Não nos salva a nossa segurança de cumprirmos os mandamentos, mas a humildade de ter sempre necessidade de sermos curados por Deus: esta é a principal ideia da homilia do Papa Francisco na Missa em Santa Marta na manhã desta segunda-feira (24)
‘Nenhum profeta é bem aceito na sua pátria’: a homilia do Papa parte destas palavras de Jesus dirigidas aos seus conterrâneos, os habitantes de Nazaré, junto dos quais não pode fazer milagres porque não tinham fé. Jesus recorda dois episódios bíblicos: o milagre da cura de Naaman, o sírio, no tempo do profeta Eliseu, e o encontro do profeta Elias com a viúva de Sarepta de Sidon, que foi salva da carestia. Estes marginalizados, acolhendo os profetas foram salvos, ao contrário os nazarenos não aceitam Jesus, porque eram muito seguros da sua fé, tão seguros da sua observância dos mandamentos que não precisavam de ser salvos:
“É o drama da observância dos mandamentos sem fé: ‘Eu salvo-me sozinho, porque vou à sinagoga todos os sábados, tento obedecer aos mandamentos, mas que não venha este dizer-me que eram melhores do que eu o leproso e a viúva!’ Aqueles eram marginalizados! E Jesus diz: ‘ mas olha que se tu não te marginalizas, não te sentes nas margens, não terás salvação’. Esta é a humildade, o caminho da humildade: sentir-se tão marginalizado que temos necessidade da salvação do Senhor. Apenas Ele salva, não a nossa observância dos preceitos.”
Segundo o Santo Padre esta é a mensagem desta 3ª Semana da Quaresma: se nós queremos ser salvos devemos escolher o caminho da humildade:
“Maria no seu Canto não diz que está contente porque Deus olhou para a sua virgindade, a sua bondade e a sua doçura, tantas virtudes que tinha ela, não: mas porque o Senhor olhou a humildade da sua serva, a sua pequenez, a humildade. É aquilo que olha o Senhor.”
“A humildade cristã não é a virtude de dizer: ‘Mas eu não sirvo para nada! E esconder a soberba aí, não! A humildade cristã é dizer a verdade: ‘Sou pecador, sou pecadora’. Dizer a verdade: é esta a nossa verdade. Mas há a outra: Deus salva-nos: Mas salva-nos lá, quando nós somos marginalizados; não nos salva nas nossas seguranças. Peçamos esta graça de ter esta sabedoria de marginalizarmo-nos, a graça da humildade para receber a salvação do Senhor.”