A Igreja é uma mãe que só quer o bem dos filhos

Audiência geral: papa Francisco lembra que os dez mandamentos não são um “conjunto de nãos” e nos convida a “enxergá-los positivamente”

Por Luca Marcolivio

ROMA, 18 de Setembro de 2013 (Zenit.org) – Durante a audiência geral de hoje, na Praça de São Pedro, dando continuidade ao ciclo de catequeses sobre o mistério da Igreja, o papa Francisco voltou a mencionar a imagem da “Igreja Mãe”, já evocada na homilia de ontem na Casa Santa Marta.

“Eu realmente gosto dessa imagem”, disse o papa, “porque acho que ela não nos diz apenas como é a Igreja, mas também qual é o rosto que a Igreja deveria ter cada vez mais”.

O papa sublinhou alguns princípios que devem animar a educação dos filhos pela mãe. Primeiro, “ela ensina a caminhar pela vida”, apontando o “caminho certo com ternura, com amor, com amor sempre, mesmo quando tenta endireitar o nosso caminho, porque saímos um pouco da rota na vida ou porque andamos na direção do abismo”.

Toda mãe sabe também o que é importante para uma criança, não porque ela “aprendeu nos livros”, mas porque “aprendeu com o coração”.

A Igreja, como mãe, orienta os filhos na vida mediante ensinamentos baseados nos dez mandamentos, que também são “fruto da ternura, do amor de Deus, que os deu a nós”. Há quem argumente que eles são apenas “comandos” ou “um conjunto de nãos”, mas o papa nos convida a “enxergá-los positivamente”.

Entre outras coisas, os dez mandamentos nos convidam a “não criar ídolos materiais que nos escravizam, a nos lembrar de Deus, a ter respeito pelos pais, a ser honestos, a respeitar uns aos outros”: são ensinamentos que a mãe normalmente transmite aos filhos. “Uma mãe nunca ensina o que é ruim; ela só quer o bem dos filhos. Assim também a Igreja”, acrescentou o Santo Padre.

Mesmo quando o filho “cresce” e “assume as suas responsabilidades”, a mãe continua a acompanhá-lo “com discrição”, e , quando ele erra, “ela sempre encontra um jeito de entender, de estar perto, de ajudar”.

A mãe sabe “dar a cara a tapa” pelos filhos, disse Bergoglio, usando a expressão popular. “Se eles acabam na cadeia, por exemplo, as mães não perguntam se eles são culpados ou não, mas continuam a amá-los e muitas vezes sofrem humilhação, mas não têm medo, não deixam de se entregar por eles”.

A Igreja também é uma “mãe misericordiosa” para com os filhos que “erraram e erram” e , sem os julgar, lhes oferece o “perdão de Deus”. A Igreja não tem medo de entrar “na nossa noite, no escuro da nossa alma e consciência, para nos dar esperança”.

A Igreja, enfim, como todas as mães, “também sabe pedir, bater em todas as portas pelos filhos, sem calcular, só por amor”, especialmente orando a Deus, “especialmente pelos mais fracos ou pelos que trilharam os caminhos mais perigosos e errados”. A este propósito, o papa citou o exemplo de Santa Mônica e das suas muitas orações e lágrimas pelo filho Agostinho, até que ele se tornou santo.

“Penso em vocês, queridas mães: quanto vocês oram pelos seus filhos, sem se cansar! Continuem a rezar, a confiar os seus filhos a Deus, que ele tem um grande coração! Batam na porta do coração de Deus com a oração pelos filhos” , exortou o pontífice .

Também a Igreja ora pelos seus filhos em apuros: vemos nela “uma boa mãe que nos mostra o caminho a seguir na vida, que sempre sabe ser paciente, compassiva, compreensiva, e sabe como nos colocar nas mãos de Deus”, concluiu o papa.

“Contemplar o sofrimento de Jesus é o único caminho para o perdão”

Durante a homilia em Santa Marta, papa Francisco exorta a imitar a “graça da humildade de Maria

Por Luca Marcolivio

ROMA, 12 de Setembro de 2013 (Zenit.org) – O perdão cristão é exercitado contemplando a paixão e humanidade de Jesus, imitando o comportamento de sua mãe. A partir disso, o Papa Francisco articulou sua homilia durante a missa desta manhã em Santa Marta, na festa do Santo Nome de Maria.

A liturgia de hoje, afirmou o Papa, já foi chamada de “doce nome de Maria”, mas também hoje, embora com um nome diferente”, permanece a doçura do seu nome”.

A doçura de Maria, continuou o Santo Padre, é necessária para “entender essas coisas que Jesus nos pede”, ou seja, “amai os vossos inimigos, fazei o bem, emprestai sem esperar nada”. Todas as “coisa fortes” que Maria também viveu com a “graça da mansidão” e “a graça da humildade”.

As mesmas virtudes são invocadas por São Paulo na primeira leitura (Col 3,12-17) de hoje, quando o apóstolo dos gentios fala de “sentimentos de ternura, bondade, humildade, mansidão”. Uma disposição deste tipo não só é longe de ser óbvia, mas é impossível alcançá-la “apenas com o nosso esforço; somente a “graça” pode nos ajudar neste processo.

Esta graça passa pelo “pensar em Jesus somente ” ou através de sua contemplação: se com o coração e a mente nos unimos a Ele, que venceu a morte, o pecado, o diabo”, será possível conseguir o que nos pede Jesus e, da mesma maneira, São Paulo.

Nosso esforço será o de “pensar sobre o seu silêncio manso” e Jesus “fará tudo o que falta”. A vida do homem está escondida “em Deus com Cristo”. Não há outro caminho fora da “contemplação da humanidade de Jesus, da humanidade sofredora”, continuou o Papa.

Contemplar o sofrimento de Jesus é o único caminho possível para sermos “bons cristãos”, para “não odiar o próximo”, para “não falar contra o próximo”, concluiu.

“A Igreja é nossa mãe e todos somos parte dela”

Texto completo da audiência do santo padre. Amar a Igreja. O que que eu faço para que outras pessoas possam compartilhar a fé cristã? Sou fecundo na minha fé ou fechado?

ROMA, 11 de Setembro de 2013 (Zenit.org) – Publicamos a seguir as palavras do santo padre na audiência da quarta-feira, 11 de setembro.

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Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Retomamos hoje as catequeses sobre a Igreja neste “Ano da Fé”. Entre as imagens que o Concílio Vaticano II escolheu para fazer-nos entender melhor a natureza da Igreja, há aquela da “mãe”: a Igreja é nossa mãe na fé, na vida sobrenatural (cfr. Const. dogm. Lumen gentium, 6.14.15.41.42). É uma das imagens mais usadas pelos Padres da Igreja nos primeiros séculos e penso que possa ser útil para nós. Para mim, é uma das imagens mais belas da Igreja: a Igreja mãe! Em que sentido e de que modo a Igreja é mãe? Partamos da realidade humana da maternidade: o que faz uma mãe?

1. Antes de tudo, uma mãe gera a vida, leva no seu ventre por nove meses o próprio filho e depois o abre à vida, gerando-o. Assim é a Igreja: nos gera na fé, por obra do Espírito Santo que a torna fecunda, como a Virgem Maria. A Igreja e a Virgem Maria são mães, todas as duas; aquilo que se diz da Igreja se pode dizer também de Nossa Senhora e aquilo que se diz de Nossa Senhora se pode dizer também da Igreja! Certo, a fé é um ato pessoal: “eu creio”, eu pessoalmente respondo a Deus que se faz conhecer e quer entrar em amizade comigo (cfr Enc. Lumen fidei, n. 39). Mas eu recebo a fé dos outros, em uma família, em uma comunidade que me ensina a dizer “eu creio”, “nós cremos”. Um cristão não é uma ilha! Nós nãos nos tornamos cristãos em laboratório, não nos tornamos cristãos sozinhos e com as nossas forças, mas a fé é um presente, é um dom de Deus que nos vem dado na Igreja e através da Igreja. E a Igreja nos doa a vida de fé no Batismo: aquele é o momento no qual nos faz nascer como filhos de Deus, o momento no qual nos dá a vida de Deus, nos gera como mãe. Se vocês forem ao Batistério de São João em Latrão, junto à catedral do Papa, em seu interior há uma inscrição em latim que diz mais ou menos assim: “Aqui nasce um povo de linhagem divina, gerado pelo Espírito Santo que fecunda estas águas; a Mãe Igreja dá à luz a seus filhos nessas ondas”. Isto nos faz entender uma coisa importante: o nosso fazer parte da Igreja não é um fato exterior e formal, não é preencher um cartão que nos deram, mas é um ato interior e vital; não se pertence  à Igreja como se pertence a uma sociedade, a um partido ou a qualquer outra organização. O vínculo é vital, como aquele que se tem com a própria mãe, porque, como afirma Santo Agostinho, a ‘Igreja é realmente mãe dos cristãos’ (De moribus Ecclesiae, I,30,62-63: PL 32,1336). Perguntemo-nos: como eu vejo a Igreja? Se agradeço aos meus pais porque me deram a vida, agradeço também à Igreja porque me gerou na fé através do Batismo? Quantos cristãos recordam a data do próprio Batismo? Gostaria de fazer esta pergunta aqui pra vocês, mas cada um responda no seu coração: quantos de vocês recordam a data do próprio Batismo? Alguns levantam a mão, mas quantos não lembram! Mas a data do Batismo é a data do nosso nascimento na Igreja, a data na qual a nossa mãe Igreja nos deu à luz! E agora eu vos deixo uma tarefa para fazerem em casa. Quando voltarem para casa hoje, procurem bem qual é a data do Batismo de vocês, e isto para festejá-la, para agradecer ao Senhor por este dom. Vocês farão isso? Amamos a Igreja como se ama a própria mãe, sabendo também compreender os seus defeitos? Todas as mães têm defeito, todos temos defeitos, mas quando se fala dos defeitos da mãe nós os cobrimos, nós os amamos assim. E a Igreja também tem os seus defeitos: nós a amamos assim como mãe, nós a ajudamos a ser mais bela, mais autêntica, mais segundo o Senhor? Deixo-vos estas perguntas, mas não se esqueçam das tarefas: procurar a data do Batismo para tê-la no coração e festejá-la.

2. Uma mãe não se limita a gerar a vida, mas com grande cuidado ajuda os seus filhos a crescer, dá a eles o leite, alimenta-os, ensina-lhes o caminho da vida, acompanha-os sempre com a sua atenção, com o seu afeto, com o seu amor, mesmo quando são grandes. E nisto sabe também corrigir, perdoar, compreender, sabe ser próxima na doença, no sofrimento. Em uma palavra, uma boa mãe ajuda os filhos a sair de si mesmos, a não permanecer comodamente debaixo das asas maternas, como uma ninhada de pintinhos fica embaixo das asas da galinha. A Igreja, como boa mãe, faz a mesma coisa: acompanha o nosso crescimento transmitindo a Palavra de Deus, que é uma luz que nos indica o caminho da vida cristã; administrando os Sacramentos. Alimenta-nos com a Eucaristia, traz a nós o perdão de Deus através do Sacramento da Penitência, sustenta-nos no momento da doença com a Unção dos enfermos. A Igreja nos acompanha em toda a nossa vida de fé, em toda a nossa vida cristã. Podemos fazer agora outras perguntas: que relação eu tenho com a Igreja? Eu a sinto como mãe que me ajuda a crescer como cristão? Participo da vida da Igreja, sinto-me parte dela? A minha relação é uma relação formal ou é vital?

3. Um terceiro breve pensamento. Nos primeiros séculos da Igreja, era bem clara uma realidade: a Igreja, enquanto é mãe dos cristãos, enquanto “forma” os cristãos, é também “formada” por eles. A Igreja não é algo diferente de nós mesmos, mas é vista como a totalidade dos crentes, como o “nós” dos cristãos: eu, você, todos nós somos parte da Igreja. São Jerônimo escrevia: “A Igreja de Cristo outra coisa não é se não as almas daqueles que acreditam em Cristo” (Tract. Ps 86: PL 26,1084). Então, todos, pastores e fiéis, vivemos a maternidade da Igreja. Às vezes ouço: “Eu creio em Deus, mas não na Igreja… Ouvi que a Igreja diz…os padres dizem…”. Mas uma coisa são os padres, mas a Igreja não é formada somente de padres, a Igreja somos todos! E se você diz que crê em Deus e não crê na Igreja, está dizendo que não acredita em si mesmo; e isto é uma contradição. A Igreja somos todos: da criança recentemente batizada aos Bispos, ao Papa; todos somos Igreja e todos somos iguais aos olhos de Deus! Todos somos chamados a colaborar ao nascimento à fé de novos cristãos, todos somos chamados a ser educadores na fé, a anunciar o Evangelho. Cada um de nós se pergunte: o que faço eu para que o outro possa partilhar a fé cristã? Sou fecundo na minha fé ou sou fechado? Quando repito que amo uma Igreja não fechada em seu recinto, mas capaz de sair, de mover-se, mesmo com qualquer risco, para levar Cristo a todos, penso em todos, em mim, em você, em cada cristão. Participemos todos da maternidade da Igreja, a fim de que a luz de Cristo alcance os extremos confins da terra. E viva à santa mãe Igreja!

Tradução Canção Nova/ Jéssica Marçal

Papa Francisco no Angelus: O cristão desprende-se de tudo e reencontra tudo na lógica do Evangelho

Pontífice reforça pedido de oração pela paz e recorda a Natividade de Maria


CIDADE DO VATICANO, 08 de Setembro de 2013 (Zenit.org) – Apresentamos as palavras do Papa Francisco pronunciadas neste domingo, 8 de setembro, diante de uma multidão de fieis reunidos na Praça de São Pedro para rezar o Angelus.

No Evangelho de hoje, Jesus insiste sobre as condições para ser seus discípulos: nada antepor ao amor por Ele, carregar a própria cruz e segui-Lo. Muitas pessoas de fato se aproximavam de Jesus, queriam estar entre os seus seguidores, e isso acontecia especialmente depois de algum sinal milagroso que o convalidava como o Messias, o Rei de Israel. Mas Jesus não quer iludir ninguém. Ele sabe o que o espera em Jerusalém, qual é a estrada que o Pai lhe pede para percorrer: é o caminho da cruz, do sacrifício de si mesmo para a remissão dos nossos pecados. Seguir a Jesus não significa participar de uma procissão triunfal! Significa compartilhar o seu amor misericordioso, entrar em sua grande obra de misericórdia por cada homem e para todos os homens. A obra de Jesus é exatamente uma obra de misericórdia, de perdão, de amor! Jesus é tão misericordioso! E este perdão universal, esta misericórdia, passa pela cruz. Jesus não quer cumprir essa obra sozinho: Ele quer nos envolver na missão que o Pai lhe confiou. Depois da ressurreição dirá aos seus discípulos: Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós (…) Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados (João 20,21.22). O discípulo de Jesus renuncia a todos os bens porque encontrou Nele o Bem maior, no qual qualquer bem recebe valor pleno e significado: os laços familiares, outros relacionamentos, o trabalho, os bens culturais e econômicos e assim por diante… o cristão desprende-se de tudo e reencontra tudo na lógica do Evangelho: a lógica do amor e do serviço.

Para explicar esta exigência, Jesus usa duas parábolas: a da torre a ser construída e a do rei que vai para a guerra. Esta segunda parábola diz: “qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz” (Lc 14,31-32). Aqui Jesus não quer lidar com o tema da guerra, é apenas uma parábola. Mas neste momento em que estamos fortemente rezando pela paz, esta Palavra do Senhor nos toca, e nos diz que há uma guerra mais profunda que devemos combater, todos! É a decisão forte e corajosa de renunciar ao mal e suas seduções e escolher o bem, pronto para pagar em pessoa: eis o seguir a Cristo, eis o tomar a própria cruz! Esta guerra profunda contra o mal! Para que serve a guerra, tantas guerras, se você não é capaz de fazer esta guerra profunda contra o mal? Não serve para nada! Não dá… Isso envolve, entre outras coisas, esta guerra contra o mal comporta dizer não ao ódio fratricida e as mentiras de que se serve; dizer não à violência em todas as suas formas; dizer não à proliferação de armas e seu comércio ilegal. Exige muito! Exige muito! E sempre fica a dúvida: essa guerra lá, essa outra ali – porque há guerras por toda parte – é realmente uma guerra por problemas ou é uma guerra comercial para vender armas no comércio ilegal? Estes são os inimigos a serem combatidos, unidos e com coerência, não seguindo outros interesses senão o da paz e do bem comum.

Queridos irmãos e irmãs, hoje também recordamos a Natividade da Virgem Maria, Festa particularmente cara para as Igrejas Orientais. E todos nós, agora, podemos enviar uma saudação a todos os nossos irmãos, irmãs, bispos, monges, freiras das Igrejas Orientais, Ortodoxas e Católicas: uma bela saudação! Jesus é o sol, Maria é a aurora que anuncia o seu nascer. Na noite passada, fizemos vigília confiando à sua intercessão a nossa oração pela paz no mundo, especialmente na Síria e em todo o Oriente Médio. Nós A invocamos agora como Rainha da Paz. Rainha da Paz, rogai por nós! Rainha da Paz, rogai por nós!

(Depois do Angelus)

Queria agradecer a todos aqueles que, de vários modos, aderiram à vigília de oração e de jejum de ontem de noite. Agradeço as várias pessoas que ofereceram os seus sofrimentos por esta intenção. Agradeço as autoridades civis, bem como os membros de outras comunidades cristãs e de outras religiões e os homens e mulheres de boa vontade que viveram, nessa circunstância, momentos de oração, jejum e reflexão.

Mas o compromisso deve seguir adiante: continuemos com a oração e com as obras de paz! Convido-vos a continuar a rezar para que cesse imediatamente a violência e a devastação na Síria e se trabalhe com um esforço renovado por uma justa solução do conflito fratricida. Rezemos também pelos outros países do Oriente Médio, particularmente pelo Líbano, para que encontre a desejada estabilidade e continue a ser um modelo de convivência; pelo Iraque, para que a violência sectária dê lugar à reconciliação; pelo processo de paz entre israelenses e palestinos, para que possa avançar com decisão e coragem. E rezemos pelo Egito, para que todos os egípcios, muçulmanos e cristãos, se comprometam em construir juntos uma sociedade para o bem de toda a população. A busca pela paz é um longo caminho que exige paciência e perseverança! Continuemos com a oração!

Com alegria recordo que ontem, em Rovigo, foi proclamada Beata Maria Bolognesi, fiel leiga, nascida em 1924 e morta em 1980. Passou toda a sua vida a serviço dos outros, especialmente dos pobres e doentes, suportando grande sofrimento em profunda união com a paixão de Cristo. Demos graças a Deus por este testemunho do Evangelho!

Saúdo com afeto os peregrinos presentes, todos! Em particular, os fiéis do Patriarcado de Veneza, liderados pelo Patriarca; os alunos e ex-alunos das Filhas de Maria Auxiliadora; e os participantes da “Campanha Mãe Peregrina de Schoenstatt”.

Saúdo os fiéis de Carcare, Bitonto, Sciacca, Nocera Superiore e das dioceses de Acerra; a Sociedade das Irmãs do Santo Rosário de Villa Pitignano; os jovens de Torano Nuovo, Martignano, Tencarola e Carmignano, e aqueles que vieram com as Irmãs da Misericórdia de Verona.

Saúdo o Coro de San Giovanni Ilarione, as associações ” Paz e Alegria ” de Santa Vittoria d’ Alba e “Calima” de Orzinuovi e os doadores de sangue de Cimolais.

Desejo a todos um bom domingo. Bom almoço e adeus!

O mundo de Deus é um mundo onde cada um se sente responsável pelo outro

Homilia do Papa Francisco pronunciada na vigília de oração pela paz

CIDADE DO VATICANO, 08 de Setembro de 2013 (Zenit.org) – Apresentamos a seguir a homilia pronunciada pelo Papa Francisco neste sábado, 7 de setembro, durante a vigília de oraçãopela paz.

«Deus viu que isso era bom» (Gn 1,12.18.21.25). A narração bíblica da origem do mundo e da humanidade nos fala de Deus que olha a criação, quase a contemplando, e repete uma e outra vez: isso é bom. Isso, queridos irmãos e irmãs, nos permite entrar no coração de Deus e recebermos a sua mensagem que procede precisamente do seu íntimo.

Podemos nos perguntar: qual é o significado desta mensagem? O que diz esta mensagem para mim, para ti, para todos nós?

1. Simplesmente nos diz que o nosso mundo, no coração e na mente de Deus, é “casa de harmonia e de paz” e espaço onde todos podem encontrar o seu lugar e sentir-se “em casa”, porque é “isso é bom”. Toda a criação constitui um conjunto harmonioso, bom, mas os seres humanos em particular, criados à imagem e semelhança de Deus, formam uma única família, em que as relações estão marcadas por uma fraternidade real e não simplesmente de palavra: o outro e a outra são o irmão e a irmã que devemos amar, e a relação com Deus, que é amor, fidelidade, bondade, se reflete em todas as relações humanas e dá harmonia para toda a criação. O mundo de Deus é um mundo onde cada um se sente responsável pelo outro, pelo bem do outro. Esta noite, na reflexão, no jejum, na oração, cada um de nós, todos nós pensamos no profundo de nós mesmos: não é este o mundo que eu desejo? Não é este o mundo que todos levamos no coração? O mundo que queremos não é um mundo de harmonia e de paz, em nós mesmos, nas relações com os outros, nas famílias, nas cidades, nas e entreas nações? E a verdadeira liberdade para escolher entre os caminhos a serem percorridos neste mundo, não é precisamente aquela que está orientada pelo bem de todos e guiada pelo amor?

2. Mas perguntemo-nos agora: é este o mundo em que vivemos? A criação conserva a sua beleza que nos enche de admiração; ela continua a ser uma obra boa. Mas há também “violência, divisão, confronto, guerra”. Isto acontece quando o homem, vértice da criação, perde de vista o horizonte da bondade e da beleza, e se fecha no seu próprio egoísmo.

Quando o homem pensa só em si mesmo, nos seus próprios interesses e se coloca no centro, quando se deixa fascinar pelos ídolos do domínio e do poder, quando se coloca no lugar de Deus, então deteriora todas as relações, arruína tudo; e abre a porta à violência, à indiferença, ao conflito. É justamente isso o que nos quer explicar o trecho do Gênesis em que se narra o pecado do ser humano: o homem entra em conflito consigo mesmo, percebe que está nu e se esconde porque sente medo (Gn 3, 10); sente medo do olhar de Deus; acusa a mulher, aquela que é carne da sua carne (v. 12); quebra a harmonia com a criação, chega a levantar a mão contra o seu irmão para matá-lo. Podemos dizer que da harmonia se passa à desarmonia? Mas, podemos dizer isso: que da harmonia se passa à desarmonia? Não. Não existe a “desarmonia”: ou existe harmonia ou se cai no caos, onde há violência, desavença, confronto, medo…

È justamente nesse caos que Deus pergunta à consciência do homem: «Onde está o teu irmão Abel?». E Caim responde «Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). Esta pergunta também se dirige a nós, assim que também a nós fará bem perguntar: Acaso sou o guarda do meu irmão? Sim, tu és o guarda do teu irmão! Ser pessoa significa sermos guardas uns dos outros! Contudo, quando se quebra a harmonia, se produz uma metamorfose: o irmão que devíamos guardar e amar se transforma em adversário a combater, a suprimir. Quanta violência surge a partir deste momento, quantos conflitos, quantas guerras marcaram a nossa história! Basta ver o sofrimento de tantos irmãos e irmãs. Não se trata de algo conjuntural, mas a verdade é esta: em toda violência e em toda guerra fazemos Caim renascer. Todos nós! E ainda hoje prolongamos esta história de confronto entre os irmãos, ainda hoje levantamos a mão contra quem é nosso irmão. Ainda hoje nos deixamos guiar pelos ídolos, pelo egoísmo, pelos nossos interesses; e esta atitude se faz mais aguda: aperfeiçoamos nossas armas, nossa consciência adormeceu, tornamos mais sutis as nossas razões para nos justificar. Como fosse uma coisa normal, continuamos a semear destruição, dor, morte! A violência e a guerra trazem somente morte, falam de morte! A violência e a guerra têm a linguagem da morte!

Depois do Dilúvio, cessou a chuva, surge o arco-íris e a pomba traz um ramo de oliveira. Penso também hoje naquela oliveira que os representantes das diversas religiões plantamos em Buenos Aires, na Praça de Maio, no ano 2000, pedindo que não haja mais caos, pedindo que não haja mais guerra, pedindo paz.

3. E neste ponto, me pergunto: É possível percorrer o caminho da paz? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz? Invocando a ajuda de Deus, sob o olhar materno da Salus Populi romani, Rainha da paz, quero responder: Sim, é possível para todos! Esta noite queria que de todos os cantos da terra gritássemos: Sim, é possível para todos! E mais ainda, queria que cada um de nós, desde o menor até o maior, inclusive aqueles que estão chamados a governar as nações, respondesse: – Sim queremos! A minha fé cristã me leva a olhar para a Cruz. Como eu queria que, por um momento, todos os homens e mulheres de boa vontade olhassem para a Cruz! Na cruz podemos ver a resposta de Deus: ali à violência não se respondeu com violência, à morte não se respondeu com a linguagem da morte. No silêncio da Cruz se cala o fragor das armas e fala a linguagem da reconciliação, do perdão, do diálogo, da paz. Queria pedir ao Senhor, nesta noite, que nós cristãos e os irmãos de outras religiões, todos os homens e mulheres de boa vontade gritassem com força: a violência e a guerra nunca são o caminho da paz! Que cada um olhe dentro da própria consciência e escute a palavra que diz: sai dos teus interesses que atrofiam o teu coração, supera a indiferença para com o outro que torna o teu coração insensível, vence as tuas razões de morte e abre-te ao diálogo, à reconciliação: olha a dor do teu irmão – penso nas crianças: somente nelas… olha a dor do teu irmão, e não acrescentes mais dor, segura a tua mão, reconstrói a harmonia perdida; e isso não com o confronto, mas com o encontro! Que acabe o barulho das armas! A guerra sempre significa o fracasso da paz, é sempre uma derrota para a humanidade. Ressoem mais uma vez as palavras de Paulo VI: «Nunca mais uns contra os outros, não mais, nunca mais… Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra! (Discurso às Nações Unidas, 4 de outubro de 1965: ASS 57 [1965], 881). «A paz se afirma somente com a paz; e a paz não separada dos deveres da justiça, mas alimentada pelo próprio sacrifício, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade» (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, de 1976: ASS 67 [1975], 671). Irmãos e irmãs, perdão, diálogo, reconciliação são as palavras da paz: na amada nação síria, no Oriente Médio, em todo o mundo! Rezemos, nesta noite, pela reconciliação e pela paz, e nos tornemos todos, em todos os ambientes, em homens e mulheres de reconciliação e de paz. Assim seja.

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Ser cristão não é ter uma etiqueta

Antes de rezar o Angelus Papa Francisco reflete sobre o caminho da salvação e depois faz um apelo para a paz na Síria

ROMA, 25 de Agosto de 2013 (Zenit.org) – Apresentamos a seguir as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco neste domingo (25) diante dos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para rezar o Angelus.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje nos convida a refletir sobre o tema da salvação. Jesus está subindo desde a Galiléia até a cidade de Jerusalém, e ao longo do caminho um tal – diz o evangelista Lucas – se aproxima e pergunta-lhe: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (13,23). Jesus não respondeu diretamente a pergunta: não é importante saber quantos se salvam, mais importante é saber qual é o caminho da salvação. E assim, Jesus responde a questão, dizendo: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque muitos procurarão entrar, mas não conseguirão” (v. 24). O que Jesus quer dizer? Qual é a porta pela qual devemos entrar? E por que Jesus fala de uma porta estreita?

A imagem da porta aparece várias vezes no Evangelho e evoca aquela da casa, do lar doméstico, onde encontramos segurança, amor, calor. Jesus diz-nos que há uma porta que nos permite entrar na família de Deus, no calor da casa de Deus, da comunhão com Ele. Esta porta é o próprio Jesus(cf. João 10,09). Ele é a porta. Ele é a passagem para a salvação. Ele nos conduz ao Pai. E a porta, que é Jesus, nunca está fechada, não está fechada nunca, está sempre aberta a todos, sem distinção, sem exclusão, sem privilégios. Porque vocês sabem, Jesus não exclui ninguém. Alguém entre vocês poderia me dizer: “Mas, Padre, com certeza eu estou excluído porque sou um grande pecador: fiz coisas más, fiz tantas coisas, na vida”. Não, você não está excluído! Precisamente por isso és o preferido, porque Jesus prefere o pecador, sempre, para perdoá-lo, para amá-lo. Jesus está esperando para te abraçar, para te perdoar. Não tenha medo: Ele está esperando por você. Anime-se, tenha coragem para chegar à sua porta. Todos são convidados a passar por esta porta, a porta da fé, para entrar na sua vida e deixá-lo entrar na nossa vida, para que Ele a transforme, a renove, dê a ela alegria plena e duradoura.

Hoje em dia nós passamos diante de muitas portas que nos convidam a entrar e prometem uma felicidade que, logo, percebemos que dura apenas um instante, que se esgota em si mesma e não tem futuro. Mas eu lhes pergunto: Por qual porta queremos entrar? Quem queremos deixar entrar pela porta de nossas vidas? Eu gostaria de dizer com força: não tenhamos medo de passar pela porta da fé em Jesus, de deixá-lo entrar cada vez mais em nossas vidas, de sairmos do nosso egoísmo, do nosso fechamento, da nossa indiferença para com os outros. Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma luz que nunca se apaga. Não é um fogo de artifício, não é um flash! É uma luz tranquila que dura para sempre e nos dá a paz. Assim é a luz que encontramos quando entramos pela porta de Jesus.

Claro que a de Jesus é uma porta estreita, não porque seja uma sala de tortura. Não, isso não! Mas porque Ele nos pede para abrir os nossos corações para Ele, reconhecermo-nos pecadores, necessitados de sua salvação, do seu perdão, do seu amor, de ter a humildade em acolher a Sua misericórdia e de nos deixar renovar por Ele. Jesus no Evangelho nos diz que ser cristão não é ter uma etiqueta”! Eu pergunto a vocês: vocês são cristãos de etiqueta ou de verdade? E cada um responda dentro de si mesmo! Nunca cristãos de etiqueta! Mas cristãos de verdade, de coração. Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, no promover a justiça, no fazer o bem. Pela porta estreita que é Cristo deve passar toda a nossa vida.

A Virgem Maria, Porta do Céu, pedimos que nos ajude a atravessar a porta da fé, a deixar que seu Filho transforme nossa existência como transformou a sua para levar a todos a alegria do Evangelho.

(Apelo)

Com grande dor e preocupação continuo a acompanhar a situação na Síria. O aumento da violência em uma guerra entre irmãos, com a proliferação de massacres e atrocidades, que todos pudemos ver nas terríveis imagens destes dias, leva-me mais uma vez a levantar a voz para que termine o ruído das armas. Não é o confronto que oferece perspectivas de esperança para resolver os problemas, mas a capacidade do encontro e do diálogo.

Do fundo do meu coração, eu gostaria de expressar a minha proximidade na oração e solidariedade a todas as vítimas deste conflito, a todos aqueles que sofrem, especialmente as crianças, e convido a manter viva a esperança de paz. Faço um apelo à comunidade internacional para que se mostre mais sensível a esta situação trágica e coloque todos os esforços para ajudar a amada nação Síria a encontrar uma solução para uma guerra que semeia a destruição e a morte. Todos juntos, rezemos, todos juntos rezemos a Nossa Senhora, Rainha da Paz: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós. Todos: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós.

(Depois do Angelus)

Saúdo com afeto os peregrinos presentes: as famílias, os numerosos grupos e a Associação Albergoni. Em particular, saúdo as Irmãs de Santa Doroteia, os jovens de Verona, Siracusa, Nave, Modica e Trento, os crismandos da Unidade Pastoral de Angarano e Val Liona; os seminaristas e padres do Pontifício Colégio Norte-Americano, os trabalhadores de Cuneo e os peregrinos de Verrua Po, San Zeno Naviglio, Urago d’Oglio, Varano Borghi e São Paulo, do Brsil. Para muitos, estes dias marcam o fim do período das férias de verão. Auguro a todos um retorno sereno e comprometido à vida cotidiana normal olhando para o futuro com esperança.

Desejo a todos um bom domingo, boa semana! Bom almoço e adeus!

Festa da Acolhida – Rio de Janeiro

Discurso do Papa aos funcionários da Vila Pontifícia

Viagem Apostólica ao Brasil 
Discurso do Papa Francisco
Festa da Acolhida – Rio de Janeiro
Quinta-feira, 25 de julho de 2013

Jovens amigos,

«É bom estarmos aqui!»: exclamou Pedro, depois de ter visto o Senhor Jesus transfigurado, revestido de glória. Queremos também nós repetir estas palavras? Penso que sim, porque para todos nós, hoje, é bom estar aqui juntos unidos em torno de Jesus! É Ele que nos acolhe e se faz presente em meio a nós, aqui no Rio. Mas, no Evangelho, escutamos também as palavras de Deus Pai: «Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-O!» (Lc 9, 35). Então, se por um lado é Jesus quem nos acolhe, por outro também nós devemos acolhê-lo, ficar à escuta da sua palavra, pois é justamente acolhendo a Jesus Cristo, Palavra encarnada, que o Espírito Santo nos transforma, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para caminharmos com alegria (cf. Carta enc. Lumen fidei, 7).

Mas o que podemos fazer? “Bote fé”. A cruz da Jornada Mundial da Juventude peregrinou através do Brasil inteiro com este apelo. “Bote fé”: o que significa? Quando se prepara um bom prato e vê que falta o sal, você então “bota” o sal; falta o azeite, então “bota” o azeite… “Botar”, ou seja, colocar, derramar.

É assim também na nossa vida, queridos jovens: se queremos que ela tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: “bote fé” e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; “bote esperança” e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; “bote amor” e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. “Bote fé”, “bote esperança”, “bote amor!

Mas quem pode nos dar tudo isso? No Evangelho, escutamos a resposta: Cristo. “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-O”! Jesus é Aquele que nos traz a Deus e que nos leva a Deus; com Ele toda a nossa vida se transforma, se renova e nós podemos olhar a realidade com novos olhos, «a partir da perspectiva de Jesus e com os seus olhos» (Carta enc. Lumen fidei, 18). Por isso, hoje, lhes digo com força: “Bote Cristo” na sua vida, e você encontrará um amigo em quem sempre confiar; “bote Cristo”, e você verá crescer as asas da esperança para percorrer com alegria o caminho do futuro; “bote Cristo” e a sua vida ficará cheia do seu amor, será uma vida fecunda.

Hoje, queria que nos perguntássemos com sinceridade: em quem depositamos a nossa confiança? Em nós mesmos, nas coisas, ou em Jesus? Sentimo-nos tentados a colocar a nós mesmos no centro, a crer que somos somente nós que construímos a nossa vida, ou que ela se encha de felicidade com o possuir, com o dinheiro, com o poder. Mas não é assim! É verdade, o ter, o dinheiro, o poder podem gerar um momentode embriaguez, a ilusão de ser feliz, mas, no fim de contas, são eles que nos possuem e nos levam a querer ter sempre mais, a nunca estar saciados. “Bote Cristo” na sua vida, deposite n’Ele a sua confiança e você nunca se decepcionará! Vejam, queridos amigos, a fé realiza na nossa vida uma revolução que podíamos chamar copernicana, porque nos tira do centro e o restitui a Deus; a fé nos imerge no seu amor que nos dá segurança, força, esperança. Aparentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de nós mesmos, tudo muda. No nosso coração, habita a paz, a mansidão, a ternura, a coragem, a serenidade e a alegria, que são os frutos do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22) e a nossa existência se transforma, o nosso modo de pensar e agir se renova, torna-se o modo de pensar e de agir de Jesus, de Deus. No Ano da Fé, esta Jornada Mundial da Juventude é justamente um dom que nos é oferecido para ficarmos ainda mais perto de Jesus, para ser seus discípulos e seus missionários, para deixar que Ele renove a nossa vida.

Querido jovem: “bote Cristo” na sua vida. Nestes dias, Ele lhe espera na Palavra; escute-O com atenção e o seu coração será inflamado pela sua presença; “Bote Cristo”: Ele lhe acolhe no Sacramento do perdão, para curar, com a sua misericórdia, as feridas do pecado. Não tenham medo de pedir perdão a Deus. Ele nunca se cansa de nos perdoar, como um pai que nos ama. Deus é pura misericórdia! “Bote Cristo: Ele lhe espera no encontro com a sua Carne na Eucaristia, Sacramento da sua presença, do seu sacrifício de amor, e na humanidade de tantos jovens que vão lhe enriquecer com a sua amizade, lhe encorajar com o seu testemunho de fé, lhe ensinar a linguagem da caridade, da bondade, do serviço. Você também, querido jovem, pode ser uma testemunha jubilosa do seu amor, uma testemunha corajosa do seu Evangelho para levar a este nosso mundo um pouco de luz.

“É bom estarmos aqui”, botando Cristo na nossa vida, botando a fé, a esperança, o amor que Ele nos dá. Queridos amigos, nesta celebração acolhemos a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Com Maria, queremos ser discípulos e missionários. Como Ela, queremos dizer «sim» a Deus. Peçamos ao seu coração de mãe que interceda por nós, para que os nossos corações estejam disponíveis para amar a Jesus e fazê-lo amar. Ele está esperando por nós e conta conosco! Amém.

Palavras do Papa Francisco aos jovens argentinos na Catedral São Sebastião

Brasão do Papa

Viagem Apostólica ao Brasil
Palavras do Papa Francisco aos jovens argentinos 
Catedral São Sebastião
Quinta-feira, 25 de julho de 2013

 

Obrigado, obrigado, por estar aqui hoje, por ter vindo. Obrigado a todos aqueles que estão dentro e muito obrigado para aqueles que estão fora dos 30.000 que me dizem que estão lá. Daqui os saúdo, estão na chuva.

Obrigado pelo gesto de ficarem perto; obrigado por terem vindo para a Jornada Mundial da Juventude. Sugeri a Dom Gasbarri, que organizou a viagem, se teri um lugarzinho para encontrar-me com vocês. E em meio dia já tinha arranjado tudo, então eu também quero agradecer publicamente também Dom Gasbarri, isto que possibilitou hoje.

Deixe-me dizer uma coisa. O que esperar como resultado da Jornada Mundial da Juventude? Espero confusão. Quem aqui no Rio de Janeiro vai ter confusão, vai ter, mas eu quero esta confusão nas diocese. Quero que se saia para fora. Quero que a Igreja vá para as ruas. Quero que nos defendamos do espírito mundano, do comodismo e da instalação, do clericalismo e de ficar fechados em nós mesmos. As paróquias, as escolas, as instituições são para sair, caso contrário se convertem em uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG!

Perdoem-me os bispos e padres, se despois isso provocar confusão, mas é um conselho. Obrigado pelo que você pode fazer.

Penso que neste momento a civilização mundial entrou em parafuso. Há uma “rosca”, porque é tal o culto que tem feito ao deus dinheiro, que estamos presenciando uma filosofia e uma práxis de exclusão de dois polos da vida que são as esperanças dos povos: idosos e jovens. Exclusão dos idosos, é claro, porque alguém poderia pensar que poderia haver algum tipo de eutanásia escondida. Não se cuida dos idosos, mas isso significa também uma eutanásia cultural.  Não os deixam falar e nem mesmo agir. Exclusão dos jovens! A porcentagem de jovens sem trabalho e sem emprego é muito alta; e é uma geração que não tem a experiência de dignidade conquistada pelo trabalho. Ou seja, esta civilização nos levou a excluir as duas pontas que são o nosso futuro.

Então os jovens têm que sair e lutar para serem valorizados e por seus valores; e os idosos têm que abrir a boca para ensinar, transmitir a sabedoria dos povos.

Dentre a população argentina eu peço de coração aos idosos, não vacilem em ser a reserva cultural do nosso povo que transmite a justiça, que transmite a história, que transmite os valores, que transmite a memória do povo. E vocês, jovens, não se coloquem contra os idosos; deixem que eles possam falar; escutem e procurem seguir seus conselhos. Mas saibam, saibam que neste momento vocês, jovens e idosos, estão condenados ao mesmo destino: a exclusão. Não se deixem excluir. Está claro? É por esta causa que penso qe devem trabalhar.

E a fé em Jesus Cristo não é uma piada; é algo muito sério. É um escândalo que Deus tenha vindo se fazer um de nós, é um escândalo, e que ele morreu na cruz, é um escândalo, o escândalo da cruz. A cruz continua sendo um escândalo, mas é o único caminho seguro: o da cruz, o de Jesus, a encarnação de Jesus.

Por favor, não coloquem a fé em Jesus Cristo no liquidificador. Existe suco líquido de laranja, de maçã, de banana mas, por favor, não tomem uma fé líquida.

A fé deve ser íntegra; não se liquefaz; é a fé em Jesus. É a fé no Filho de Deus feito homem que me amou e morreu por mim.

As bem-aventuranças. O que temos de fazer, padre? Veja, ler as bem-aventuranças vai te fazer bem e se queres saber que coisas mais prática tens que fazer, lê Mateus 25, que é o protocolo pelo qual soeremos julgados. Com essas duas coisas temos o programa de ação: as bem-aventuranças e Mateus 25. Não precisa ler outra coisa. Leia isso, peço de coração.

Bem, obrigado por estarem próximos de mim. Lamento que estão enjaulados. Mas eu lhe digo uma coisa, eu às vezes sinto o quão feio é ser enjaulado, falo de coração.

Mas compreendo a situação. Gostaria de estar mais perto de vocês, mas entendo que por razão de ordem não se pode. Obrigado por vocês se aproximarem. Obrigado por rezarem por mim. Peço de coração. Preciso, necessito da oração de vocês, preciso muito. Obrigado por isso.

Eu vou dar a bênção e depois vamos abençoar a imagem da Virgem que vai percorrer toda república e da cruz de San Francisco que vai  missão.

Mas não se esqueçam: façam confusão, cuidem dos dois extremos da vida, as duas extremidades da história dos povos que são os idosos e os jovens, não dissolvam a fé.

 

Via Sacra com os jovens na Praia de Copacabana

Brasão do Papa
Viagem Apostólica ao Brasil 

Via Sacra com os jovens
Praia de Copacabana
Sexta-feira, 26 de julho de 2013

Queridos jovens,

Viemos hoje acompanhar Jesus no seu caminho de dor e de amor, o caminho da Cruz, que é um dos momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude. No final do Ano Santo da Redenção, o Bem-aventurado João Paulo II quis confiá-la a vocês, jovens, dizendo-lhes: «Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção» (Palavras aos jovens [22 de abril de 1984]: Insegnamenti VII,1(1984), 1105). A partir de então a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram. Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?

1. Uma antiga tradição da Igreja de Roma conta que o Apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da perseguição do Imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direção oposta e, admirado, lhe perguntou: «Para onde vais, Senhor?». E a resposta de Jesus foi: «Vou a Roma para ser crucificado outra vez». Naquele momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o fim, mas entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na Cruz. Pois bem, Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos. Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida (cf. Jo 3,16).

2. E assim podemos responder à segunda pergunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós? Deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar. Na Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia. E este é um amor em que podemos confiar, em que podemos crer. Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele (cf. Carta enc. Lumen fidei, 16)! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida. O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de «Terra de Santa Cruz». A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco.

3. Mas a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres… Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos. Queridos amigos, a Cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria? Queridos jovens, levamos as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a Cruz de Cristo; encontraremos um Coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor. Assim seja!

Vigília com os jovens na Praia de Copacabana

Discurso do Papa aos funcionários da Vila Pontifícia

Viagem Apostólica ao Brasil 
Discurso do Papa Francisco
Vigília com os jovens na Praia de Copacabana
Sábado, 27 de julho de 2013

Queridos jovens,

Olhando para vocês presentes aqui hoje, me vem a mente a história de São Francisco de Assis. Diante do Crucifixo, ele escuta a voz de Jesus que lhe diz: «Francisco, vai e repara a minha casa». E o jovem Francisco responde, com prontidão e generosidade, a esta chamado do Senhor: repara a minha casa. Mas qual casa? Aos poucos, ele percebe que não se tratava fazer de pedreiro para reparar um edifício feito de pedras, mas de dar a sua contribuição para a vida da Igreja; tratava-se de colocar-se ao serviço da Igreja, amando-a e trabalhando para que transparecesse nela sempre mais a Face de Cristo.

Também hoje o Senhor continua precisando de vocês, jovens, para a sua Igreja. Querido jovens, o Senhor necessita de você. Também hoje ele chama a cada um de vocês para segui-lo na sua Igreja, para serem missionários. Queridos jovens, o Senhor hoje os chama. Não a muitos, mas a você, a você, a você, a você… a cada um. Escutem-no no coração.

Penso que podemos aprender com o que aconteceu nesses dias. Como tivemos que cancelar, devido ao mau tempo, a realização desta vigília no Campus Fidei (Campo da Fé), em Guaratiba, não estaria o Senhor querendo dizer-nos que o verdadeiro Campo da Fé, o verdadeira Campus Fidei, não é um lugar geográfico, mas somos nós?

Sim, é verdade. Cada um de nós, cada um de vocês, eu, vocês, todos, que ser discípulos missionários significa reconhecer que somos Campos da Fé de Deus. Por isso, a partir da imagem do Campo da Fé, pensei em três imagens que podem nos ajudar a entender melhor o que significa ser um discípulo missionário: a primeira, o campo como lugar onde se semeia; a segunda, o campo como lugar de treinamento; e a terceira, o campo como canteiro de obras.

1. O campo como lugar onde se semeia. Todos conhecemos a parábola de Jesus sobre um semeador que saiu pelo campo lançando sementes; algumas caem à beira do caminho, em meio às pedras, no meio de espinhos e não conseguem se desenvolver; mas outras caem em terra boa e dão muito fruto (cf. Mt 13,1-9). Jesus mesmo explica o sentido da parábola: a semente é a Palavra de Deus que é lançada nos nossos corações (cf. Mt 13,18-23). Queridos jovens, isso significa que o verdadeiro Campus Fidei é o coração de cada um de vocês, é a vida de vocês. E é na vida de vocês que Jesus pede para entrar com a sua Palavra, com a sua presença. Por favor, deixem que Cristo e a sua Palavra entrem na vida de vocês, e nela possam germinar e crescer.

Jesus nos diz que as sementes, que caíram à beira do caminho, em meio às pedras e em meio aos espinhos não deram fruto. Qual terreno somos ou queremos ser? Quem sabe se, às vezes, somos como o caminho: escutamos o Senhor, mas na vida não muda nada, pois nos deixamos aturdir por tantos apelos superficiais que escutamos; ou como o terreno pedregoso: acolhemos Jesus com entusiasmo, mas somos inconstantes e diante das dificuldades não temos a coragem de ir contra a corrente; ou somos como o terreno com os espinhos: as coisas, as paixões negativas sufocam em nós as palavras do Senhor (cf. Mt 13, 18-22). Mas, hoje, tenho a certeza que a semente está caindo numa terra boa, sei que vocês querem ser um terreno bom, não querem ser cristãos pela metade, nem “engomadinhos”, nem cristãos de fachada, mas sim autênticos. Tenho a certeza que vocês não querem viver na ilusão de uma liberdade que se deixe arrastar pelas modas e as conveniências do momento. Sei que vocês apostam em algo grande, em escolhas definitivas que deem pleno sentido para a vida. Jesus é capaz de oferecer-lhes isto. Ele é o «caminho, a verdade e a vida» (Jo 14,6)! Confiemos n’Ele. Deixemo-nos guiar por Ele!

2. O campo como lugar de treinamento. Jesus nos pede que o sigamos por toda a vida, pede que sejamos seus discípulos, que “joguemos no seu time”. Acho que a maioria de vocês ama os esportes. E aqui no Brasil, como em outros países, o futebol é uma paixão nacional. Ora bem, o que faz um jogador quando é convocado para jogar em um time? Deve treinar, e muito! Também é assim na nossa vida de discípulos do Senhor. São Paulo nos diz: «Todo atleta se impõe todo tipo de disciplina. Eles assim procedem, para conseguirem uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos uma coroa incorruptível!» (1Co 9, 25). Jesus nos oferece algo muito superior que a Copa do Mundo! Oferece-nos a possibilidade de uma vida fecunda e feliz e nos oferece também um futuro com Ele que não terá fim: a vida eterna. Jesus, porém, nos pede que treinemos para estar “em forma”, para enfrentar, sem medo, todas as situações da vida, testemunhando a nossa fé. Como? Através do diálogo com Ele: a oração, que é diálogo diário com Deus que sempre nos escuta. através dos sacramentos, que fazem crescer em nós a sua presença e nos conformam com Cristo; através do amor fraterno, do saber escutar, do compreender, do perdoar, do acolher, do ajudar os demais, qualquer pessoa sem excluir nem marginalizar ninguém. Queridos jovens, que vocês sejam verdadeiros “atletas de Cristo”!

3. O campo como canteiro de obras. Quando o nosso coração é uma terra boa que acolhe a Palavra de Deus, quando se “sua a camisa” procurando viver como cristãos, nós experimentamos algo maravilhoso: nunca estamos sozinhos, fazemos parte de uma família de irmãos que percorrem o mesmo caminho; somos parte da Igreja, mais ainda, tornamo-nos construtores da Igreja e protagonistas da história. São Pedro nos diz que somos pedras vivas que formam um edifício espiritual (cf. 1Pe 2,5). E, olhando para este palco, vemos que ele tem a forma de uma igreja, construída com pedras, com tijolos. Na Igreja de Jesus, nós somos as pedras vivas, e Jesus nos pede que construamos a sua Igreja; e não como uma capelinha, onde cabe somente um grupinho de pessoas. Jesus nos pede que a sua Igreja viva seja tão grande que possa acolher toda a humanidade, que seja casa para todos! Ele diz a mim, a você, a cada um: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações»! Nesta noite, respondamos-lhe: Sim, também eu quero ser uma pedra viva; juntos queremos edificar a Igreja de Jesus! Digamos juntos: Eu quero ir e ser construtor da Igreja de Cristo!

No coração jovem de vocês, existe o desejo de construir um mundo melhor. Acompanhei atentamente as notícias a respeito de muitos jovens que, em tantas partes do mundo, saíram pelas ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Mas, fica a pergunta: Por onde começar? Quais são os critérios para a construção de uma sociedade mais justa? Quando perguntaram a Madre Teresa de Calcutá o que devia mudar na Igreja, ela respondeu: você e eu!

Queridos amigos, não se esqueçam: Vocês são o campo da fé! Vocês são os atletas de Cristo! Vocês são os construtores de uma Igreja mais bela e de um mundo melhor. Elevemos o olhar para Nossa Senhora. Ela nos ajuda a seguir Jesus, nos dá o exemplo com o seu “sim” a Deus: «Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra» (Lc 1,38). Também nós o dizemos a Deus, juntos com Maria: faça-se em mim segundo a Tua palavra. Assim seja!