O papa Francisco visita o hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus
Por Alfonso M. Bruno
RIO DE JANEIRO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) – Do santuário mariano de Aparecida, o papa Francisco foi a outro “santuário”, o do sofrimento humano provocado pela doença e pelo vício em drogas e álcool.
O hospital São Francisco de Asis da Providência de Deus, visitado pelo papa na tarde de ontem, recebe pessoas com grave dependência de drogas e de álcool, disponibilizando 500 leitos para o seu tratamento.
Sua origem remonta ao desejo do jovem brasileiro Nélio Joel Ângelo Belotti, que queria imitar São Francisco de Assis.
A conversão do poverello de Assis teve um momento crucial depois que ele beijou um leproso, como foi destacado pelo papa Francisco em seu discurso no hospital, citando a sua recente encíclica Lumen Fidei, em que faz referência explícita a esse episódio, no qual um irmão marginalizado se torna o mediador da graça para o jovem de Assis, que está em busca de referências precisas para a sua vocação e missão na Igreja.
Nélio Joel se ordenou sacerdote em 1984, depois de fundar, com alguns poucos voluntários que podiam tomar conta de no máximo sete pacientes indigentes, uma obra que, vinte anos depois, na carne dos homens que carregam a cruz do sofrimento e da doença, mostra as evidências da intervenção do Crucificado.
É desses bons samaritanos que o Brasil e o mundo precisam, sobrecarregados como estão de indiferença e de egoísmo. É eficaz o exemplo de um jovem da “Terra da Vera Cruz, que se faz portador da esperança apesar dos poucos recursos humanos e financeiros.
O hospital está abrindo uma nova ala, abençoada pelo papa Francisco, com a especial característica de cuidar de jovens viciados em drogas sintéticas.
A todos os pacientes e às pessoas que os atendem no hospital, o papa quis expressar o seu afeto com um grande abraço.
“Todos precisamos olhar para o outro com os olhos do amor de Cristo”, disse Francisco. “Precisamos aprender a abraçar quem está em necessidade, para expressar proximidade, afeto, amor”.
E continuou: “Mas abraçar não é suficiente. Estendamos a mão para aqueles que precisam, para aqueles que caíram na escuridão do vício, talvez sem saber como, e digamos: ‘Você consegue se levantar! É cansativo, mas você consegue, se quiser!’”.
O papa nos convidou, enfim, a passar do abraço para os atos. E, como bom pai e mestre, para que a assistência não vire assistencialismo, afirmou para cada vítima do vício em drogas: “Você é o protagonista da saída. Esta é a condição indispensável! Você vai encontrar a mão estendida de quem quer ajudar, mas ninguém pode se levantar no seu lugar”.
Depois, Francisco elogiou o trabalho dos médicos e dos profissionais que prestam antedimento psicológico às vítimas da dependência.
Ao tocar numa proposta de política tão polêmica quanto atual em vários países, o papa declarou:
“Não é com a liberalização do uso das drogas, como está sendo discutido em várias partes da América Latina, que iremos reduzir a propagação e a influência da dependência química. É necessário encarar os problemas que estão na raiz do seu uso, provendo mais justiça, educando os jovens nos valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldades e dando esperanças no futuro”.
Com a doçura de sempre, o papa dedicou palavras a todos e a cada um, mas também condenou com firmeza os “mercadores da morte”, os traficantes de drogas.
E a todos, repetiu: “Não deixem que roubem a sua esperança! Não roubemos a esperança! Mas sim, sejamos portadores de esperança!”.