Angelus de Bento XVI no III Domingo da Quaresma
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 13 de março de 2012 (ZENIT.org) – Apresentamos as palavras do Santo Padre Bento XVI, dirigidas aos fiéis e peregrinos reunidos neste domingo(11), na Praça de São Pedro para a oração do Angelus.
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Queridos irmãos e irmãs!
O Evangelho deste terceiro domingo da Quaresma faz referência – na redação de São João – ao célebre episódio no qual Jesus expulsa do templo de Jerusalém os vendedores de animais e comerciantes (Jo 2,13-25). O fato, relatado por todos os Evangelistas, acontece na proximidade da festa da Páscoa e despertou grande impressão seja na multidão, seja nos discípulos. Como devemos interpretar este gesto de Jesus? Antes de tudo, vem notado que isso não provocou nenhuma repressão por parte dos tutores da ordem pública, porque foi vista como uma típica ação profética: os profetas, de fato, em nome de Deus, geralmente denunciavam os abusos, e o faziam às vezes com gestos simbólicos. O problema, era a autoridade deles. Eis porque os judeus pediram a Jesus: “Qual sinal nos mostras ao fazer essas coisas?” (Jo 2,18), demonstre-nos que ages verdadeiramente em nome de Deus.
A expulsão dos vendedores do templo foi também interpretada em sentido político-revolucionário, colocando Jesus na linha do movimento dos zelotas. Este eram, por assim dizer, “zeladores” da lei de Deus e prontos a usar a violência para que ela fosse respeitada. Nos tempos de Jesus, esperava-se um Messias que libertasse Israel do domínio dos Romanos. Mas Jesus desaponta esta expectativa, tanto que alguns discípulos o abandonaram e Judas Iscariotes ainda o traiu. Na realidade, é impossível interpretar Jesus como violento: a violência é contrária ao Reino de Deus, é um instrumento do anticristo. A violência não serve nunca a humanidade, mas a desumaniza.
Escutemos então as palavras que Jesus disse realizando este gesto: “Leveis embora estas coisas e não façais da casa do meu Pai um mercado!”. E os discípulos então se recordaram que está escrito em um Salmo: “Me devora o zelo pela tua casa” (69,10). Este salmo é uma invocação de ajuda em uma situação de extremo perigo por causa do ódio dos inimigos: a situação que Jesus viverá na sua paixão. O zelo pelo Pai e pela sua casa o levará até a cruz: o seu é o zelo do amor que é pago pessoalmente, não aquele que gostaria de servir a Deus mediante a violência. De fato, o “sinal”que Jesus dará como prova da sua autoridade será exatamente aquele da sua morte eressurreição. ” Destruais este templo – disse – e em três dias eu o farei ressurgir. E São João diz: “Ele falava do templo do seu corpo” (Jo 2,20-21). Com a Páscoa de Jesus inicia um novo culto, o culto do amor, e um novo templo que é Ele mesmo, Cristo ressuscitado, mediante o qual todo fiel pode adorar Deus Pai “em espírito e verdade” (Jo 4,23).
Queridos amigos, o Espírito Santo começou a construir este novo templo no ventre da Virgem Maria. Pela sua intercessão, rezemos para que todo cristão se torne pedra viva deste edifício espiritual.