A vocação cristã é uma chamada de amor

Mensagem do Papa Francisco para o 52º dia mundial de oração pelas vocações

Por Redacao

CIDADE DO VATICANO, 14 de Abril de 2015 (Zenit.org) – Mensagem do Papa Francisco para o 52º dia mundial de oração pelas vocações

Tema: O êxodo, experiência fundamental da vocação

Amados irmãos e irmãs!

O IV Domingo de Páscoa apresenta-nos o ícone do Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas, chama-as, alimenta-as e condu-las. Há mais de 50 anos que, neste domingo, vivemos o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Este dia sempre nos lembra a importância de rezar para que o «dono da messe – como disse Jesus aos seus discípulos – mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2). Jesus dá esta ordem no contexto dum envio missionário: além dos doze apóstolos, Ele chamou mais setenta e dois discípulos, enviando-os em missão dois a dois (cf. Lc 10,1-16). Com efeito, se a Igreja «é, por sua natureza, missionária» (Conc. Ecum. Vat. II., Decr. Ad gentes, 2), a vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão. Assim, ouvir e seguir a voz de Cristo Bom Pastor, deixando-se atrair e conduzir por Ele e consagrando-Lhe a própria vida, significa permitir que o Espírito Santo nos introduza neste dinamismo missionário, suscitando em nós o desejo e a coragem jubilosa de oferecer a nossa vida e gastá-la pela causa do Reino de Deus.

A oferta da própria vida nesta atitude missionária só é possível se formos capazes de sair de nós mesmos. Por isso, neste 52º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, gostaria de reflectir precisamente sobre um «êxodo» muito particular que é a vocação ou, melhor, a nossa resposta à vocação que Deus nos dá. Quando ouvimos a palavra «êxodo», ao nosso pensamento acodem imediatamente os inícios da maravilhosa história de amor entre Deus e o povo dos seus filhos, uma história que passa através dos dias dramáticos da escravidão no Egipto, a vocação de Moisés, a libertação e o caminho para a Terra Prometida. O segundo livro da Bíblia – o Êxodo – que narra esta história constitui uma parábola de toda a história da salvação e também da dinâmica fundamental da fé cristã. Na verdade, passar da escravidão do homem velho à vida nova em Cristo é a obra redentora que se realiza em nós por meio da fé (Ef 4, 22-24). Esta passagem é um real e verdadeiro «êxodo», é o caminho da alma cristã e da Igreja inteira, a orientação decisiva da existência para o Pai.

Na raiz de cada vocação cristã, há este movimento fundamental da experiência de fé: crer significa deixar-se a si mesmo, sair da comodidade e rigidez do próprio eu para centrar a nossa vida em Jesus Cristo; abandonar como Abraão a própria terra pondo-se confiadamente a caminho, sabendo que Deus indicará a estrada para a nova terra. Esta «saída» não deve ser entendida como um desprezo da própria vida, do próprio sentir, da própria humanidade; pelo contrário, quem se põe a caminho no seguimento de Cristo encontra a vida em abundância, colocando tudo de si à disposição de Deus e do seu Reino. Como diz Jesus, «todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna» (Mt 19, 29). Tudo isto tem a sua raiz mais profunda no amor. De facto, a vocação cristã é, antes de mais nada, uma chamada de amor que atrai e reenvia para além de si mesmo, descentraliza a pessoa, provoca um «êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, precisamente dessa forma, para o reencontro de si mesmo, mais ainda para a descoberta de Deus» (Bento XVI, Carta enc. Deus caritas est, 6).

A experiência do êxodo é paradigma da vida cristã, particularmente de quem abraça uma vocação de especial dedicação ao serviço do Evangelho. Consiste numa atitude sempre renovada de conversão e transformação, em permanecer sempre em caminho, em passar da morte à vida, como celebramos em toda a liturgia: é o dinamismo pascal. Fundamentalmente, desde a chamada de Abraão até à de Moisés, desde o caminho de Israel peregrino no deserto até à conversão pregada pelos profetas, até à viagem missionária de Jesus que culmina na sua morte e ressurreição, a vocação é sempre aquela acção de Deus que nos faz sair da nossa situação inicial, nos liberta de todas as formas de escravidão, nos arranca da rotina e da indiferença e nos projecta para a alegria da comunhão com Deus e com os irmãos. Por isso, responder à chamada de Deus é deixar que Ele nos faça sair da nossa falsa estabilidade para nos pormos a caminho rumo a Jesus Cristo, meta primeira e última da nossa vida e da nossa felicidade.

Esta dinâmica do êxodo diz respeito não só à pessoa chamada, mas também à actividade missionária e evangelizadora da Igreja inteira. Esta é verdadeiramente fiel ao seu Mestre na medida em que é uma Igreja «em saída», não preocupada consigo mesma, com as suas próprias estruturas e conquistas, mas sim capaz de ir, de se mover, de encontrar os filhos de Deus na sua situação real e compadecer-se das suas feridas. Deus sai de Si mesmo numa dinâmica trinitária de amor, dá-Se conta da miséria do seu povo e intervém para o libertar (Ex 3, 7). A este modo de ser e de agir, é chamada também a Igreja: a Igreja que evangeliza sai ao encontro do homem, anuncia a palavra libertadora do Evangelho, cuida as feridas das almas e dos corpos com a graça de Deus, levanta os pobres e os necessitados.

Amados irmãos e irmãs, este êxodo libertador rumo a Cristo e aos irmãos constitui também o caminho para a plena compreensão do homem e para o crescimento humano e social na história. Ouvir e receber a chamada do Senhor não é uma questão privada e intimista que se possa confundir com a emoção do momento; é um compromisso concreto, real e total que abraça a nossa existência e a põe ao serviço da construção do Reino de Deus na terra. Por isso, a vocação cristã, radicada na contemplação do coração do Pai, impele simultaneamente para o compromisso solidário a favor da libertação dos irmãos, sobretudo dos mais pobres. O discípulo de Jesus tem o coração aberto ao seu horizonte sem fim, e a sua intimidade com o Senhor nunca é uma fuga da vida e do mundo, mas, pelo contrário, «reveste essencialmente a forma de comunhão missionária» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 23).

Esta dinâmica de êxodo rumo a Deus e ao homem enche a vida de alegria e significado. Gostaria de o dizer sobretudo aos mais jovens que, inclusive pela sua idade e a visão do futuro que se abre diante dos seus olhos, sabem ser disponíveis e generosos. Às vezes, as incógnitas e preocupações pelo futuro e a incerteza que afecta o dia-a-dia encerram o risco de paralisar estes seus impulsos, refrear os seus sonhos, a ponto de pensar que não vale a pena comprometer-se e que o Deus da fé cristã limita a sua liberdade. Ao invés, queridos jovens, não haja em vós o medo de sair de vós mesmos e de vos pôr a caminho! O Evangelho é a Palavra que liberta, transforma e torna mais bela a nossa vida. Como é bom deixar-se surpreender pela chamada de Deus, acolher a sua Palavra, pôr os passos da vossa vida nas pegadas de Jesus, na adoração do mistério divino e na generosa dedicação aos outros! A vossa vida tornar-se-á cada dia mais rica e feliz.

A Virgem Maria, modelo de toda a vocação, não teve medo de pronunciar o seu «fiat» à chamada do Senhor. Ela acompanha-nos e guia-nos. Com a generosa coragem da fé, Maria cantou a alegria de sair de Si mesma e confiar a Deus os seus planos de vida. A Ela nos dirigimos pedindo para estarmos plenamente disponíveis ao desígnio que Deus tem para cada um de nós; para crescer em nós o desejo de sair e caminhar, com solicitude, ao encontro dos outros (cf. Lc 1, 39). A Virgem Mãe nos proteja e interceda por todos nós.

Vaticano, 29 de Março – Domingo de Ramos – de 2015.

Franciscus PP.

“Não roubemos a esperança, pelo contrário, tornemo-nos todos portadores de esperança!”

Discurso do Santo Padre Francisco pronunciado na visita ao Hospital São Francisco

RIO DE JANEIRO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) – Apresentamos as palavras do Santo Padre Francisco pronunciadas durante sua visita ao Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus (Hospital da Venerável Ordem Terceira da Penitencia\VOT) realizada na noite de quarta- feira, 24 de julho.

Senhor Arcebispo do Rio de Janeiro,
Amados Irmãos no Episcopado
Distintas Autoridades,
Queridos membros da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência,
Prezados médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde,
Amados jovens e familiares, boa noite!

Quis Deus que meus passos, depois do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, se dirigissem para um particular santuário do sofrimento humano, que é o Hospital São Francisco de Assis. É bem conhecida a conversão do Santo Patrono de vocês: o jovem Francisco abandona riquezas e comodidades para fazer-se pobre no meio dos pobres, entende que não são as coisas, o ter, os ídolos do mundo a verdadeira riqueza e que estes não dão a verdadeira alegria, mas sim seguir a Cristo e servir aos demais; mas talvez seja menos conhecido o momento em que tudo isto se tornou concreto na sua vida: foi quando abraçou um leproso. Aquele irmão sofredor foi «mediador de luz (…) para São Francisco de Assis» (Carta Enc. Lumen fidei, 57), porque, em cada irmão e irmã em dificuldade, nós abraçamos a carne sofredora de Cristo. Hoje, neste lugar de luta contra a dependência química, quero abraçar a cada um e cada uma de vocês – vocês que são a carne de Cristo – e pedir a Deus que encha de sentido e de esperança segura o caminho de vocês e também o meu.

Abraçar, abraçar. Precisamos todos de aprender a abraçar quem passa necessidade, como fez São Francisco. Há tantas situações no Brasil e no mundo que reclamam atenção, cuidado, amor, como a luta contra a dependência química. Frequentemente, porém, nas nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo. São tantos os “mercadores de morte” que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo o custo! A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor.

Mas abraçar não é suficiente. Estendamos a mão a quem vive em dificuldade, a quem caiu na escuridão da dependência, talvez sem saber como, e digamos-lhe: Você pode se levantar, pode subir; é exigente, mas é possível se você o quiser. Queridos amigos, queria dizer a cada um de vocês, mas sobretudo a tantas outras pessoas que ainda não tiveram a coragem de empreender o mesmo caminho de vocês: Você é o protagonista da subida; esta é a condição imprescindível! Você encontrará a mão estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos! A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com vocês. Olhem para frente com confiança; a travessia é longa e cansativa, mas olhem para frente, existe «um futuro certo, que se coloca numa perspectiva diferente relativamente às propostas ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias» (Carta Encícl. Lumen fidei, 57). A vocês todos quero repetir: Não deixem que lhes roubem a esperança! Não deixem que lhes roubem a esperança! Mas digo também: Não roubemos a esperança, pelo contrário, tornemo-nos todos portadores de esperança!

No Evangelho, lemos a parábola do Bom Samaritano, que fala de um homem atacado por assaltantes e deixado quase morto ao lado da estrada. As pessoas passam, olham, mas não param; indiferentes seguem o seu caminho: não é problema delas! Quantas vezes nós dizemos: não é um meu problema! Quantas vezes olhamos para o outro lado e fingimos que não vemos. Somente um samaritano, um desconhecido, olha, para, levanta-o, estende-lhe a mão e cuida dele (cf. Lc 10, 29-35). Queridos amigos, penso que aqui, neste Hospital, se concretiza a parábola do Bom Samaritano. Aqui não há indiferença, mas solicitude. Não há desinteresse, mas amor. A Associação São Francisco e a Rede de Tratamento da Dependência Química ensinam a se debruçar sobre quem passa por dificuldades porque veem nestas pessoas a face de Cristo, porque nelas está a carne de Cristo que sofre. Obrigado a todo pessoal do serviço médico e auxiliar aqui empenhado! O serviço de vocês é precioso! Realizem-no sempre com amor; é um serviço feito a Cristo presente nos irmãos: «Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes» (Mt 25, 40), diz-nos Jesus.

E quero repetir a todos vocês que lutam contra a dependência química, a vocês familiares que têm uma tarefa que nem sempre é fácil: a Igreja não está longe dos esforços que vocês fazem, Ela lhes acompanha com carinho. O Senhor está ao lado de vocês e lhes conduz pela mão. Olhem para Ele nos momentos mais duros e Ele lhes dará consolação e esperança. E confiem também no amor materno de Maria, sua Mãe. Esta manhã, no Santuário da Aparecida, confiei cada um de vocês ao seu coração. Onde tivermos uma cruz para carregar, ao nosso lado sempre está Ela, nossa Mãe. Deixo-lhes em suas mãos, enquanto, afetuosamente, a todos abençôo. Obrigado!

A cultura da solidariedade: ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão

Discurso do Santo Padre Francisco durante visita à Comunidade de Varginha

RIO DE JANEIRO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) – Apresentamos o discurso do Papa pronunciado durante sua visita à Comunidade de Varginha em Manguinhos.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Que bom poder estar com vocês aqui! Que bom! Desde o início, quando planejava a minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros deste País. Queria bater em cada porta, dizer “bom dia”, pedir um copo de água fresca, beber um “cafezinho”, não um copo de cachaça, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós… Mas o Brasil é tão grande! Não é possível bater em todas as portas! Então escolhi vir aqui, visitar a Comunidade de vocês que hoje representa todos os bairros do Brasil. Como é bom ser bem acolhido, com amor, generosidade, alegria! Basta ver como vocês decoraram as ruas da Comunidade; isso é também um sinal do carinho que nasce do coração de vocês, do coração dos brasileiros, que está em festa! Muito obrigado a cada um de vocês pela linda acolhida! Agradeço a Dom Orani Tempesta e ao casal Rangler e Joana pelas suas belas palavras.

1. Desde o primeiro instante em que toquei as terras brasileiras e também aqui junto de vocês, me sinto acolhido. E é importante saber acolher; é algo mais bonito que qualquer enfeite ou decoração. Isso é assim porque quando somos generosos acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela – um pouco de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo – não ficamos mais pobres, mas enriquecemos. Sei bem que quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode “colocar mais água no feijão”! Se pode colocar mais água no feijão? Sempre! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração! E povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade, que é uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda. Quase um palavrão: solidariedade. Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, não é! Mas sim a cultura da solidariedade. A cultura da solidariedade; ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão. E todos nós somos irmãos.

Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de “pacificação” será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Não deixemos! Não deixemos entrar no nosso coração a cultura do descartável, porque nós somos irmãos, ninguém e descartável.Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! Pensemos na multiplicação dos pães de Jesus. A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza!

2. Queria dizer-lhes também que a Igreja, «advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu» (Documento de Aparecida, 395), deseja oferecer a sua colaboração em todas as iniciativas que signifiquem um autêntico desenvolvimento do homem e de todo homem.

Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Fome de dignidade! Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano.

3. Queria dizer uma última coisa. Uma última coisa! Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo com o bem. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio «para que todos tenham vida, e vida em abundância» (Jo 10,10).

Hoje a todos vocês, especialmente aos moradores dessa Comunidade de Varginha, quero dizer: Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês. Levo a cada um no meu coração e faço minhas as intenções que vocês carregam no seu íntimo: os agradecimentos pelas alegrias, os pedidos de ajuda nas dificuldades, o desejo de consolação nos momentos de tristeza e sofrimento. Tudo isso confio à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de todos os pobres do Brasil, e com grande carinho lhes concedo a minha Bênção.

Papa Francisco: “sempre se pode colocar mais água no feijão”!

Visita do Papa Francisco à favela da Varginha

Por Thácio Lincon Soares de Siqueira

RIO DE JANEIRO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) – Hoje pela manhã, por volta das11h, o Papa Francisco visitou a favela de Varginha na cidade do Rio de Janeiro, depois de ter recebido de forma simbólica a chave da cidade, no Palácio da cidade.

“Francisco, eu te amo”, gritavam moradores e peregrinos reunidos na Favela, enquanto o Pontífice, sorridente, caminhava em meio à multidão.

Que impressão não causou ver o Papa se aproximar de um grupo de crianças e, de forma carinhosa, pedir-lhes silêncio, juntar as mãos e rezar uns segundos; acompanhar o Papa Francisco que pega a camiseta oferecida por um peregrino, colocá-a na frente e posa para uma foto; notar policiais sorrindo, crianças sendo beijadas e abraçadas pelo Papa; contemplar uma multidão que o apertava por todos os lados, quando entrou numa residência e lá permaneceu por uns minutos… Até parece que estamos vendo o Evangelho, “E seguia-o uma grande multidão, que o apertava” (Mc 5,24).

Discurso de acolhida da comunidade

Pedindo-lhe licença para “quebrar o protocolo” e chamar-lhe de Pai em vez de Papa, um jovem casal cumprimentou o “Pai Francisco, aquele que acolhe a todos”. “Muitos nos perguntaram porque essa comunidade foi escolhida”, disse o jovem. “Até nós fazemos essa pergunta, ressaltou.

O jovem disse que a favela da Varginha não entra nos grandes diários normalmente, mas está sempre nos diários policiais, porém, “Na vida, Deus sempre se faz presente e fortalece o seu povo com a presença de um novo amanhecer”, disse.

Discurso do Papa

Papa Francisco começou o seu discurso com um forte Bom dia, respondido quase que em coro por todos os presentes. “Queria bater em cada porta, dizer “bom dia”, pedir um copo de água fresca, beber um ‘cafezinho’, não um pouco de cachaça –acrescentou de forma espontânea e alegre -, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós…” disse o Papa no início das suas palavras.

Riqueza

Referindo-se à calorosa acolhida que tem recebido no Brasil, Papa Francisco refletiu na importância de ser generoso. “É importante saber acolher; é algo mais bonito que qualquer enfeite ou decoração”.

“A verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração!”, como diz o ditado – disse o Papa – “sempre se pode colocar mais água no feijão”! destacando que o povo brasileiro sempre faz isso com amor e pode ensinar muito ao mundo.

 Solidariedade

Não é a cultura do egoísmo, não é a cultura do individualismo que constrói o mundo e o faz mais habitável, mas é a solidariedade, “a cultura da solidariedade”, afirmou o Papa.

“E o povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade”, palavra incômoda –disse o papa – “Que parece um palavrão” – acrescentou falando a braccio. E lançou um apelo às autoridades, pedindo-lhes que “não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário!”, pois é preciso “Ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão”, destacou o Papa.

Pacificação

O Pontífice fez também uma referência às “pacificações” realizadas em muitas das favelas do Rio de Janeiro, no último ano. O Papa encorajou e reconheceu o esforço da sociedade brasileira de “integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas”.

Porém, “Nenhum esforço de ‘pacificação’ – falou o Papa – será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma”. “Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade”.

Fome de Felicidade

O Pontífice destacou a importância da ajuda social e da prioridade que a Igreja dá como “advogada da justiça”. “Certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar”, afirmou o Papa.

Destacou assim 5 pontos a ter em conta, cinco “pilares fundamentais que sustentam uma nação”: Vida, “que é dom de Deus”; família “fundamento da convivência e remédio contra a desagregação”; educação integral, que não é só “transmissão de informações”; saúde, que busque o bem integral; e segurança, “na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano”.

Diante dos constantes anti-testemunhos de corrupção que os jovens recebem a cada dia, o Papa quis dar um último conselho: “nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar”.

Por fim, o Papa concluiu com estas palavras e confiou tudo à Proteção de Nossa Senhora: “Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês”.

Francisco encontra os argentinos: Jovens e velhos contra a exclusão

Papa revela a esperança de uma Igreja que sai das igrejas e vai ao encontro do povo

Por Antonio Gaspari

ROMA, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) – Durante o encontro, no Rio de Janeiro, com bispos, sacerdotes, jovens e fiéis da Argentina, o Papa Francisco convidou os idosos e os jovens a construírem uma aliança que rejeite a cultura da exclusão.

Em uma igreja superlotada, com trinta mil pessoas de fora, na chuva, o Papa exortou fortemente os bispos e o clero a sair da igreja para ir ao encontro das pessoas.

Ele convidou os idosos a não aceitarem ser excluídos e “eutanasiados”. Pediu aos jovens para não aceitarem uma fé diluída, e se unirem aos mais velhos para testemunhar a mensagem do Filho de Deus que morreu na cruz.

Falando de improviso, o Bispo de Roma confessou nutrir a esperança de que a partir da JMJ Rio 2013 comece um movimento que fará a Igreja sair da Diocese e ir para as ruas, ao encontro das pessoas.

“Precisamos sair ou nos tornaremos uma organização não governamental, e a Igreja não pode ser uma ONG”, frisou. “Eu dou um conselho, e os bispos e aqueles que discordam me perdoem”, acrescentou.

Referindo-se à situação do mundo, Francisco explicou que estamos diante da “cultura do deus dinheiro que tende a excluir as pessoas.”

Os idosos, por exemplo, correm o risco da eutanásia, excluídos de cuidado, cultura e da sociedade.

De acordo com o Pontífice, o número de jovens sem trabalho é muito alto, e se não for remediado, o futuro da nossa sociedade está em risco.

Por isso Francisco propôs uma aliança entre os jovens que “devem sair e se afirmarem através da promoção de virtudes e valores” e os anciãos que “devem transmitir a sabedoria, memória e justiça”.

Papa Francisco fez um apelo aos jovens dizendo: “não andem contra as pessoas idosas, mas as escutem” e “avancem juntos, não se excluam”.

Falando da fé em Jesus Cristo, o Papa disse que “é uma coisa muito séria”. “Não é brincadeira”. “É um escândalo o fato de que Jesus morreu na cruz” – acrescentou. Mas o seu sacrifício na cruz continua a ser o único caminho certo”.

Papa Francisco concluiu dizendo: “neste momento eu sinto que é belo tê-los em meu coração. Eu gostaria de estar mais perto de vocês, obrigado por estarem perto de mim. Obrigado por suas orações. Eu preciso da oração de vocês.”

A legalização das drogas não reduz a dependência química

O papa Francisco visita o hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus

Por Alfonso M. Bruno

RIO DE JANEIRO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) – Do santuário mariano de Aparecida, o papa Francisco foi a outro “santuário”, o do sofrimento humano provocado pela doença e pelo vício em drogas e álcool.

O hospital São Francisco de Asis da Providência de Deus, visitado pelo papa na tarde de ontem, recebe pessoas com grave dependência de drogas e de álcool, disponibilizando 500 leitos para o seu tratamento.

Sua origem remonta ao desejo do jovem brasileiro Nélio Joel Ângelo Belotti, que queria imitar São Francisco de Assis.

A conversão do poverello de Assis teve um momento crucial depois que ele beijou um leproso, como foi destacado pelo papa Francisco em seu discurso no hospital, citando a sua recente encíclica Lumen Fidei, em que faz referência explícita a esse episódio, no qual um irmão marginalizado se torna o mediador da graça para o jovem de Assis, que está em busca de referências precisas para a sua vocação e missão na Igreja.

Nélio Joel se ordenou sacerdote em 1984, depois de fundar, com alguns poucos voluntários que podiam tomar conta de no máximo sete pacientes indigentes, uma obra que, vinte anos depois, na carne dos homens que carregam a cruz do sofrimento e da doença, mostra as evidências da intervenção do Crucificado.

É desses bons samaritanos que o Brasil e o mundo precisam, sobrecarregados como estão de indiferença e de egoísmo. É eficaz o exemplo de um jovem da “Terra da Vera Cruz, que se faz portador da esperança apesar dos poucos recursos humanos e financeiros.

O hospital está abrindo uma nova ala, abençoada pelo papa Francisco, com a especial característica de cuidar de jovens viciados em drogas sintéticas.

A todos os pacientes e às pessoas que os atendem no hospital, o papa quis expressar o seu afeto com um grande abraço.

“Todos precisamos olhar para o outro com os olhos do amor de Cristo”, disse Francisco. “Precisamos aprender a abraçar quem está em necessidade, para expressar proximidade, afeto, amor”.

E continuou: “Mas abraçar não é suficiente. Estendamos a mão para aqueles que precisam, para aqueles que caíram na escuridão do vício, talvez sem saber como, e digamos: ‘Você consegue se levantar! É cansativo, mas você consegue, se quiser!’”.

O papa nos convidou, enfim, a passar do abraço para os atos. E, como bom pai e mestre, para que a assistência não vire assistencialismo, afirmou para cada vítima do vício em drogas: “Você é o protagonista da saída. Esta é a condição indispensável! Você vai encontrar a mão estendida de quem quer ajudar, mas ninguém pode se levantar no seu lugar”.

Depois, Francisco elogiou o trabalho dos médicos e dos profissionais que prestam antedimento psicológico às vítimas da dependência.

Ao tocar numa proposta de política tão polêmica quanto atual em vários países, o papa declarou:

“Não é com a liberalização do uso das drogas, como está sendo discutido em várias partes da América Latina, que iremos reduzir a propagação e a influência da dependência química. É necessário encarar os problemas que estão na raiz do seu uso, provendo mais justiça, educando os jovens nos valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldades e dando esperanças no futuro”.

Com a doçura de sempre, o papa dedicou palavras a todos e a cada um, mas também condenou com firmeza os “mercadores da morte”, os traficantes de drogas.

E a todos, repetiu: “Não deixem que roubem a sua esperança! Não roubemos a esperança! Mas sim, sejamos portadores de esperança!”.

Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês

Discurso do Papa Francisco na Festa de Acolhida, na Praia de Copacabana

RIO DE JANEIRO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) – Apresentamos o discurso do Papa Francisco na Festa da Acolhida que aconteceu nesta quinta-feira, 25 de julho, na praia de Copacabana.

Queridos jovens,

Boa tarde!

Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de Cristo e meu coração se enche de alegria! Lembro-me da primeira Jornada Mundial da Juventude a nível internacional. Foi celebrada em 1987 na Argentina, na minha cidade de Buenos Aires. Guardo vivas na memória estas palavras do Bem-aventurado João Paulo II aos jovens: «Tenho muita esperança em vocês! Espero, sobretudo, que renovem a fidelidade de vocês a Jesus Cristo e à sua cruz redentora» (Discurso aos jovens (11 de abril de 1987): Insegnamenti, X/1 (1987), 1261).

Antes de continuar, queria lembrar o trágico acidente na Guiana francesa, no qual a jovem Sophie Morinière perdeu a vida, e que deixou outros jovens feridos. Convido-lhes a fazer um minuto de silêncio e dirigir ao Senhor a nossa oração por Sophie, pelos feridos e pelos familiares.

Este ano, a Jornada volta, pela segunda vez, à América Latina. E vocês, jovens, responderam numerosos ao convite do Papa Bento XVI, que lhes convocou para celebrá-la. Agradecemos-lhe de todo coração! O meu olhar se estende por esta grande multidão: vocês são muitíssimos! Vocês vêm de todos os continentes! Normalmente vocês estão distantes não somente do ponto de vista geográfico, mas também do ponto de vista existencial, cultural, social, humano. Mas hoje vocês estão aqui, ou melhor, hoje estamos aqui, juntos, unidos para partilhar a fé e a alegria do encontro com Cristo, de ser seus discípulos.

Nesta semana, o Rio se torna o centro da Igreja, o seu coração vivo e jovem, pois vocês responderam com generosidade e coragem ao convite que Jesus lhes fez de permanecerem com Ele, de serem seus amigos. O “trem” desta Jornada Mundial da Juventude, veio de longe e atravessou toda a Nação brasileira seguindo as etapas do projeto «Bote Fé». Hoje chegou ao Rio de Janeiro. Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa.

Olhando para este mar, para a praia e todos vocês, me vem ao pensamento o momento em que Jesus chamou os primeiros discípulos a segui-lo nas margens do lago de Tiberíades. Hoje Jesus ainda pergunta: Você quer ser meu discípulo? Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do meu Evangelho? No coração do Ano da Fé, estas perguntas nos convidam a renovar o nosso compromisso de cristãos. Suas famílias e comunidades locais transmitiram a vocês o grande dom da fé; Cristo cresceu em vocês. Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês; mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de vocês! Saúdo a todos com muito carinho. A vocês, aqui congregados dos cinco Continentes e, por meio de vocês, a todos os jovens do mundo, particularmente aqueles que não puderam vir ao Rio de Janeiro, mas estão em ligação conosco através do rádio, televisão e internet, digo: Bem-vindos a esta grande festa da fé! Em várias partes do mundo, neste mesmo instante, muitos jovens estão reunidos para viver juntos este momento: sintamo-nos unidos uns com os outros, na alegria, na amizade, na fé. E tenham a certeza: o meu coração de Pastor abraça a todos com afeto universal. O Cristo Redentor, do alto da montanha do Corcovado, lhes acolhe na Cidade Maravilhosa.

Quero saudar o Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, estimado Cardeal Estanislau Ryłko, e todos aqueles que com ele trabalham. Agradeço a Dom Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, pela cordialidade com que me recebeu e pelo grande trabalho realizado para preparar esta Jornada Mundial da Juventude, junto com as diversas dioceses desse imenso Brasil. Agradeço a todas autoridades nacionais, estaduais e locais, além de outros envolvidos, para concretizar esse momento único de celebração da unidade, da fé e da fraternidade. Obrigado aos Irmãos no Episcopado, aos sacerdotes, seminaristas, pessoas consagradas e fieis que acompanham os jovens de diferentes partes do nosso planeta, na sua peregrinação rumo a Jesus. A todos e a cada um meu abraço afetuoso no Senhor.

Irmãos e amigos, bem-vindos à vigésima oitava Jornada Mundial da Juventude, nesta cidade maravilhosa do Rio de Janeiro!

(Fonte:CN noticias)

“Tudo se perde com a guerra. Tudo se ganha com a paz”

Papa Francisco faz apelo pela paz 

ROMA, 02 de Junho de 2013 (Zenit.org) – Após a oração do Angelus, antes de saudar os peregrinos presentes na Praça de São Pedro, o Papa Francisco apelou à paz na Síria. Apresentamos a seguir as palavras pronunciadas pelo Pontífice.

Queridos irmãos e irmãs,

Sempre viva e sofrida é minha preocupação pela persistência do conflito que há mais de dois anos incendeia a Síria e atinge principalmente a população indefesa, que deseja uma paz na justiça e na compreensão. Esta atormentada situação de guerra leva consigo trágicas consequências: morte, destruição, danos econômicos e ambientais como também a chaga dossequestrosde pessoas. No deplorar estes fatos, desejo assegurar minha oração e minha solidariedade pelas pessoas raptadas e por seus familiares, e faço apelo à humanidade dos sequestradores para que libertem as vítimas. Rezemos sempre por nossa amada Síria.

No mundo existem tantas situações de conflito, mas também sinais de esperanças. Gostaria de encorajar os recentes passos realizados em vários países da América Latina para a reconciliação e a paz. Acompanhamo-vos com a nossa oração.

Esta manhã, celebrei a Missa com alguns militarese parentes de alguns mortos nas missões de paz,que visam promover a reconciliação e a paz nos paísesonde ainda se espalha tanto sangue fraterno em guerras que são sempre uma loucura. “Tudo se perde com a guerra. Tudo se ganha com a paz”. Peço orações pelos falecidos,feridos e suas famílias.

Vamos juntos, agora, em silêncio, em nossos corações – todos juntos –rezar pelos falecidos, feridos e suas famílias. Em silêncio.

Saúdo com afeto os peregrinos presentes hoje: as famílias, os fiéis de tantas paróquias italianas e de outros países, associações e movimentos.

Saúdo os peregrinos vindos do Canadá, da Croácia e da Bósnia Herzegovina, assim comoo grupo do Piccolo Cottolengo de Génova, da Obra de Don Orione.

Saúdo todos. A todos um bom domingo e bom almoço!

“Nós revivemos a experiência da Igreja primitiva”

“Nós revivemos a experiência da Igreja primitiva”, afirmou o Papa Francisco sobre a Celebração de Pentecostes neste domingo, 19, no Vaticano

Kelen Galvan
Da Redação, com colaboração de Thaysi Santos

No Regina Coeli deste domingo, 19, o Papa Francisco destacou que nesta manhã a Praça de São Pedro viveu um “Cenáculo a céu aberto”.

“Nós revivemos a experiência da Igreja primitiva (…) e também, na variedade dos carismas, experimentamos a beleza da unidade, de sermos um. E esta é a obra do Espírito Santo, que recria sempre a unidade na Igreja”, destacou.

O Santo Padre agradeceu aos membros dos movimentos e novas comunidades e lhes fez um convite: “Levam sempre a força do Evangelho! Não tenham medo! Tenham sempre a alegria e a paixão pela comunhão na Igreja!”

pentecostes_fieis1Celebração de Pentecostes neste domingo, 19, no Vaticano
(Foto: Clarissa Oliveira / CN Roma)

Leia, abaixo, a mensagem do Papa na íntegra:

Queridos irmãos e irmãs,
Está para terminar esta festa da fé, que começou ontem com a Vigília, culminando com a Eucaristia desta manhã. Um novo Pentecostes que transformou a Praça de São Pedro, em um Cenáculo a céu aberto. Nós revivemos a experiência da Igreja primitiva,unida em em oração com Maria, a Mãe de Jesus (cf. At 1,14). Nós também, na variedade dos carismas, experimentamos a beleza da unidade, de sermos um. E esta é a obra do Espírito Santo, que recria sempre a unidade na Igreja.

Eu gostaria de agradecer a todos os Movimentos, Associações, Comunidades e agregações eclesiais. Vocês são um dom e um tesouro na Igreja! Agradeço em especial a todos vocês que vieram de Roma e de tantas partes do mundo. Levam sempre a força do Evangelho! Não tenham medo! Tenham sempre a alegria e a paixão pela comunhão na Igreja! O Senhor ressuscitado esteja sempre com vocês e Nossa Senhora vos proteja!

Lembremo-nos em oração do povo de Emilia Romagna que, em 20 de maio do ano passado, foram afetadas pelo terremoto. Rezo também pela Federação Italiana das Associações de Voluntariado em Oncologia.

Olhar que não procura os nossos olhos, mas o nosso coração

Vídeo mensagem do Papa Francisco por ocasião da exposição extraordinária do Sudário

CIDADE DO VATICANO, 30 de Março de 2013 (Zenit.org) – Apresentamos o texto da mensagem em vídeo do Papa Francisco por ocasião da exposição extraordinária do Sudário, realizada nesta tarde, na Catedral de Turim no âmbito do Ano da fé.

Amados irmãos e irmãs,

Juntamente convosco coloco-me também eu diante do Santo Sudário, e agradeço ao Senhor por esta possibilidade que nos oferecem os instrumentos de hoje.

Embora realizado desta forma, o nosso ato de presença não é uma simples visão, mas uma veneração: é um olhar de oração. Diria mais: é um deixar-se olhar. Este Rosto tem os olhos fechados – é o rosto de um defunto – e todavia, misteriosamente, olha-nos e, no silêncio, falanos. Como é possível? Por que motivo quer o povo fiel, como vós, deter-se diante deste Ícone de um Homem flagelado e crucificado? Porque o Homem do Sudário nos convida a contemplar Jesus de Nazaré. Esta imagem – impressa no lençol – fala ao nosso coração e impele-nos a subir o Monte do Calvário, a olhar o madeiro da Cruz, a mergulhar-nos no silêncio eloquente do amor.

Deixemo-nos, pois, alcançar por este olhar, que não procura os nossos olhos, mas o nosso coração. Ouçamos o que nos quer dizer, no silêncio, ultrapassando a própria morte. Através do Santo Sudário, chega-nos a Palavra única e última de Deus: o Amor feito homem, encarnado na nossa história; o Amor misericordioso de Deus, que tomou sobre Si todo o mal do mundo para nos libertar do seu domínio. Este Rosto desfigurado parece-se com muitos rostos de homens e mulheres feridos por uma vida não respeitadora da sua dignidade, por guerras e violências que se abatem sobre os mais frágeis… E no entanto o Rosto do Sudário comunica uma grande paz; este Corpo torturado exprime uma soberana majestade. É como se deixasse transparecer uma energia refreada mas poderosa, é como se nos dissesse: tem confiança, não percas a esperança; a força do amor de Deus, a força do Ressuscitado tudo vence.

Por isso, contemplando o Homem do Sudário, faço minha, neste momento, a oração que São Francisco de Assis pronunciou diante do Crucifixo: Deus altíssimo e glorioso, iluminai as trevas do meu coração. E dai-me fé reta, esperança certa e caridade perfeita, juízo e conhecimento, Senhor, para cumprir o vosso mandamento santo e verdadeiro. Amém.