O Santo Padre reafirma que a pessoa corrupta rouba do povo
Por Redacao
CIDADE DO VATICANO, 22 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) – Foram muitas as ocasiões em as que o papa Francisco condenou a corrupção e explicou que ela é culpada por muitos males da sociedade. “Pecadores somos todos, mas corruptos não”, ele já exclamou mais de uma vez. O tema foi novamente abordado na entrevista coletiva durante o voo de retorno das Filipinas para Roma, na última segunda-feira.
Uma jornalista filipina perguntou ao papa: “O que sua Santidade pode fazer para combater a corrupção, não só no governo, mas talvez na Igreja também?”.
O pontífice afirmou que “a corrupção no mundo está na ordem do dia e que a atitude corrupta se aninha rápida e facilmente nas instituições”, porque em uma instituição “que tem muitos setores, muitos chefes e subchefes, é muito fácil que a corrupção se infiltre”.
“A corrupção é tirar do povo”. A pessoa corrupta, que faz negócios corruptos, governa de forma corrupta ou se associa com outros para fazer negócios corruptos, é uma pessoa que rouba do povo, enfatizou Francisco, completando que a corrupção não se fecha apenas em si, mas se espalha e mata. A corrupção é um problema mundial.
Francisco contou uma experiência pessoal: “Em 2001, mais ou menos, perguntei ao chefe do gabinete do presidente [da Argentina] daquele tempo: ‘Das ajudas que vocês enviam dentro do país, seja em dinheiro, seja em itens para alimentação, vestuário, todas essas coisas, quanto chega de fato ao destino?’. Aquele homem, que é um homem verdadeiro, limpo, me respondeu na hora: ‘35 por cento’. Foi isso que ele me disse. Ano de 2001, na minha pátria”.
Em seguida, o papa falou da “corrupção nas instituições eclesiais”, matizando que quando ele fala de Igreja, gosta de falar dos “fiéis, batizados, toda a Igreja. E é melhor falar de pecadores. Todos somos pecadores. Mas quando falamos de corrupção, falamos ou de pessoas corruptas ou de instituições da Igreja que caem na corrupção, e há casos, sim, há casos”.
“No ano de 1994, recém-nomeado bispo do bairro de Flores, em Buenos Aires, dois empregados ou funcionários de um ministério foram me dizer: ‘O senhor tem muita necessidade aqui, com tantos pobres, nas favelas’. E acrescentaram: ‘Nós podemos ajudar. Temos, se o senhor quer, uma ajuda de 400 mil pesos’. Naquela época, o peso e o dólar valiam 1 por 1: 400 mil dólares. ‘E vocês podem fazer isso?’ ‘Sim, sim’. Eu escutava, porque ‘quando a esmola é muito grande, o santo desconfia’. E depois eles prosseguiram: ‘Para fazer isso, nós repassamos o valor para o senhor e depois o senhor nos dá a metade’. Nesse momento, eu pensei: o que é que eu faço? Ou os insulto, ou lhes dou um chute, ou me faço de bobo. E me fiz de bobo. Disse, mas com a verdade, disse: ‘Você sabe que nós, nos vicariatos, não temos conta. Você tem que fazer o depósito na arquidiocese com o recibo”. E é tudo. ‘Ah, não sabíamos’. E foram embora. Mas depois eu pensei: se esses dois chegaram diretamente, sem pedir permissão – é um mau pensamento – é porque algum outro já disse que sim. Mas é um mau pensamento… A corrupção é fácil de cometer”.
O papa pediu que sempre se recorde esta diferença: “Pecadores sim, corruptos não! Corruptos nunca! Temos que pedir perdão por esses católicos, por esses cristãos que escandalizam com a sua corrupção. É uma praga na Igreja, mas há muitos santos, e santos pecadores, mas não corruptos. Vamos olhar também para a outra parte, para a Igreja santa!”.