MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA QUARESMA DE 2012

Vaticano, 3 de Novembro de 2011 (Sala de Imprensa da Santa Sé)

«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (Heb 10, 24)

Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.

Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre atual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e, todavia, são objeto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo atual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).

A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O fato de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje se é muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais retamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.

2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.

O fato de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de considerá-la na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.

Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e onipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a ação do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).

3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efetivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.

Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua.

Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre atual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Benedictus PP XVI

Angelus de Bento XVI – 11/12/2011

Domingo, 11 de dezembro de 2011, 12h52
Boletim da Santa Sé
Tradução de Nicole Melhado – equipe CN Notícias

Queridos irmãos e irmãs!

Os textos litúrgicos deste período de Advento nos renova ao convite de viver a espera de Jesus, a não parar de esperar para a sua vinda, de modo a manter uma atitude de abertura e vontade de se encontrar com Ele.

A vigília de coração, que o cristão é chamado a exercitar sempre, na vida de todos os dias, caracteriza de modo particular este tempo no qual nos preparamos com alegria para o mistério do Natal (cfr Prefácio do Advento II).

O ambiente exterior propõe mensagens usuais de natureza comercial, mesmo que não tão forte por causa da crise econômica. O cristão é convidado a viver o Advento sem deixar-se distrair pelas luzes, mas sabendo dar o valor correto às coisas, fixando seu olhar interior sob Cristo. Se, de fato, perseveramos “vigiantes na oração e exultantes na glória” (ibid.), os nossos olhos serão capazes de reconhecer Nele a verdadeira luz do mundo, que vem clarear as nossas trevas.

Em particular, a liturgia deste domingo, chamado “Gaudete”, nos convida à alegria, não a uma vigília triste, mas satisfeita. “Gaudete in Domino semper” – escreve São Paulo: “Regozijai-vos sempre no Senhor” (Fil 4,4). A verdadeira alegria não é fruto do divertimento, entendida no sentido etimológico da palavra di-vertir, isto é ir além dos deveres da vida e suas responsabilidades. A verdadeira alegria está ligada a algo mais profundo. Certo, no ritmo cotidiano, muitas vezes frenético, é importante encontrar espaço para um tempo de descanso, para distração, mas a alegria verdadeira está ligada a um relacionamento com Deus. Quem encontrou Cristo na própria vida experimenta no coração uma serenidade e uma alegria que ninguém e nenhuma situação pode tirar.

Santo Agostinho expressou isso muito bem, em sua busca pela verdade, pela paz, pela alegria, depois de ter buscado em vão em muitas coisas, conclui com uma célebre expressão que o coração do homem é inquieto, não encontra serenidade e paz até que repousa em Deus (cfr As Confissões, I,1,1).

A verdadeira alegria não é simplesmente um estado de animo passageiro, nem qualquer coisa que se consegue com os próprios esforços, mas é um dom, nasce do encontro com a pessoa vida de Jesus, ao dar espaço a Ele em nós, ao acolher o Espírito Santo que guia nossa vida. É o convite que faz o apóstolo Paulo, que diz: “o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5,23).

Neste tempo de Advento reforcemos a certeza que o Senhor veio em meio a nós e continuamente renova a sua presença de consolação, de amor e de alegria. Tenhamos confiança Nele, como afirma ainda Santo Agostinho, a luz da esperança: o Senhor é mais próximo a nós do que nós somos de nós mesmos – “interior intimo meo et superior summo meo” (As Confissões, III,6,11).

Confiemos o nosso caminho à Virgem Imaculada, no qual o Espírito exultou em Deus Salvador. Seja ela a guiar os nossos corações na espera feliz da vinda de Jesus, na espera rica de oração e de boas obras.

Catequese do Papa: “Tu estás comigo” é nossa certeza

Intervenção na audiência geral de hoje

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 5 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos, a seguir, a catequese que o Papa Bento XVI dirigiu hoje aos fiéis reunidos para a audiência geral.

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Queridos irmãos e irmãs:

Dirigir-se ao Senhor na oração implica em um ato de confiança, com a consciência de entregar-se a um Deus que é bom, “misericordioso, lento à ira, rico em amor e fidelidade” (Ex 34,6-7; Sal 86,15; cf. Jl 2,13; Gn 4,2; Sal 103,8; 145,8; Ne 9,17). Por isso, hoje eu gostaria de refletir com vocês sobre um salmo impregnado de confiança em sua totalidade, no qual o salmista expressa sua serena certeza de que é guiado e protegido, posto a salvo de todo perigo, porque o Senhor é o seu pastor. Trata-se do Salmo 23 (segundo a tradição greco-latina, número 22), um texto familiar para todos e amado por todos. “O Senhor é o meu pastor, nada me falta”: assim começa esta bela oração, evocando o ambiente nômade do pastoreio e a experiência de conhecimento recíproco que se estabelece entre o pastor e as ovelhas que compõem o seu pequeno rebanho. A imagem recria uma atmosfera de confiança, intimidade, ternura: o pastor conhece as suas ovelhas, uma a uma, chama-as pelo seu nome e elas o seguem porque o reconhecem e se fiam dele (cf. Jn 10,2-4). Ele cuida delas, protege-as como bens preciosos, está preparado para defendê-las, para garantir seu bem-estar, para fazê-las viver em tranquilidade. Nada pode faltar-lhes se o pastor está com elas. A esta experiência se refere o salmista, chamando Deus de seu pastor e deixando-se guiar por Ele rumo a campos seguros:

“Ele me faz descansar em verdes prados,

a águas tranquilas me conduz.

Restaura minhas forças,

guia-me pelo caminho certo,

por amor do seu nome.” (vv. 2-3)

A visão que se abre aos nossos olhos é o dos prados verdes e fontes de água límpida, oásis de paz rumo aos quais o pastor acompanha seu rebanho, símbolos de lugares de vida aos quais o Senhor conduz o salmista, que se sente como as ovelhas recostadas no campo, ao lado de um manancial, em situação de repouso, não em tensão ou em estado de alarme, mas confiadas e tranquilas, porque o lugar é seguro, a água é fresca e o pastor vela por elas. Não nos esqueçamos de que a cena evocada pelo salmo está ambientada em uma terra em grande parte desértica, tostada pelo sol abrasador, onde o pastor semi-nômade do Oriente Médio mora com o seu rebanho nas estepes áridas que se estendem ao redor dos povoados. Mas o pastor sabe onde encontrar capim e água, essenciais para a vida, sabe guiar em direção ao oásis, onde a alma se “refresca” e é possível recuperar as forças e extrair novas energias para retomar o caminho.

Como diz o salmista, Deus o guia a “verdes prados” e “águas tranquilas”, onde tudo é abundante, onde tudo se dá copiosamente. Se o Senhor é o pastor, inclusive no deserto, lugar de carestia e de morte, não diminui a certeza de uma radical presença de vida, até o ponto de se poder dizer: “Nada me falta”. O pastor, de fato, tem no coração o bem do seu rebanho, adapta seus próprios ritmos e suas próprias exigências às das suas ovelhas, caminha e mora com elas, guiando-as por caminhos “certos”, isto é, adaptados a elas, com atenção às suas necessidades e não às próprias. A segurança do seu rebanho é a sua prioridade e a isso obedece a sua orientação.

Queridos irmãos e irmãs, também nós, como o salmista, se caminharmos seguindo o “Bom Pastor”, ainda que possam parecer difíceis, tortuosos ou longos os caminhos da vida, inclusive muitas vezes em regiões desérticas espiritualmente, sem água e com um sol de racionalismo abrasador, sob a orientação do Senhor deveremos estar seguros de que estes são os “certos” para nós e de que o Senhor nos guia, está sempre perto de nós e de que não nos faltará nada. Por isso, o salmista pode declarar uma tranquilidade e uma segurança sem dúvidas nem preocupações:

“Se eu tiver de andar por vale escuro,

não temerei mal nenhum,

pois comigo estás.

O teu bastão e teu cajado me dão segurança.” (v. 4)

Quem caminha com o Senhor nos vales escuros do sofrimento, das dúvidas e de todos os problemas humanos, sente-se seguro. “Tu estás comigo”: esta é a nossa certeza, a que nos sustenta. A escuridão da noite dá medo, com suas sombras mutáveis, a dificuldade de distinguir os perigos, seu silêncio cheio de barulhos indecifráveis. Se o rebanho se mover depois do pôs do sol, quando a visibilidade não é boa, é normal que as ovelhas se inquietem, pois existe o risco de cair, afastar-se ou perder-se, e também há o temor de possíveis agressores que se escondem na escuridão. Para falar do vale “escuro”, o salmista usa uma expressão hebraica que evoca as trevas da morte; portanto, o vale que precisamos atravessar é um lugar de angústia, de ameaças terríveis, de perigos de morte. No entanto, o orante caminha seguro, sem medo, porque sabe que o Senhor está com ele. Esse “comigo estás” é uma declaração de confiança inquebrantável, que resume uma experiência de fé radical; a proximidade de Deus transforma a realidade, o vale escuro perde toda a sua periculosidade, esvazia-se toda ameaça. O rebanho pode caminhar tranquilo, acompanhado pelo som familiar do cajado que bate no chão e indica a presença tranquilizadora do pastor.

Esta imagem confortante fecha a primeira parte do salmo e dá lugar a uma cena diferente. Estamos ainda no deserto, onde o pastor vive com o seu rebanho, mas agora estamos sob a sua barraca, que se abre para acolher:

“Diante de mim preparas uma mesa

aos olhos de meus inimigos;

unges com óleo minha cabeça,

meu cálice transborda.” (v. 5)

Agora, o Senhor se apresenta como aquele que acolhe o orante, com os sinais de uma hospitalidade generosa e repleta de atenções. O anfitrião divino prepara o alimento na “mesa”, um termo que, em hebraico, significa – em seu sentido primitivo – a pele do animal que se estendia na terra e onde se colocavam os víveres para uma refeição em comum. É um gesto de partilhar não só o alimento, mas também a vida, uma oferenda de comunhão e de amizade que cria vínculos e que expressa solidariedade. Depois está o generoso dom do óleo perfumado sobre a cabeça, que alivia o calor do sol do deserto, refresca e suaviza a pele, animando o espírito com sua fragrância. Finalmente, o cálice transbordante acrescenta uma nota de festa, com seu vinho saboroso, compartilhado com uma generosidade abundante. Refeição, óleo, vinho: são os dons que fazem viver e que dão alegria, porque vão além do que é estritamente necessário e expressam a gratuidade e a abundância do amor. O Salmo 104 proclama, celebrando a bondade que vem do Senhor: “Fazes crescer o feno para o gado, e a erva útil ao homem, para que tire da terra o seu pão: o vinho que alegra o coração do homem, o óleo que realça o brilho do rosto e o pão que sustenta o seu vigor” (v.14 e 15). O salmista é objeto de muitas atenções, pelas quais se vê um viajante que encontra refúgio em uma barraca acolhedora, enquanto seus inimigos devem olhar, sem poder intervir, porque aquele que era considerado sua presa recebeu refúgio, tornou-se hóspede sagrado, intocável. O salmista somos nós, quando somos realmente crentes em comunhão com Cristo. Quando Deus abre a sua barraca para nos acolher, nada pode nos causar dano.

Ao partir novamente o viajante, a proteção divina continua e o acompanha em sua viagem:

“Felicidade e graça vão me acompanhar

todos os dias da minha vida

e vou morar na casa do Senhor

por muitíssimos anos.” (v. 6)

A bondade e a fidelidade de Deus são a escolta que acompanha o salmista que sai da barraca e se coloca em caminho novamente. Além disso, é um caminho que adquire um novo sentido, tornando-se peregrinação rumo ao Templo do Senhor, o lugar santo no qual o orante quer “habitar” para sempre e ao qual quer “regressar”. O verbo hebraico que se utiliza aqui tem o sentido de “voltar”, mas, com uma pequena modificação vocálica, pode ser entendido como “morar”, e assim está traduzido nas versões antigas e na maior parte das traduções modernas. Ambas podem ser mantidas: voltar ao Templo e morar nele é o desejo de todo israelita, e morar perto de Deus, em sua proximidade e bondade, é o anseio e a nostalgia de todo crente: poder habitar realmente onde está Deus, perto d’Ele.

O rastro do pastor leva à sua casa, é a metade de todo caminho, oásis desejado no deserto, tenda de refúgio na fuga dos inimigos, lugar de paz onde experimentar a bondade e o amor fiel de Deus, dia a dia, na alegria serena de um tempo sem fim.

As imagens deste salmo, com sua riqueza e profundidade, acompanharam toda a história e a experiência religiosa o povo de Israel e acompanham os cristãos. A figura do pastor, em especial, evoca o tempo do Êxodo, o longo caminho no deserto, como um rebanho sob a guia do Pastor divino (cf. Is 63,11-14; Sal 77,20-21; 78,52-54). E, na Terra Prometida, era o rei quem tinha o dever de apascentar o rebanho do Senhor, como Davi, pastor escolhido por Deus e figura do Messias (cf. 2Sam 5,1-2; 7,8; Sal 78,70-72). Depois, no exílio na Babilônia, quase um novo Êxodo (cf. Is 40,3-5.9-11; 43,16-21), Israel é reconduzido à pátria como ovelhas dispersas e reencontradas, reconduzidas por Deus aos exuberantes pastos e lugares de repouso (cf. Ez 34,11-16.23-31). Mas é no Senhor Jesus que toda a força evocadora do nosso salmo chega à sua plenitude, encontra o cume do seu significado: Jesus é o “Bom Pastor” que vai buscar a ovelha perdida, que conhece suas ovelhas e que dá a vida por elas (cf. Mt 18,12-14; Lc 15,4-7; Jn 10,2-4.11-18). Ele é a via, o caminho justo que leva à vida (cf. Jn 14,6), a luz que ilumina o vale escuro e que vence os nossos medos (cf. Jn 1,9; 8,12; 9,5; 12,46). Ele é o anfitrião generoso que nos acolhe e nos coloca a salvo dos inimigos, preparando-nos a mesa do seu Corpo e do seu Sangue (cf. Mt 26,26-29; Mc 14,22-25; Lc 22,19-20), a definitiva do banquete messiânico no Céu (cf. Lc 14,15ss; Ap 3,20; 19,9). Ele é o Pastor real, rei na doçura e no perdão, entronizado no lenho glorioso da cruz (cf. Jn 3,13-15; 12,32; 17,4-5).

Queridos irmãos e irmãs, o Salmo 23 nos convida a renovar a nossa confiança em Deus, abandonando-nos totalmente em suas mãos. Peçamos com fé que o Senhor nos conceda caminhar para sempre pelos seus caminhos como rebanho dócil e obediente; que nos acolha na sua casa, em sua mesa e nos conduza a “águas tranquilas”, para que, ao acolher o dom do seu Espírito, possamos beber nas suas fontes, mananciais dessa água viva que “jorra para a vida eterna” (Jn 4,14; cf. 7,37-39).

Obrigado!

Catequese do Papa: Deus dá sentido à vida

Intervenção na audiência geral de hoje

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 28 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos, a seguir, a catequese que o Papa Bento XVI dirigiu hoje aos fiéis reunidos para a audiência geral.

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Queridos irmãos e irmãs:

Como vocês sabem, da quinta-feira passada até domingo, realizei uma visita pastoral à Alemanha; estou contente, portanto, por acolher a ocasião da presente audiência para percorrer com vocês os intensos e maravilhosos dias transcorridos no meu país de origem. Atravessei a Alemanha de norte a sul, de leste a oeste: de Berlim a Erfurt e deEichsfeld a, finalmente, Freiburg, cidade próxima da fronteira com a França e a Suíça. Agradeço, em primeiro lugar, ao Senhor, pela possibilidade que me ofereceu de reunir-me com as pessoas e falar de Deus, de rezar unidos e de confirmar os irmãos e irmãs na fé, segundo o especial mandato que o Senhor confiou a Pedro e aos seus sucessores. Esta visita, desenvolvida sob o lema “Onde há Deus, há futuro”, foi realmente uma festa da fé: nos diversos encontros e conversas, nas celebrações, especialmente nas solenes Missas com o povo de Deus. Estes momentos foram um belíssimo presente que nos fez perceber, novamente, como Deus dá à nossa vida o sentido profundo, a verdadeira plenitude, que só Ele nos dá, concedendo a todos um futuro.

Com profunda gratidão, recordo o acolhimento caloroso e entusiasta, como também a atenção e o carinho que me demonstraram nos diversos lugares que visitei. Agradeço de coração os bispos alemães, especialmente aqueles cujas dioceses me acolheram, pelo seu convite e por tudo o que fizeram, junto aos seus colaboradores, para preparar esta viagem. Um profundo agradecimento também ao presidente federal e às demais autoridades políticas e civis, no âmbito federal e regional. Estou profundamente agradecido a todos os que contribuíram, de várias formas, para o bom resultado da visita, sobretudo aos numerosos voluntários. Assim, esta foi um grande presente para mim e suscitou alegria, esperança e um novo impulso na fé, de compromisso para com o futuro.

Na capital federal de Berlim, o presidente me acolheu em sua residência e me deu as boas-vindas em seu nome e em nome dos seus compatriotas, expressando a estima e o carinho por um Papa natural da terra alemã. Da minha parte, pude fazer uma pequena reflexão sobre a relação recíproca entre religião e liberdade, recordando a frase do grande bispo e reformador socialWilhelm von Ketteler: “Como a religião precisa da liberdade, também esta tem necessidade da religião”.

Muito contente, aceitei o convite a ir ao Budestag, que foi um dos momentos mais importantes da minha viagem. Pela primeira vez, um Papa deu um discurso diante dos membros do Parlamento alemão. Nesta ocasião, eu quis expor o fundamento do direito e do livre estado do direito, isto é, a medida de todo direito, inscrito pelo Criador no próprio ser da sua criação. É necessário ampliar o nosso conceito de natureza, compreendendo-a não somente como um conjunto de funções, mas sim muito além disso, como uma linguagem do Criador para ajudar-nos a discernir o bem e o mal. Sucessivamente, teve lugar o encontro com alguns representantes da comunidade judaica da Alemanha. Recordando nossas raízes comuns na fé do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, destacamos os frutos obtidos pelo diálogo entre a Igreja Católica e o Judaísmo na Alemanha. Tive também a oportunidade de reunir-me com alguns membros da comunidade muçulmana, falando com eles sobre a importância da liberdade religiosa para um desenvolvimento pacífico da humanidade.

A Santa Missa no estádio olímpico de Berlim, como conclusão do primeiro dia da visita, foi uma das grandes celebrações litúrgicas que me deram a possibilidade de rezar com fiéis e incentivá-los na fé. Alegrou-me muito a numerosa participação das pessoas! Nesse momento festivo e impressionante, meditamos sobre a imagem evangélica da videira e dos ramos, ou seja, sobre a importância de estar unidos a Cristo para a nossa vida pessoal de crentes e para o nosso ser de Igreja, seu corpo místico.

A segunda etapa da minha visita se realizou na Turíngia. A Alemanha, e de maneira especial a Turíngia, é a terra da reforma protestante. Portanto, desde o início, eu quis ardentemente dar uma particular importância ao ecumenismo dentro dessa viagem, e foi meu forte desejo viver um momento ecumênico em Erfurt, porque, nessa cidade, Martinho Lutero entrou na comunidade dos Agostinianos e foi ordenado sacerdote. Por isso, alegrei-me muito pelo encontro com os membros do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha e pelo ato ecumênico no ex-convento dos agostinianos: um encontro cordial que, no diálogo e na oração, levou-nos de forma mais profunda a Cristo. Vimos novamente a importância do nosso testemunho comum da fé em Jesus Cristo no mundo atual, que muitas vezes ignora Deus e não se interessa por Ele. É necessário nosso esforço comum no caminho rumo à total unidade, mas somos muito conscientes de que não podemos “fazer” nem a fé nem a unidade tão esperada. Uma fé criada por nós mesmos não tem nenhum valor e a verdadeira unidade é sobretudo um dom do Senhor, o qual rezou e reza sempre pela unidade dos seus discípulos. Somente Cristo pode nos dar esta unidade e estaremos cada vez mais unidos na medida em que voltemos a Ele e nos deixemos transformar por Ele.

Um momento particularmente emocionante foi, para mim, a celebração das Vésperas marianas no santuário de Etzelsbach, onde fui acolhido por uma multidão de peregrinos. Quando era jovem, ouvi falar da região de Eichsfeld – área que continuou sendo católica nas diversas vicissitudes da história – e dos seus habitantes, que se opuseram corajosamente às ditaduras do nazismo e do comunismo. Por isso, alegrei-me muito por poder visitar Eichsfeld e sua gente em uma peregrinação à imagem milagrosa de Nossa Senhora das Dores de Etzelsbach, onde, durante séculos, os fiéis confiaram a Maria suas próprias petições, preocupações, sofrimentos, onde receberam consolo, graças e bênçãos.

Também foi muito impactante a Missa celebrada na praça do Duomo em Erfurt. Recordando os santos padroeiros da Turíngia – Santa Isabel, São Bonifácio e São Kilian – e o exemplo luminoso dos fiéis que testemunharam o Evangelho durante os sistemas totalitários, convidei os fiéis a ser os santos de hoje, testemunhas válidas de Cristo, e a contribuir para a construção da nossa sociedade. Sempre foram, os santos e as pessoas imbuídas de Cristo, os que transformaram verdadeiramente o mundo. Comovente também foi o breve encontro com Hermann Scheipers, o último sacerdote alemão sobrevivente do campo de concentração de Dachau. Em Erfurt, também tive a oportunidade de reunir-me com algumas vítimas dos abusos sexuais por parte de religiosos, a quem quis mostrar minha dor e proximidade diante do seu sofrimento.

A última etapa da minha viagem me levou ao sudoeste da Alemanha, à arquidiocese de Freiburg. Os habitantes dessa bela cidade, os fiéis da arquidiocese e os numerosos peregrinos vindos das vizinhas França e Suíça, bem como de outros países, dedicaram-me um acolhimento especialmente festivo. Pude experimentar isso também na vigília de oração com milhares de jovens. Senti-me feliz ao ver que a fé na minha pátria alemã tem um rosto jovem, que está viva e tem um futuro. Nesse estupendo rito da luz, entreguei aos jovens a chama do círio pascal, símbolo da luz que é Cristo, exortando-os: “Vós sois a luz do mundo”. Eu lhes repeti que o Papa confia na colaboração ativa dos jovens: com a graça de Cristo, eles são capazes de levar ao mundo o fogo do amor de Deus.

Um momento singular foi o encontro com os seminaristas no Seminário de Freiburg. Respondendo de alguma maneira à comovente carta que me enviaram umas semanas antes, eu quis mostrar aos jovens a beleza e grandeza do chamado do Senhor e oferecer-lhes alguma ajuda para seguir o seu caminho com alegria e em profunda comunhão com Cristo. Ainda no seminário, pude me reunir, em uma atmosfera fraterna, com alguns representantes das igrejas ortodoxas e ortodoxas orientais, as quais nós, católicos, nos sentimos muito próximos. Dessa ampla comunhão deriva também o dever comum de ser fermento para a renovação da nossa sociedade. Um amigável encontro com os representantes dos leigos católicos alemães concluiu a série de eventos programados no seminário.

A grande Celebração Eucarística dominical, no aeroporto turístico de Freiburg, foi outro momento culminante da visita pastoral, bem como uma oportunidade para agradecer a todos os que se comprometem em todos os âmbitos da vida eclesial, sobretudo os numerosos voluntários e colaboradores das iniciativas caritativas. São estes que tornam possíveis as múltiplas ajudas que a Igreja alemã oferece à Igreja universal, especialmente nas terras de missão. Recordei também que o seu precioso serviço será sempre fecundo quando vier de uma fé autêntica e viva, em união com os bispos e o Papa, em união com a Igreja. Finalmente, antes de voltar, falei com cerca de mil católicos comprometidos com a Igreja e com a sociedade, sugerindo algumas reflexões sobre a ação da Igreja em uma sociedade secularizada, sobre o convite a ser livres de cargas materiais e políticas para ser mais transparentes diante de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, esta viagem apostólica à Alemanha me ofereceu a oportunidade propícia para encontrar-me com os fiéis da minha pátria alemã, para confirmá-los na fé, na esperança e no amor, e compartilhar com eles a alegria de ser católicos. Mas a minha mensagem estava dirigida a todo o povo alemão, para convidá-lo a olhar com confiança para o futuro. É verdade, “onde há Deus, há futuro”. Agradeço novamente os que tornaram essa visita possível e aos que me acompanharam com a oração. Que o Senhor abençoe o povo de Deus na Alemanha e abençoe todos vocês.

Obrigado.