Na missa em Santa Marta, Papa Francisco convida a seguir o modelo corajoso de São Paulo que foi construtor de pontes, e não de muros, para anunciar o Evantelho
CIDADE DO VATICANO, 08 de Maio de 2013 (Zenit.org) – A Igreja não cresce pelo proselitismo, mas pela pregação e testemunho. O cristão não levanta muros, mas constrói pontes. O anúncio do Evangelho é um diálogo, não uma condenação. São conceitos claros que o Papa Francisco expôs na reflexão da Missa de hoje na Casa Santa Marta, concelebrada com o card. Francisco Coccoplamerio e mons. Oscar Rizzato, na presença dos funcionários dos Serviços gerais do Governatorato, da Chancelaria do Tribunal vaticano e da Floreria.
Conceitos que lembram o verdadeiro significado de muitas palavras que nós, cristãos, muitas vezes damos por descontado. A partir do sentido da evangelização que – explicou o Papa – é um “anúncio”, não um modo para atrair grandes números para a Igreja. E implica um “falar com todos”, para proclamar aquela verdade que não se estuda “numa enciclopédia”, mas se recebe no encontro com Cristo.
Com este espírito, o apóstolo Paulo, falando aos gregos no Areópago – lembrou o Santo Padre – procurou “aproximar-se mais do coração” de quem o escutava: para procurar “o diálogo”, não para impor ideias. Por isso a história lembra-se dele como o Apóstolo dos gentios, e por isso – acrescentou o Papa – Paulo foi um verdadeiro “pontífice”, um “construtor de pontes” e não de “muros”.
A atitude “corajosa” do apóstolo é portanto um alerta para a atitude de cada crisão hoje. Afirmou Francisco: “Um cristão deve anunciar Jesus Cristo de tal modo que Jesus Cristo seja aceito, recebido, não rejeitado. E Paulo sabe que ele deve semear esta mensagem evangélica”. Ele é consciente de “que o anúncio de Jesus Cristo não é fácil”, mas ao mesmo tempo “sabe que não depende dele”, que “ele deve fazer todo o possível”, mas que “o anúncio de Jesus Cristo, o anúncio da verdade, depende do Espírito Santo”.
Explica-o bem o Evangelho da Liturgia de hoje, no qual Jesus diz: “Quando Ele vier, o Espírito da verdade, vos guiará a toda a verdade”. “Paulo – observou o Santo Padre – não fala aos atenienses: ‘Esta é a enciclopédia da verdade. Estudem isso e terão toda a verdade, a verdade!. Nâo! A verdade não entre numa enciclopédia. A verdade é um encontro; é um encontro com a Verdade Suma: Jesus, a grande verdade. Ninguém é dono da verdade. A verdade se recebe no encontro”.
Mas Paulo não inventa nada de novo, simplesmente “segue a atitude de Jesus.” O apóstolo atuou dessa forma “porque é o modo” que Jesus agiu, que “falou com todos”: dos santos aos pecadores, dos humildes aos publicanos, dos que lhe seguiam aos que o repudiavam. “O cristão que quer levar o Evangelho deve ir por esta estrada: escutar a todos!” insistiu o Papa; especialmente agora que “é um bom tempo na vida da Igreja”.
Os tempos mudaram, de acordo com Bergoglio, e com ele também a sociedade e algumas visões da Igreja, a qual, tendo que encarar uma forte secularização e uma humanidade totalmente distante de Deus, não pode e não quer excluir a ninguém.
“Estes últimos 50 anos, 60 anos – afirmou o Papa – são momentos muito bons porque me lembro que, quando criança, escutava-se nas famílias católicas, na minha: ‘Não, não podemos ir na casa deles porque não estão casados na Igreja, hein!’. Era como uma exclusão. Não, não podia ir! Ou porque são socialistas ou ateus, não podemos ir”. “Havia uma espécie de defesa da fé, mas com os muros” continuou; agora “graças a Deus”, “não se fala mais aquilo, né? Não se fala! “, Porque “o Senhor fez pontes”.
A Igreja – continuou o Pontífice, lembrando as palavras de Bento XVI – “não cresce no proselitismo”, mas “cresce por atração, pelo testemunho, pela pregação”. E Paulo “tinha justamente essa atitude: anuncia e não faz proselitismo”, em virtude do fato de que “não duvidava do seu Senhor”.
A conclusão do papa é portanto incisiva: “Os cristãos que têm medo de fazer pontes e preferem construir muros, são cristãos não seguros da própria fé, não seguros de Jesus Cristo”. A exortação é portanto que cada cristão siga o exemplo de Paulo e comece “a construir pontes e seguir em frente”.
“Quando a Igreja perde essa coragem apostólica – concluiu o Santo Padre – se torna uma Igreja firme, uma Igreja ordenada, bela, tudo bonito, mas sem fecundidade, porque perdeu a coragem de ir às periferias, aqui onde há tantas pessoas vítimas da idolatria, da mundanidade, do pensamento débil…”
Há portanto uma oração bem específica que deve ser dirigida hoje a São Paulo: que “nos dê esta coragem apostólica, este fervor espiritual, de estar seguros”. Pode nascer a dúvida, o medo: “Mas, Padre, nós podemos equivocar-nos”; Papa Francisco, no entanto, incentiva, “Vamos lá, se você estiver errado, levante-se e siga em frente: aquele é o caminho. Aqueles que não caminham por medo de errar, caem num erro maior”.