Nossa luta contra as trevas deve ser incessante. Para compensar aos que não mais acreditam nesta espantosa realidade, pessoas cuja falsa teologia é de perdição. Devemos nós, continuar a trazer estes textos de revelações visões de pessoas e de santos de nossa Igreja, para que todos finalmente acreditem e tenham tempo de conversão. Nem que seja pelo medo de cair lá. Acreditem, é horrível. Eu já vi…
A noite de 16 de Março às dez horas, ouvi, como os dias precedentes, um barulho confuso de gritos e cadeias. Levantei-me rapidamente e vesti-me, e tremendo de medo, ajoelhei-me na parte inferior da minha cama. O barulho aproximava-se, e sem saber o que fazer, marchei do dormitório, e fui à cela da nossa Santa Mãe; então fui de novo ao dormitório: os mesmos barulhos estarrecedores rodeavam-me; seguidamente, de repente vi frente de mim o diabo.
– Amarrem-lhe os pés e as mãos, urrou. Imediatamente perdi consciência de onde estava, e senti-me arrastada muito longe. Outras vozes gritavam: – ‘nada bom de amarrar os seus pés; é o seu coração o que devemos amarrar. – Isso não pertence a mim, foi a resposta do diabo.
Então fui arrastada por um corredor longo, muito escuro e sem fim, e dos lados ressoavam terríveis gritos. Dos lados opostos dos muros do estreito corredor havia uns nichos que vertiam fumo, não obstante com chamas muito pequenas, e que emitiam um cheiro intolerável. Destes nichos vinham vozes blasfemadoras, e gritos e palavras impuras. Alguns maldizem os seus corpos, outros os seus pais… Era um barulho de gritos confusos de fúria e desespero.
Então recebi uma pancada brutal no estômago que me dobrou em dois, e forçou-me dentro dum dos nichos. Senti-me como se fosse esmagada entre duas tábuas escaldantes e como se me perfurassem o corpo através de agulhas grossas, ardentes e pontiagudas parecia furar a minha carne. A minha alma caiu nas profundezas insondáveis, cujo fundo não pode ser visto, porque é imenso…
O que me causou a maior dor… e ao que nenhuma outra tortura pode ser comparada, era a angústia da minha alma achando-se separada de Deus…
Dizia uma alma: – Se algum de nós, que aqui estamos, pudesse fazer um só ato de amor, isto já não seria inferno!… Mas não podemos; nosso alimento é odiar e abominar! É ainda uma dessas desgraçadas almas quem fala: – O maior tormento aqui é não poder amar Aquele que devemos odiar. A fome de amor nos consome, mas é tarde demais… Tu também sentirás esta mesma fome: odiar, abominar e desejar a perdição das almas… É este o nosso único desejo!
Todos estes dias em que sou arrastada ao inferno, (diz Josefa) quando o demônio ordena aos outros que me martirizem, eles respondem: “Não podemos… Seus membros já foram martirizados por Aquele… (designam a Nosso Senhor com uma blasfêmia). Então ele manda que me deem enxofre a beber… Reparai também que, quando eles me acorrentam para me levar ao inferno, nunca podem atar-me pelo lugar em que usei instrumentos de penitência. Tudo isto escrevo para obedecer.
Alguns rugem pelo martírio que sofrem nas mãos. Penso que roubaram porque dizem: – Onde está o que tiraste?… Malditas mãos!… Por que aquela ambição de ter o que não era meu e que não poderia guardar… Senão alguns dias?… Outros acusam as próprias línguas, os próprios olhos… Cada um aquilo que lhe havia sido motivo de pecado: – Bem pagas estão agora as delícias que tomavas meu corpo!… e foste tu que quiseste!…
Parece que as almas se acusam principalmente de pecados contra a pureza, de roubos, de negócios injustos e que a maioria dos condenados por estas causas é que estão pagando. Vi muita gente do mundo cair naquele abismo e não se pode explicar, nem compreender o grito que lançavam e como rugiam assustadoramente.
– Eterna maldição!… Enganei-me, perdi-me… Estou aqui para sempre… Não há mais remédio… Maldito sejas! Alguns culpavam tal pessoa, outros, tal circunstância e todos a ocasião da sua própria queda.
Em outro dia, senti-me como se tentassem arrancar a minha língua, mas não podiam. Esta tortura trouxe-me a uma tal agonia que os meus olhos mesmo pareciam começar a sair fora das suas órbitas. Penso que era devido ao fogo que queima e queima; nem uma unha do dedo escapa a estes tormentos arrepiantes, e a toda a hora não se pode deslocar mesmo um dedo para ganhar um pouco de alívio, nem fazer tampouco câmbio nenhum, porque o corpo parece estar aplainado e dobrado em dois. Os barulhos de confusão e de blasfêmias não cessam nem um só momento. Um cheiro terrível asfixia e corrompe tudo, é como a queimadura da carne podre, misturada com alcatrão e enxofre… uma mistura à qual nada sobre a terra pode ser comparada…”
Bem que estas torturas foram terríveis, seriam suportáveis se a alma tivesse paz. Mas sofre indescritivelmente… Uma das almas danada gritava: – Eis aí o meu tormento… Querer amar e não mais poder. Não me resta outra coisa senão ódio e desespero.
Vejo claramente que todas as dores sobre terra não são nada em comparação com o horror de não poder amar nunca mais, porque neste lugar só se respira ódio e sede de perdição de outras almas. Pareceu-me que passei muitos anos neste inferno, no entanto apenas durou seis ou sete horas… Todo o que escrevi, é somente uma sombra do que a alma sofre, por que nenhuma palavra pode exprimir tão grande tormento.
Hoje vi cair no inferno grande número de almas, creio que eram pessoas do mundo. O demônio gritava: – Agora o mundo está em ponto de bala para mim… Conheço o melhor meio de agarrar as almas!… É excitar nelas desejos de gozar! Eis o que me garante a vitória, o que as traz aqui em abundância.
Ouvi o demônio ao qual uma alma acabava de escapar, forçado a confessar a sua impotência: – Confusão! Confusão!… Como escapam tantas almas?… Eram minhas!… (e ele lhe enumera os pecados)
Na noite passada, não estive no inferno, mas fui carregada para um lugar onde não havia luz, somente um fogo ardente e vermelho no centro. Fui estendida e amarrada, sem poder fazer um só movimento. Em volta de mim, estavam sete ou oito pessoas sem roupa, e os corpos negros eram iluminados apenas pelos reflexos do fogo. Estavam sentados e falavam.
Dizia um: – É preciso grande precaução a fim de que não conheçam nossa mão, pois, somos facilmente descobertos. O diabo respondeu: – Insinuai-vos induzindo a negligência neles, mas mantendo-vos na sombra, de modo que não sejais descobertos… Podeis entrar pelo sentimento de indiferença… Sim, creio que a estes, dissimulando-vos a fim de que não percebam, podeis torná-los indiferentes ao bem e ao mal e, pouco a pouco, inclinar a sua vontade para o mal. A esses outros, tentai-os com ambições; que só procurem os seus próprios interesses… Por graus ficarão endurecidos, e podereis incliná-los ao mal. Tentai estes outros à ambição, o interesse, a fazer riquezas assem trabalhar, seja legal ou não. – Excitai aqueles outros à sensualidade e ao amor ao prazer. – Deixai que o vício os cegue… Quanto ao resto… entrai pelo seu coração… sabei as inclinações dos seus corações… provocai que amem com paixão… – Trabalhai muito duro… não tomeis nenhum descanso… não tenhais nenhuma piedade. – Ide… Ide… com firmeza!… que eles se apaixonem…, é preciso perder o mundo… não me escapem essas almas! – Deixai que comam muito e engrossem! Assim será todo mais fácil para nós… Deixai que comam e bebam nos seus banquetes. O amor ao prazer é a porta pela qual vos os caçareis. Os outros respondiam, de vez em quando: – Somos teus escravos… Trabalharemos sem descanso. Sim, muitos nos combatem, mas nós trabalharemos dia e noite, sem trégua. Reconhecemos teu poder… Etc.
Assim, todos falavam e aquele que creio ser o demônio dizia horríveis palavrões. Ouvi ao longe um ruído, como de taças e de copos e ele gritava: – Deixai-os embriagarem-se, depois tudo nos será fácil.. Acabem seus banquetes, já que tanto gostam de gozar. É a porta pela qual entrareis. Acrescentou coisas tão horríveis que não se podem dizer nem escrever. Depois como que mergulhando na fumaça, desapareceram.
Hoje, o demônio gritava com raiva por que uma alma lhe escapava: – Excitai-lhe o temor! Desesperai-a. Ah! Se ela confiar na Misericórdia Daquele (e blasfemava de Nosso Senhor) estou perdido! Mas, não! Enchei-a de medo, não a deixeis um só instante e, sobretudo desesperai-a. Então, o inferno se encheu com um só grito de raiva e, quando o demônio me lançou fora do abismo, continuou a ameaçar-me. Dizia, entre outras coisas: – Será possível… Será verdade que criaturas fracas tenham mais poder do que eu que sou tão poderoso! Mas esconder-me-ei para passar despercebido!… O cantinho mais pequeno me basta para colocar uma tentação: Atrás de uma orelha, nas folhas de um livro, de baixo de uma cama… algumas não fazem caso de mim, mas eu falo, falo… a custa de falar ficam algumas palavras… Sim, hei de esconder-me em lugar onde não me encontrem.
Vi caírem muitas almas. Entre elas, uma menina de 15 anos que amaldiçoava os próprios pais, porque não lhes haviam ensinado o temor de Deus, nem que existia o inferno. Dizia que sua vida, embora curta, tinha sido cheia de pecados, porque se considera a si mesma todas as satisfações que seu corpo e suas paixões exigiam dela. Acusava-se principalmente de ter lido maus livros.
Hoje, vi um vasto número de pessoas caírem no abismo ardente. Pareciam ser gente rica, bem vivedora e opulenta e um demônio berrou: – O mundo é maduro para mim.’ Sei que a melhor maneira de caçar almas é alimentar o seu desejo de prazer… Eu primeiro que ninguém… Eu antes que os outros… Nenhuma humildade para mim! Deixa que os demais louvem-me… Esta triagem de coisas assegura a minha vitória… e eles lançam-se de cabeça para o inferno.
Certas almas amaldiçoavam a vocação que tinham recebido e à qual não haviam correspondido… a vocação que haviam perdido, por que não tinham querido viver escondidas e mortificadas. Uma vez em que fui ao inferno, vi muitos padres, religiosos e religiosas que amaldiçoavam seus Votos, suas Ordens, seus Superiores, e tudo o que teria podido dar-lhes a luz e a graça que haviam perdido… Vi também prelados… Um se acusava a si mesmo de ter usado ilegitimamente de bens que não lhe pertenciam. Padres amaldiçoavam a própria língua que consagrara, os dedos que tocaram em Nosso Senhor, as absolvições que haviam dado sem saberem salvar-se a si mesmos, a ocasião que os havia levado ao inferno… Um padre dizia: – Comi veneno, servi-me de dinheiro que não me pertencia… e se acusava de ter usado o dinheiro que lhe haviam dado para missas, sem as dizer. Outro dizia que pertencia a uma sociedade secreta na qual traíra a Igreja e a religião e que, por dinheiro, facilitara horríveis sacrilégios e profanações.
Instantaneamente, achei-me no inferno, mas sem ter sido arrastada como das outras vezes. A alma aí se precipita por si mesma, como se desejasse desaparecer da vista de Deus para poder odiá-lo e amaldiçoa-Lo. A minha alma deixou-se cair num abismo cujo fundo não se pode ver, pois, é imenso!… Imediatamente, ouvi outras almas se regozijarem vendo-me nos mesmos tormentos. Ouvir aqueles horríveis gritos já é um martírio, mas creio que nada é comparável em dor à sede de maldição que se apodera da alma e, quanto mais maldizemos, mais aumenta a sede. Nunca tinha experimentado aquilo.
Outrora, a minha alma ficava cheia de dor diante daquelas horríveis blasfêmias, embora não pudesse produzir nem um ato de amor. Mas, hoje se dava o contrário! Vi o inferno como sempre, longos corredores, cavidades, fogo… ouvi as mesmas almas a gritar e a blasfemar, pois – como já escrevi muitas vezes – embora se vejam as formas corporais, sentem-se os tormentos como se os corpos estivessem presentes e as almas se reconhecem. Gritavam: – Olá, aqui estás! Como nós!… Éramos livres de não fazer aqueles votos (religiosa)!… mas agora… e maldiziam seus votos. Então fui empurrada para aquele nicho inflamado e esmagada como entre duas tábuas ardentes e como se ferros e ponta em brasa se me enfiassem no corpo.
Senti como se quisessem, sem o conseguir, arrancar-me a língua, tormento que me reduzia aos extremos da dor. Os olhos pareciam sair-me das órbitas, creio que por causa do fogo que tanto os queimava! Não havia uma só unha que não sofresse horríveis tormentos. Não se pode nem mover um dedo para buscar alívio, nem mudar de posição, o corpo fica como que achatado e dobrado pelo meio. Os ouvidos são acabrunhados com os tais gritos de confusão que não cessam um só instante. Um cheiro nauseabundo e repugnante asfixia e invade tudo; é como se carne em putrefação estivesse queimando com piche e enxofre… mistura que não se pode comparar a coisa alguma deste mundo.
Tudo o que estou escrevendo, não é senão uma sombra ao lado do que a alma sofre, pois, não há palavras que possam exprimir tormento semelhante.
Irmã Josefa Menéndez (1890-1923) recebeu mensagens de Jesus no convento da Sociedade do Sagrado Coração de Jesus en Les Feuillants, em Poitiers, França, entre 1920 e 1923. O então Cardeal Eugênio Pacelli, depois Papa Pio XII, aprovou a divulgação.