quando somos egoístas, adúlteros, individualistas, materialistas, omissos, condenando e perdendo a esperança na salvação do irmão.
É preciso trilharmos este caminho de Zaqueu, que encontrando Jesus, o leva para sua casa, e deste encontro, encontrar a prática de verdadeira justiça. E desta justiça encontraremos o Amor e o Perdão.
Janet Alves