Homilia do Santo Padre Francisco na missa diaria celebrada na capela da Casa Santa Marta
CIDADE DO VATICANO, 21 de Maio de 2013 (Zenit.org) – Para um cristão, progredir significa rebaixar-se, a exemplo de Jesus. É o que o papa Francisco destacou na missa desta manhã na Casa Santa Marta. O papa também reiterou que o verdadeiro poder está em servir e que não deve existir a luta pelo poder na Igreja.
Na missa, concelebrada pelo diretor de programação da Rádio Vaticano, pe. Andrzej Koprowski, SJ, participou um grupo de funcionários da emissora e outro grupo do Gabinete vaticano de Peregrinos e Turistas.
Também estavam presentes o diretor da revista Civiltà Cattolica, pe. Antonio Spadaro, SJ, e Maria Voce e Giancarlo Faletti, presidente e vice-presidente do movimento dos Focolares. As informações são da Rádio Vaticano.
O poder do serviço
Jesus está falando da sua paixão, mas os discípulos começam a discutir sobre quem é o melhor entre eles. Este é o amargo episódio narrado pelo evangelho de hoje, que ofereceu a oportunidade ao papa de propor uma meditação sobre o poder e o serviço. “A luta pelo poder na Igreja não é coisa dos nossos dias”, disse ele. “Ela começou ainda no tempo de Jesus”.
Francisco destacou também que, “na perspectiva evangélica de Jesus, a luta pelo poder na Igreja não deve existir”, porque o poder real, aquele que o Senhor “nos ensinou com o exemplo”, é “o poder do serviço”.
“O verdadeiro poder é o serviço. Ele não veio para ser servido, mas para servir, e o serviço dele foi o serviço da cruz. Jesus se humilhou até a morte e morte de cruz por nós, para nos servir, para nos salvar. E não existe outro jeito na Igreja de irmos para frente”.
Rebaixar-se para progredir
“Para o cristão, ir para frente, progredir, significa rebaixar-se. Se não aprendermos esta regra cristã, nunca seremos capazes de entender a verdadeira mensagem de Jesus sobre o poder”.
Progredir, agregou o papa, significa “estar sempre a serviço”. Na Igreja, “o maior é aquele que serve, aquele que está mais a serviço dos outros”. Esta “é a regra”. E, no entanto, desde o princípio até agora, tem havido “lutas pelo poder na Igreja”, inclusive “na nossa forma de falar”.
Porque “quando uma pessoa recebe um cargo, que, aos olhos do mundo, é um cargo superior, as outras pessoas dizem: ‘Ah, essa mulher subiu de cargo para presidente daquela associação, ou esse homem foi promovido’… Este verbo, promover, é, sim, um belo verbo, e ele deve ser usado na Igreja. Sim, ele subiu à cruz, foi promovido à humilhação. Esta é a verdadeira promoção, aquela que nos ‘assemelha’ mais a Jesus!”.
O papa recordou que Santo Inácio de Loyola, nos exercícios espirituais, pedia ao Senhor Crucificado “a graça da humilhação”. Este, reiterou Francisco, é “o verdadeiro poder do serviço da Igreja”. Este é o verdadeiro caminho de Jesus, a verdadeira promoção.
“O caminho do Senhor é o seu serviço. Ele fez o seu serviço, nós também temos que ir atrás dele pelo caminho do serviço. Este é o verdadeiro poder na Igreja. Eu gostaria de orar hoje por todos nós, para que Nosso Senhor nos dê a graça de compreender que o verdadeiro poder na Igreja é o serviço. E também para compreender aquela regra de ouro que Ele nos ensinou com o exemplo: para um cristão, progredir, avançar, significa rebaixar-se, abaixar-se… Peçamos esta graça”.