Está semana estive hospedada em um Hotel, na cidade de Mossoró, e fui surpreendida no hall do mesmo, com um cartaz que dizia: “Se tem festa, tem que ter camisinha”. E logo abaixo: “não importa a balada, nem onde, nem com quem, o importante é usar camisinha”.
Fiquei meditando sobre o valor que tem a pessoa humana aos olhos dos grupos que realizam estas campanhas, e como podemos aceitar que governos as realizem dizendo, principalmente aos nossos jovens, que onde estiverem com quem encontrarem, podem se comportar como animais, e transarem a vontade, contudo que usem camisinha.
Vejo este tipo de campanha como uma afronta ao valor do nosso corpo, da pessoa, que não é “coisa” de uso, que podemos sair oferecendo a quem quiser, e que a única preocupação seja a possível proteção a doenças sexualmente transmissíveis. Que o único fator determinante para um jovem ter relação sexual é ter uma camisinha em seu bolso (?).
Como posso admitir, e não me indignar com um governo que não está preocupada com os sentimentos de tantas jovens, que se sentem objeto de prazer para outros jovens. Como não me indignar ao ver um governo que não se compromete com a dignidade da pessoa, em relação a sua sexualidade, tratando-a como genitalidade, e desta forma reduzindo uma expressão de amor a simples minutos ou segundos de prazer. Como não me indignar com um governo que deveria olhar para as famílias e respeitar seus filhos, e não incentivá-los a promiscuidade. Como não me indignar com os que participam da elaboração destas campanhas, e que não se preocupam com os traumas que atingem os nossos jovens por se sentirem tratados como coisas, e que enchem os consultórios dos psicólogos em busca do sentido de suas vidas? Sentido da vida que só acharão quando olharem para dentro de si e descobrirem o seu valor como pessoa e ser acolhidos como tal.
A pessoa humana foi criada para amar, e o sentido da palavra amar quer dizer: conhecer e doar-se ao outro, se comprometer, sentir-se acolhido(a) e acolher. A sexualidade é bela, quando vivida como expressão do amor entre o homem e a mulher, que se complementam, se casam, se comprometem, cuidam um do outro, ou seja, acontece a Kenosis que é próprio de quem se ama.
Que tipo de homens e mulheres estamos formando em nosso país? Que cultura do uso e descartável estamos formando nossos jovens? Porque é esta juventude, formada no relativismo e coisificação das pessoas, de onde um dia sairão os governantes, os profissionais liberais, as mães e pais de amanhã.
É necessário que questionemos as campanhas realizadas em nosso país, que infelizmente, são pensadas e realizadas por pessoas que não conhece o seu valor, sua verdadeira dignidade, e como não tem este olhar para si, não podem ter para os outros.
Que possamos dizer com palavras e testemunho aos nossos jovens, que estas campanhas trazem um grande equívoco sobre a sexualidade, e que eles se divirtam, dancem, conheçam pessoas, namorem, sorriam e respeitem o seu corpo e o do outro, e não se deixem levar por propagandas que querem apenas vender camisinhas, cumprir acordos e contratos realizados entre partes e governos.
Que Deus nos abençoe e nos guarde.
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Janet Melo de Saboia Alves
Co-fundadora da Comunidade Católica Reviver pela Misericórdia