Como é difícil amar os nossos inimigos!

Casa Santa Marta: o papa Francesco enfatiza que amar o inimigo é o que nos torna mais parecidos com Cristo e nos convida a rezar para sermos capazes de perdoar

Por Salvatore Cernuzio

CIDADE DO VATICANO, 18 de Junho de 2013 (Zenit.org) – A força do cristão é a sua capacidade de amar. Amar especialmente aqueles que lhe fazem mal, aqueles que o odeiam. Não é um instinto natural, mas é o que Jesus nos pede se quisermos ficar mais próximos dele, que não se vingou de quem o traiu e pregou na cruz.

A partir desta reflexão, desenrolou-se a homilia do papa Francisco na missa desta manhã na Casa Santa Marta, concelebrada com o cardeal Giuseppe Versaldi e com a participação de alguns funcionários da Prefeitura para os Assuntos Econômicos da Santa Sé e dos Museus do Vaticano.

“Amar os nossos inimigos é muito difícil”, afirmou o papa. E não é questão de amar quem teve alguma briga conosco: as nossas próprias forças poderiam ser suficientes para isso. O que Jesus nos pede é amar aqueles que “decidem cometer um atentado e matar muitas pessoas”, disse o papa; aqueles que, “por amor ao dinheiro, não deixam os remédios chegarem até os idosos e os deixam morrer”; aqueles que procuram apenas “os seus próprios interesses, o seu próprio poder e provocam grandes males”. Como é possível amar essas pessoas?, perguntou Bergoglio.

“Parece muito difícil amar o inimigo”, prosseguiu. É uma graça que só Deus pode nos conceder, com a força que vem da oração por eles, para que “nosso Senhor mude os seus corações” e converta o nosso próprio coração. Porque “todos nós temos inimigos”, mas “nós mesmos, tantas vezes, nos tornamos inimigos dos outros em vez de amá-los”.

Este mandamento de Jesus parece ainda mais difícil de cumprir do que os outros: “Achamos que Jesus está nos pedindo demais! Deixamos isso para as freiras de clausura, que são santas; deixamos isso para as santas almas, porque na vida cotidiana não dá! Mas tem que dar! Jesus diz: Nós temos que fazer isto! Porque, caso contrário, somos como os publicanos, como os pagãos. Não somos cristãos”.

Jesus Cristo “nos diz duas coisas em particular”: primeiro, olhar para o Pai, que tem “amor por todos” e “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e chover sobre os justos e os injustos”. E, segundo, ser “perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito”, “imitando o Pai naquela perfeição do amor”.

Jesus, reiterou o Santo Padre, “perdoa os seus inimigos”, “faz de tudo para perdoá-los” porque os cristãos não procuram vingança: a sua arma é a oração. “Rezar”, exclamou Francisco, “é o que Jesus nos aconselha: orai pelos vossos inimigos! Orai por aqueles que vos perseguem! Orai! E dizei a Deus: Muda, Senhor, o coração dele. Ele tem um coração de pedra, dá-lhe um coração de carne, sensível e que ame”. “Quando se reza por quem nos faz sofrer”, acrescentou o papa, “é como se Deus chegasse com seu bálsamo e preparasse os nossos corações para a paz”.

O Santo Padre convidou todos os presentes a fazer uma pergunta em seu coração: “Eu rezo pelos meus inimigos? Eu oro por aqueles que não me amam? Se dissermos que sim, eu direi: Então vamos em frente, vamos orar mais ainda; este é um bom caminho. Se a resposta for não, então nosso Senhor nos diz: Pobre homem… Você também é inimigo dos outros”.

Amar até mesmo quem “aprontou das grandes” ou quem comete más ações “empobreceria as pessoas”? É “com essa desculpa que nós queremos vingança, olho por olho, dente por dente”. Não só isso: “De acordo com os critérios do mundo, não é um bom negócio” amar que nos faz sofrer: além de ser difícil, isso também “nos empobreceria”.

Amar o inimigo, porém, explicou o papa, “nos torna pobres”, sim, mas com a mesma pobreza de Jesus, que se fez pobre “quando veio até nós e se rebaixou”. Ele, sendo rico, se fez pobre, e “nesse rebaixamento é que está a graça que justificou a todos nós, que nos tornou ricos”: o “mistério da salvação”. “O amor nos empobrece, mas com aquela pobreza que é a semente da fertilidade e do amor ao próximo”, ressaltou o papa.

“Seria muito bonito oferecermos a missa, o sacrifício de Jesus, por aqueles que não nos amam. Seria bom para eles, mas também para nós, para que Deus nos ensine esta sabedoria tão difícil, mas tão bela, que nos assemelha ao nosso Pai que traz a luz do sol para todos, tanto bons quanto maus”.

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