“Nós revivemos a experiência da Igreja primitiva”

“Nós revivemos a experiência da Igreja primitiva”, afirmou o Papa Francisco sobre a Celebração de Pentecostes neste domingo, 19, no Vaticano

Kelen Galvan
Da Redação, com colaboração de Thaysi Santos

No Regina Coeli deste domingo, 19, o Papa Francisco destacou que nesta manhã a Praça de São Pedro viveu um “Cenáculo a céu aberto”.

“Nós revivemos a experiência da Igreja primitiva (…) e também, na variedade dos carismas, experimentamos a beleza da unidade, de sermos um. E esta é a obra do Espírito Santo, que recria sempre a unidade na Igreja”, destacou.

O Santo Padre agradeceu aos membros dos movimentos e novas comunidades e lhes fez um convite: “Levam sempre a força do Evangelho! Não tenham medo! Tenham sempre a alegria e a paixão pela comunhão na Igreja!”

pentecostes_fieis1Celebração de Pentecostes neste domingo, 19, no Vaticano
(Foto: Clarissa Oliveira / CN Roma)

Leia, abaixo, a mensagem do Papa na íntegra:

Queridos irmãos e irmãs,
Está para terminar esta festa da fé, que começou ontem com a Vigília, culminando com a Eucaristia desta manhã. Um novo Pentecostes que transformou a Praça de São Pedro, em um Cenáculo a céu aberto. Nós revivemos a experiência da Igreja primitiva,unida em em oração com Maria, a Mãe de Jesus (cf. At 1,14). Nós também, na variedade dos carismas, experimentamos a beleza da unidade, de sermos um. E esta é a obra do Espírito Santo, que recria sempre a unidade na Igreja.

Eu gostaria de agradecer a todos os Movimentos, Associações, Comunidades e agregações eclesiais. Vocês são um dom e um tesouro na Igreja! Agradeço em especial a todos vocês que vieram de Roma e de tantas partes do mundo. Levam sempre a força do Evangelho! Não tenham medo! Tenham sempre a alegria e a paixão pela comunhão na Igreja! O Senhor ressuscitado esteja sempre com vocês e Nossa Senhora vos proteja!

Lembremo-nos em oração do povo de Emilia Romagna que, em 20 de maio do ano passado, foram afetadas pelo terremoto. Rezo também pela Federação Italiana das Associações de Voluntariado em Oncologia.

Homilia do Papa Francisco na Festa de Pentecostes

Brasão do Papa Francisco

Homilia 
Solenidade de Pentecostes 
Domingo, 19 de maio de 2013

 Amados irmãos e irmãs,

Neste dia, contemplamos e revivemos na liturgia a efusão do Espírito Santo realizada por Cristo ressuscitado sobre a sua Igreja; um evento de graça que encheu o Cenáculo de Jerusalém para se estender ao mundo inteiro.

Então que aconteceu naquele dia tão distante de nós e, ao mesmo tempo, tão perto que alcança o íntimo do nosso coração? São Lucas dá-nos a resposta na passagem dos Atos dos Apóstolos que ouvimos (2, 1-11). O evangelista leva-nos a Jerusalém, ao andar superior da casa onde se reuniram os Apóstolos. A primeira coisa que chama a nossa atenção é o rombo improviso que vem do céu, “comparável ao de forte rajada de vento”, e enche a casa; depois, as “línguas à maneira de fogo” que se iam dividindo e pousavam sobre cada um dos Apóstolos. Rombo e línguas de fogo são sinais claros e concretos, que tocam os Apóstolos não só externamente mas também no seu íntimo: na mente e no coração. Em consequência, “todos ficaram cheios do Espírito Santo”, que esparge seu dinamismo irresistível com efeitos surpreendentes: “começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem”. Abre-se então diante de nós um cenário totalmente inesperado: acorre uma grande multidão e fica muito admirada, porque cada qual ouve os Apóstolos a falarem na própria língua. É uma coisa nova, experimentada por todos e que nunca tinha sucedido antes: “Ouvimo-los falar nas nossas línguas”. E de que falam? “Das grandes obras de Deus”.

À luz deste texto dos Atos, quereria refletir sobre três palavras relacionadas com a ação do Espírito: novidade, harmonia e missão.

1. A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projetar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de Deus. Muitas vezes seguimo-Lo e acolhemo-Lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história da salvação, quando Deus Se revela traz novidade – Deus traz sempre novidade -, transforma e pede para confiar totalmente n’Ele: Noé construiu uma arca, no meio da zombaria dos demais, e salva-se; Abraão deixa a sua terra, tendo na mão apenas uma promessa; Moisés enfrenta o poder do Faraó e guia o povo para a liberdade; os Apóstolos, antes temerosos e trancados no Cenáculo, saem corajosamente para anunciar o Evangelho. Não se trata de seguir a novidade pela novidade, a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Perguntemo-nos hoje a nós mesmos: Permanecemos abertos às “surpresas de Deus”? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento? Far-nos-á bem pormo-nos estas perguntas durante todo o dia.

2. Segundo pensamento: à primeira vista o Espírito Santo parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas, dos dons. Mas não; sob a sua ação, tudo isso é uma grande riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidadeque não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia. Quem faz a harmonia na Igreja é o Espírito Santo. Um dos Padres da Igreja usa uma expressão de que gosto muito: o Espírito Santo «ipse harmonia est – Ele próprio é a harmonia». Só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Também aqui, quando somos nós a querer fazer a diversidade fechando-nos nos nossos particularismos, nos nossos exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade segundo os nossos desígnios humanos, acabamos por trazer a uniformidade, a homogeneização. Se, pelo contrário, nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. O caminhar juntos na Igreja, guiados pelos Pastores – que para isso têm um carisma e ministério especial – é sinal da ação do Espírito Santo; uma característica fundamental para cada cristão, cada comunidade, cada movimento é a eclesialidade. É a Igreja que me traz Cristo e me leva a Cristo; os caminhos paralelos são muito perigosos! Quando alguém se aventura ultrapassando (proagon) a doutrina e a Comunidade eclesial – diz o apóstolo João na sua Segunda Carta e deixa de permanecer nelas, não está unido ao Deus de Jesus Cristo (cf. 2 Jo 9). Por isso perguntemo-nos: Estou aberto à harmonia do Espírito Santo, superando todo o exclusivismo? Deixo-me guiar por Ele, vivendo na Igreja e com a Igreja?

3. O último ponto. Diziam os teólogos antigos: a alma é uma espécie de barca à vela; o Espírito Santo é o vento que sopra na vela, impelindo-a para a frente; os impulsos e incentivos do vento são os dons do Espírito. Sem o seu incentivo, sem a sua graça, não vamos para a frente. O Espírito Santo faz-nos entrar no mistério do Deus vivo e salva-nos do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para anunciar e testemunhar a vida boa do Evangelho, para comunicar a alegria da fé, do encontro com Cristo. O Espírito Santo é a alma da missão. O sucedido em Jerusalém, há quase dois mil anos, não é um fato distante de nós, mas um fato que nos alcança e se torna experiência viva em cada um de nós. O Pentecostes do Cenáculo de Jerusalém é o início, um início que se prolonga. O Espírito Santo é o dom por excelência de Cristo ressuscitado aos seus Apóstolos, mas Ele quer que chegue a todos. Como ouvimos no Evangelho, Jesus diz: “Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco” (Jo 14, 16). É o Espírito Paráclito, o “Consolador”, que dá a coragem de levar o Evangelho pelas estradas do mundo! O Espírito Santo ergue o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo. Perguntemo-nos, se tendemos a fechar-nos em nós mesmos, no nosso grupo, ou se deixamos que o Espírito Santo nos abra à missão. Recordemos hoje estas três palavras: novidade, harmonia, missão.

liturgia de hoje é uma grande súplica, que a Igreja com Jesus eleva ao Pai, para que renove a efusão do Espírito Santo. Cada um de nós, cada grupo, cada movimento, na harmonia da Igreja, se dirija ao Pai pedindo este dom. Também hoje, como no dia do seu nascimento, a Igreja invoca juntamente com Maria: “Veni Sancte Spiritus… – Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”! Amém.

Fonte: Canção Nova

Se incomodamos, sigamos adiante!

Homilia do Papa Francisco na casa Santa Marta

CIDADE DO VATICANO, 16 de Maio de 2013 (Zenit.org) – A Igreja tem tanta necessidade do fervor apostólico que nos impulsiona para a frente no anúncio de Jesus”. É o que destacou, esta manhã, o Papa Francisco na Missa na casa Santa Marta. O Papa também pediu para tomar cuidado com o ser “cristãos superficiais” sem a coragem também de “incomodar as coisas muito tranquilas”. Na missa, concelebrada com o cardeal Peter Turkson e mons. Mario Toso, presidente e secretário de “Justiça e Paz”, participou um grupo de funcionários do departamento e da Rádio Vaticana.

Toda a vida de Paulo foi “uma batalha campal”, uma “vida com muitas provas”. Papa Franscisco centrou a sua homilia no Apóstolo dos gentios, que, segundo ele, passa a sua vida de “perseguição em perseguição”, mas não se desanima. O destino de Paulo, destacou, “é um destino com muitas cruzes, mas segue adiante; ele olha para o Senhor e segue adiante”:

“Paulo incomoda: é um homem que com a sua pregação, com o seu trabalho, com a sua atitude incomoda, porque precisamente anuncia Jesus Cristo e o anúncio de Jesus Cristo às nossas comodidades, tantas vezes às nossas estruturas cômodas – também cristãs, não? – Incomoda. O Senhor sempre quer que sigamos adiante, mais adiante, mais adiante… Que nós não nos refugiemos numa vida tranquila ou nas estruturas caducas, coisas assim, não? O Senhor … E Paulo, anunciando o Senhor, incomodava. Mas ele seguia adiante, porque ele tinha em si aquela atitude tão cristã que é o zelo apostólico. Tinha precisamente o fervor apostólico. Não era um homem de convenção. Não! A verdade: avante! O anúncio de Jesus Cristo: avante!”

Claro, observou o Papa Francisco, São Paulo era um “homem fogoso”. Mas aqui não se trata somente do seu temperamento. É o Senhor que “se envolve nisso”, nesta batalha campal. De fato, continuou, é precisamente o Senhor que o empurra “a seguir adiante”, a dar testemunho também em Roma: “Entre parênteses, gosto muito que o Senhor se preocupe com esta diocese, desde aquele tempo… Somos privilegiados! E o zelo apostólico não é um entusiasmo para ter o poder, para ter algo. É algo que vem de dentro, que o mesmo Senhor o quer de nós: cristãos com zelo apostólico. E de onde é que vem este zelo apostólico? Vem do conhecimento de Jesus Cristo. Paulo encontrou Jesus Cristo, encontrou Jesus Cristo, mas não com um conhecimento intelectual, científico – isso é importante, porque nos ajuda – mas com aquele conhecimento primeiro, do coração, do encontro pessoal”.

Eis o que motiva Paulo a seguir adiante, “a anunciar Jesus sempre”. E acrescentou: “Está sempre com problemas, mas nos problemas não pelos problemas, mas por Jesus”, anunciando Jesus “as consequências são essas”. O fervor apostólico, destacou, compreende-se somente “numa atmosfera de amor”. O zelo apostólico, disse ainda, “tem algo de louco, mas de loucura espiritual”. E Paulo “tinha esta loucura”. O Papa portanto convidou a todos os fieis a pedir ao Espírito Santo que faça crescer em nós o zelo apostólico que não deve pertencer somente aos missionários. Por outro lado, advertiu, também na Igreja existem “cristãos mornos”, que “não querem seguir adiante”: “Também existem os cristãos de salão, não? Aqueles educados, tudo bem, mas que não sabem fazer filhos para Igreja com o anúncio e o fervor apostólico. Hoje podemos pedir ao Espírito Santo que nos dê este fervor apostólico a todos nós, também nos dê a graça de incomodar as coisas que estão muito tranquilas na Igreja; a graça de seguir em frente em direção às periferias existenciais. A Igreja precisa muito disso! Não somente em terras distantes, nas igrejas jovens, nos povos que ainda não conhecem Jesus Cristo, mas aqui na cidade, precisamente na cidade, têm necessidade deste anúncio de Jesus Cristo. Portanto, peçamos ao Espírito Santo esta graça do zelo apostólico, cristão com zelo apostólico. E se incomodamos, bendito seja o Senhor. Avante, como diz o Senhor a Paulo: ‘Coragem’”!

(Fonte: Rádio Vaticano/Tradução do original italiano por Thácio Siqueira)

Cristãos guiados pela verdade inspirada pelo Espírito Santo

Catequese do Papa Francisco durante a Audiência Geral de hoje

CIDADE DO VATICANO, 15 de Maio de 2013 (Zenit.org) – Publicamos a seguir a catequese realizada esta manhã pelo Papa Francisco durante a tradicional Audiência Geral da quarta-feira, tida na Praça de São Pedro.

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Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

hoje gostaria de refletir sobre a ação que o Espírito Santo realiza ao guiar a Igreja e cada um de nós à Verdade. Jesus mesmo diz aos discípulos: o Espírito Santo “vos guiará à toda a verdade” (Jo 16, 13), sendo ele mesmo “o Espírito de Verdade” (cf. Jo 14, 17; 15, 26; 16, 13).

Vivemos em uma época na qual as pessoas são céticas em relação à verdade. Bento XVI tem falado muitas vezes do relativismo, da tendência a acreditar que não há nada de definitivo e pensar que a verdade seja dada pelo consentimento ou por aquilo que nós queremos. Surge a pergunta: existe realmente “a” verdade? O que é “a” verdade? Podemos conhecê-la? Podemos encontrá-la? Aqui me vem à mente a pergunta do Procurador romano Pôncio Pilatos quando Jesus lhe revelou o sentido profundo da sua missão: “O que é a verdade?” (Jo 18,37.38). Pilatos não consegue compreender que “a” Verdade está diante dele, não consegue ver em Jesus o rosto da verdade, que é o rosto de Deus. No entanto, Jesus é justamente isso: a Verdade, que, na plenitude dos tempos, “se fez carne” (Jo 1,1.14), veio em meio a nós para que a conhecêssemos. A verdade não é compreendida como uma coisa, a verdade é encontrada. Não é uma possessão, é um encontro com uma Pessoa.

Mas quem nos faz reconhecer que Jesus é “a” Palavra de verdade, o Filho unigênito de Deus Pai? São Paulo ensina que “ninguém pode dizer” Jesus é o Senhor!” senão pela ação do Espírito Santo “(1 Cor 12, 3). É apenas o Espírito Santo, o dom de Cristo Ressuscitado, que nos faz reconhecer a Verdade. Jesus define-o “Paráclito”, ou seja “aquele que vem em nosso auxílio”, que está do nosso lado para sustentar-nos neste caminho de conhecimento; e, durante a Última Ceia, Jesus assegura aos discípulos que o Espírito Santo ensinará todas as coisas, lembrando-lhes as suas palavras (cf. Jo 14,26).

Qual é a ação do Espírito Santo na nossa vida e na vida da Igreja para guiar-nos à verdade? Em primeiro lugar, lembra e imprime nos corações dos crentes as palavras que Jesus disse, e, precisamente por meio de tais palavras, a lei de Deus – como tinham anunciado os profetas do Antigo Testamento – é inscrita no nosso coração e se torna em nós princípio de avaliação nas escolhas e guia nas ações cotidianas, se torna princípio de vida. Realiza-se a grande profecia de Ezequiel: “Eu vos purificarei de todas as vossas impurezas e de todos os vossos ídolos, dar-lhes-ei um coração novo, colocarei dentro de vós um espírito novo… Colocarei o meu espírito dentro de vós e vos farei viver segundo as minhas leis e vos farei observar e colocar em prática os meus preceitos”(36, 25-27). De fato, é do íntimo de nós mesmos que nascem as nossas ações: é precisamente o coração que deve se converter a Deus, e o Espírito Santo o transforma se nós nos abrimos a Ele.

O Espírito Santo, então, como Jesus promete, nos guia “à toda a verdade” (Jo 16, 13); nos guia não somente ao encontro com Jesus, plenitude da Verdade, mas nos guia também “dentro” da Verdade, nos faz entrar em comunhão sempre mais profunda com Jesus, dando-nos inteligência das coisas de Deus. E esta não a podemos conseguir com as nossas forças. Se Deus não nos ilumina interiormente, o nosso ser cristãos será superficial. A Tradição da Igreja afirma que o Espírito de verdade age no nosso coração suscitando aquele “sentido da fé” (sensus fidei) por meio do qual, como afirma o Concílio Vaticano II, o Povo de Deus, sob a guia do Magistério, adere infalivelmente à fé transmitida, aprofunda nela e a aplica mais plenamente na vida (cf. Constituição dogmática. Lumen Gentium, 12). Tentemos perguntar-nos: estou aberto à ação do Espírito Santo, oro para Ele para que me dê luz, me faça mais sensível às coisas de Deus? Esta é uma oração que devemos fazer todos os dias: “Espírito Santo, faça que o meu coração seja aberto à Palavra de Deus, que o meu coração seja aberto ao bem, que o meu coração seja aberto à beleza de Deus todos os dias”. Gostaria de fazer uma pergunta a todos: quantos de vocês rezam a cada dia ao Espírito Santo? Serão poucos, mas temos que cumprir esse desejo de Jesus e orar todos os dias ao Espírito Santo, para que nos abra o coração a Jesus.

Pensemos em Maria que “guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19.51). A acolhida das palavras e das verdades da fé para que se tornem vida, se realiza e cresce sob a ação do Espírito Santo. Neste sentido é necessário aprender de Maria, reviver o seu “sim”, a sua disponibilidade total em receber o Filho de Deus na sua vida, que a partir daquele momento se transformou. Por meio do Espírito Santo, o Pai e o Filho fazem sua morada no meio de nós: nós vivemos em Deus e de Deus. Mas a nossa vida é verdadeiramente animada por Deus? Quantas coisas coloco na frente de Deus?

Queridos irmãos e irmãs, precisamos deixar-nos inundar pela luz do Espírito Santo, para que Ele nos introduza na Verdade de Deus, que é o único Senhor da nossa vida. Neste Ano da fé perguntemo-nos se concretamente demos algum passo para conhecer mais a Cristo e as verdades da fé, lendo e meditando a Sagrada Escritura, estudando o Catecismo, aproximando-nos com constância dos Sacramentos. Mas, perguntemo-nos ao mesmo tempo quais passos estamos dando para que a fé oriente toda a nossa existência. Não dá pra ser cristãos “por tempos”, somente em alguns momentos, em algumas circunstâncias, em algumas escolhas. Não dá para ser cristãos assim, cristão se é em todos os momentos! Totalmente! A verdade de Cristo, que o Espírito Santo nos ensina, e nos dá, interessa para sempre e totalmente a nossa vida cotidiana. Invoquemo-lo com mais frequência, para que nos guie no caminho dos discípulos de Cristo. Invoquemo-lo todos os dias. Faço-vos esta proposta: invoquemos todos os dias o Espírito Santo, assim o Espírito Santo nos aproximará de Jesus Cristo.

(Tradução do original italiano por Thácio Siqueira)

Ao final da catequese o Papa dirigiu uma saudação em diversas línguas. Em português disse:

Queridos irmãos e irmãs,

O Espírito Santo guia a Igreja e cada um de nós para a Verdade. Diante de uma época como a nossa, em que impera o relativismo, é importante lembrar que Espírito Santo é Aquele que nos permite encontrar a Verdade. Ter encontro com a Verdade que se fez carne: Jesus Cristo. De fato, a ação do Divino Paráclito consiste em recordar e imprimir no coração dos fiéis as Palavras de Jesus, fazendo com que estas se transformem em princípio e guia da vida cristã. É do íntimo de nós mesmos que nascem as nossas ações; é o coração que deve converter-se a Deus, e o Espírito Santo transforma-o se nos abrirmos a ele. Neste Ano da Fé, somos convidados, seguindo o exemplo de docilidade de Nossa Senhora, a nos deixar inundar pela luz do Espírito Santo, predispondo-nos à Sua ação, buscando conhecer mais a Cristo e as verdades da fé: meditando a Sagrada Escritura, estudando o Catecismo e aproximando-se com mais freqüência dos sacramentos.

O Espírito Santo é quem nos faz fugir da vaidade de achar-nos o prêmio Nobel da Santidade

Homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta

Por Redacao

CIDADE DO VATICANO, 13 de Maio de 2013 (Zenit.org) – Na primeira leitura da liturgia de hoje São Paulo se surpreendeu ao encontrar alguns discípulos que lhe disseram “Nem sequer ouvimos dizer que existe o Espírito Santo!”. Assim como no passado, ainda hoje “O Espírito Santo é um pouco o desconhecido da nossa fé”, disse o Papa Francisco na homilia dessa manhã na Casa Santa Marta.

“Hoje, muitos cristãos não sabem quem seja o Espírito Santo, como seja o Espírito Santo. E algumas vezes se escuta: ‘Mas, eu me viro bem com o Pai e com o Filho, porque rezo o Pai Nosso ao Pai, comungo com o Filho, mas com o Espírito Santo não sei o que fazer…’ Ou te dizem: ‘O Espírito Santo é a pomba, que nos dá sete presentes’. Mas assim o Espírito Santo está sempre no final e não encontra um bom lugar na nossa vida”.

Porém, o Espírito Santo é um “Deus ativo em nós” que “acorda a nossa memória”. O mesmo Jesus nos disse que o Espírito que o Pai enviará em seu nome “vos lembrará tudo o que vos disse”. Para um cristão, ficar sem memória é algo perigoso:

“Um cristão sem memória não é um verdadeiro cristão: é um homem ou uma mulher que, prisioneiros da conjuntura, do momento; não tem história. Tem, mas não sabe como interpretar a história. E é justo o Espírito que lhe ensina como ter a história. A memória da história … quando na Carta aos Hebreus o autor diz: ‘Lembrai-vos dos vossos Pais na Fé’ – memória; ‘lembrai-vos dos primeiros dias da vossa fé, como fostes corajosos’ – memória. Memória da nossa vida, da nossa história, memória do momento que tivemos a graça de encontrar-nos com Jesus; memória de tudo o que Jesus nos disse”.

“Aquela memória que vem do coração, aquela é uma graça do Espírito”,  também a memória das misérias da própria vida:

“E quando vem um pouco a vaidade e a Pessoa se acha o prêmio Nobel da Santidade, também a memória nos faz bem: ‘Mas… lembre-se de onde te tirei: do final do rebanho. Estavas detrás, no rebanho’. A memória é uma graça grande, e quando um cristão não tem memória – é duro isso, mas é a verdade – não é cristão: é idólatra. Porque está na frente de um Deus que não tem caminho, não sabe fazer caminhos, e o nosso Deus nos acompanha, se mistura conosco, caminha conosco, nos salva, faz história conosco. Memória de tudo isso, e a vida se torna mais frutuosa, com esta graça da memória”.

O Papa Francisco nos convida então a pedir a graça da memória para não esquecermos do caminho já percorrido, para sermos cristãos que “não esquecem as graças da sua vida, não esquecem o perdão dos pecados, não esquecem que foram escravos e que o Senhor lhes salvou”.

Participaram da celebração nessa manhã, funcionários da Direção técnica, administrativa e geral da Rádio Vaticano e do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes, com os dirigentes do Departamento, o presidente, Cardeal Antonio Maria Veglió, o secretário mons. Joseph Kalathiparambil e o sub-secretário padre Gabriele Bentoglio. Ao final o Santo Padre parabenizou mons. Peter Brian Wells, assessor dos Trabalho gerais da Secretaria de estado, pelo seu aniversário.

Papa Francisco cumprimenta jornalistas argentinos residentes em Roma

Missa de sábado: Sair de si mesmos e ver as chagas de Jesus e dos irmãos necessitados

Por Sergio Mora

ROMA, 13 de Maio de 2013 (Zenit.org) – Logo após a missa cotidiana do último sábado na capela da Casa Santa Marta, celebrada às 7 da manhã, o papa Francisco cumprimentou um grupo de onze jornalistas argentinos e seus familiares, todos residentes em Roma. Vários deles são correspondentes de redações locais, como Ansa, Clarín, CNN, La Nación, La7, Notimex e ZENIT.

Participaram também o embaixador da Argentina perante a Santa Sé, Juan Pablo Cafiero, acompanhado da esposa. Um fato curioso foi que o pe. Antonio Pelayo, correspondente argentino e ex-diretor da Associação da Imprensa Estrangeira na Itália, acabou concelebrando com o papa.

As saudações de Francisco foram muito cordiais. A jornalista Cristina Tacchini, da Ansa, entregou ao papa um poncho típico da província argentina de Catamarca. Os filhos pequenos da correspondente Elisabetta Piqué mostraram seus desenhos da pessoa de Francisco, o que acentuou a simpatia do papa. A presença das crianças se fez notar também durante a missa, quando uma pequenina, no começo da eucaristia, balbuciava: “Francisco, Francisco!”.

Depois de cumprimentar os fiéis, o papa sempre lhes pedia: “Rezem por mim”.

Francisco ganhou um livro de fotos do norte da Itália, região de origem dos seus pais. O papa também recebeu uma carta pedindo orações pelo sacerdote uruguaio Mauricio Silva, desaparecido em 1977, e uma lista de pessoas enfermas que também lhe pedem as suas preces. Não faltou entre os presentes uma enorme chuteira, assinada por jogadores brasileiros de futebol.

Em sua homilia, sempre em tom sereno e muito coloquial, Francisco convidou os ouvintes a saírem de si mesmos. Para isso, sugeriu recordar as chagas de Jesus, no céu, como sacerdote, e reconhecê-las na terra nos irmãos necessitados, doentes, ignorantes, pobres ou explorados.

O papa citou o evangelho do dia, que nos pede “rezar ao Pai em nome de Jesus”. Precisou que a oração que nos cansa é aquela que “está sempre dentro de nós mesmos, como um pensamento que vai e vem”, e que “a verdadeira oração é aquela em que saímos de nós mesmos para ir até o Pai, em nome de Jesus: um êxodo de nós mesmos”, realizado “com a intercessão de Jesus que, diante do Pai, lhe mostra a suas chagas”.

O santo padre recordou que, de todas as feridas que Jesus sofreu na Paixão, ele levou consigo somente as chagas. “Qual é a escola em que se aprende a conhecer as chagas de Jesus, essas chagas sacerdotais de intercessão? Se não conseguimos sair de nós mesmos para ir até aquelas chagas, não aprenderemos nunca a liberdade que nos leva até a outra saída de nós mesmos”.

Porque há duas saídas: “a primeira nos leva até as chagas de Jesus e a outra até as chagas dos nossos irmãos e irmãs”. Palavras que encontram confirmação no evangelho de João: “Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes algo ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará”.

“As portas estão abertas: Jesus, ao ir para o Pai, deixou a porta aberta”. Não porque tenha “se esquecido de fechá-la”, mas porque “Ele mesmo é a porta”.

E instou os fiéis a rezar “com a coragem de quem sabe que Jesus está diante do Pai” e com a “humildade necessária para reconhecer e encontrar as chagas de Jesus nos irmãos necessitados”.

“Que o Senhor nos dê a liberdade de entrar no santuário onde Ele é sacerdote e intercede por nós, e onde o que pedirmos ao Pai em seu nome nos será dado. Mas que Ele nos dê também a coragem de ir até esse outro santuário que são as chagas dos nossos irmãos e irmãs necessitadas, que sofrem, que carregam a cruz e que ainda não venceram, como Jesus já venceu”.

A felicidade é uma “virtude peregrina” que caminha com Jesus

Papa Francisco: a felicidade é uma graça para pedir a Deus, maior e mais profunda do que a simples alegria

Por Luca Marcolivio

CIDADE DO VATICANO, 10 de Maio de 2013 (Zenit.org) – A felicidade cristã, já presente em vários discursos dos dois primeiros meses do pontificado do papa Francisco, foi o foco da homilia do Santo Padre nesta manhã.

A costumeira missa na Casa Santa Marta foi concelebrada com o arcebispo de Mérida, Baltazar Enrique Cardozo, e com o abade primaz dos beneditinos, Notker Wolf. Também participaram da missa alguns funcionários da Rádio Vaticano, acompanhados pelo diretor, pe. Federico Lombardi.

“O cristão é um homem feliz, é uma mulher feliz”, disse Francisco na homilia. A felicidade é diferente e maior que a alegria: “Alegrar-nos é bom”, observou o papa, mas a felicidade é “algo mais profundo”, que “não vem de razões conjunturais” nem “do momento” .

A alegria, quando se torna um estereótipo que queremos viver o tempo todo, “se transforma em superficialidade” ou até em “leviandade”, eliminando a “sabedoria cristã” e nos tornando um pouco “bobos” e “ingênuos” .

Já a felicidade é um “dom de Deus” que “nos enche por dentro”. É uma “unção do Espírito” e reside na “certeza de que Jesus está conosco e com o Pai”.

Mas como manter sempre essa felicidade, como “armazená-la”? Esta questão já nasce falha, argumentou o papa, porque “se quisermos manter a felicidade só para nós, ela vai acabar adoecendo e o nosso coração ficará murcho”. Não transmitiremos mais a felicidade, mas apenas uma “melancolia que não é saudável”.

Existem, disse o papa com humor, muitos cristãos que têm uma “cara de pimenta no vinagre” que não condiz com quem vive uma “bela vida”.

A felicidade, para ser tal, deve ser mantida em movimento: ela é uma “virtude peregrina”, um presente que “caminha pela estrada da vida” juntamente com Jesus.

A felicidade, prosseguiu Francisco, é uma “virtude dos grandes”, que são superiores às “pequenezas humanas”, que não se envolvem nas “coisinhas da comunidade”, mas que “olham sempre para o horizonte”. O dom da felicidade leva à “virtude da magnanimidade”, que nos impulsiona a “seguir sempre em frente”, cheios do Espírito Santo.

Nos dias de hoje, de maneira especial, “a Igreja nos convida a pedir a graça da felicidade e da aspiração”, que empurra a vida de cada cristão para frente: quanto maior é a aspiração, maior a felicidade.

A felicidade, reiterou o Santo Padre, está longe tanto da “tristeza” quanto do “mero contentamento”: a alegria verdadeira e profunda é uma “graça a ser pedida”.

Um motivo de felicidade para o dia de hoje, disse o papa na conclusão, foi a visita ao Vaticano de Tawadros II, patriarca de Alexandria, recebido em audiência pelo papa: “um irmão que vem visitar a Igreja de Roma”, para trilhar conosco “um pedaço da estrada”.

O verdadeiro cristão não faz proselitismo, mas dialoga com todos sem exclusões

Na missa em Santa Marta, Papa Francisco convida a seguir o modelo corajoso de São Paulo que foi construtor de pontes, e não de muros, para anunciar o Evantelho

CIDADE DO VATICANO, 08 de Maio de 2013 (Zenit.org) – A Igreja não cresce pelo proselitismo, mas pela pregação e testemunho. O cristão não levanta muros, mas constrói pontes. O anúncio do Evangelho é um diálogo, não uma condenação. São conceitos claros que o Papa Francisco expôs na reflexão da Missa de hoje na Casa Santa Marta, concelebrada com o card. Francisco Coccoplamerio e mons. Oscar Rizzato, na presença dos funcionários dos Serviços gerais do Governatorato, da Chancelaria do Tribunal vaticano e da Floreria.

Conceitos que lembram o verdadeiro significado de muitas palavras que nós, cristãos, muitas vezes damos por descontado. A partir do sentido da evangelização que – explicou o Papa – é um “anúncio”, não um modo para atrair grandes números para a Igreja. E implica um “falar com todos”, para proclamar aquela verdade que não se estuda “numa enciclopédia”, mas se recebe no encontro com Cristo.

Com este espírito, o apóstolo Paulo, falando aos gregos no Areópago – lembrou o Santo Padre – procurou “aproximar-se mais do coração” de quem o escutava: para procurar “o diálogo”, não para impor ideias. Por isso a história lembra-se dele como o Apóstolo dos gentios, e por isso – acrescentou o Papa – Paulo foi um verdadeiro “pontífice”, um “construtor de pontes” e não de “muros”.

A atitude “corajosa” do apóstolo é portanto um alerta para a atitude de cada crisão hoje. Afirmou Francisco: “Um cristão deve anunciar Jesus Cristo de tal modo que Jesus Cristo seja aceito, recebido, não rejeitado. E Paulo sabe que ele deve semear esta mensagem evangélica”. Ele é consciente de “que o anúncio de Jesus Cristo não é fácil”, mas ao mesmo tempo “sabe que não depende dele”, que “ele deve fazer todo o possível”, mas que “o anúncio de Jesus Cristo, o anúncio da verdade, depende do Espírito Santo”.

Explica-o bem o Evangelho da Liturgia de hoje, no qual Jesus diz: “Quando Ele vier, o Espírito da verdade, vos guiará a toda a verdade”. “Paulo – observou o Santo Padre – não fala aos atenienses: ‘Esta é a enciclopédia da verdade. Estudem isso e terão toda a verdade, a verdade!. Nâo! A verdade não entre numa enciclopédia. A verdade é um encontro; é um encontro com a Verdade Suma: Jesus, a grande verdade. Ninguém é dono da verdade. A verdade se recebe no encontro”.

Mas Paulo não inventa nada de novo, simplesmente “segue a atitude de Jesus.” O apóstolo atuou dessa forma “porque é o modo” que Jesus agiu, que “falou com todos”: dos santos aos pecadores, dos humildes aos publicanos, dos que lhe seguiam aos que o repudiavam. “O cristão que quer levar o Evangelho deve ir por esta estrada: escutar a todos!” insistiu o Papa; especialmente agora que “é um bom tempo na vida da Igreja”.

Os tempos mudaram, de acordo com Bergoglio, e com ele também a sociedade e algumas visões da Igreja, a qual, tendo que encarar uma forte secularização e uma humanidade totalmente distante de Deus, não pode e não quer excluir a ninguém.

“Estes últimos 50 anos, 60 anos – afirmou o Papa – são momentos muito bons porque me lembro que, quando criança, escutava-se nas famílias católicas, na minha: ‘Não, não podemos ir na casa deles porque não estão casados na Igreja, hein!’. Era como uma exclusão. Não, não podia ir! Ou porque são socialistas ou ateus, não podemos ir”. “Havia uma espécie de defesa da fé, mas com os muros” continuou; agora “graças a Deus”, “não se fala mais aquilo, né? Não se fala! “, Porque “o Senhor fez pontes”.

A Igreja – continuou o Pontífice, lembrando as palavras de Bento XVI – “não cresce no proselitismo”, mas “cresce por atração, pelo testemunho, pela pregação”. E Paulo “tinha justamente essa atitude: anuncia e não faz proselitismo”, em virtude do fato de que “não duvidava do seu Senhor”.

A conclusão do papa é portanto incisiva: “Os cristãos que têm medo de fazer pontes e preferem construir muros, são cristãos não seguros da própria fé, não seguros de Jesus Cristo”. A exortação é portanto que cada cristão siga o exemplo de Paulo e comece “a construir pontes e seguir em frente”.

“Quando a Igreja perde essa coragem apostólica – concluiu o Santo Padre – se torna uma Igreja firme, uma Igreja ordenada, bela, tudo bonito, mas sem fecundidade, porque perdeu a coragem de ir às periferias, aqui onde há tantas pessoas vítimas da idolatria, da mundanidade, do pensamento débil…”

Há portanto uma oração bem específica que deve ser dirigida hoje a São Paulo: que “nos dê esta coragem apostólica, este fervor espiritual, de estar seguros”. Pode nascer a dúvida, o medo: “Mas, Padre, nós podemos equivocar-nos”; Papa Francisco, no entanto, incentiva, “Vamos lá, se você estiver errado, levante-se e siga em frente: aquele é o caminho. Aqueles que não caminham por medo de errar, caem num erro maior”.

“Peçamos a Deus o dom do Espírito Santo”

Palavras do Papa durante a oração do Regina Coeli

 

CIDADE DO VATICANO, 05 de Maio de 2013 (Zenit.org) – No final da missa celebrada hoje na Praça de São Pedro, o Papa Francisco dirigiu a oração do Regina Coeli.

Publicamos a seguir as palavras pronunciadas aos fieis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

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[Antes do Regina Coeli:]

Neste momento de profunda comunhão em Cristo, sentimos vivo em nosso meio também a presença espiritual da Virgem Maria. Uma presença materna, familiar, especialmente para vocês que fazem parte da Confraria. O amor por Nossa Senhora é uma das características da piedade popular, que precisa ser valorizado e bem orientado. Por esta razão, eu convido vocês a meditar no último capítulo da Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Igreja, a Lumen Gentium, que fala precisamente de Maria no mistério de Cristo e da Igreja. Ali se diz que Maria “avançou na peregrinação da fé” (n. 58). Caros amigos, no Ano da Fé deixo-vos este ícone de Maria peregrina, que segue o Filho Jesus e precede todos nós no caminho da fé.

Hoje as Igrejas Orientais que seguem o calendário Juliano celebram a festa da Páscoa. Gostaria de enviar a estes irmãos e irmãs uma especial saudação, unindo-me com todo o meu coração a eles proclamando a boa notícia: Cristo ressuscitou! Reunidos em oração com Maria, pedimos a Deus o dom do Espírito Santo, o Paráclito, para que console e conforte todos os cristãos, especialmente aqueles que celebram a Páscoa entre provações e sofrimentos, e os guie no caminho da reconciliação e da paz.

Ontem no Brasil foi proclamada Beata Francisca de Paula De Jesus, chamada de “NháChica”. A sua vida simples foi totalmente dedicada a Deus e à caridade, de modo que foi chamada “mãe dos pobres”. Uno-me à alegria da Igreja no Brasil por esta brilhante discípula do Senhor.

Saúdo com afeto toda as Confrarias presentes, que vieram de muitos países. Obrigado pelo seu testemunho de fé! Saúdo também os grupos paroquiais e as famílias, bem como o grande desfile de várias bandas e associações dos Schützen da Alemanha.

Uma saudação especial vai hoje à Associação “Meter” no Dia das crianças vítimas de violência. E isso me dá a oportunidade de voltar o meu pensamento à todos os que sofreram e sofrem por causa dos abusos. Gostaria de assegurar-lhes que estão presentes na minha oração, mas também gostaria de dizer com força que todos devemos comprometer-nos com clareza e coragem para que cada pessoa humana, especialmente as crianças, que estão entre os mais vulneráveis, sejam sempre defendidas e protegidas.

Também encorajo os enfermos de hipertensão pulmonar e os seus familiares.

(…)

Confiar a Igreja ao Senhor é uma oração que a faz crescer

Palavras do Papa Francisco na homilia da missa celebrada hoje na capela da Casa Santa Marta

Por Redacao

ROMA, 30 de Abril de 2013 (Zenit.org) – “Quando a Igreja se torna mundana (…) quando tem dentro de si o espírito do mundo, quando tem aquela paz que não é a do Senhor, ela é fraca, é uma Igreja que será derrotada e será incapaz de levar o Evangelho, a mensagem da Cruz, o escândalo da Cruz… Não pode levá-lo adiante se é mundana”.As palavras do Papa Francisco na homilia pronunciada esta manhã durante a Missa celebrada na Capela da Casa Marta, na presença de alguns funcionários da Administração do Patrimônio da Sé Apostólicadestacam o ato de entrega da Igreja ao Senhor econvida à oração.

O Papa levantou a questão:“Nós rezamos pela Igreja, mas por toda a Igreja?Rezamos “pelos nossos irmãos que não conhecemos em todo o mundo ?”Enós, na nossa oração, “dizemos ao Senhor: Senhor, protege a tua Igreja… Ela é Tua. A tua Igreja são os nossos irmãos. Esta é uma oração que nós devemos fazer do coração, sempre mais “.

É fácil- observou o Santo Padre- “rezar para pedir uma graça ao Senhor, para agradecer-Lhe ou quando precisamos de algo”. Todavia, écomplicado rezar pelos outros, por todos os batizados, dizendo ao Senhor “são teus, são nossos,guardá-los”.

“Confiar a Igreja ao Senhor” éum “ato de fé” fundamental – destaca o Papa – “uma oração que a faz crescer”. “Nós não temos poder, somos pobres servidores – todos – da Igreja”.Só Deus “pode levá-la adiante eprotegê-lae fazê-lacrescer, para torná-lasanta, protegê-la do príncipe deste mundoede quem quer que a Igreja se torne mundana”.Para o Pontífice “este é o maior perigo!”.

O papa Franciscofaloudo valor da oração, como luz que ilumina em direção à paz “que o mundo não pode dar”, que “não se compra”, mas que é “dom da presença de Jesus na sua Igreja”.

“Entregar-se ao Senhor –reitera o Papa -confiar a Ele a Sua Igreja, os idosos, os doentes, as crianças, os jovens… Confiar a Igreja que passa por tribulações, como as perseguições,mas também pequenas tribulações: como as doenças ou os problemas familiares“. Grandes ou pequenos, devemos entregar tudoemoração, implorando aoSenhor: “Protegeia tua Igreja natribulação,paraquenão percaa fé e a esperança”- disse o Papa.

“Fazer esta oração de entrega pela Igreja – concluiu papa Francisco– nos fará bem e fará bem à Igreja. Dará grande paz a nós e grande paz a Ela, não nos tirará das tribulações, mas nos fará forte nas tribulações.”